Adrielle fez as pazes com Luany à noite, as duas passaram horas no telefone, se perdoando, dizendo que se amavam e tal. Eu fiquei admirando, imaginando como seria quando fosse a minha vez. Estar longe de Eros me fez pensar no quanto eu me acomodei com o papel de melhor amiga, sendo que eu sempre quis ser algo mais. Meu sentimento por ele começou de imediato, e foi crescendo a tal ponto que me sufocava. O amor é pra ser leve, bom e vivido. E eu queria vivê-lo da forma que eu tinha direito. Maya ficou responsável por dormir com Jass. Liguei para ela, para saber como estava sendo, e minha amiga só rasgou elogios à minha versão do futuro. Jass falou pouco, notei que estava apreensiva, mas não perguntei o porquê. — Eu vou ficar, Jasmim, peço comida. — Mas por quê, Dri? — Vou fazer sexo virtual com minha esposa. Eu ri e desci. No meio do caminho, me trombei com um rapaz. Ele era ruivo, com sardas acentuadas em seu rosto, olhos verdes e sorriso bonito. — Boa
Tive um sonho estranho. Nele, eu e Adrielle colidimos em cheio com um carro que vinha na contra-mão. Fui tirada das ferragens quase inconsciente e um bocado de pessoas veio prestar socorro. Que ridículo ter um sonho assim! Acordei ainda desorientada. Abri lentamente os olhos. Engraçado, por que eu estava toda plugada com fios? Tinha alguém segurando minha mão, olhei para o lado e encontrei Eros, cochilando. Apertei sua mão com firmeza, para mostrar que eu estava consciente. Em frações de segundos, ele olhou para mim também. Esperei pelo seu sorriso de canto, mas ao invés disso, Eros se atirou em mim e começou a chorar. — Você acordou! Você acordou, gatinha! — Ele estava soluçando. — Deus, eu achei que iria te perder, mas você acordou! Tentei confortá-lo, mas Eros estava super eufórico, beijou minha testa, minha bochecha, tocou meu rosto, como se não estivesse acreditando que eu estava ali de fato. — Vou chamar o médico — e levou minha mão à sua boca, onde depos
Tive alta no sábado à tarde. Eros foi me ver ontem, mas eu disse ao médico que estava cansada demais para receber visitas. Era mentira, obviamente. Eu não queria vê-lo, não queria ouvir o quanto Alícia era foda, linda e boa de cama. Não queria que ele me dissesse que eu seria madrinha de um dos seus filhos futuramente. Eu já estava sofrendo demais, tinha perdido minha prima, a dor que sentia em relação a isso era incalculável. Então guardei todas essas questões de Eros numa gaveta e fui agindo no automático. — Antes de descermos — disse Maya, enquanto parava o carro em frente à minha casa — quero que saiba que eu sinto muito pela Adrielle. — Obrigada, May. Minha amiga me ajudou a subir as escadas. Ao abrir a porta, me deparei com mamãe, papai, Jass, Eros e Alícia (Argh!). Quando me viram, bateram palmas, ao redor deles tinha um bolo e uma placa de boas-vindas. — Querida — falou mamãe, abraçando-me —, você está bem? Fisicamente, sim. Emocionalmente, não. Mas como
Na terça eu me levantei, o sonho com Adrielle me fez ter uma força que eu sequer sabia que tinha. Tomei café com mamãe e Jass e me aprontei para ir comprar as coisas que faltavam para montar meu estúdio. Eros me acompanhou, mesmo eu dizendo que não precisava. Não falei muito, só respondia o que ele perguntava, e isso bastava. — O que tá havendo, Jasmim? Por que você está tão estranha comigo? — ele perguntou, quando paramos no portão de casa. — Não quero falar sobre isso agora. — E quando vai ser? Porra, Jasmim, que diabos eu fiz pra você? — Você arranjou outra! — Gritei. —Enquanto eu estava na porcaria de uma cama de hospital, você estava saindo com uma mulher que conheceu no Tinder. — Gatinha... — Não, Eros, não me chame assim. — Eu te conheço, sei que tem mais alguma coisa te incomodando. O que é, Jasmim? — Não importa. Você me magoou, Eros. Você me magoou. Dei as costas e subi o primeiro degrau. — Eu estou bem. Como minha melhor a
25 de Dezembro de 2058 Jasmim Prince abriu, vagarosamente, os olhos. Onde estava o quarto de hospital onde ela se internou devido a um câncer de pulmão? Ela parecia estar... Numa casa? — Gatinha. — Chamou Eros, preocupado —, você está bem? — O que você está fazendo aqui? — O que um marido faz quando sua esposa desmaia na sala de casa? — Brincou ele. — O que aconteceu? — Você desmaiou de repente, o médico disse que sua pressão baixou. Ela sempre é baixa, desde sua gravidez. — Gravidez? — Sim. Você não lembra de nada? Não queria preocupá-lo, então ficou em silêncio. Eros depositou um beijo em sua testa e disse que precisava avisar à Adrielle que ela estava bem. Adrielle não tinha falecido? — E aí, como foi voltar para o futuro? A dona da pergunta era uma garota de cabelos roxos, roupas coloridas e meias listradas. — Quem é você? Sou Valência, seu anjo da guarda. Não se preocupe, eu congelei o tempo e ninguém pode nos ouvir.
