Marina deve estar mais confusa que nós com essa decisão do Victor…
Ainda sem entender a situação, Marina permanece em choque, incapaz de reagir. Seu pai, percebendo a hesitação dela, decide tomar a frente da conversa.— Mari, eu já conversei com o Victor e dei minhas recomendações a ele. Espero que vocês dois respeitem isso — afirma José, com um tom firme, mas ponderado.— Recomendações? — pergunta, confusa, lançando um olhar para Victor, que apenas a observa com um sorriso discreto.— Sim, mas vou deixar vocês dois conversarem a sós. Depois discutimos isso com calma — José conclui, dando um leve aceno para a esposa, chamando-a para saírem da sala.Daniela, com uma expressão de visível desaprovação, hesita por um momento. No entanto, respeita a decisão do marido e sai, deixando Marina e Victor sozinhos. Assim que os pais deixam a sala, Marina se aproxima de Victor, com a expressão de incredulidade ainda marcada em seu rosto. Sentando-se ao lado dele, lança-lhe um olhar direto.— O que significa tudo isso? — sussurra, receosa de que os pais escutem.Vi
Na cozinha, Daniela mantém uma expressão severa enquanto lança olhares reprovadores para o marido.— Não fique assim, mulher, eu fiz o que era certo — diz José, se levantando para lavar a louça.— Certo? — Daniela quase sussurra, incrédula. — Você deu permissão para aquele homem fazer o que bem entender com nossa filha!— Ele é o namorado dela agora — rebate José com firmeza. — E não fale como se a Marina fosse uma criança. Acha mesmo que ela, com aquela personalidade forte, vai deixar alguém fazer o que quiser com ela?— Acho, sim! Sabe por quê? Porque a nossa filha é ambiciosa, José. Até ontem ela dizia gostar do Sávio, e agora está com esse homem.— Talvez porque o Victor demonstrou mais caráter e coragem que o Sávio jamais teve — responde ele, irritado. — Escuta aqui, não quero mais ouvir o nome do Sávio nesta casa. O que ele fez com a nossa filha é imperdoável. Prefiro mil vezes vê-la ao lado de alguém que a respeita, do que triste pelos cantos.Daniela franze o cenho, ainda desco
Os olhos de Marina vacilam com a resposta de Victor, e uma pontada inesperada de esperança brota em seu peito, entretanto a dúvida e o desejo também se misturam em seu olhar, e ele percebe. Sem afastá-la da mesa, ele endireita o corpo, mantendo-a próxima e segura, como se não quisesse que ela escapasse.— Me diz, do que você tem medo? — pergunta ele, com a voz grave e mais suave do que de costume, enquanto a observa com um olhar cheio de curiosidade.Marina hesita, mas, com uma coragem recém-descoberta, decide ser honesta.— Não é exatamente medo — explica, tentando organizar os próprios sentimentos em palavras. — É só que… conheço seu estilo de vida. Você sempre deixou claro que não busca nada além de… bem, você sabe… sexo — Marina suspira, desviando o olhar antes de encontrar novamente os olhos dele. — Eu nunca quis te forçar a nada que não pudesse oferecer. Estava disposta a aceitar o seu jeito, mas agora… depois do que você disse aos meus pais, mencionando um namoro… eu realmente n
Percebendo o quanto Victor estava firme em suas palavras, Joana solta um suspiro exasperado, fitando Marina como se a jovem fosse a personificação de tudo o que ela desprezava. Os olhos de Joana não escondem a repulsa, e o ambiente se enche de tensão.— Victor, não tem vergonha de dizer uma coisa dessas? — Joana retruca, com a voz fria e controlada. — Um advogado renomado como você, dizendo que está… namorando uma qualquer?Mesmo sentindo o rubor do constrangimento subir às bochechas, Marina se recusa a abaixar a cabeça ao ouvir aquilo. Ela não permitiria que Joana a insultasse daquela forma, nem que a tratasse como alguém insignificante.— Eu não sou uma qualquer, senhora — responde Marina, com a voz firme e os olhos desafiadores, enfrentando o desprezo estampado no rosto da mãe de Victor. — O fato de eu não ter dinheiro não muda o meu caráter.Joana ergue a cabeça com altivez, esboça um sorriso amargo enquanto se aproxima mais, seu olhar é como um gume de faca.— Ah, claro, quanto ca
