cinquenta minutos depois um carro parou atrás de mim e como já estava escurecendo eu fiquei apreensiva, mas logo relaxei quando vi que era o meu patrão, logo vinha outro homem que não reconheci.
— Oi Isabel, esse aqui é o meu motorista Gabriel e ele irá trocar o seu pneu. – Não sei porque fantasiei que o senhor Thiago me ajudaria com a troca pneu, Gabriel pediu para que eu abrisse o porta malas e eu fiquei próximo ao meu chefe, mas logo a minha atenção se voltou para aquele homem maravilhoso sem camisa, Gabriel tinha o corpo definido e eu estava literalmente babando nele quando meu chefe estalou os dedos na minha frente.— Está me ouvindo? – Fiquem sem graça na hora.— Desculpa senhor, falou comigo? – Perguntei e ele afirmou.— Estava dizendo que está na hora de trocar essa lata velha que você chama de carro.— Essa lata a qual o senhor se refere é a única coisa que tenho dos meus pais. - Nesse momento ele não sabia onde enfiar a cara.— Desculpe, eu não sabia. – Ele realmente estava sem graça.— Está tudo bem senhor, não precisa ficar assim, eu sei que Moniquete precisa de uns reparos, mas eu não tinha como consertá-la, com o meu salário de professora.— Não precisa me chamar de senhor, afinal temos quase a mesma idade, pode me chamar de você mesmo. – Ele pede e eu assinto.Gabriel terminou com o meu pneu e eu o agradeci, fui para o meu carro e o segui até a mansão, estacionei, Moniquete e sai.— Desculpa te pedir isso em cima da hora, sei que deve ter planos. – Quando ele diz isso lembrei da minha irmã, preciso ligar e desmarcar com ela.Pedi licença a ele e liguei para ela que me atendeu rapidamente, expliquei o que estava acontecendo e Mila super me entendeu, se fosse a Lua faria um drama digno de novela Mexicana, agradeci a ela pela compreensão e desliguei.Estava sentada no sofá conversando com Pietro quando seu pai desce as escadas com roupas casuais, ele estava lindo e completamente diferente do cara impaciente que se mostra, antes que ele percebe que estava babando me recompus.— Isabel, não deixe Pietro ficar acordado até tarde, ele tem aula amanhã e precisa estar disposto. — Sim, sen...Thiago. – Ele me deu uma olhada e se foi. — Bebel, o que vamos fazer? – Pietro perguntou e o olhei animada.— Vamos nos divertir. Peguei o levei para a sala de jogos e ficamos brincando, ele até me ensinou a jogar videogame, mas constatei que sou uma negação. Uma hora depois estávamos exaustos e chamei Pietro para se deitar. — Eu posso brincar um pouco mais? – Ele pede fazendo a carinha do gato do Shrek.— Está na hora de dormir mocinho, mas se você prometer terminar as tarefas de amanhã posso pedir seu pai que me autorize a te levar para o shopping, o que me diz? — Você é a melhor cuidadora que eu já tive. – Ele me surpreendeu com um abraço e o levei para a cama. Não tenho o hábito de ficar na casa dos outros, então isso atrapalha o meu sono, como havia perdido o sono resolvi olhar para o pequeno lago que tem no jardim, as janelas da casa são tão grandes que eu consigo sentar nelas sem grandes problemas. Nem sei por quanto tempo fiquei admirando as estrelas.Ouvi um barulho na porta em seguida senhor Thiago entrou completamente bêbado, ele olhou para mim e ficou de olhos arregalados.— Vo...vo...você voltou me.. meu a...a...a...mor. – Ele dizia me encarando.— Thiago, não sou quem está pensando. – Digo a ele.— Claro que é você Jessy, meu amor, estava com muita saudades. – Dei um passo para trás e ele se aproximou de mim, me puxou pela cintura e me beijou.Thiago tentava aprofundar o beijo, mas eu usei toda força que possuía e o empurrei, ele olhou para mim e acho que se tocou do engano que estava cometendo.— Me... me... des...desculpa. – Ele pediu sem jeito.— Não tem problema, vem aqui eu te ajudo a subir.Ele se recusou, pois estava com muita vergonha, mesmo assim o ajudei a subir as escadas, ele não conseguia tirar as suas roupas, então ajudei com seus botões também e o levei para o chuveiro, meu chefe cambaleava muito, após o banho desci e preparei um café para ele que me agradeceu.— Isabel. – Ele me chamou e o cortei antes que começasse a falar.— Por favor, vá descansar. – Ele fechou os olhos balbuciando alguma coisa desconexa e eu apenas sorri e fechei a porta, fui para cozinha e lavei a louça que sujei, senti um pouco de fome e preparei um sanduíche para mim e antes de comer eu pus a mão em meus lábios e senti o formigamento, o beijo de Thiago tinha gosto de uísque de qualidade. "Para com isso, Bebel, não fantasia com o seu chefe." Respirei fundo e me alimentei, em seguida subi para o quarto e acabei dormindo.No dia seguinte me levantei bem cedo e chamei Pietro para poder levantar, o que fez rapidamente, desci e já encontrei Roberta preparando o café e como sempre me entregou uma xícara bem quentinha com seu famoso sorriso.