A preocupação é evidente no rosto de Marina, e Victor decide ser mais claro, querendo dissipar de vez a confusão que percebe nela. — Bem, pensei que você poderia ficar aqui — diz ele, com um olhar que deixa evidentes segundas intenções. — Quando falo para você se manter distante, é deles que estou falando, não de mim — esclarece, aproximando-se levemente. — Ou acha que, depois do que aconteceu entre nós nesta casa, eu conseguiria ficar longe de você? — provoca, com um sorriso no canto dos lábios. Marina desvia o olhar, inquieta. — Mas você se esqueceu da minha família? Meus pais nunca aceitariam que eu ficasse aqui sozinha com você — responde, apreensiva. Ele suspira, reconhecendo o problema. — É, eu realmente não pensei nisso — admite, com um toque de frustração. — Mas acho que podemos encontrar uma solução — acrescenta, olhando para ela com intensidade. — Só sei que não quero ficar longe de você, nunca… — declara, com os olhos fixos nos dela, cheios de sentimentos ocultos. — Por
O fim de semana que passou naquela casa com Victor foi, sem dúvida, o melhor da vida de Marina. Ela se sentiu amada de um modo tão carinhoso e intenso que mal conseguia acreditar.— Não acredito que terei que me despedir de você hoje — diz Victor, observando-a com o olhar levemente triste, enquanto ela arruma suas coisas na pequena mala de mão.— Estou indo só porque preciso — responde ela, lançando-lhe um sorriso suave. — Mas prometo que farei o possível para retornar no próximo fim de semana — afirma, com voz carinhosa e cheia de certeza.Victor suspira e um leve sorriso se forma, mas a melancolia continua visível em seu rosto.— Mesmo assim, uma semana sem você será uma tortura para mim — confessa, com a sinceridade estampada em cada palavra.Marina fecha a mala e levanta o olhar para ele, encarando-o por alguns segundos em silêncio, como se quisesse gravar aquela imagem na memória.— Para mim também será difícil, ainda mais agora que estou conhecendo esse lado seu que nunca imagine
Enquanto caminha pela vasta casa, Victor sente o silêncio pesado ao seu redor, num vazio que ressoa nas paredes e corredores amplos. Antes, ele sempre gostou de sua própria companhia; era um homem acostumado a desfrutar da solidão com conforto e até um certo orgulho. Mas agora, aquele mesmo silêncio que outrora consideraria acolhedor se tornou uma presença opressiva, quase cruel. A ausência de Marina transforma cada canto da casa em um lembrete gritante de que ela não está ali.Ele sobe as escadas lentamente, sentindo o peso de cada passo, e se dirige ao quarto, onde encontra a cama impecavelmente arrumada por Marina antes de partir. Os lençóis lisos e o ambiente em ordem mascaram a intensidade dos momentos que ambos compartilharam ali, como se o fim de semana não tivesse passado de um sonho. Mas ele lembra, com uma clareza forte, de como seus corpos se fundiram em um desejo tão profundo e incontrolável que nem mesmo os lençóis escaparam ilesos.O cheiro dela ainda paira levemente no a
Victor está em sua sala, concentrado no trabalho, quando seu celular vibra com uma mensagem de Marina. Ela conta que está entrando no ônibus com os pais para visitar a avó e que o avisará quando chegar. Junto à mensagem, envia uma selfie, sentada na poltrona do ônibus, seu rosto está iluminado pela luz suave que entra pela janela.Ele fica ali, imóvel, encarando a foto, sentindo o coração se apertar. O pensamento de não saber quanto tempo ficará longe dela o deixa inquieto. Digitando uma resposta rápida, deseja-lhe uma boa viagem, mas em vez de voltar ao trabalho, continua olhando para a foto dela. Marina é como uma droga para ele, e após tê-la experimentado, não sabe mais como viver sem. Um sorriso se forma em seu rosto e uma sensação de saudade o invade, enquanto observa o olhar suave dela na foto.Enquanto continua perdido na imagem dela, a porta do escritório se abre de repente. Ele levanta os olhos e vê seu irmão e sua mãe entrando na sala, ambos com expressões de preocupação. Joa
