Antes de me deitar passei no quarto de Pietro para saber como ele estava, assim que cheguei o peguei fitando o teto, me aproximei lentamente e pedi permissão para me sentar, ele chegou um pouco mais para o lado e me sentei.— O que houve meu bem? – Perguntei a ele que suspirou.— Meu pai, como sempre, está brigando comigo porque eu não fui bem nas aulas de matemática. Aí ele ficou gritando comigo e me mandou estudar muito mais. A matemática não entra na minha cabeça Bebel e eu só consegui estudar um pouco mais por que você me ajudou. – Ele falava com a voz embargada enquanto secava as lágrimas. — Seu pai só quer o melhor para você, sei que agora pode parecer difícil de entender, mas quando você tiver os seus próprios filhos irá entendê-lo. – Ele me agradeceu. Me preparei para levantar, mas ele pediu para que eu terminasse de ler para ele e foi o que fiz, quando constatei que ele dormiu fui para o meu quarto e dei de cara com Thiago, devo admitir que ele está maravilhoso com sua roupa
Não consegui segurar a gargalhada e ela me acompanhou até que olhei para a porta e vi o nosso chefe nos olhando.— Acho que está na hora de vocês começarem a trabalhar, não acham? – Rapidamente nos levantamos, eu fui ao encontro de Pietro e o levei para escola, quando retornei para a mansão Thiago já havia ido o que foi um alívio, espero que ele não tenha ouvido seus apelidos "carinhosos".Após a escola o levei para o xadrez e o menino não fazia questão alguma de jogar direito e perdeu todas as partidas, ele me disse que odeia esse jogo, se bem que nem precisava ele dizer isso, pois está escrito em sua face, nunca entendi esse negocio de obrigar criança a fazer o que não gosta, mas eu não devo me meter em nada. Assim que chegamos, Pietro tomou banho e fizemos as atividades, chamei ele para fazer alguma coisa, mas o menino só queria ficar sozinho, então dei o espaço que ele precisava. Peguei meu celular e fui para a cozinha e vi os stories que minha amiga Ally estava fazendo no shoppi
— Calma Isabel, sou eu. – Aperto os olhos e mesmo na escuridão vejo Thiago, ele falava algumas coisas e eu nem conseguia prestar atenção, só tentava secar as lágrimas para que ele não me achasse uma pessoa fraca.— Você está bem? – Ele me pergunta e eu assenti. — Me desculpa, estava com medo,pois sabia que estava sozinha. – Mas na verdade eu não queria contar a ele que tenho medo de fantasmas.— Por um momento achei que você tinha medo de fantasmas. – Ele olhou para mim zombeteiro e não respondi. — Sempre que não consigo dormir, entro naquela sala, pois ali está repleto de boas recordações. – Thiago me diz e o entendo muito bem.— Sei como é, quando tenho saudades da minha mãe, eu vou para a sua sala de costura e fico por lá imaginando ela arrumando algum vestido para nós. – Respirei fundo para que as lágrimas não caíssem.— Somos duas pessoas saudosas. – O microondas apita e vou até a cozinha sendo seguida por Thiago, e pego a refeição para comer.— Acho que vou te acompanhar. – Th
Pietro CavalcanteJá perdi as contas de quantas babás eu tive desde que minha mãe morreu. Geralmente elas não ligam para mim; apenas cumprem todas as regras chatas que meu pai manda e depois ficam atrás dele. Os pais dos meus amigos são legais. Eles me contam que soltam pipa, jogam bola, vão a parques com os pais, mas meu pai só trabalha e dá ordens. A minha última cuidadora fingia que eu nem existia até que meu pai chegasse, aí ela mudava completamente. Uma vez tentei conversar com ele sobre ela, e ele me disse que eu estava agindo muito mal por ficar inventando histórias e que já sabia que eu não queria mais ter uma babá, por isso iria dizer coisas ruins a respeito dela. Meu pai nunca me escuta, e como todo o mundo tem medo dele, não fazem nada. A pessoa mais legal aqui é a tia Roberta. Ela sempre me dá doces escondidos, conversa comigo explicando que meu pai está passando por um longo processo e que em breve ele vai melhorar.Um dia depois dele demitir a cuidadora antiga, me chamou
