A minha cabeça estava a ponto de explodir. Flashs do que aconteceu vinham e iam com facilidade. Era só eu abrir os meus olhos e era tomada de assalto por várias coisas que aconteceram na noite. Já era de manhã? Não havia claridade nenhuma no quarto. Quarto? Merda…O que foi que eu fiz? Será que eu estava tão louca assim para ir para a cama de um estranho?! Um estranho muito gostoso, afinal.
É, pelo visto eu fui sim. Sentei na cama, o deus italiano dormia profundamente ao meu lado. Peguei o meu celular que estava em minha bolsa, e já eram quase seis da manhã. Aquilo significava que eu só havia dormido por um hora desde que chegamos a esse quarto de hotel. Tudo o que fizemos foi matar o nosso desejo de maneira desenfreada e enlouquecedora. Ele se mexeu na cama, me lembrando que eu tinha que dar o fora dali o mais rápido possível. Tudo tinha sido muito incrível, mas apenas uma loucura que não vai voltar a se repetir. Eu nem sequer sei o nome dele, e nem ele o meu. Assim é bem melhor! Catei as minhas coisas espalhadas pelo lugar. Caminhei lentamente até a porta, mas não sem olhar pra trás mais uma vez e ver dormindo a melhor transa da minha vida, e a certeza de que nunca mais nos veríamos novamente. O cara deveria ser um turista ou algo do tipo. Não costumávamos ter espécimes tão belos como esse por aqui. Assim que eu cheguei em casa corri diretamente para o meu quarto. Eu com certeza iria dormir a manhã inteira, pois estava completamente quebrada. Meu corpo doía em lugares que eu nem sabia ser possível, mas só de lembrar o porquê de ele estar dolorido me fazia gemer instantaneamente. Lembrar dos beijos do meu deus italiano, das suas mãos, sua veneração… Me deixava quente e cheia de desejo novamente. — Meu Deus, Gabi, nem acredito que você chegou. — O meu quarto foi invadido por Julia, que tinha uma expressão de alívio em seu rosto. — Meu Deus! Você não é irresponsável sempre. Mas, quando decide ser, você praticamente testa o meu coração. — Ela falou. Estava com o rosto todo amassado, mas o que me chamou mais atenção foi a camisa de Diogo em seu corpo. — O que está fazendo aqui? Ou melhor, onde você dormiu e por que está com a camisa de Diogo? — Perguntei, e vi o seu rosto ser tingido por um vermelho carmim. Ai, meus Deus. Ai, meu Deus! Pelo visto não era só eu que tinha irresponsabilidades a confessar. — Eu... É.. Primeiro me diga que irresponsabilidade foi essa, Gabi. — Ela pediu, claramente mudando de assunto e prolongando mais o seu tempo para inventar qualquer desculpa. — Você vai no banheiro, demora horas, e eu só recebo uma mensagem sua dizendo que tinha saído com alguém, que eu não precisava me preocupar. — Ela falou. Colocando daquele jeito, eu realmente parecia uma irresponsável agora. — Tudo bem. Eu sei que eu agi muito errado, tá? Mas, caramba, eu tive a melhor noite da minha vida nos braços de um desconhecido! — Falei, e ela abriu a boca em choque. Percebi que ela tentou verbalizar os seus pensamentos, mas nenhuma palavra saiu. — Eu prometo te contar tudo, mas depois que eu dormir. Eu não preguei os olhos. — É... Eu acho que nós teremos muito o que conversar depois. — Ela disse, e eu levantei a sobrancelha em sua direção. Senti que Julia não estava falando aquilo apenas por minha causa. — Eu também preciso dormir. Posso dormir com você? — Perguntou, e eu balancei a cabeça, oferecendo um sorriso singelo a ela. Abri espaço na minha cama para uma Julia que se jogou ali, no meu habitat, como ela sempre fazia desde que eu me lembrava. Assim que ela se acomodou, eu coloquei a cabeça no meu travesseiro. As imagens da noite anterior me invadiram com força total. Enquanto Julia dormiu, assim que se deitou, eu fiquei rodando de um lado a outro. Olhos azuis escuros, sotaque italiano, beijos quentes e sexo selvagem povoavam a minha mente. Deitei