Poxa Daniela, assim fica difícil te defender!
Mesmo trancado no banheiro, Victor ouvia cada palavra da conversa entre Marina e sua mãe. O espaço pequeno do quarto fazia a voz de Daniela ecoar, revelando toda a sua decepção e desconfiança. Cada acusação, cada palavra dura que ela disparava, era como uma punhalada para Marina e também para ele. Ele podia escutar o tremor na voz de Marina, segurando o choro, enquanto tentava, em vão, se defender das acusações infundadas.— A senhora percebe que está ficando do lado do Sávio, e não de mim, que sou sua filha? — questiona Marina, com a voz embargada pela dor e incredulidade.— E como quer que eu te defenda, Marina, se nem sei onde está? — replica Daniela, cuja voz impregna frustração. — Você era tão estudiosa, tão responsável. Depois que começou a trabalhar com esse homem, parece que sua vida desandou. Pense bem no que está fazendo da sua vida!Marina sente as palavras como facas e respira fundo, tentando conter a frustração.— Não acredito que esteja colocando a culpa em mim e no meu
Quando chega em casa, Victor exibe uma expressão de tensão mal disfarçada. Mesmo satisfeito com o progresso que ele e Marina haviam tido juntos, a ideia de que ela enfrentaria os pais sozinha naquele momento o deixava desconcertado, sentindo-se parcialmente responsável por toda aquela situação. Relutante em entrar na mansão, decide sentar-se no jardim, onde as flores exalavam um perfume suave que ele, no entanto, mal consegue perceber. Ele desabotoa a camisa e fecha os olhos, tentando relaxar, mas a ansiedade o corrói. Pensar que Marina estava sendo julgada duramente pelos próprios pais fazia com que apertasse os punhos, questionando-se se deixá-la em casa naquela manhã foi, de fato, a escolha correta.— Algum problema? — A voz profunda de Xavier ecoa atrás dele.Victor abre os olhos e se vira levemente, vendo o pai em uma bermuda azul e camisa branca, com uma expressão casual que parecia alheia a qualquer tensão.— E desde quando você se importa com isso? — rebate, voltando o olhar pa
Percebendo as acusações impiedosas de sua mãe, Marina solta um suspiro pesado, ciente de que o confronto não pode mais ser evitado.— Então, além de não confiar em mim, agora está me vigiando também? — pergunta, exausta, com a dor visível em sua expressão.— Eu só estava indo até o portão — responde Daniela, mantendo o olhar firme. — E vi você lá, bem juntinha dele. Deu para ver muito bem como os “pombinhos” se comportavam — ironiza.— Mãe, para com isso! — Marina pede, com a voz vacilante, segurando as lágrimas. — A senhora não tem noção do impacto que isso está causando em mim.Sem esperar mais, Marina entra em casa, seu coração está comprimido pela pressão das acusações. Ela larga a mala no quarto, mas não consegue se livrar da presença da mãe, que a segue insensível, com cada palavra se transformando em um julgamento.— Eu não te reconheço mais, Marina. Tudo o que vejo agora é uma garota irresponsável, deslumbrada pelo dinheiro, como se o Sávio não tivesse significado nada para vo
— Claro, acho uma boa ideia — responde Marina, decidida a descobrir a verdade sobre o misterioso namorado da amiga. Depois de toda a ajuda e apoio de Victor, sentia a necessidade de retribuir de algum modo e talvez, desvendando o que Andressa parecia esconder, conseguisse ao menos aliviar sua própria inquietação. — Então, combinado para sexta? Assim que sair do trabalho, você pode ir direto para o apartamento. O que acha? — insiste Andressa, com um sorriso esperançoso. — Não sei… — Marina hesita, tentando decifrar as intenções da amiga. — Vai, amiga! Vou preparar um jantar só para nós duas, vai ser ótimo — persiste, demonstrando toda a sua boa intenção.— Está bem — concorda Marina, ainda receosa. Por mais que gostasse de Andressa, sentia que a amiga escondia algo. Havia uma voltagem inexplicável no ar, uma expressão no olhar dela que revelava segredos não ditos. Marina recorda das palavras de Victor: “A gente nunca conhece realmente as pessoas.” Confiança, afinal, podia ser um er