Isabel FerreiraQuando fui buscar Pietro na escola eu logo percebi que havia algo errado, ele estava um pouco distante, pensativo e não conversava como de costume, ele me pediu para ir para casa e quando o librei sobre o xadrez, Pietro me disse que não estava se sentindo bem e mesmo saindo que não era verdade o levei para casa. Ao chegarmos, ele subiu correndo e se trancou no quarto, fiquei ali parada por alguns segundos, pensando, não queria ser invasiva, então decidi que esperaria. Chegando a cozinha havia um verdadeiro caos, Berta estava toda enrolada com as compras e me ofereci para ajudá-la. — Menina, hoje foi uma correria, dia de compras é um verdadeiro caos. – Ela diz e eu assinto.— Eu também não curto o dia de compras, sempre é corrido e quanto mais você guarda compras, mas aparece coisa para guardar. — Nem me fale, Thiago é uma pessoa muito rigorosa e sempre quer garantir que tenha as coisas que Pietro gosta.— Por falar em Pietro, hoje o senti mais triste que o comum, te
— O que tenho a dizer não vai tomar muito do seu precioso tempo. – Tentei reprimir o meu sarcasmo, ao ver sua careta. — Preciso conversar com você sobre Pietro, creio que ele anda sofrendo bullying e gostaria de sua autorização para poder ir à escola.Thiago olhou para mim por um momento e depois perguntou o motivo de eu achar aquilo. Expliquei o que havia acontecido ontem.— Quem é esse tal de Paulo?— Ainda não sei, por isso gostaria de sua autorização para poder resolver essa questão. Pietro não queria que eu lhe contasse, mas não posso me calar diante disso.— Tudo bem, espere um minuto. – Ele ligou para a escola me dando autorização para representá-lo. — Precisa de mais alguma coisa?— Sim, mas não irei tomar o seu tempo por hora. Depois converso melhor com você. – me levantei e agradeci a ele. Após a conversa com Thiago, saí da empresa e dirigi até a escola. Assim que cheguei, fui recebida pelo diretor da escola, o Sr. Martins.Ele me encarou por um momento e, depois de um bre
Chegando ao carro liguei o som em uma música animada Britney Spears e dirigi até a casa da minha irmã, quando estacionei dona Gertrudes uma velha muito da fofoqueira logo saiu pra fora. — Olha, que carrão em Bebel está saindo com algum milionário? – Ela perguntou e respirei fundo para não ser grossa com a dita cuja. — Dona Gertrudes que bom ver que a senhora está bem. – A velha olhou para mim sem entender. — Como assim, minha filha? — Que bom que a senhora está viva. – Nem dei tempo para que ela falasse alguma coisa e já entrei na casa da minha irmã. Camila quando me viu perguntou se dona Gertrudes havia me irritado e afirmei. — Sabia, essa velha toma conta da vida de todo mundo, esses dias ela perguntou se você e eu estávamos brigadas, por que nem estava te vendo, quase mandei ela pra puta que pariu do quinto dos infernos, mas me segurei e apenas a mandei caçar um tanque de roupa pra lavar. Ficamos conversando até que minha cunhada chegou e me abraçou. — Que bom que lembrou d
Thiago CavalcanteDepois de expulsar Isabel de minha sala com uma sensação de frustração, não consegui evitar a revolta que brotou em mim. Quem ela pensa que é para tentar me dar lições sobre como cuidar do meu filho? Aquelas palavras dela ecoavam na minha mente, e eu não sabia como lidar com o turbilhão de sentimentos que ela havia desencadeado. Olhei para o porta-retrato de minha falecida esposa, Jessylene, que estava na minha escrivaninha, e não pude deixar de sorrir para aquela imagem que tanto me fazia falta. Jessy sempre foi a pessoa que entendia Pietro, que sabia como cuidar dele e dar-lhe amor incondicional.Decidi me recompor e enfrentar o dia. Fui para o banheiro e tomei um longo banho. A água quente escorrendo pelo meu corpo parecia acalmar os ânimos, mas o turbilhão de pensamentos ainda estava presente. Depois de me arrumar, desci para tomar café.Ao entrar fui recebido por uma visão inesperada. Pietro estava lá, animado, tomando café da manhã. Seu rosto estava iluminado p