virada para o teto e levei a mão abaixo da cabeça. Eu tinha que parar com aqueles pensamentos e focar no fato de eu estar cansada. Foi só deitar e o meu sono se espalhou, eu dava aquele acontecimento como único e irresponsável. Depois que o efeito do deus italiano passasse eu voltaria ao normal! Eu tinha a plena e absoluta certeza daquilo. Eu não me lembro exatamente o momento em que eu consegui pegar no sono finalmente. Mas em algum momento entre tentar me livrar dos pensamentos sobre o deus italiano e o meu cansaço eu consegui, enfim. Quando eu acordei, não tinha a mínima noção de tempo e nem que dia era aquele. Tudo o que sei era que eu estava sozinha na cama. Não sabia se Julia ainda estava em casa ou se ela já havia ido embora — o que eu apostava que não tinha acontecido. Levantei e joguei apenas uma água no rosto. Ao olhar no espelho do banheiro eu quase caí para trás. O meu rosto estava horrível, mas a minha barriga roncando de fome estava bem pior. Não foi surpresa nenhuma encontrar Julia na cozinha comendo um sanduíche natural. Aprendemos aquele sanduíche com a avó dela e era ótimo para substituir por um hambúrguer, o que era mais gorduroso e não ajudava em nada a manter o nosso corpo. — A bela adormecida acordou. — Na hora que eu entrei na cozinha, Julia falou, me paralisando. A palavra “Bella” me lembrava um certo italiano... Me lembrava de quantas vezes eu fui chamada de Bella em menos de vinte e quatro horas. De cada contexto que a palavra “Bella” foi colocada. — Eu estou falando com você. Está tudo bem? — Ela perguntou, franzindo o cenho e levando o suco de laranja à boca. — Está... Está sim! — Falei, mas ela não desviou os olhos de mim. — Eu demorei a dormir. Que hora é essa? — Perguntei. — Quase três da tarde. Senta aí, ainda tem sanduíche. — Ela falou. — Nós precisamos conversar. — Ela tinha razão, por isso eu cortei a distância da porta — onde eu me encontrava —, e me sentei na mesa da cozinha, de frente pra ela. Contei cada detalhe. Do que eu senti desde a boate, quando o deus italiano colocou as mãos em mim. Julia ficou irritada por eu não ter lhe contado isso lá mesmo, mas também me entendeu. Contei da loucura que foi sair da boate com ele, mesmo assim eu não me arrependia de nada. O homem era maravilhoso. Ele me venerou — literalmente. Cada parte do meu corpo, cada célula minha se sentia vibrar assim que ele punha as mãos em mim. Não só as mãos: A boca e o pau. Contei que eu nunca me senti tão bem com um homem. Bem, antes dele eu só tive um idiota na minha vida. Quer dizer: Ele não era um idiota. Era só um filhinho de papai, que tinha vergonha da namorada pobre. Pensando bem, ele era um idiota sim. Como eu me arrependia de ter dedicado tanto tempo de mim aquele babaca. Ele nunca me fez sentir um terço do que eu senti na noite passada. E nada madrugada também. — Eu fico feliz por você, Gabi. Mas, merda! Você quase me matou. — Ela disse. — Se esse cara fosse um psicopata…Você pensou nisso? — Ela perguntou, e eu ri balançando a minha cabeça. — Eu seria uma morta feliz agora. — Julia abriu a boca em ultraje. — Agora a senhora pode me dizer tudo o que me esconde também. — Falei e a vi engasgar. Agora é que eu tinha certeza que havia algo acontecendo. — Eu.. é… — Levantei a sobrancelha quando ela começou a enrolar nas palavras. — Eu e Diogo estamos juntos. — Explicou de uma vez, me deixando de boca aberta. Eu tinha uma certa desconfiança, mas ouvir as palavras da boca dela era outra coisa.