Sem saber como responder ao pai, Marina fica em silêncio, e é nesse momento que Daniela interfere.— Está vendo, José? Ela não responde porque sabe que aquele homem não quer nada sério com ela — diz, com tom acusador.— Daniela, pare com isso e deixe nossa filha nos explicar! — exige José, lançando um olhar firme para a esposa, mostrando que não tolerará interferências.Marina, sempre uma filha obediente, nunca havia se sentido tão pressionada como agora. Sentia que não deveria precisar dar explicações sobre algo tão pessoal, mas sabia que, naquele momento, era isso que esperavam dela.— Eu não quero falar sobre mim e o Victor — declara, com seriedade. — Eu ainda moro com vocês, mas preciso lembrar que tenho vinte e dois anos e sou dona da minha própria vida. Entendo que queiram o meu bem, mas preciso que compreendam que eu não preciso me casar com o primeiro homem que conheci — continua, firme, decidida a tomar as rédeas de sua vida.Daniela, abalada pela resposta da filha, responde
Após um banho, Victor se deita em sua cama, sua mente está agitada com pensamentos sobre Marina. Ele havia planejado tudo para a noite, reservando um quarto em um hotel cinco estrelas e organizado uma noite romântica com todos os detalhes. No entanto, algo ainda parecia incompleto. Tentando relaxar, ele se vira de um lado para o outro, mas a lembrança das palavras duras que a mãe de Marina lançara à filha pelo telefone se torna uma espinha dorsal de incômodo.“Se ela pôde dizer aquilo por telefone, imagina o que mais a loirinha deve ter ouvido quando chegou em casa.”Victor queria ligar para ela, dizer que estava ali para qualquer coisa, mas a verdade é que não sabia exatamente como a ajudar. Sem conseguir descansar, ele se levanta e começa a caminhar pela casa, em busca de algo que o afaste daquela inquietação. Quando chega à sala, encontra Rodrigo, que nota sua expressão agitada.— Está tudo bem? — pergunta, lançando-lhe um olhar curioso.— Não, as coisas não estão nada bem, e isso e
Ainda sem entender a situação, Marina permanece em choque, incapaz de reagir. Seu pai, percebendo a hesitação dela, decide tomar a frente da conversa.— Mari, eu já conversei com o Victor e dei minhas recomendações a ele. Espero que vocês dois respeitem isso — afirma José, com um tom firme, mas ponderado.— Recomendações? — pergunta, confusa, lançando um olhar para Victor, que apenas a observa com um sorriso discreto.— Sim, mas vou deixar vocês dois conversarem a sós. Depois discutimos isso com calma — José conclui, dando um leve aceno para a esposa, chamando-a para saírem da sala.Daniela, com uma expressão de visível desaprovação, hesita por um momento. No entanto, respeita a decisão do marido e sai, deixando Marina e Victor sozinhos. Assim que os pais deixam a sala, Marina se aproxima de Victor, com a expressão de incredulidade ainda marcada em seu rosto. Sentando-se ao lado dele, lança-lhe um olhar direto.— O que significa tudo isso? — sussurra, receosa de que os pais escutem.Vi
Na cozinha, Daniela mantém uma expressão severa enquanto lança olhares reprovadores para o marido.— Não fique assim, mulher, eu fiz o que era certo — diz José, se levantando para lavar a louça.— Certo? — Daniela quase sussurra, incrédula. — Você deu permissão para aquele homem fazer o que bem entender com nossa filha!— Ele é o namorado dela agora — rebate José com firmeza. — E não fale como se a Marina fosse uma criança. Acha mesmo que ela, com aquela personalidade forte, vai deixar alguém fazer o que quiser com ela?— Acho, sim! Sabe por quê? Porque a nossa filha é ambiciosa, José. Até ontem ela dizia gostar do Sávio, e agora está com esse homem.— Talvez porque o Victor demonstrou mais caráter e coragem que o Sávio jamais teve — responde ele, irritado. — Escuta aqui, não quero mais ouvir o nome do Sávio nesta casa. O que ele fez com a nossa filha é imperdoável. Prefiro mil vezes vê-la ao lado de alguém que a respeita, do que triste pelos cantos.Daniela franze o cenho, ainda desco