Será que ela vai ajudar?
Quando a campainha da casa toca, o som ecoa pela mansão como um golpe no clima tenso que já pairava no ar. Joana, com o coração disparado, tenta manter a compostura. Sem desviar o olhar do marido.— Vá para o nosso quarto e se esconda lá, até que eu resolva isso — declara, com a voz confiante, embora por dentro seu coração esteja em uma onda de sentimentos.Percebendo que a esposa estava disposta a ajudá-lo, Xavier não discute. Ele se move rapidamente, entrando na casa sem que nenhum dos empregados o veja. O som de seus passos apressados desaparece ao longe, deixando Joana sozinha para enfrentar a situação.Respirando fundo, ela tenta reorganizar os pensamentos enquanto caminha até a sala. Seu olhar varre o ambiente, como se precisasse se convencer de que tem tudo sob controle. Parando no meio do cômodo, ela chama uma das empregadas.— Adelina! Vá até a porta e a abra — ordena, firme, mas não completamente imune ao nervosismo.A empregada obedece e segue em direção à entrada. Joana per
Em silêncio, Joana caminha até a cama e se senta, sugerindo que o marido faça o mesmo. Mesmo nervoso, Xavier faz o que a esposa pede, já que percebe que ela é a sua única saída naquele momento.— Querida, lembra-se de quando eu te disse estar começando a sentir o peso da idade? — ele começa, com um tom cauteloso, tentando iniciar uma conversa que não apenas a convencesse de sua versão dos fatos, mas também despertasse compaixão suficiente para que ela o perdoasse e o ajudasse a escapar das acusações iminentes.— O que isso tem a ver, Xavier? — Joana responde, arqueando as sobrancelhas, claramente impaciente com a tentativa de rodeios.— É que, naquele momento, eu comecei a me sentir vulnerável, insuficiente… como se minha vida estivesse escapando pelo meio dos dedos — Xavier continua, tentando controlar o nervosismo que transparece em sua voz. — Eu estava me afogando em trabalho, em cobranças… vendo o meu rosto mudar, as minhas forças diminuírem em tudo. Foi aí que cometi o erro de pro
Ao ouvir as palavras da esposa, um sorriso discreto surge nos lábios dele. Então, ele se levanta do chão rapidamente e a envolve em um abraço apertado, deixando transparecer uma emoção genuína.— Obrigado, meu amor. Prometo que nunca mais vou te decepcionar — diz ele, beijando o rosto da esposa com a reverência de quem contempla algo divino. — Eu sabia que você não iria me abandonar. Tudo isso que está fazendo por mim só prova o quanto você é a mulher perfeita. Vou fazer tudo valer a pena, querida. Tudo! — exclama, com uma alegria evidente de quem conseguiu o que queria.Joana, no entanto, permanece firme, embora sua expressão denuncie um conflito interno.— Me solte — pede ela, com a voz baixa. Ela sente que está à beira de ceder aos caprichos do marido, e isso a incomoda profundamente. — Como já disse, não estou fazendo isso por você, Xavier. Estou fazendo para evitar os escândalos que podem surgir daqui em diante.— Eles não vão aparecer, querida — garante, tentando acalmá-la. — Eu
É manhã de segunda-feira, e Marina acorda com a voz suave do namorado sussurrando em seu ouvido.— Bom dia, loirinha.Antes mesmo de abrir os olhos, um sorriso surge em seus lábios. O calor daquela voz e as lembranças do fim de semana passado nos braços do homem que ama fazem seu coração bater mais forte. Ela se vira lentamente na cama, enquanto seus cabelos caem sobre os ombros, e encara finalmente o rosto de Victor.— Bom dia, meu amor — responde, com a voz ainda rouca pelo sono. — Que horas são? — Ela procura o celular na mesinha de cabeceira, como um hábito automático.Segurando a mão dela delicadamente antes que alcance o aparelho, ele a puxa para mais perto.— São sete e meia — responde, observando-a com um sorriso encantador.Marina suspira, mas não consegue esconder o brilho nos olhos ao olhá-lo. Victor percebe o movimento sutil dela de se levantar e arqueia uma sobrancelha, divertido.— Já quer sair da cama, tão cedo? — provoca.— A semana começou e eu não posso perder tempo —