— Noite difícil querida? – Ela perguntou.— Não se preocupe, só estranhei o fato da casa ser diferente. – Dei um sorriso tranquilizador para ela que sorriu mais uma vez.— Deve ser difícil mesmo, agora posso te fazer uma pergunta, talvez indelicada. – Ela pede e eu digo que sim. — Por que você resolveu abandonar a sala de aula e virar babá? – Essa é uma pergunta que todos se fazem.— Quando a pandemia estava no auge eu fui demitida da escola e fiquei sem dinheiro para tudo, precisei abandonar a minha casa e voltar para a casa dos meus pais, comecei a dar aulas a distância para poder suprir as minhas necessidades, mas não demorou muito a minha mãe contraiu a m*****a doença, minha irmã do meio tem uma filha e não podia ficar com ela, a minha irmã mais velha estava presa em outro estado e só sobrou a mim para cuidá-la, eu sofri muito com a situação e não tinha ninguém alí para me ajudar, quando não teve mais jeito ela foi obrigada a ficar no hospital e eu fazia testes regulares, mas não contraí nada, quando a minha mãe veio a óbito, fiquei responsável por todos os trâmites e quando nós a sepultamos, descobri que estava em depressão e precisei trata-la, no ano seguinte as coisas começaram a melhorar a escola me chamou para trabalhar novamente e percebi que não era isso que eu queria fazer mais, porém como precisava pagar as contas resolvi permanecer no emprego e assim fui ficando mesmo me arrastando eu permaneci até que ano passado eu dei um basta e comecei a tentar outras coisas, até que minha cunhada me avisou sobre esse trabalho e disse que eu preenchia os requisitos e cá estou.Quando terminei de contar a minha história ela estava chorando e me envolveu em um abraço o que acabou me fazendo chorar, pois ela tinha o mesmo abraço quentinho igual da minha mãe.— Então esse é o recomeço? – Ela perguntou e eu assenti. — Sei que não sou a sua mãe e nem poderia ocupar o lugar dela, mas saiba que sempre que precisar de mim, estarei a sua disposição. – Agradeci a ela por isso e sequei as minhas lágrimas.Olhamos para a porta e vimos o senhor Thiago nos observando, ele olhou para mim e me chamou para conversar e eu sabia que ele iria querer falar da noite passada, chegamos em seu escritório, ele sentou e pediu para me sentar.— Antes de mais nada eu gostaria de te pedir desculpa pelo o meu comportamento de ontem a noite eu não deveria…— Está tudo bem senhor, entendo a dor de perder alguém e não se preocupe. – Digo a ele que me encarou.— Se fosse outra pessoa me denunciaria por assédio e se quiser fazer isso não vejo problema. – Ele olhou para mim ainda cabisbaixo. —
Quando cheguei à sala o clima estava tenso entre Pietro e Thiago, pus a vasilha na frente de Pietro e voltei para cozinha novamente.Thiago saiu e antes que eu levasse Pietro para escola, tirei a mesa para ajudar Berta que me agradeceu. Deixei o menino na escola e liguei para o senhor Thiago avisando que iria em minha casa arrumar uma bagagem e ele concordou. Fui para casa, fiz o que tinha que fazer e coloquei a mala no carro e fui para escola pegar Pietro, que estava um pouco cabisbaixo.— O que houve, Pietro? – Perguntei preocupada.— Sou muito burro Bebel, meu pai vai ficar com raiva quando souber que a minha nota de matemática foi péssima.Passei a mão no rosto dele e disse que estava tudo bem que iríamos trabalhar nisso e ele sorriu, voltamos para casa, tirei a minha mala do carro e levei para o quarto que seria meu enquanto estivesse trabalhando ali.Pedi a Pietro para tirar as suas roupas e tomar banho enquanto ajudo Berta na cozinha, enquanto a ajudava íamos conversando animad
Antes de me deitar passei no quarto de Pietro para saber como ele estava, assim que cheguei o peguei fitando o teto, me aproximei lentamente e pedi permissão para me sentar, ele chegou um pouco mais para o lado e me sentei.— O que houve meu bem? – Perguntei a ele que suspirou.— Meu pai, como sempre, está brigando comigo porque eu não fui bem nas aulas de matemática. Aí ele ficou gritando comigo e me mandou estudar muito mais. A matemática não entra na minha cabeça Bebel e eu só consegui estudar um pouco mais por que você me ajudou. – Ele falava com a voz embargada enquanto secava as lágrimas. — Seu pai só quer o melhor para você, sei que agora pode parecer difícil de entender, mas quando você tiver os seus próprios filhos irá entendê-lo. – Ele me agradeceu. Me preparei para levantar, mas ele pediu para que eu terminasse de ler para ele e foi o que fiz, quando constatei que ele dormiu fui para o meu quarto e dei de cara com Thiago, devo admitir que ele está maravilhoso com sua roupa
