Camila narrando:Já faz cinco dias que a gente tá aqui nesse paraíso… e, sinceramente, eu perdi até a noção do tempo. Parece que o mundo lá fora parou e só existe esse quarto, essa vista, esse homem… e esse amor que só cresce a cada segundo.A gente mal sai do quarto. Só de vez em quando que resolve dar um pulinho na piscina, andar pelo jardim, fazer massagem no spa… mas a maior parte do tempo é aqui, entre esses lençóis bagunçados, essa varanda com vista pro lago, e os nossos corpos colados um no outro.Guilherme virou meu vício. Meu remédio, meu abrigo. Ele me toca como se fosse a primeira vez sempre, me olha como se eu fosse a coisa mais linda que ele já viu, e fala com uma calma que acalma até a minha alma.— Tá pensando em quê? — ele perguntou agora há pouco, me puxando de volta dos pensamentos, com a voz rouca, aquele sorriso de canto e só de toalha na cintura.— Tô pensando que eu queria morar aqui… pra sempre.Ele riu, veio até mim e me abraçou por trás, beijando minha nuca.—
Camila narrando – Dois anos depoisDois anos se passaram desde aquela lua de mel que parecia um sonho… e olha, até hoje eu acordo às vezes, olho em volta, vejo minha família e penso: caramba, eu tô vivendo mesmo tudo isso?A vida mudou. Mudou muito. Mas mudou pra melhor.Eu continuo trabalhando com o Guilherme na empresa. A gente formou um time da porra, sabe? Ele com aquele jeito mais centrado, calculista, e eu com minha visão mais prática, meu toque de cuidado com as pessoas. Crescemos juntos, como casal e como sócios. E mesmo com as correrias do dia a dia, nunca deixamos de ser parceiros. Ainda nos pegamos trocando olhares no escritório como se fosse o primeiro dia.Aqui em casa, minha sogra continua morando com a gente e ainda é aquela mãezona de sempre. Dona Maria também continua aqui, firme e forte, como uma avó de coração. As duas se ajudam demais e são minha base quando eu tô virada do avesso com a rotina de mãe.Porque né… agora não é só a Gabi que corre pelos cantos da casa.
EpílogoA vida seguiu.Sem pressa, sem roteiro fixo, mas com uma beleza que só o tempo sabe revelar.Os dias foram passando, e a casa que antes era cenário de descobertas virou um verdadeiro lar, com cheiro de café pela manhã, brinquedo espalhado pela sala, risadas infantis ecoando pelos cômodos e uma paz silenciosa que só existe quando o coração encontra abrigo.Camila e Guilherme continuaram firmes. O amor deles não virou rotina, virou base. Cresceu junto com os filhos, amadureceu com os desafios, e se fortaleceu nos pequenos gestos: no beijo antes de sair, no olhar de longe durante uma reunião, no silêncio confortável de quem não precisa dizer nada pra se entender.Gustavo agora corre pela casa com passos firmes e risadas que preenchem cada canto. É curioso, esperto e cheio de energia. Onde ele passa, deixa bagunça… e amor. Já Gabi, com seu jeitinho mandona e coração enorme, virou irmã mais velha de verdade, daquelas que briga, protege, ensina e ama com tudo que tem. Os dois são in
Gabriela narrandoTem gente que diz que aos vinte anos a vida tá só começando. Que é tempo de festa, de experimentar, de errar e aprender. Mas a verdade é que a minha vida sempre andou um pouco mais rápido que o normal. Enquanto as minhas amigas ainda tavam decidindo o que fazer da vida, eu já administrava uma empresa. Enquanto outras curtiam baladas e namoros sem compromisso, eu tava planejando um casamento.E não era qualquer casamento. Era o meu casamento. Com o homem que eu acreditava ser o amor da minha vida.Eu faço Administração, tô no terceiro ano da faculdade. Mas na prática, já atuo como empresária desde os dezoito, quando meu pai como forma de me dar responsabilidade e independência, comprou uma concessionária de carros e colocou no meu nome.Foi tipo um presente… mas também um voto de confiança. A empresa, que era pequena, virou meu projeto de vida. Eu cuidei dela como se fosse um filho: reformei, troquei a equipe, implantei sistema novo, mudei a comunicação visual e fui