Antes de seguir para o trabalho, Victor faz questão de deixar Marina na casa dos pais dela. Demonstrando seu respeito habitual, ele desce do carro assim que estaciona e acompanha Marina até a porta. José e Daniela já estão atendendo na padaria.— Bom dia, senhor José, dona Daniela — diz ele, estendendo a mão para José e logo depois cumprimentando Daniela com um leve aceno de cabeça.— Bom dia, Victor — responde José, apertando a mão dele com firmeza, mantendo um semblante amigável.— Já tomou café? — Daniela pergunta. — Fiz uma torta maravilhosa e ela acabou de sair do forno.Victor ri educadamente, colocando as mãos nos bolsos do paletó.— Acredite, dona Daniela, adoraria tomar um café com vocês, mas o trabalho me espera. Tenho uma reunião importante logo cedo — explica, lançando um olhar breve e cúmplice para Marina, que observa a cena com satisfação.— Sempre tão dedicado — comenta José, acenando com a cabeça, claramente impressionado. — Um exemplo, não é, filha?Marina sorri, des
Aproveitando o momento, enquanto falavam sobre o mundo dar voltas, Daniela não perde a oportunidade de tocar em outro assunto que lhe despertava curiosidade.— E a Andressa, filha? — pergunta, baixando o tom de voz e inclinando-se um pouco mais. — O que acha que vai acontecer com ela?Suspirando, Marina pousa o copo de café com cuidado na mesa, como se estivesse ponderando as palavras.— A Andressa… — começa, escolhendo bem o que dizer. — Ela levou uma surra do Xavier e foi parar no hospital.Sua mãe arregala os olhos, completamente surpresa.— O quê? — ela pergunta, quase sussurrando, levando a mão à boca. — Mas como isso aconteceu?— Depois que ele descobriu que ela estava traindo-o, eles tiveram uma discussão feia. O Xavier perdeu a cabeça e ela acabou machucada — explica.— Mas isso foi grave? Ela está bem? — insiste Daniela, ainda processando a notícia.— Foi muito feio, ela me ligou na madrugada do sábado e pediu que eu fosse até lá — Marina revela. — Então isso acabou virando u
Em seu escritório, enquanto aguarda a chegada de seu cliente, Victor analisa os detalhes do caso que pegou e um leve sorriso de satisfação surge em seus lábios. Ele percebe que será mais fácil do que havia imaginado inicialmente. As falhas na posição da outra parte eram evidentes, e as estratégias necessárias para vencer estavam claras em sua mente.Inclinando-se para trás na cadeira, ele entrelaça os dedos atrás da cabeça e massageia as têmporas por um instante, permitindo-se um momento de alívio. O dia prometia ser produtivo, e a confiança renovada o fazia sentir-se no controle. Ainda assim, sabia que o sucesso exigiria atenção aos detalhes e uma execução impecável, como sempre.Com um último olhar para os documentos sobre a mesa, ajusta a postura, pronto para atender o cliente e apresentar as soluções que tornariam aquele caso mais uma conquista em sua carreira.Seu olhar recai sobre o relógio no canto da mesa, percebendo que já está quase na hora de Otávio Mendes, CEO da AgroTech S
Após descobrir que precisaria lidar com Marina profissionalmente, Victor sente como se um peso esmagador caísse sobre ele. Seu peito aperta e sua cabeça começa a latejar, como se seu corpo estivesse reagindo à frustração e à confusão que tomavam conta de sua mente.Ele se recosta na cadeira, passando as mãos pelo rosto enquanto tenta organizar seus pensamentos. Nada mais parecia fazer sentido naquele escritório. A pilha de papéis em sua mesa, normalmente um estímulo para seu foco, agora era apenas um amontoado de distrações que ele não conseguia encarar.Seu bom humor, que o acompanhava nos últimos dias, parecia ter evaporado. A sensação de que o dia estava completamente arruinado o consumia. Ele sabia que a situação com Marina não era apenas profissional; era pessoal, e isso tornava tudo ainda mais complicado.Levantando-se da cadeira, ele anda de um lado para o outro no escritório, como se o movimento pudesse aliviar o nervosismo. Cada vez que pensava em enfrentar Marina no tribunal,