Joana retorna à mesa, tentando manter a compostura e disfarçar a tensão que sente. Assim que ela se senta, Rodrigo a observa atentamente, buscando sinais de qualquer avanço na conversa com Victor.— E aí, conseguiu alguma coisa? — pergunta, esperançoso, enquanto nota a expressão preocupada da mãe.Joana suspira com o olhar distante enquanto organiza os próprios pensamentos antes de responder.— Victor está nervoso — diz ela, tentando escolher as palavras certas. — E parece que o motivo é bem específico. Eu diria que se trata de uma mulher.Rodrigo franze a testa, intrigado. Ele pensa nas possibilidades, relembrando os acontecimentos recentes e os dias que o irmão passou no Rio de Janeiro.— Uma mulher? — ele repete, refletindo e começando a sorrir. — Acha mesmo que o Victor ficaria assim por conta de uma mulher?— Talvez ele esteja com alguma em mente e não queira nos contar, ainda mais após termos pressionado-o agora a pouco.— Duvido muito — rebate Rodrigo, duvidando que aquele seri
É uma manhã ensolarada de sábado, quando Marina se surpreende ao ouvir a campainha tocar. Ela vai até a porta e encontra Andressa, parada ali, com um sorriso acolhedor no rosto.— Andressa! Que surpresa — diz Marina, abrindo um sorriso, embora seu olhar revele um toque de confusão. — Veio buscar a mala? Me desculpe, ainda não a desfiz.— Não se preocupe, Mari, vim para te visitar e saber tudo sobre a sua viagem! — responde Andressa, animada. — Quero ouvir tudo sobre a sua primeira vez andando de avião!Marina relaxa e abre mais a porta, convidando a amiga para entrar. As duas se abraçam brevemente antes de seguirem para o interior da casa. O ambiente é acolhedor, com os raios de sol entrando pelas janelas, iluminando os móveis de madeira escura da sala e refletindo nas cortinas brancas. — Vamos para o meu quarto, lá a gente conversa melhor — sugere Marina, enquanto Andressa a segue.Marina leva Andressa para o quarto, onde, além de colocarem a conversa em dia, ela aproveita para devo
Marina suspira profundamente, hesitando antes de responder à pergunta provocativa de Andressa. Sua mente trabalha em um turbilhão de pensamentos enquanto tenta encontrar as palavras certas.— Que pergunta nada a ver. Você sabe que gosto do Sávio há muito tempo — responde, tentando parecer firme, embora a insegurança transpareça em sua voz.Andressa arqueia uma sobrancelha, e um sorriso surge em seus lábios.— E resolveu dar uma chance para ele só agora? Após passar uma semana nos amassos com o seu chefe? — provoca, com o tom de deboche inconfundível.— Fala baixo, Andressa! — Marina pede, olhando para a porta com medo de que alguém de sua casa ouvisse a conversa.Andressa dá uma risadinha, notando o nervosismo de Marina.— Eu decidi aceitar porque o Sávio provou para mim que me ama de verdade. Vi o quanto ele está disposto a mudar de vida do mesmo modo que quero mudar — afirma Marina, com um brilho nos olhos.Andressa se aproxima da amiga, segurando sua mão com firmeza, e a encara com
Ao ver que Andressa saiu, Daniela não perde tempo e caminha em direção ao quarto da filha. Ela se aproxima da porta.— Filha, podemos conversar por um minuto? — pede, com uma expressão neutra no rosto, mas os olhos atentos e curiosos.Marina assente, tentando não transparecer nervosismo, embora sinta seu coração acelerar levemente. Ela se pergunta se sua mãe ouviu alguma coisa ou se é apenas uma coincidência dela estar ali.Daniela entra no quarto e se senta na beirada da cama da filha, o olhar está fixo nela, esperando uma explicação que Marina teme precisar dar.— Sobre o que você e Andressa estavam conversando agora há pouco? — pergunta Daniela, com um tom de voz aparentemente casual, mas com um leve suspense no olhar.Marina sente um arrepio subir pela espinha, mas esforça para manter a voz calma.— Ah, mãe… só estávamos falando sobre a viagem, sabe? O Rio de Janeiro, os lugares que conheci…— E o presente — completa Daniela, com a voz agora mais firme, mas não agressiva. — Esse t
