AquilesQuando eu soube o que estava por trás de toda recusa de Felipa em algo tão simples, jurei a mim mesmo fazer os responsáveis por seu trauma pagar. E eu não vou esquecer dessa promessa.Virgem aos vinte e cinco? Isso é um absurdo. Não que eu tenha algo contra. Saber que sou seu primeiro é indescritível. Mas era direito dela escolher ser, não ser forçada por não conseguir, por ter medo.E porra, dez anos... uma criança que nem mesmo entendia o que estava acontecendo direito, sendo tocada por um adulto escroto. Isso é inconcebível.— Em que está pensando? Fiz algo errado? — sua voz é hesitante.Viro para ela, que está com o rosto apoiado na mão, me observando com uma expressão preocupada.— Estava apenas me decidindo sobre algumas coisas que preciso fazer. Não teve nada errado aqui.Ela suspira longamente e volta a deitar olhando o teto.— Obrigada por fazer isso. — Isso me pega de surpresa.— Agora entendeu que não precisava de todo show e ameaças? — provoco. Prefiro quando está
Felipa— E essa carinha de quem transou muito? — é a primeira coisa que Lana fala com me vê. Seu sorriso é maldoso.“Nem foi tanto assim”. Penso.Para ela apenas digo:— Vida de casada. Experimenta, amiga.Ela ilustra uma cruz com os dedos, o que me faz rir.— Casamento só serve igual ao seu, com um gato e cheio da grana. Eu não vou me casar pra dividir boletos, quero alguém que pague os meus.— Você não tem jeito.— Agora, me deixe ir. Não posso me atrasar jamais na aula do...— Insuportável Juarez. — Ela completa por mim.Aceno já me afastando.— Te vejo no intervalo — digo.— Só se for para contar detalhes — ela grita.Sem detalhes para Lana, são meus. Aqueles momentos são meus para embalar meu sono. Desde aquela noite não tenho mais pesadelos, pelo contrário, mais de uma vez já acordei suada e desejosa por sonhar com aquele momento.Confesso, eu queria mais. Entretanto só confesso para mim, ele nunca vai saber. Não preciso que repita que foi só daquela vez, que mesmo se rolar nova
FelipaEstamos andando pelos corredores do prédio do meu curso.Não sei onde enfiar minha cara. Estou morrendo de vergonha. Todos os olhares são em nossa direção. Vincent segura minha mão com força, meu dedos até doem, mas sei que se ele afrouxar, eu fujo correndo.Seus passos não são longos, e ele não olha para os lados, como se todos aqueles curiosos fossem insignificantes. Já eu, vejo tudo, inclusive que fotos são tiradas, como se fossemos celebridades. Ainda bem que coloquei uma roupa mais apresentável, para não destoar muito do deus grego com o qual me casei.Lana está perto dos armários e faz um sinal de coração com as mãos, piscando para mim.“Socorro!” Movimento a boca dizendo sem som. Ela apenas ri. E eu passo. Não posso parar para falar com ela agora, primeiro preciso deixar Vincent fazer o que está determinado.Continuamos seguindo até a sala do reitor.Os olhos da secretária se arregalam ao nos ver.— Boa noite! Quero falar com o responsável por esse campus. — Vincent exig
Aquiles— Anda muito distraído, meu amigo. Está pensando em que? — Jordan pergunta. Posso sentir ele me observando balançar o uísque no copo.É quinta feira e estamos em um bar depois do expediente.— Felipa vai se formar em poucos meses no curso de veterinária, penso em montar uma clínica para ela.Ele sorri e toma um gole da sua bebida.— Ótima ideia, mas acha que ela vai aceitar?— Aposto que não. É muito orgulhosa. Como se um clínica fosse grande coisa — resmungo a parte final.— Para ela é. Não nasceu em berço de dólares como um certo alguém.Ficamos alguns instantes em silêncio, até que Jordan b**e o copo vazio na mesa.— Já sei — diz animado. — Aquela amiga dela está finalizando o curso de ...O interrompo, desconfiado.— Como você sabe que ela está finalizando algo? Jordan, você comeu a amiga dela?O sorrisinho no rosto dele é suficiente.— Depois Felipa diz que eu sou a pior pessoa — murmuro deixando o copo de lado e pedindo uma nova dose.— E você é. Eu não enganei ninguém, n
