Já é quase manhã, e os primeiros raios da aurora começam a despontar no horizonte. Victor está de pé ao lado da varanda de seu quarto, observando a rua silenciosa e vazia do condomínio. A cidade ainda dorme, envolta no silêncio tranquilo da madrugada. Todos repousam, inclusive Marina, que dorme profundamente na cama com a expressão serena e exausta, resultado de uma noite intensa. Victor, embora desejasse prolongar aqueles momentos a noite inteira, conteve-se, ciente de que ela precisava descansar. Ele a olha com ternura, sentindo uma sensação de paz e realização que poucas vezes experimentou na vida.No chão, ao lado dos pés da cama, repousa um lençol branco com uma discreta mancha de sangue, um sinal silencioso e irrefutável da inocência de Marina diante das acusações cruéis e infundadas que a atormentaram na noite anterior. Victor fixa o olhar na marca, sentindo uma mistura de alívio e revolta. Lembra-se das palavras cortantes e da expressão fria do pai enquanto lançava as mentiras
O suave murmúrio do ar-condicionado preenche o quarto, criando uma atmosfera fresca e relaxante. Qualquer um que adentrasse ali naquele instante sentiria o ambiente como um verdadeiro gelo, sem imaginar que, sob o edredom branco que cobria a cama, um casal ardia em chamas intensas de paixão. O som suave dos gemidos de Marina fundia-se com o ritmo intenso e urgente dos movimentos de Victor, criando uma sinfonia de desejo que tomava conta do ambiente, impregnando o ar de uma paixão incontida. O relógio já marcava mais de meio-dia, e por mais que nenhum dos dois quisesse interromper o momento para pensar em uma refeição, Victor sabia que deveria dar uma pequena pausa. Enquanto Marina se aninhava em seu peito, cansada e sonolenta após perder a conta de quantas vezes fizeram aquilo desde a noite passada, ele pega o celular, decidido a pedir algo para comer. — O que quer comer? — pergunta, enquanto uma das mãos acaricia os cabelos longos e loiros dela. — Qualquer coisa — responde ela, d
A expressão no rosto de Victor se endurece e seus ombros ficam tensos, como se carregassem um peso invisível.— Você disse que ele está vindo para cá? — questiona, com uma nota de nervosismo na voz.— Sim, ele acabou de sair daqui; deve chegar aí a qualquer momento — responde Rodrigo.— Obrigado por avisar, Rodrigo. Preciso desligar agora.— Espera! — Rodrigo chama sua atenção, com a voz carregada de preocupação. — Vocês não vão brigar novamente, certo?Victor exala um suspiro tenso e responde:— Não, claro que não. Só quero ficar sozinho, será que é tão difícil para ele entender isso? — diz ele, desligando o telefone com firmeza.Ao notar o nervosismo estampado no rosto de Victor, Marina se aproxima com cautela e passos hesitantes.— Aconteceu alguma coisa? — pergunta ela, com um toque de apreensão na voz.Victor a encara, e sua expressão suaviza um pouco antes de perguntar:— Você contou à sua amiga sobre esta casa?Marina pensa por um instante e logo se lembra da conversa com Andre
A preocupação é evidente no rosto de Marina, e Victor decide ser mais claro, querendo dissipar de vez a confusão que percebe nela. — Bem, pensei que você poderia ficar aqui — diz ele, com um olhar que deixa evidentes segundas intenções. — Quando falo para você se manter distante, é deles que estou falando, não de mim — esclarece, aproximando-se levemente. — Ou acha que, depois do que aconteceu entre nós nesta casa, eu conseguiria ficar longe de você? — provoca, com um sorriso no canto dos lábios. Marina desvia o olhar, inquieta. — Mas você se esqueceu da minha família? Meus pais nunca aceitariam que eu ficasse aqui sozinha com você — responde, apreensiva. Ele suspira, reconhecendo o problema. — É, eu realmente não pensei nisso — admite, com um toque de frustração. — Mas acho que podemos encontrar uma solução — acrescenta, olhando para ela com intensidade. — Só sei que não quero ficar longe de você, nunca… — declara, com os olhos fixos nos dela, cheios de sentimentos ocultos. — Por
