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Quando vê o irmão sair do quarto, Rodrigo percebe pela expressão sombria de Victor que a conversa com a mãe foi um desastre. Ele cruza os braços, observando-o com preocupação.— Você contou para ela o que aconteceu? — pergunta, hesitante, mas ansioso por respostas.Victor solta uma risada amarga antes de responder, seus olhos refletem a exaustão emocional que carrega.— Contei. E sabe o que ela disse? — Ele ergue as sobrancelhas, deixando um sorriso de puro sarcasmo escapar. — Disse que vai perdoá-lo porque tem certeza de que, agora, ele vai mudar.Rodrigo arregala os olhos, incrédulo.— Isso não pode ser sério! — exclama, como se esperasse que Victor desmentisse.Victor balança a cabeça, enquanto o sarcasmo dá lugar a um cansaço profundo. Ele passa a mão pelos cabelos, tentando organizar os pensamentos, enquanto sua voz ganha um tom mais grave.— A mãe está cega, Rodrigo. Completamente cega. E nem vou começar a listar as atrocidades que ela teve coragem de dizer naquele quarto. Mas sa
No quarto, Joana desperta com um peso opressor no corpo, como se as emoções das últimas horas tivessem se materializado e repousado sobre ela. Ela olha ao redor, esperando ver algum movimento, mas encontra apenas o vazio. Nenhum dos filhos está ali. Nem mesmo Valentina, que tantas vezes fazia questão de estender a mão. A solidão a invade, deixando um gosto amargo na boca.Com um suspiro longo, ela se levanta, ajustando o roupão que estava jogado na cadeira próxima. Seus passos ecoam no silêncio enquanto se aproxima do espelho. Ao olhar para o reflexo, a visão de seus olhos inchados, com marcas profundas de cansaço, a faz desviar o olhar por um instante. Ela toca suavemente o rosto, tentando compreender o que vê: uma mulher cansada, desgastada pelas escolhas e pelas palavras ditas e ouvidas.Lembranças da conversa acalorada com Victor doem como feridas abertas. As acusações dele, as verdades que ela tenta ignorar, tudo agora pesa sobre seus ombros. Joana fecha os olhos por um momento, m
Quando Xavier, movido pela esperança, inclina-se lentamente na direção de Joana, acreditando que está prestes a tocar seus lábios, um tapa estrondoso corta o momento. O impacto faz seu rosto arder e a surpresa o deixa imóvel por um instante.— Por que você fez isso? — ele pergunta, levando a mão ao rosto que lateja com a força do golpe, enquanto a confusão e a dor misturam-se em sua expressão.— O que você pensa que está fazendo? — Joana dispara emotiva, enquanto seus olhos denunciam uma mistura de raiva e mágoa. — Acha que pode simplesmente se aproximar de mim assim? Como se nada tivesse acontecido?— Estou tentando me desculpar com você, não percebe? — Xavier responde, tentando manter a calma, embora a humilhação o consuma por dentro.— É assim que tenta se desculpar? Eu nem sei onde você passou o dia inteiro, e acha que pode chegar aqui e dizer apenas duas palavras como se fosse suficiente? — Ela cruza os braços, mantendo o olhar fixo nele, mas sua voz já denuncia a luta interna que
Ao observar a expressão do marido, Joana percebe que sua revelação o atingiu mais profundamente do que ela esperava. Os olhos dele, que estavam exalando confiança, agora revelam um misto de surpresa e inquietação, como se ele estivesse calculando rapidamente os desdobramentos do que acabou de ouvir.— Por que ficou em silêncio? — questiona Joana, erguendo uma sobrancelha, desconfiada.— Não é nada, só estou surpreso com essa história. — Xavier responde, tentando manter a compostura. — De onde o Victor tirou isso? — Ele inclina a cabeça levemente, como se quisesse demonstrar curiosidade, mas o brilho nervoso em seus olhos o trai.— Não sei, mas quero saber de você. — Dessa vez, é Joana quem dá um passo à frente, encarando o marido com um olhar inquisidor, buscando a verdade que ele tenta esconder. — Isso é mesmo verdade, Xavier?— Claro que não! — responde ele, quase instantaneamente, elevando a voz em um tom defensivo. — Pelo amor de Deus, Joana, o que acha que sou?— Eu não sei, me di