Um frio percorre à espinha ao ouvir a voz autoritária de Victor no telefone. É impossível não sentir o impacto que ele tem sobre ela.— Hoje é sábado, senhor Ferraz, e, além disso, são oito da noite — comenta, tentando soar firme, mas sua voz treme levemente.Ela se repreende mentalmente por permitir que a voz de Victor, mesmo que apenas pelo telefone, a faça sentir tão vulnerável. Seu corpo está respondendo contra sua vontade, com os pelos se arrepiando.— Não me importo com isso — responde ele, com a voz fria e autoritária, como sempre. — Estou chegando perto da sua casa. Saia agora mesmo! — ordena, ignorando completamente a tentativa de Marina de explicar a situação.Ela respira fundo, tentando reunir forças para manter o controle. O que ele pensa que está fazendo? A raiva começa a tomar conta, mas junto dela, a inquietação causada pela voz de Victor é inegável.— Não vou, tenho um compromisso importante agora — rebate, deixando que a voz saia mais firme do que esperava.— Cancele
Marina força um sorriso, tentando esconder o pânico crescente em seu peito.— Sim, está tudo bem — mente, com o coração batendo acelerado, enquanto evita os olhos de Sávio.— Você está linda, sabia? — ele continua, inclinando-se suavemente para beijá-la.O beijo de Sávio deveria acalmá-la, proporcionando-lhe um ambiente familiar e seguro que sempre imaginou que viria dele. No entanto, a realidade dura da situação a impede de aproveitar o momento.Enquanto os lábios de Sávio estão colados aos seus, ela sente as mãos dele envolvê-la com uma intensidade incomum. Sávio parece ansioso por alguma coisa, como se estivesse com grandes expectativas para aquela noite.Ela ama Sávio de uma forma calma e segura, mas as sombras de Victor pairam sobre tudo, trazendo consigo um peso esmagador, sufocante, que ameaça destruir o equilíbrio que tenta desesperadamente manter.No carro, os olhos negros de Victor ficam ameaçadores. Ele aperta o volante com as mãos, não gostando nada de ver aquela cena. O f
Marina força um sorriso e volta o olhar para Sávio, tentando disfarçar o nervosismo que pulsa em seu peito.— Você está mesmo disposto a me surpreender bastante hoje, não é? — pergunta ela, tentando manter o tom leve, mas sentindo o leve constrangimento que permeia o momento.Sávio, sem perceber o desconforto da namorada, responde com um sorriso confiante.— Já te disse que quero fazer desta noite algo inesquecível, Mari — diz ele, inclinando-se mais perto, com um brilho nos olhos. — Basta você dizer que sim.Seu corpo enrijece ao ouvir essas palavras. O peso das expectativas de Sávio começa a se formar sobre seus ombros, gerando uma leve pressão. Ela se pergunta se está realmente preparada para dar esse passo com ele naquela noite.“Estou disposta a fazer isso?” pensa. E se a resposta fosse sim, conseguiria viver o momento de forma leve e relaxada, sabendo que Victor está ali, à espreita, como uma sombra inescapável?— Me deixa aproveitar esse momento primeiro — responde. Sua voz é l
Ao se dar conta do que está acontecendo ali, Marina veste-se de toda a razão que consegue reunir. Com um ímpeto de raiva e nervosismo, empurra Victor para trás, afastando-o de uma só vez. Antes que ele tenha tempo de reagir, o som de um tapa ressoa pelo corredor, ecoando a intensidade de seus sentimentos.Victor fica imóvel, sem saber o que fazer, o rosto fica quente pelo impacto da mão dela. Ele não esperava por aquilo, não daquela maneira. Lentamente, leva a mão ao rosto, ainda ardendo pelo tapa, e seus olhos se encontram com os de Marina, que estão gélidos e cheios de fúria.— Quem você pensa que é para fazer isso? — Marina pergunta com um tom raivoso, seus olhos faíscam toda a raiva reprimida da noite. — Não entendeu que estou aqui com o meu namorado? — A ira em sua voz é inconfundível.Victor continua imóvel, com os pensamentos fervilhando em sua mente. Ele está claramente surpreso com a reação dela e sua incredulidade transparece em seu rosto. O silêncio pesa, enquanto ele tenta