O fim de semana que passou naquela casa com Victor foi, sem dúvida, o melhor da vida de Marina. Ela se sentiu amada de um modo tão carinhoso e intenso que mal conseguia acreditar.— Não acredito que terei que me despedir de você hoje — diz Victor, observando-a com o olhar levemente triste, enquanto ela arruma suas coisas na pequena mala de mão.— Estou indo só porque preciso — responde ela, lançando-lhe um sorriso suave. — Mas prometo que farei o possível para retornar no próximo fim de semana — afirma, com voz carinhosa e cheia de certeza.Victor suspira e um leve sorriso se forma, mas a melancolia continua visível em seu rosto.— Mesmo assim, uma semana sem você será uma tortura para mim — confessa, com a sinceridade estampada em cada palavra.Marina fecha a mala e levanta o olhar para ele, encarando-o por alguns segundos em silêncio, como se quisesse gravar aquela imagem na memória.— Para mim também será difícil, ainda mais agora que estou conhecendo esse lado seu que nunca imagine
Enquanto caminha pela vasta casa, Victor sente o silêncio pesado ao seu redor, num vazio que ressoa nas paredes e corredores amplos. Antes, ele sempre gostou de sua própria companhia; era um homem acostumado a desfrutar da solidão com conforto e até um certo orgulho. Mas agora, aquele mesmo silêncio que outrora consideraria acolhedor se tornou uma presença opressiva, quase cruel. A ausência de Marina transforma cada canto da casa em um lembrete gritante de que ela não está ali.Ele sobe as escadas lentamente, sentindo o peso de cada passo, e se dirige ao quarto, onde encontra a cama impecavelmente arrumada por Marina antes de partir. Os lençóis lisos e o ambiente em ordem mascaram a intensidade dos momentos que ambos compartilharam ali, como se o fim de semana não tivesse passado de um sonho. Mas ele lembra, com uma clareza forte, de como seus corpos se fundiram em um desejo tão profundo e incontrolável que nem mesmo os lençóis escaparam ilesos.O cheiro dela ainda paira levemente no a
Victor está em sua sala, concentrado no trabalho, quando seu celular vibra com uma mensagem de Marina. Ela conta que está entrando no ônibus com os pais para visitar a avó e que o avisará quando chegar. Junto à mensagem, envia uma selfie, sentada na poltrona do ônibus, seu rosto está iluminado pela luz suave que entra pela janela.Ele fica ali, imóvel, encarando a foto, sentindo o coração se apertar. O pensamento de não saber quanto tempo ficará longe dela o deixa inquieto. Digitando uma resposta rápida, deseja-lhe uma boa viagem, mas em vez de voltar ao trabalho, continua olhando para a foto dela. Marina é como uma droga para ele, e após tê-la experimentado, não sabe mais como viver sem. Um sorriso se forma em seu rosto e uma sensação de saudade o invade, enquanto observa o olhar suave dela na foto.Enquanto continua perdido na imagem dela, a porta do escritório se abre de repente. Ele levanta os olhos e vê seu irmão e sua mãe entrando na sala, ambos com expressões de preocupação. Joa
O olhar confuso que o irmão lhe lança acaba divertindo Victor, que não consegue conter o riso. — Por que acha que eu estaria aprontando alguma coisa? — Indaga, com ironia. Rodrigo caminha até a mesa do irmão e se senta à sua frente, analisando o olhar de cinismo que provem dele. — Porque sou o seu irmão e te conheço desde que nasceu. Então me diga o que está aprontando. Victor inclina a cabeça para o lado, sentindo o estresse acumulado em seu pescoço. Com um movimento firme, ele estala os músculos, soltando um leve suspiro de alívio enquanto relaxa os ombros, depois volta a ficar sério e encara o irmão. — Não estou planejando nada de ruim, não se preocupe — responde, tentando tranquilizar o irmão. — Só quero que a névoa se dissipe, para que os inocentes não sejam engolidos pela escuridão. Rodrigo estreita os olhos, sem entender a resposta do irmão. — Agora deu para falar em metáforas? — zomba. — Vamos, Victor, por acaso não confia em mim? — Claro que confio em você, nunca duvid