Não consegui segurar a gargalhada e ela me acompanhou até que olhei para a porta e vi o nosso chefe nos olhando.— Acho que está na hora de vocês começarem a trabalhar, não acham? – Rapidamente nos levantamos, eu fui ao encontro de Pietro e o levei para escola, quando retornei para a mansão Thiago já havia ido o que foi um alívio, espero que ele não tenha ouvido seus apelidos "carinhosos".Após a escola o levei para o xadrez e o menino não fazia questão alguma de jogar direito e perdeu todas as partidas, ele me disse que odeia esse jogo, se bem que nem precisava ele dizer isso, pois está escrito em sua face, nunca entendi esse negocio de obrigar criança a fazer o que não gosta, mas eu não devo me meter em nada. Assim que chegamos, Pietro tomou banho e fizemos as atividades, chamei ele para fazer alguma coisa, mas o menino só queria ficar sozinho, então dei o espaço que ele precisava. Peguei meu celular e fui para a cozinha e vi os stories que minha amiga Ally estava fazendo no shoppi
— Calma Isabel, sou eu. – Aperto os olhos e mesmo na escuridão vejo Thiago, ele falava algumas coisas e eu nem conseguia prestar atenção, só tentava secar as lágrimas para que ele não me achasse uma pessoa fraca.— Você está bem? – Ele me pergunta e eu assenti. — Me desculpa, estava com medo,pois sabia que estava sozinha. – Mas na verdade eu não queria contar a ele que tenho medo de fantasmas.— Por um momento achei que você tinha medo de fantasmas. – Ele olhou para mim zombeteiro e não respondi. — Sempre que não consigo dormir, entro naquela sala, pois ali está repleto de boas recordações. – Thiago me diz e o entendo muito bem.— Sei como é, quando tenho saudades da minha mãe, eu vou para a sua sala de costura e fico por lá imaginando ela arrumando algum vestido para nós. – Respirei fundo para que as lágrimas não caíssem.— Somos duas pessoas saudosas. – O microondas apita e vou até a cozinha sendo seguida por Thiago, e pego a refeição para comer.— Acho que vou te acompanhar. – Th
Pietro CavalcanteJá perdi as contas de quantas babás eu tive desde que minha mãe morreu. Geralmente elas não ligam para mim; apenas cumprem todas as regras chatas que meu pai manda e depois ficam atrás dele. Os pais dos meus amigos são legais. Eles me contam que soltam pipa, jogam bola, vão a parques com os pais, mas meu pai só trabalha e dá ordens. A minha última cuidadora fingia que eu nem existia até que meu pai chegasse, aí ela mudava completamente. Uma vez tentei conversar com ele sobre ela, e ele me disse que eu estava agindo muito mal por ficar inventando histórias e que já sabia que eu não queria mais ter uma babá, por isso iria dizer coisas ruins a respeito dela. Meu pai nunca me escuta, e como todo o mundo tem medo dele, não fazem nada. A pessoa mais legal aqui é a tia Roberta. Ela sempre me dá doces escondidos, conversa comigo explicando que meu pai está passando por um longo processo e que em breve ele vai melhorar.Um dia depois dele demitir a cuidadora antiga, me chamou
Isabel FerreiraQuando fui buscar Pietro na escola eu logo percebi que havia algo errado, ele estava um pouco distante, pensativo e não conversava como de costume, ele me pediu para ir para casa e quando o librei sobre o xadrez, Pietro me disse que não estava se sentindo bem e mesmo saindo que não era verdade o levei para casa. Ao chegarmos, ele subiu correndo e se trancou no quarto, fiquei ali parada por alguns segundos, pensando, não queria ser invasiva, então decidi que esperaria. Chegando a cozinha havia um verdadeiro caos, Berta estava toda enrolada com as compras e me ofereci para ajudá-la. — Menina, hoje foi uma correria, dia de compras é um verdadeiro caos. – Ela diz e eu assinto.— Eu também não curto o dia de compras, sempre é corrido e quanto mais você guarda compras, mas aparece coisa para guardar. — Nem me fale, Thiago é uma pessoa muito rigorosa e sempre quer garantir que tenha as coisas que Pietro gosta.— Por falar em Pietro, hoje o senti mais triste que o comum, te
— O que tenho a dizer não vai tomar muito do seu precioso tempo. – Tentei reprimir o meu sarcasmo, ao ver sua careta. — Preciso conversar com você sobre Pietro, creio que ele anda sofrendo bullying e gostaria de sua autorização para poder ir à escola.Thiago olhou para mim por um momento e depois perguntou o motivo de eu achar aquilo. Expliquei o que havia acontecido ontem.— Quem é esse tal de Paulo?— Ainda não sei, por isso gostaria de sua autorização para poder resolver essa questão. Pietro não queria que eu lhe contasse, mas não posso me calar diante disso.— Tudo bem, espere um minuto. – Ele ligou para a escola me dando autorização para representá-lo. — Precisa de mais alguma coisa?— Sim, mas não irei tomar o seu tempo por hora. Depois converso melhor com você. – me levantei e agradeci a ele. Após a conversa com Thiago, saí da empresa e dirigi até a escola. Assim que cheguei, fui recebida pelo diretor da escola, o Sr. Martins.Ele me encarou por um momento e, depois de um bre