25 de Dezembro de 2025 Eu estava em meu quarto, deitada por conta da cólica, quando, de repente, um papel surgiu em cima da cama. Eu o peguei, receosa. Era uma carta. De Jass. Ai. Meu. Deus. Eu a abri e comecei a ler. “Queria Jasmim Escrevo essa carta para te agradecer. Por sua causa, eu fui — e sou — uma mulher feliz e realizada. Eu e Eros somos felizes, nossa filha é linda, inteligente e sábia. Quando estive aí, eu tinha acabado de sair de um hospital, onde eu estava morrendo por conta de um câncer. E você nos salvou. Não há palavras pra expressar minha gratidão. Continue ouvindo seu coração, a gente vai longe. Amo você, minha querida, seja feliz daí, que eu serei daqui. Com todo meu amor; Jass.” A carta se dissipou em minhas mãos, virando uma espécie de poeira mágica. Fiquei tão feliz por saber que Jass estava bem. Como se percebesse isso, minha filha chutou em minha barriga, me fazendo rir. — Dinda! — Maria chamou da sala. A muito custo, me
“ — Se não consegue enxergar a imensidão do meu amor, se não consegue ler em meus olhos o quão forte são meus sentimentos por você, então, sinto muito em te dizer isso, mas és um completo babaca.” (Perdidos no amor, Violet Monteiro) ***01 — Sinto muito, Zoe. Acabou. — Mas... — Não concluí a frase, não sabia o que dizer. As lágrimas ensoparam meus olhos e meu estômago embrulhou de repente.Tudo bem que a coisa toda era recente, eu e Pedro estávamos juntos há seis meses apenas, mas, poxa vida, eu iria apresentá-lo para minha família, no dia dos namorados, dia em que minha adorável prima resolvera se casar.Veja bem, eu não a odiava, mas ela sempre dava um jeito de desdenhar de mim. Anelise era uma mulher independente, bem-sucedida na área profissional (dona de uma confeitaria renomada), e agora, no âmbito amoroso também, já que Vicente, seu noivo e futuro marido, era um verdadeiro príncipe.Pelo menos era isso que minha mãe me dizia toda vez que
— Trocar de dentista? — Perguntei para Clara, assim que ela entrou feito tempestade em minha casa.As bochechas vermelhas e os olhos inchados indicavam que ela havia chorado. — O Alessandro é gay! Gay! — Sério? Tem certeza? — Gritei da cozinha, estava ocupada lavando os pratos.Ela veio em minha direção e sentou-se no banco vermelho, atrás da bancada de azulejo branco. — Zoe, eu estava lá naquela maldita cadeira, com a boca escancarada, e o cara simplesmente me fala que, caso eu tivesse algum amigo para apresentar para ele, que não me acanhasse. — Que merda! Clara soltou um gemido e debruçou a cabeça sobre os braços. — Amiga, não fica assim — aconselhei —, vá à minha dentista se quiser. Maria Eduarda é uma das melhores da cidade, ela foi aprendiz do senhor Aristeu, pelo que eu pesquisei, o cara é foda. — É, vou pensar. E o seu dia, como foi?Fechei a torneira, peguei o rodinho de pia e comecei a secá-la. — Uma merda — respondi, concentrada em minha tarefa —