Quando a campainha da casa toca, o som ecoa pela mansão como um golpe no clima tenso que já pairava no ar. Joana, com o coração disparado, tenta manter a compostura. Sem desviar o olhar do marido.— Vá para o nosso quarto e se esconda lá, até que eu resolva isso — declara, com a voz confiante, embora por dentro seu coração esteja em uma onda de sentimentos.Percebendo que a esposa estava disposta a ajudá-lo, Xavier não discute. Ele se move rapidamente, entrando na casa sem que nenhum dos empregados o veja. O som de seus passos apressados desaparece ao longe, deixando Joana sozinha para enfrentar a situação.Respirando fundo, ela tenta reorganizar os pensamentos enquanto caminha até a sala. Seu olhar varre o ambiente, como se precisasse se convencer de que tem tudo sob controle. Parando no meio do cômodo, ela chama uma das empregadas.— Adelina! Vá até a porta e a abra — ordena, firme, mas não completamente imune ao nervosismo.A empregada obedece e segue em direção à entrada. Joana per
Em silêncio, Joana caminha até a cama e se senta, sugerindo que o marido faça o mesmo. Mesmo nervoso, Xavier faz o que a esposa pede, já que percebe que ela é a sua única saída naquele momento.— Querida, lembra-se de quando eu te disse estar começando a sentir o peso da idade? — ele começa, com um tom cauteloso, tentando iniciar uma conversa que não apenas a convencesse de sua versão dos fatos, mas também despertasse compaixão suficiente para que ela o perdoasse e o ajudasse a escapar das acusações iminentes.— O que isso tem a ver, Xavier? — Joana responde, arqueando as sobrancelhas, claramente impaciente com a tentativa de rodeios.— É que, naquele momento, eu comecei a me sentir vulnerável, insuficiente… como se minha vida estivesse escapando pelo meio dos dedos — Xavier continua, tentando controlar o nervosismo que transparece em sua voz. — Eu estava me afogando em trabalho, em cobranças… vendo o meu rosto mudar, as minhas forças diminuírem em tudo. Foi aí que cometi o erro de pro
Ao ouvir as palavras da esposa, um sorriso discreto surge nos lábios dele. Então, ele se levanta do chão rapidamente e a envolve em um abraço apertado, deixando transparecer uma emoção genuína.— Obrigado, meu amor. Prometo que nunca mais vou te decepcionar — diz ele, beijando o rosto da esposa com a reverência de quem contempla algo divino. — Eu sabia que você não iria me abandonar. Tudo isso que está fazendo por mim só prova o quanto você é a mulher perfeita. Vou fazer tudo valer a pena, querida. Tudo! — exclama, com uma alegria evidente de quem conseguiu o que queria.Joana, no entanto, permanece firme, embora sua expressão denuncie um conflito interno.— Me solte — pede ela, com a voz baixa. Ela sente que está à beira de ceder aos caprichos do marido, e isso a incomoda profundamente. — Como já disse, não estou fazendo isso por você, Xavier. Estou fazendo para evitar os escândalos que podem surgir daqui em diante.— Eles não vão aparecer, querida — garante, tentando acalmá-la. — Eu
É manhã de segunda-feira, e Marina acorda com a voz suave do namorado sussurrando em seu ouvido.— Bom dia, loirinha.Antes mesmo de abrir os olhos, um sorriso surge em seus lábios. O calor daquela voz e as lembranças do fim de semana passado nos braços do homem que ama fazem seu coração bater mais forte. Ela se vira lentamente na cama, enquanto seus cabelos caem sobre os ombros, e encara finalmente o rosto de Victor.— Bom dia, meu amor — responde, com a voz ainda rouca pelo sono. — Que horas são? — Ela procura o celular na mesinha de cabeceira, como um hábito automático.Segurando a mão dela delicadamente antes que alcance o aparelho, ele a puxa para mais perto.— São sete e meia — responde, observando-a com um sorriso encantador.Marina suspira, mas não consegue esconder o brilho nos olhos ao olhá-lo. Victor percebe o movimento sutil dela de se levantar e arqueia uma sobrancelha, divertido.— Já quer sair da cama, tão cedo? — provoca.— A semana começou e eu não posso perder tempo —