No carro, Marina mantém a cabeça baixa, enquanto seus pensamentos rodopiam como uma tempestade em sua mente. Suas mãos repousam sobre o colo, mas os dedos inquietos revelam o nervosismo que pulsa em seu peito. Seu rosto está rosado de vergonha e ela sente o calor subir pelo pescoço, até as bochechas, numa mistura de humilhação e confusão. Não consegue esquecer as palavras de Sávio, cada uma como um golpe afiado que ecoa dentro dela, deixando cicatrizes invisíveis.“Então era isso que ele pensava sobre mim o tempo todo?”, questiona em pensamento, tentando entender a imagem que passava quando dizia a alguém que queria ser alguém na vida.Victor lança um olhar discreto em sua direção, percebendo o desconforto evidente em sua postura. Ele suspira, desviando o olhar para a estrada à frente, tentando encontrar as palavras certas para quebrar o silêncio espesso que se instalou entre eles.— Você não tem nada do que se envergonhar, loirinha — declara com a voz calma, mas firme, mantendo o olha
Victor para por um instante e a olha nos olhos, percebendo o quanto ela está sendo sincera. Ele se aproxima devagar, com os olhos cheios de desejo. Quando seus lábios finalmente se encontram, é como se uma eletricidade instantânea tomasse conta do ar ao redor. O toque inicial é firme, quase urgente, e logo os lábios se pressionam com mais intensidade, reivindicando-se mutuamente.A mão dele desliza até a nuca dela, segurando-a com uma determinação que a faz sentir-se completamente dominada. Ela sente o peso da possessividade naquele toque, como se quisesse apagar qualquer vestígio de dúvida que pudesse existir. A outra mão encontra sua cintura, puxando-a para mais perto, eliminando qualquer espaço entre eles. Suas respirações se misturam, ofegantes e descompassadas, enquanto o beijo se aprofunda, e as línguas se encontram num jogo intenso de desejo.Victor a beija como se cada segundo fosse precioso, explorando-a sem pressa, mas com um desejo que é impossível de conter. Sentindo cada m
Mesmo trancado no banheiro, Victor ouvia cada palavra da conversa entre Marina e sua mãe. O espaço pequeno do quarto fazia a voz de Daniela ecoar, revelando toda a sua decepção e desconfiança. Cada acusação, cada palavra dura que ela disparava, era como uma punhalada para Marina e também para ele. Ele podia escutar o tremor na voz de Marina, segurando o choro, enquanto tentava, em vão, se defender das acusações infundadas.— A senhora percebe que está ficando do lado do Sávio, e não de mim, que sou sua filha? — questiona Marina, com a voz embargada pela dor e incredulidade.— E como quer que eu te defenda, Marina, se nem sei onde está? — replica Daniela, cuja voz impregna frustração. — Você era tão estudiosa, tão responsável. Depois que começou a trabalhar com esse homem, parece que sua vida desandou. Pense bem no que está fazendo da sua vida!Marina sente as palavras como facas e respira fundo, tentando conter a frustração.— Não acredito que esteja colocando a culpa em mim e no meu
Quando chega em casa, Victor exibe uma expressão de tensão mal disfarçada. Mesmo satisfeito com o progresso que ele e Marina haviam tido juntos, a ideia de que ela enfrentaria os pais sozinha naquele momento o deixava desconcertado, sentindo-se parcialmente responsável por toda aquela situação. Relutante em entrar na mansão, decide sentar-se no jardim, onde as flores exalavam um perfume suave que ele, no entanto, mal consegue perceber. Ele desabotoa a camisa e fecha os olhos, tentando relaxar, mas a ansiedade o corrói. Pensar que Marina estava sendo julgada duramente pelos próprios pais fazia com que apertasse os punhos, questionando-se se deixá-la em casa naquela manhã foi, de fato, a escolha correta.— Algum problema? — A voz profunda de Xavier ecoa atrás dele.Victor abre os olhos e se vira levemente, vendo o pai em uma bermuda azul e camisa branca, com uma expressão casual que parecia alheia a qualquer tensão.— E desde quando você se importa com isso? — rebate, voltando o olhar pa
