Em mais uma manhã de trabalho, Marina espera pelo namorado, que prometeu buscá-la para levá-la à empresa. No entanto, o celular toca e ela vê o nome de Sávio na tela. — Sinto muito, amor, mas não vou conseguir te levar — diz ele pelo telefone, a voz carrega frustração. — O pneu do carro furou e o estepe também está vazio. — Tudo bem, Sávio, sem problema. Possivelmente ainda consigo pegar o ônibus — responde, já se despedindo dos pais e saindo da padaria com pressa. Ela consegue embarcar no ônibus a tempo, mas, no meio do caminho, um engarrafamento inesperado se forma, atrasando a viagem e fazendo-a chegar na empresa mais tarde do que o planejado. Marina sente um clima tenso no andar onde trabalha. Funcionários andam apressados de um lado para o outro, murmurando entre si, como se tentassem evitar algo ou alguém. Ao passar em frente à sala de Victor, vê Dayse, a secretária dele, que a observa com um olhar apreensivo. — Bom dia, Dayse — cumprimenta Marina, mantendo a voz gentil, m
O toque possessivo dos lábios de Victor contra os seus deixa-a completamente sem fôlego; é um beijo intenso, carregado de desejo reprimido e de uma ansiedade quase percebida. Ele parece querer transmitir, através daquele gesto, todas as emoções contidas, enquanto suas mãos exploram cada curva do corpo dela com uma urgência descontrolada, como se tentasse gravar cada detalhe em sua memória.— Victor… — Marina murmura, quase inaudível, quando ele afrouxa um pouco os lábios por um instante, como se tentasse lhe dar a chance de recobrar o controle da situação.Mas ele não permite que a distância entre eles dure. Num impulso, Victor volta a pressionar seus lábios contra os dela, intenso e decidido, sem deixar espaço para qualquer protesto ou arrependimento. Em meio ao beijo, uma certeza toma conta de seus pensamentos: ele sente o quanto ela também o deseja.Seria tão mais fácil resistir à Marina se o corpo dela não respondesse ao seu toque, se não houvesse essa chama compartilhada entre el
A tão esperada sexta-feira havia finalmente chegado, trazendo com ela não só a antecipação do fim de semana, mas também uma carga extra de estresse no trabalho. Chegando à empresa quinze minutos antes do horário, Marina depara-se com uma pilha de documentos em sua mesa, todos aguardando revisão ainda naquele dia. Ela suspira, estreitando os olhos ao reconhecer a assinatura inconfundível de Victor nessa sobrecarga. Sem uma palavra de queixa, coloca a bolsa ao lado da mesa, liga o computador e se prepara para enfrentar a maratona de trabalho que a aguarda. À medida que as horas passam, se vê imersa nos documentos, com o tempo parecendo escapar por entre os dedos. Sabe que qualquer atraso poderia ser usado como pretexto por Victor para criticá-la, então decide encurtar o horário de almoço para apenas vinte minutos, voltando apressada à sua mesa. Ela mantém o ritmo, revisando cada linha, cada detalhe, até que, quando o relógio marca cinco horas da tarde, termina finalmente o último docum
Os olhos de Marina fixam-se nos de Victor, buscando uma resposta. O olhar curioso deixa claro que quer entender até onde vai a verdade nas palavras dele. Queria saber se ele está sendo sincero ou apenas jogando mais um dos seus jogos. Mas a expressão séria e firme que ele mantém; não parece dar espaço para brincadeiras. Percebendo que ele a observa em silêncio, Marina sente um calor subir pelo rosto, se dando conta de que talvez suas perguntas tenham sido mais invasivas do que pretendia. Um rubor discreto surge em suas bochechas e desvia o olhar, sentindo o constrangimento se instalar. Victor, no entanto, nota o silêncio dela e, contrariando o que imaginara, percebe que Marina não o bombardeia de perguntas como esperava. — O que foi? — ele pergunta, com a voz baixa e um toque de incerteza evidente. — Não é nada… — Marina murmura, desviando o olhar novamente, mas o desconforto é evidente. — Talvez eu tenha perguntado sobre algo que não era da minha conta, não é? — acrescenta, sentin