Gabriela narrando :— Explicar o quê?! — minha voz saiu alta, trêmula, doída. — Que tu tá transando com o meu noivo? Que tu destruiu uma amizade de dez anos por… isso?Henrique veio até mim, ainda tentando se vestir, com o rosto branco de pavor.— Eu ia te contar, eu juro, mas foi acontecendo, a gente foi se aproximou, tu tava muito ocupada com a empresa, com os preparativos, e eu me senti… esquecido…— Então tu me traiu. Porque te sentiu esquecido?Eu ri. Um riso nervoso, amargo, sufocado. Me senti ridícula. Senti meu mundo inteiro desabar ali, de pé, na frente da cena mais nojenta da minha vida.Olhei pros dois. Me deu vontade de gritar, de quebrar tudo, de cair no chão.Mas eu só respirei fundo.— O casamento tá cancelado — falei firme, olhando direto nos olhos dele. — E tu… — virei pra Luísa — tu morreu pra mim.O silêncio dentro do loft era pesado, quase sufocante. Eu já tinha dito tudo o que precisava. Mas meu corpo… meu corpo gritava por mais. Pela raiva, pela dor, pela decepçã
Gabriela narrando :Ainda tava ali, encolhida no colo da minha mãe, quando ouvi o som da porta da frente se abrindo. Me encolhi mais, querendo sumir. O barulho das chaves, os passos, e a voz do meu pai chamando do corredor:— Amor, cheguei… trouxe o Rodrigo comigo, a gente tava resolvendo uns.Ele parou na porta da sala.E eu juro que nunca vou esquecer o silêncio que veio depois. Nem o peso do olhar dele quando me viu ali, chorando, com o rosto afundado no colo da minha mãe.Senti meu rosto queimar de vergonha. Levantei os olhos devagar, ainda com as lágrimas escorrendo. E lá estavam os dois: meu pai com a expressão carregada, e Rodrigo, parado atrás, visivelmente sem entender nada, mas com o olhar preocupado. Ele me olhou daquele jeito calmo dele, meio contido… mas dava pra ver que algo nele também doeu por me ver daquele jeito.— O que aconteceu aqui? — meu pai perguntou, já caminhando até mim, abaixando no tapete ao meu lado. — Gabi, tu tá machucada? Alguém fez alguma coisa conti
Rodrigo narrando :Conheci o Guilherme há mais de oito anos, numa reunião entre empresários do setor automotivo. Na época, ele tava começando a expandir a empresa de peças, e eu tava saindo de uma sociedade falida, com vontade de recomeçar do zero. A conversa foi rápida, direta, e antes mesmo de assinar contrato, a gente já tinha se entendido.De lá pra cá, virei mais que funcionário. Virei braço direito. Cuido da parte administrativa, mas na prática… faço de tudo. Resolvo pepino, fecho contrato, acompanho fornecedor, supervisiono equipe, organizo evento. Se tiver que ir na rua buscar peça ou acompanhar cliente em visita, eu vou. Sou o cara da confiança dele. E isso tem um peso enorme pra mim.Tenho 40 anos. Já vivi coisa demais pra ficar encantado fácil. Já fui casado, por dois anos. Até que um belo dia cheguei mais cedo em casa e encontrei minha ex com outro na cama. Depois disso, nunca mais levei relacionamento a sério. Mulher, pra mim, é uma noite. Duas no máximo. Sem apego, sem d
Prólogo : Guilherme narrando : Eu sabia que aquele dia não seria como os outros. Desde o momento em que acordei, uma sensação estranha me acompanhava, como se algo estivesse prestes a acontecer. Algo ruim. O meu instinto gritava, mas eu ignorei. Estava ansioso para ver Camila, para sentir o seu cheiro, para tê-la nos meus braços mais uma vez. Era como um vício, uma obsessão que eu não conseguia controlar. A casa de praia da família dela era o nosso refúgio, o lugar onde podíamos nos esconder do mundo. Onde ela me dizia, entre suspiros e beijos, que nunca sentiu nada igual. E eu sempre acreditei nisso. Eu acreditei que ela era minha, assim como eu era dela. Cheguei lá com o coração disparado. A porta estava entreaberta, como se estivesse me esperando. Algo no silêncio do lugar me incomodou. O som das ondas parecia distante, abafado pela sensação sufocante que tomou conta de mim. Um arrepio percorreu minha espinha. — Camila? — chamei, a minha voz soando estranha até para mi