Percebendo as acusações impiedosas de sua mãe, Marina solta um suspiro pesado, ciente de que o confronto não pode mais ser evitado.— Então, além de não confiar em mim, agora está me vigiando também? — pergunta, exausta, com a dor visível em sua expressão.— Eu só estava indo até o portão — responde Daniela, mantendo o olhar firme. — E vi você lá, bem juntinha dele. Deu para ver muito bem como os “pombinhos” se comportavam — ironiza.— Mãe, para com isso! — Marina pede, com a voz vacilante, segurando as lágrimas. — A senhora não tem noção do impacto que isso está causando em mim.Sem esperar mais, Marina entra em casa, seu coração está comprimido pela pressão das acusações. Ela larga a mala no quarto, mas não consegue se livrar da presença da mãe, que a segue insensível, com cada palavra se transformando em um julgamento.— Eu não te reconheço mais, Marina. Tudo o que vejo agora é uma garota irresponsável, deslumbrada pelo dinheiro, como se o Sávio não tivesse significado nada para vo
— Claro, acho uma boa ideia — responde Marina, decidida a descobrir a verdade sobre o misterioso namorado da amiga. Depois de toda a ajuda e apoio de Victor, sentia a necessidade de retribuir de algum modo e talvez, desvendando o que Andressa parecia esconder, conseguisse ao menos aliviar sua própria inquietação. — Então, combinado para sexta? Assim que sair do trabalho, você pode ir direto para o apartamento. O que acha? — insiste Andressa, com um sorriso esperançoso. — Não sei… — Marina hesita, tentando decifrar as intenções da amiga. — Vai, amiga! Vou preparar um jantar só para nós duas, vai ser ótimo — persiste, demonstrando toda a sua boa intenção.— Está bem — concorda Marina, ainda receosa. Por mais que gostasse de Andressa, sentia que a amiga escondia algo. Havia uma voltagem inexplicável no ar, uma expressão no olhar dela que revelava segredos não ditos. Marina recorda das palavras de Victor: “A gente nunca conhece realmente as pessoas.” Confiança, afinal, podia ser um er
Sem saber como responder ao pai, Marina fica em silêncio, e é nesse momento que Daniela interfere.— Está vendo, José? Ela não responde porque sabe que aquele homem não quer nada sério com ela — diz, com tom acusador.— Daniela, pare com isso e deixe nossa filha nos explicar! — exige José, lançando um olhar firme para a esposa, mostrando que não tolerará interferências.Marina, sempre uma filha obediente, nunca havia se sentido tão pressionada como agora. Sentia que não deveria precisar dar explicações sobre algo tão pessoal, mas sabia que, naquele momento, era isso que esperavam dela.— Eu não quero falar sobre mim e o Victor — declara, com seriedade. — Eu ainda moro com vocês, mas preciso lembrar que tenho vinte e dois anos e sou dona da minha própria vida. Entendo que queiram o meu bem, mas preciso que compreendam que eu não preciso me casar com o primeiro homem que conheci — continua, firme, decidida a tomar as rédeas de sua vida.Daniela, abalada pela resposta da filha, responde
Após um banho, Victor se deita em sua cama, sua mente está agitada com pensamentos sobre Marina. Ele havia planejado tudo para a noite, reservando um quarto em um hotel cinco estrelas e organizado uma noite romântica com todos os detalhes. No entanto, algo ainda parecia incompleto. Tentando relaxar, ele se vira de um lado para o outro, mas a lembrança das palavras duras que a mãe de Marina lançara à filha pelo telefone se torna uma espinha dorsal de incômodo.“Se ela pôde dizer aquilo por telefone, imagina o que mais a loirinha deve ter ouvido quando chegou em casa.”Victor queria ligar para ela, dizer que estava ali para qualquer coisa, mas a verdade é que não sabia exatamente como a ajudar. Sem conseguir descansar, ele se levanta e começa a caminhar pela casa, em busca de algo que o afaste daquela inquietação. Quando chega à sala, encontra Rodrigo, que nota sua expressão agitada.— Está tudo bem? — pergunta, lançando-lhe um olhar curioso.— Não, as coisas não estão nada bem, e isso e