— Está bem. Você, minha melhor amiga, e o meu irmão… — Disse e repeti aquilo na minha cabeça. Não era estranho. Era só… Estranho pra caralho. Eu não sabia como colocar aquilo em palavras. Não que eu tivesse alguma coisa contra. Amava Diogo e Julia na mesma proporção. Só não entendia o fato de eles esconderem isso de mim até agora. — Não faz essas caretas, Gabi. — Ela pediu, e eu nem sabia que estava fazendo careta. — Simplesmente aconteceu. — Ela falou com a voz um pouco baixa. — Desde quando? — Perguntei olhando diretamente em seus olhos. Ela balançou a cabeça, aquilo significava que tinha algum tempo que eles… Era a minha melhor amiga e o meu irmão, tudo bem. Tudo bem! Aquilo não era nenhum bicho de sete cabeças, ninguém iria morrer por aquilo. Eu dava graças a Deus por estar tão relaxada, caso contrário eu poderia ter um pequeno surto. — Tem um mês. — Ela explicou, e eu arregalei os olhos. Um mês, tem um mês que eu viajei para fazer um trabalho com a minha turma de administraç
—Eu vou matar.. O desgraçado! – ouvi a voz de Diogo completamente alterada, eu entendia ele completamente.. Diogo era a minha família, ele sentia como um pai e uma mãe ao mesmo tempo.. Mas o lado que estava falando agora era o lado cem por cento pai. As lágrimas começaram a banhar o meu rosto, ouvi Julia falar alguma coisa e correr para mim, me amparando.Eu chorava por desespero da minha situação.. Estava grávida, possivelmente. Eu não sabia nem o nome do pai do meu filho, não sabia onde o encontrar e o meu irmão estava decepcionado comigo... Na única vez que eu decido ser irresponsável e me entregar aos meus desejos e aos meus sentimentos bobos acontecia aquilo. Maldito destino.. Maldito!—Mantenha a calma.. Olha o estado em que Gabriela está – ouvi a voz de Julia e seus braços me rodearam. Ela sabia que o pai dessa criança poderia estar muito longe agora.. Eu não seria a primeira mãe solteira da história, mas com certeza eu seria a mais burra de todos os tempos. – Ela não precis
Quando nasce um bebê uma mãe também nasce! Eu ouvi tanto isso durante a minha gravidez.. Só que o meu filho não precisou nascer para que o meu lado maternal nascesse. Mesmo antes de ver o rosto dele... Sim era um menino, um lindo e forte menino. Que demorou quase sete horas para nascer. Eu já sabia que o amava com todas as minhas forças, enquanto ele crescia dentro de mim, mas eu só fui entender completamente o que queriam dizer.. Quando ouvi o choro dele, quando o segurei em meus braços.. Aquela pequena coisinha, coberto de sangue.Eu não havia escolhido um nome.. Por não saber se seria uma menina, ou um menino, porém foi só olhar para ele que eu já sabia que nome lhe dar.. Giovanni, esse seria o nome do meu bebê. Giovanni Nolasco, eu sabia que aquele era um nome de origem italiana.. Mas não poderia ser diferente, aqueles cabelos negros e os olhos que me lembravam duas safiras.. Eu não poderia escolher um nome diferente, ele me lembrava o deus italiano. —Como vai essa mamãe? —a en
Os primeiros meses com o meu filho passou tão depressa.. Eu piscava os olhos e ele esticava um pouco, talvez fosse apenas o meu lado mãe boba que estivesse enxergando aquilo... Mas quando Diogo e Julia me falou o mesmo, eu tive certeza que ele realmente estava crescendo. O meu coroação só faltava explodir a cada mês.. Saber que ele já estava completando um ano, me deixou tão melancólica. Eu havia saído com ele da maternidade.. A apenas algumas horas, pensar que já iria fazer dois anos que eu o descobri crescendo dentro de mim. Mais um pouco e o meu filho já estaria indo para a faculdade.. Eu tinha que controlar o meu lado dramático, eu havia aperfeiçoado o meu drama com o tempo.. Também havia o meu lado mãe super protetora e muitos outros lados que eu acabei descobrindo. No fim estavam certo quando diziam que quando um bebê nasce uma mãe também nasce... Só que no meu caso, várias mães surgiram dentro de mim, as vezes eu nem sabia controlá-las. —Ele está tão lindo.. Nem parece que