O olhar confuso que o irmão lhe lança acaba divertindo Victor, que não consegue conter o riso. — Por que acha que eu estaria aprontando alguma coisa? — Indaga, com ironia. Rodrigo caminha até a mesa do irmão e se senta à sua frente, analisando o olhar de cinismo que provem dele. — Porque sou o seu irmão e te conheço desde que nasceu. Então me diga o que está aprontando. Victor inclina a cabeça para o lado, sentindo o estresse acumulado em seu pescoço. Com um movimento firme, ele estala os músculos, soltando um leve suspiro de alívio enquanto relaxa os ombros, depois volta a ficar sério e encara o irmão. — Não estou planejando nada de ruim, não se preocupe — responde, tentando tranquilizar o irmão. — Só quero que a névoa se dissipe, para que os inocentes não sejam engolidos pela escuridão. Rodrigo estreita os olhos, sem entender a resposta do irmão. — Agora deu para falar em metáforas? — zomba. — Vamos, Victor, por acaso não confia em mim? — Claro que confio em você, nunca duvid
— Não quero que diga nada — Victor interrompe, tentando retomar o foco na conversa — Me desculpe por parecer tão surpreso — responde Rodrigo, levantando as mãos em um gesto de rendição. — É que isso realmente é muito novo para mim. Nunca imaginei que veria você, o Victor “inacessível”, caído por uma mulher assim tão cedo. — Então finja que eu não te disse nada — retruca Victor, ficando mais sério. Rodrigo dá um leve sorriso antes de perguntar: — E como a Marina está lidando com tudo isso? Victor suspira, apoiando os cotovelos na mesa e cruzando os dedos. — Está arrasada. A punhalada que levou da própria amiga destruiu muita coisa dentro dela. Mas fiz o possível para que relaxasse e ficasse bem. No momento, pedi que ela se afastasse de tudo e de todos, para se proteger. — Coitada… — comenta Rodrigo, sinceramente preocupado. — Imagino o quanto isso está sendo difícil para ela, ainda mais após ter que se afastar do emprego. Sei o quanto ela amava trabalhar aqui. — Bem, de qualquer
Rapidamente, Victor pega uma toalha e cobre o peitoral exposto, ajustando a câmera para focar apenas em seu rosto. Ele mantém a compostura, apesar da interrupção inesperada. Do outro lado, José o saúda com um leve aceno. — Boa noite, Victor — diz José, com um tom educado, mas direto. — Boa noite, senhor, como está? — pergunta, sério. José suspira, com um peso visível em sua expressão. — Bem… acredito que a Marina já tenha contado o que aconteceu com a minha mãe. — Sim, ela mencionou. E como está o quadro de saúde dela agora? — pergunta, inclinando-se ligeiramente para frente, demonstrando genuína preocupação. — Os médicos continuam avaliando, mas ela está estável no momento. Precisará de mais exames e acompanhamento constante — explica José, carregado de preocupação. Victor assente, numa expressão séria, mas respeitosa. — Espero que ela melhore logo, senhor. Se precisarem de algo, por favor, me avise. José agradece com um leve aceno de cabeça, enquanto Marina, ao fundo, observ
Quando é avisado de que o jantar está pronto, Victor solta um leve suspiro, antes de vestir uma camisa casual e sair de seu quarto. Descendo as escadas lentamente, ele sente o cheiro familiar da comida caseira preparada pelos chefs da família, um contraste curioso com o clima tenso que paira no ar.Ao entrar na sala de jantar, encontra toda a família já reunida em torno da longa mesa de madeira escura. A iluminação dourada do lustre reflete nos pratos de porcelana impecáveis e nos talheres de prata dispostos com perfeição. Ele avança em silêncio e ocupa seu lugar, sentindo os olhares dos familiares pesarem sobre ele. Sua mãe lança um sorriso quase forçado, tentando aliviar o ambiente.— Bem, que bom que você chegou, querido — comenta, num tom afável, enquanto pede que um dos empregados sirva sua taça com vinho. — Estávamos esperando você para começarmos.Victor apenas assente, pegando o guardanapo de tecido e colocando-o sobre o colo, sem dizer uma palavra. Ele nota Xavier, mantendo os