Marina entra na padaria, cruzando o ambiente calmo, quase vazio naquela hora, seu olhar logo se volta para a cozinha. Ao entrar, encontra seu pai, sentado à mesa, segurando um copo de água, com os ombros levemente curvados e o semblante abatido. — Pai, cheguei! — anuncia em voz suave, enquanto se aproxima. Seu pai levanta os olhos, visivelmente surpreso com a presença dela tão cedo. Ele tenta disfarçar o cansaço com um sorriso breve, mas Marina nota o olhar fatigado que ele não consegue esconder. — Oi, Mari, não sabia que chegaria tão cedo — ele diz, esforçando-se para levantar-se da cadeira com firmeza. — Por que está com essa cara? Parece que algo aconteceu — ela insiste, preocupada. José suspira e, com um sorriso cansado, passa a mão pelo rosto. — Não é nada, querida. Só estava descansando um pouco. Hoje foi bem movimentado… sexta-feira, sabe como é — explica, tentando aliviar a tensão no rosto. Marina observa o pai, mas vê que ele está se esforçando para parecer forte. Desde
É madrugada quando o ônibus finalmente estaciona em frente ao resort nas montanhas. A escuridão envolve o local, mas Marina consegue perceber a beleza do lugar.Sávio se afasta por um momento e, quando retorna, diz sorridente:— Já peguei a chave do nosso quarto.Sem demora, ele pega a mala das mãos dela, assumindo a liderança enquanto começa a caminhar em direção a uma pequena trilha, indicando que ela o siga.Enquanto caminhava em direção aos aposentos, Marina notou que o hotel reservava algo especial. Pequenos chalés independentes, charmosos e rústicos, alinhavam-se ao longo de uma trilha de pedras cercada por jardins bem cuidados.Sávio caminha em direção a um dos chalés e aproxima o cartão da porta, que faz um curto barulho e depois se abre. Os dois entram, explorando o ambiente com a expressão de fascínio. Havia apenas uma palavra para descrever aquele ambiente — esplêndido!— Nossa, como esse lugar é elegante — comenta Marina, encantada com o tamanho da cama e dos móveis luxuos
Após o café, Marina sente o peso do cansaço acumulado e opta por não participar de todas as atividades planejadas. Em vez disso, decide observar os outros, relaxando enquanto aproveita a vista do lago cristalino. Entre brincadeiras e risadas dos colegas de Sávio, nota que Fernanda, a mulher que lhe lançava olhares estranhos no ônibus, se aproxima dele com frequência, rindo um pouco demais e sempre buscando uma desculpa para tocá-lo casualmente. Marina decide não comentar nada naquele momento, mas o desconforto começa a pesar.Durante a tarde, Sávio a convida para explorar uma trilha que leva a uma pequena cachoeira. Eles andam lado a lado em silêncio, a paisagem ao redor é tão majestosa que Marina deixa seus pensamentos vagarem, tentando afastar qualquer insegurança.Ao chegarem à beira da cachoeira, ela sente que o ambiente é calmo e inspirador, e o peso que carregava parece se dissipar.— Estou feliz por estar aqui com você — comenta, sentando-se ao lado dele na grama macia e úmida.
Marina não suporta olhar mais um segundo para aquela cena. Com o coração em pedaços e as mãos trêmulas, caminha rapidamente de volta para o quarto. Lágrimas escorrem pelo seu rosto, e ela sente como se uma parte sua tivesse sido arrancada. A imagem de Sávio com outra mulher ainda martela em sua mente, e a sensação de traição é sufocante.— Como ele teve coragem de mentir olhando nos meus olhos? — sussurra para si mesma, enquanto se esforça para conter o choro.Com movimentos rápidos, começa a jogar suas roupas na mala, separando apenas o que precisará vestir para sair daquele lugar.Assim que termina de arrumar tudo, pega o telefone e liga para a recepção, pedindo um carro. A resposta que recebe é um balde de água fria: não há veículos disponíveis para levá-la, dado o isolamento do resort.Sentindo-se impotente, Marina olha para o celular, o nome de Andressa surge em sua mente, mas logo descarta a ideia de ligar para a amiga, sabendo que ela não poderia ajudar naquele momento. Seus ded