Pietro CavalcanteJá perdi as contas de quantas babás eu tive desde que minha mãe morreu. Geralmente elas não ligam para mim; apenas cumprem todas as regras chatas que meu pai manda e depois ficam atrás dele. Os pais dos meus amigos são legais. Eles me contam que soltam pipa, jogam bola, vão a parques com os pais, mas meu pai só trabalha e dá ordens. A minha última cuidadora fingia que eu nem existia até que meu pai chegasse, aí ela mudava completamente. Uma vez tentei conversar com ele sobre ela, e ele me disse que eu estava agindo muito mal por ficar inventando histórias e que já sabia que eu não queria mais ter uma babá, por isso iria dizer coisas ruins a respeito dela. Meu pai nunca me escuta, e como todo o mundo tem medo dele, não fazem nada. A pessoa mais legal aqui é a tia Roberta. Ela sempre me dá doces escondidos, conversa comigo explicando que meu pai está passando por um longo processo e que em breve ele vai melhorar.Um dia depois dele demitir a cuidadora antiga, me chamou
Isabel FerreiraQuando fui buscar Pietro na escola eu logo percebi que havia algo errado, ele estava um pouco distante, pensativo e não conversava como de costume, ele me pediu para ir para casa e quando o librei sobre o xadrez, Pietro me disse que não estava se sentindo bem e mesmo saindo que não era verdade o levei para casa. Ao chegarmos, ele subiu correndo e se trancou no quarto, fiquei ali parada por alguns segundos, pensando, não queria ser invasiva, então decidi que esperaria. Chegando a cozinha havia um verdadeiro caos, Berta estava toda enrolada com as compras e me ofereci para ajudá-la. — Menina, hoje foi uma correria, dia de compras é um verdadeiro caos. – Ela diz e eu assinto.— Eu também não curto o dia de compras, sempre é corrido e quanto mais você guarda compras, mas aparece coisa para guardar. — Nem me fale, Thiago é uma pessoa muito rigorosa e sempre quer garantir que tenha as coisas que Pietro gosta.— Por falar em Pietro, hoje o senti mais triste que o comum, te
— O que tenho a dizer não vai tomar muito do seu precioso tempo. – Tentei reprimir o meu sarcasmo, ao ver sua careta. — Preciso conversar com você sobre Pietro, creio que ele anda sofrendo bullying e gostaria de sua autorização para poder ir à escola.Thiago olhou para mim por um momento e depois perguntou o motivo de eu achar aquilo. Expliquei o que havia acontecido ontem.— Quem é esse tal de Paulo?— Ainda não sei, por isso gostaria de sua autorização para poder resolver essa questão. Pietro não queria que eu lhe contasse, mas não posso me calar diante disso.— Tudo bem, espere um minuto. – Ele ligou para a escola me dando autorização para representá-lo. — Precisa de mais alguma coisa?— Sim, mas não irei tomar o seu tempo por hora. Depois converso melhor com você. – me levantei e agradeci a ele. Após a conversa com Thiago, saí da empresa e dirigi até a escola. Assim que cheguei, fui recebida pelo diretor da escola, o Sr. Martins.Ele me encarou por um momento e, depois de um bre
Chegando ao carro liguei o som em uma música animada Britney Spears e dirigi até a casa da minha irmã, quando estacionei dona Gertrudes uma velha muito da fofoqueira logo saiu pra fora. — Olha, que carrão em Bebel está saindo com algum milionário? – Ela perguntou e respirei fundo para não ser grossa com a dita cuja. — Dona Gertrudes que bom ver que a senhora está bem. – A velha olhou para mim sem entender. — Como assim, minha filha? — Que bom que a senhora está viva. – Nem dei tempo para que ela falasse alguma coisa e já entrei na casa da minha irmã. Camila quando me viu perguntou se dona Gertrudes havia me irritado e afirmei. — Sabia, essa velha toma conta da vida de todo mundo, esses dias ela perguntou se você e eu estávamos brigadas, por que nem estava te vendo, quase mandei ela pra puta que pariu do quinto dos infernos, mas me segurei e apenas a mandei caçar um tanque de roupa pra lavar. Ficamos conversando até que minha cunhada chegou e me abraçou. — Que bom que lembrou d
