Após o café, Marina sente o peso do cansaço acumulado e opta por não participar de todas as atividades planejadas. Em vez disso, decide observar os outros, relaxando enquanto aproveita a vista do lago cristalino. Entre brincadeiras e risadas dos colegas de Sávio, nota que Fernanda, a mulher que lhe lançava olhares estranhos no ônibus, se aproxima dele com frequência, rindo um pouco demais e sempre buscando uma desculpa para tocá-lo casualmente. Marina decide não comentar nada naquele momento, mas o desconforto começa a pesar.Durante a tarde, Sávio a convida para explorar uma trilha que leva a uma pequena cachoeira. Eles andam lado a lado em silêncio, a paisagem ao redor é tão majestosa que Marina deixa seus pensamentos vagarem, tentando afastar qualquer insegurança.Ao chegarem à beira da cachoeira, ela sente que o ambiente é calmo e inspirador, e o peso que carregava parece se dissipar.— Estou feliz por estar aqui com você — comenta, sentando-se ao lado dele na grama macia e úmida.
Marina não suporta olhar mais um segundo para aquela cena. Com o coração em pedaços e as mãos trêmulas, caminha rapidamente de volta para o quarto. Lágrimas escorrem pelo seu rosto, e ela sente como se uma parte sua tivesse sido arrancada. A imagem de Sávio com outra mulher ainda martela em sua mente, e a sensação de traição é sufocante.— Como ele teve coragem de mentir olhando nos meus olhos? — sussurra para si mesma, enquanto se esforça para conter o choro.Com movimentos rápidos, começa a jogar suas roupas na mala, separando apenas o que precisará vestir para sair daquele lugar.Assim que termina de arrumar tudo, pega o telefone e liga para a recepção, pedindo um carro. A resposta que recebe é um balde de água fria: não há veículos disponíveis para levá-la, dado o isolamento do resort.Sentindo-se impotente, Marina olha para o celular, o nome de Andressa surge em sua mente, mas logo descarta a ideia de ligar para a amiga, sabendo que ela não poderia ajudar naquele momento. Seus ded
Enquanto caminha atrás de Marina, Sávio percebe que ela está se dirigindo à recepção, onde alguns de seus colegas de trabalho também estão reunidos. Ele hesita por um momento, preferindo ficar de longe e observar. Marina aproxima-se do balcão, conversa brevemente com a atendente e então se afasta, sentando-se próximo à entrada, como se estivesse esperando por alguém.Sávio sente a raiva fervendo em seu peito e quer ir até ela para tirar satisfações, mas o medo de ser visto pelos colegas e de sua imagem ser prejudicada o segura. Então, decide ficar ali à espreita, com os olhos cravados em Marina e tentar imaginar o que ela estava planejando fazer.O tempo passa e, assim como Marina não sai do lugar, seus colegas também continuam por ali. Irritado e sem intenção de deixar que essa situação se prolongue, ele decide dar a volta pelos fundos da recepção, notando que por ali nenhum dos seus colegas o veria se aproximar. Com o olhar fixo em Marina, segue em sua direção. No entanto, antes que
No carro, Marina mantém a cabeça baixa, enquanto seus pensamentos rodopiam como uma tempestade em sua mente. Suas mãos repousam sobre o colo, mas os dedos inquietos revelam o nervosismo que pulsa em seu peito. Seu rosto está rosado de vergonha e ela sente o calor subir pelo pescoço, até as bochechas, numa mistura de humilhação e confusão. Não consegue esquecer as palavras de Sávio, cada uma como um golpe afiado que ecoa dentro dela, deixando cicatrizes invisíveis.“Então era isso que ele pensava sobre mim o tempo todo?”, questiona em pensamento, tentando entender a imagem que passava quando dizia a alguém que queria ser alguém na vida.Victor lança um olhar discreto em sua direção, percebendo o desconforto evidente em sua postura. Ele suspira, desviando o olhar para a estrada à frente, tentando encontrar as palavras certas para quebrar o silêncio espesso que se instalou entre eles.— Você não tem nada do que se envergonhar, loirinha — declara com a voz calma, mas firme, mantendo o olha