—Você.. Quer mesmo fazer Isso Gabi? – Julia me perguntou, eu tinha um currículo em mãos.. Ela havia me dado uma carona até a boate. Eu não sabia bem a resposta.. Quer dizer a até uma hora atrás me pareceu uma boa ideia, já agora.. Eu não tinha mais tanta certeza. Mas eu tinha que começar por algum lugar.. E Eu tinha que começar a vencer alguns traumas, tudo bem que não era assim algo tão traumático.. Mas aquilo fazia parte do meu drama recém adquirido. —Sim, eu tenho certeza! —afirmei com uma coragem digna de dar inveja.. Até eu me convenci que eu estava em poder de toda aquela certeza. —Eu tenho certeza.. Que não serei contratada —falei e ela me deu um olhar atravessado.—Então o que estamos indo fazer.. Quase do outro lado da cidade? – ela perguntou e eu ri —Gabi.. Nós podemos esperar mais um pouco, a rede de restaurantes onde trabalho.. Logo vai expandir e vão precisar de administradores novos – ela falou. —E até lá o que eu faço? Sento e espero você e o meu irmão se virarem c
—Eu consegui! – falei para mim mesmo, assim que eu fechei a porta atrás de mim. Meu coração estava palpitando fortemente, mas era de pura alegria. Eu tinha a intenção de esperar por Julia e Diogo para compartilhar aquilo, mas eu não consegui me conter e mandei uma mensagem para ambos, explicando tudo por alto e me celular começou a apitar com uma revoada de mensagens.. Mas eu o larguei de lado e fui buscar o meu filho.Assim que eu toquei a campainha da casa dos pais de Júlia. Helen abriu a porta para mim.. O meu bebê estava em seu colo, assim que ele me viu estendeu os seus bracinhos em minha direção. Eu percebi que aquilo poderia ser um problema, eu tinha que me separar dele por mais tempo do que eu estava acostumada em todo esse tempo.. Sei também que ele não iria ficar tão fácil assim todos os dias, mas eu tinha planos para nós dois.—A mamãe chegou Gio —Helen falou fazendo uma voz de bebê e o meu filho não quis nem saber.. Eu o peguei sentindo o cheiro de banho recente em sua p
Eu tive um dia cheio.. Alguns exames, médicos e psicológico forram necessário para dar entrada no contrato de trabalho. Quando eu vi o meu salário eu quase tive uma síncope.. Eu nunca tive salário, eu recebia dinheiro de alguns dos bicos que eu fazia e as vezes eu recebia o pagamento com alguns produtos das loja que eu prestava o serviço. Aquilo pra mim era o paraíso, ver toda aquela quantia no meu contracheque só me provava que havia sido uma boa decisão de trabalhar.. Eu só precisava agora convencer o meu coração a não sentir tanta saudade do meu pequeno durante o dia. Eu sabia que aquilo iria ser praticamente impossível, mas teria que ser de alguma forma.. Pelo que eu vi durante esses dias que eu me afastei, que eu iria sofrer bem mais do que ele. Gio é um garoto bem fácil de lhe dar e ele já gostava de Helen.. Então foi uma fácil adaptação, eu só não sabia como me adaptar com aquilo também. Fui puxada dos meus pensamentos com a entrada de Lorena na sala.. Ela que cuidou da minha
Lorena tinha razão ao dizer que Quim não era muito bom com a administração do lugar. Não que ele tenha atrapalhado, mas é que algumas coisas estavam muito fora de ordem e poderiam causar problemas futuros. Era bom ter algo grande para manter a ordem.. Assim me fazia concentrar mais nas minhas tarefas e esquecer a saudade do meu pequenino. Eu havia começado integralmente na semana seguinte após resolver tudo, bem quase tudo.. Ainda faltava a assinatura do senhor Mancini, mas como Lorena disse aquilo era o de menos. Eu passei o meu primeiro.. Segundo e terceiro dia, trabalhando duro para colocar tudo em ordem. Eu chegava em casa bem mais cansada do que eu poderia imaginar.. Mas eu nunca estava cansada o bastante para poder ficar um pouco com o meu filho, mesmo que eu só o tenha pegado acordado apenas uma noite, desses três dias. Foi uma verdadeira renovação das minhas forças, mas ainda bem que eu tinha Diogo, Julia e Helen que me entendia e me ajudavam mais do que eu poderia imaginar.