Thiago CavalcanteDepois de expulsar Isabel de minha sala com uma sensação de frustração, não consegui evitar a revolta que brotou em mim. Quem ela pensa que é para tentar me dar lições sobre como cuidar do meu filho? Aquelas palavras dela ecoavam na minha mente, e eu não sabia como lidar com o turbilhão de sentimentos que ela havia desencadeado. Olhei para o porta-retrato de minha falecida esposa, Jessylene, que estava na minha escrivaninha, e não pude deixar de sorrir para aquela imagem que tanto me fazia falta. Jessy sempre foi a pessoa que entendia Pietro, que sabia como cuidar dele e dar-lhe amor incondicional.Decidi me recompor e enfrentar o dia. Fui para o banheiro e tomei um longo banho. A água quente escorrendo pelo meu corpo parecia acalmar os ânimos, mas o turbilhão de pensamentos ainda estava presente. Depois de me arrumar, desci para tomar café.Ao entrar fui recebido por uma visão inesperada. Pietro estava lá, animado, tomando café da manhã. Seu rosto estava iluminado p
Uma semana se passou e Thiago e eu nos evitávamos, chegava a ser estranho já que ele era meu chefe e eu morava em sua casa, mas de certa forma assim era bem melhor. Minha rotina com Pietro estava a cada dia melhor, ele melhorou em matemática o que o fez ficar mais feliz. — Bebel… Bebel… Bebel! – Pietro gritava meu nome animado. — Oi…oi…oi. – Respondi a ele que sorriu. — Meu pai me deixou ir ao parque hoje, você pode me levar? – Ele pede com os olhinhos brilhando. — Claro que posso meu amor, que tal chamar o Mário e o Carlos para ir com a gente? – Ele se animou ainda mais e liguei para as mães dos meninos pedindo autorização. Depois que acertei com as mães dos meninos enviei uma mensagem para o meu chefe avisando que iria levar Pietro e seus amigos ao parque, ele me envia um pix para que eu possa gastar com menino e pede para que eu leve seu filho para casa as 23:00h, digo que tudo bem e assim desligamos. Pietro se arrumou e fomos buscar os seus amigos, Pietro estava eufórico, e s
No dia seguinte Berta estava muito melhor e assumiu a sua função, me sentei para tomar uma xícara de café, enquanto esperava para acordar Pietro, Berta estava animada me contando sobre a sua sobrinha que estava prestes a ter bebê, entramos na conversa sobre maternidade e contei a ela como Camila e eu ficamos animadas quando nossa irmã mais nova engravidou, foi uma alegria para toda a família. — A família é tudo pra você, né? — É sim, meus pais nos ensinaram a sermos unidas, família é tudo pra mim, claro que depois de adultas a vida nos levou para caminhos diferentes, mas mesmo assim tentamos nos manter unidas. — Isso legal, você disse que sua mãe era cozinheira, o que ela te ensinou e você mais gosta de fazer? – Contei a ela sobre o bolo favorito da nossa família e Berta disse que gostaria de experimentar, disse a ela que se tivesse os ingredientes eu faria ainda hoje. — Deixa os ingredientes anotados que eu verifico aqui e se tiver faltando algo eu peço a Gian para comprar.Anotei
Thiago Cavalcante.Acordei com uma baita dor de cabeça, e alguns flashes da noite passada me veem a mente e uma delas em particular me deixou muito sem jeito, pois me lembrei de Isabel me auxiliando no banho, só espero que dessa vez eu não tenha feito algo idiota.Mesmo com muita dor de cabeça fiz as minhas higienes e depois desci, quando cheguei a mesa, ela estava vazia e me perguntei que horas eram. Roberta chegou e me entregou um copo com suco de laranja e um comprimido.— Para sua dor de cabeça. – Ela me diz sorrindo. — E não se preocupe, eu liguei para a empresa e avisei a Magnólia que você chegaria mais tarde, pois não estava muito bem.— Obrigado tia Roberta, você é a melhor. – Ela se retirou e eu sorri.Vi um bolo de aipim ali e resolvi pegar um pedaço, provei um pedaço e quando vi estava devorando o bolo, por que estava uma delicia mesmo. Quando Roberta chegou perguntei quem fez aquela maravilha e ela me avisou que havia sido a Isabel o que não me surpreendeu, pois ela até qu