Quando sai da sala do filho, Xavier está com os punhos cerrados de raiva. O nervosismo em seu corpo é evidente, e ele sente o sangue pulsar intensamente nas têmporas. A cada passo, procura algo em que possa descarregar sua frustração, um objeto para socar, qualquer coisa que lhe dê algum alívio diante daquele nervosismo insuportável. Ao seu lado, Joana acompanha-o com o rosto pálido e a expressão contorcida de indignação.— Viu como ele nos tratou? — Joana murmura, seus olhos faíscam com uma mistura de ressentimento e raiva. — Desde o início, eu sabia que aquela praga de garota só traria confusão. Não confiei nela no instante em que a vi.Xavier apenas acena com a cabeça, enquanto seus lábios ficam comprimidos. A mente dele fervilha com os acontecimentos do dia, mas Joana continua, inflamada, sem perceber que ele já se desligou de suas reclamações.— Ela é uma interesseira, Xavier. Eu senti isso de longe! — diz, apertando o próprio casaco. — Aquela garota está é de olho no nosso dinhei
Após acalmar Marina, Victor a acompanha até a sua sala, tentando assegurar que ela se sinta mais tranquila. Ao vê-la sentar-se, ele lhe lança um último olhar reconfortante antes de caminhar em direção ao escritório do irmão. Ao entrar, encontra Rodrigo e a mãe, ambos com expressões tensas. Ele se surpreende pela ausência do pai, mas decide ignorar a questão, sentando-se numa das cadeiras vazias, sem rodeios.— Que bom que chegou, Victor. Nossa mãe estava quase tendo um troço de tanta aflição — comenta Rodrigo, lançando um olhar exasperado para Joana.— Não vejo razão para todo esse alarde — responde Victor calmamente, cruzando os braços.Joana o encara, com olhos faiscando de indignação.— Não se faça de ingênuo, Victor. Você sabe muito bem o que nos incomoda. — Ela se inclina levemente para frente, cravando os olhos no filho. — Não faz muito tempo que você estava dizendo que não suportava aquela mulher, até pediu ao seu irmão que a dispensasse, e agora surge com essa história de namor
Quando o expediente termina, Marina sai da empresa com a mente ainda flutuando, perdida nos pensamentos sobre tudo o que está acontecendo entre ela e Victor. Ao entrar no elevador, encara seu reflexo no espelho e se pergunta, meio em dúvida, se tudo aquilo é mesmo real ou apenas obra de sua imaginação fervilhante. Quando se lembra de Victor defendendo-a com tanta determinação diante de toda a família, uma sensação inédita cresce em seu peito, misturando admiração com um certo receio. Os encontros que teve com Joana e Xavier foram longe de agradáveis, e ela sabe que conquistar o apoio deles seria praticamente impossível. — Será que o Victor desafiará realmente os pais por mim? — murmura para si mesma. Ao chegar ao hall da empresa, percebe que alguns colegas a olham com expressões de curiosidade e cochichos discretos, como se estivessem presenciando algum tipo de escândalo. Desconfortável, tenta desviar o olhar, mas logo escuta uma voz familiar e venenosa. — Ora, ora… — A voz de Katri
Ao se despedir de Victor com um beijo longo e quente, Marina entra em casa. Quando está prestes a entrar na sala, a voz de Andressa a chama pelo portão. Surpresa, Marina desce as escadas e abre o portão, encontrando a amiga com um olhar curioso e um sorriso leve no rosto. — Oi, Andressa, tudo bem? — cumprimenta Marina, tentando disfarçar o cansaço na voz. — Estou ótima, mas parece que você está ainda melhor que eu — Andressa brinca, com um sorriso malicioso. — Me desculpa, amiga, mas vi você e o Victor se beijando e... não pude deixar de vir aqui saber o que está acontecendo. Marina solta um suspiro exausto, mas oferece um sorriso e decide ser sincera. — Entra, vou te contar tudo — convida, e as duas sobem até o quarto, onde se sentam na cama uma ao lado da outra. Marina respira fundo antes de falar. — O Victor veio até aqui e pediu permissão aos meus pais para me namorar — revela, observando a expressão de surpresa na amiga. Andressa leva a mão à boca, com os olhos brilhando nu