Victor para por um instante e a olha nos olhos, percebendo o quanto ela está sendo sincera. Ele se aproxima devagar, com os olhos cheios de desejo. Quando seus lábios finalmente se encontram, é como se uma eletricidade instantânea tomasse conta do ar ao redor. O toque inicial é firme, quase urgente, e logo os lábios se pressionam com mais intensidade, reivindicando-se mutuamente.A mão dele desliza até a nuca dela, segurando-a com uma determinação que a faz sentir-se completamente dominada. Ela sente o peso da possessividade naquele toque, como se quisesse apagar qualquer vestígio de dúvida que pudesse existir. A outra mão encontra sua cintura, puxando-a para mais perto, eliminando qualquer espaço entre eles. Suas respirações se misturam, ofegantes e descompassadas, enquanto o beijo se aprofunda, e as línguas se encontram num jogo intenso de desejo.Victor a beija como se cada segundo fosse precioso, explorando-a sem pressa, mas com um desejo que é impossível de conter. Sentindo cada m
Enquanto caminha em direção à padaria dos pais, localizada ao lado de sua casa, Marina ajusta sua camisa branca social. Por mais que sua aparência transmita confiança, ela não pode negar que, por dentro, está nervosa. E não é para menos, afinal, este dia marca o início de sua carreira. Apesar de ser filha de pais humildes, ela estudou com afinco para não seguir o mesmo caminho. Formou-se em Direito e agora está prestes a trabalhar em um dos escritórios mais renomados do país. Embora ainda não seja advogada, o cargo de assistente jurídica é um excelente começo para sua trajetória.— Bom dia, pai — cumprimenta Marina, ao avistar José, que está do outro lado do balcão, reabastecendo o estoque de pães.— Bom dia, Mari. Você está linda, minha querida — responde ele, admirando o modo como ela está vestida. — Sente-se, sua mãe já vai servir o seu café.— Tudo bem. Marina se senta em uma das mesas próximas à porta. Dali, ela pode observar a rua e os clientes que entram na padaria. O local e
Voltando para o interior da padaria, Marina confronta o pai.— Como pôde deixar aquele idiota sair daqui com um olhar vitorioso? — questiona, claramente frustrada.— Para evitar confusão — responde José, enquanto atende outro cliente. — Todos têm seus dias ruins, minha filha. Talvez esse tenha sido o dele.— Aquele homem não estava num dia ruim, ele “é” ruim, isso sim — retruca, com firmeza.Daniela, que está atendendo outro cliente, observa a indignação da filha e decide intervir.— Não estrague o seu dia devido a um homem que você nunca viu antes, filha. Termine seu café, ou perderá o ônibus.— Tudo bem, mãe — responde Marina, bufando de frustração.Após terminar o café, Marina se despede dos pais e sai da padaria, caminhando em direção ao ponto de ônibus. Enquanto anda, não consegue deixar de pensar no idiota que apareceu mais cedo. Marina nunca gostou de pessoas que se acham superiores às outras, e aquele homem claramente era um exemplo perfeito disso.— Mari! — uma voz masculina
“Era só o que me faltava”, pensa Marina, encolhendo-se na cadeira, torcendo para que aquele homem não a notasse ali.— Tudo bem, vou assinar, mas preciso revisar primeiro — responde Rodrigo, pegando o papel das mãos do homem.— Que droga, Rodrigo! Ainda não arranjou uma assistente para fazer isso por você? — questiona o homem, impaciente.— Tem razão — Rodrigo responde, sorridente. — Já arranjei. Na verdade, estou conversando com ela agora mesmo — diz, indicando Marina na cadeira.“Ai meu Deus, eu estou ferrada” pensa Marina, sentindo os olhos negros do homem queimarem sua pele.— Esta é Marina Ferreira, minha nova assistente. Ela acabou de chegar.Ao ver a jovem de cabelos loiros e olhos azuis encolhida na cadeira, Victor sorri com ironia.— Ora, se esse mundo não é pequeno — zomba, ao notar o visível desconforto de Marina com sua presença.— Marina, este é Victor Ferraz, meu irmão e sócio — Rodrigo anuncia.“Sócio?”, Marina pensa, indignada com a revelação. Não pode acreditar que tr