Felipa— Fique aqui.Antes que eu possa retrucar sua ordem, Vincent sai do chuveiro, em seguida do banheiro, nu e molhado.Minutos depois ele retorna com meu roupão e... Oh, Deus. Cubro o rosto, envergonhada ao ver que ele também segura uma calcinha e um absorvente.Posso ouvir sua risada enquanto continuo com as mãos no rosto, nua, sob a água morna.— Vou sair. Mas não me engana com essa timidez, não depois de gritar pra eu te foder tão alto que os vizinhos devem ter ouvido. — Fico com mais vergonha ainda. Meu rosto queima. Já fora do banheiro ele grita. — Uma hora para o jantar.Me troco rápido e saio do banheiro do Vincent ainda com as pernas bambas e satisfeita. Não o vejo. Melhor assim. Eu também nem sabia o que queria dizer ou ouvir.Fui para o meu quarto e fiquei jogada na cama, pensando no que aconteceu naquele banheiro. Me perguntando se o sexo seria tão bom assim com qualquer pessoa, se eu perdi tempo demais por causa do que aconteceu na minha infância. Acabo chegando a conc
FelipaFaz um mês desde que descobri que a primeira tentativa não resultou em filho. Desde aquele dia que Vincent e eu estamos transando todos os dias, às vezes mais de uma vez por dia. Ele não me beija e não faz oral, nem me pede para fazer, como da primeira vez, é a sua regra. Às vezes eu sinto falta de um beijo ou do que senti quando ele colocou sua boca em mim na primeira vez, mas confesso que adoro quando ele simplesmente abre minhas pernas e entra com tudo. Só de pensar sinto uma pressão gostosa “lá”.A festa do senhor Escobar é hoje. Fiquei sabendo que foi adiada por causa dos meus tios. O senhor Escobar fez questão da presença deles e esperou até o médico liberar que tio Felix participasse. Graças a Deus ele já está fora de qualquer perigo e se recuperando muito bem da cirurgia. Não consigo nem imaginar uma vida em que meus tios não estejam.Nesse momento, estou nervosa. Já fez um tempo que estou casada com Vincent. Ele decidiu me apresentar aos familiares nessa festa. Eu não
FelipaUma coisa não posso reclamar dessa festa; a comida é incrível. Até já perdi as contas de quantos petiscos de caquinha de siri com camarão que já comi, e eu nem sou tão fã de camarão.O senhor Escobar logo sequestra meus tios, fico sozinha com Vincent, sentados em cadeiras macias e confortáveis, com ele acariciando minha mão sobre a mesa.Às vezes algumas pessoas param e conversam conosco, inclusive os pais dele até sentaram um pouco conosco, mas, segundo eles, deixaram os “pombinhos” às sós.Meio sufocada em meio a tantos ricos, sem ter assunto para conversar com ele e enjoada de tanto comer, decido que preciso andar um pouco, sozinha.— Amor, eu vou ao banheiro. — Já falo me levantando. Antes que ele diga que vai comigo, completo. — Pode me esperar aqui? Vai ser mais fácil de te achar.Ele me olha por alguns segundos antes de assentir.— Está bem. Sabe onde fica? Tem banheiros no térreo.— Eu encontro. Qualquer coisa o que não falta é funcionário para indicar.— Ok. Se alguém
AquilesMe desespero ao ver Felipa cambaleando.— Felipa? — chamo seu nome. Ela cambaleia. — Felipa? — corro até ela a tempo de impedir que caia no chão. Me desespero ainda mais quando ela desmaia em meus braços.Rapidamente me levanto com ela no colo. É tão leve que me preocupa ainda mais.— O que houve? — a tia dela pergunta quando me aproximo deles, indo em direção a casa.— Ela desmaiou. Preciso de um médico.— Vamos levá-la para o meu quarto. — O velho Escobar sugere. — Meu médico vai examiná-la.— Deus, será que foi algo que ela comeu? — Joyce leva a mão ao peito. Posso ver o quanto se preocupa.Enquanto isso o Felix balança a cabeça dizendo:— Pois é, minha menina parecia uma traça. Nunca a vi comer tanto.Enquanto andamos eles vão falando, mas logo os deixo para trás, com pressa que Felipa acorde.Para meu alivio ela começa a despertar ainda no meu colo, quando estou subindo as escadas.— O que houve? — pergunta baixo.— Você desmaiou. Vou te levar para o quarto do meu bisavô.