capítulo 05

Vincent

Dia 4

Acordei pensando nela. Mirella. Com aquele jeitinho desconfiado, as palavras sempre na ponta da língua, mas os olhos… os olhos entregam tudo. Ela sente, ela tenta negar, mas sente.

Hoje eu queria surpreendê-la de um jeito diferente. Nada de luxo, nada de flores ou presentes caros. Queria mostrar pra ela que, por trás da imagem que carrego, ainda existe algo humano. Algo real.

Passei o dia inteiro resolvendo assuntos da família, assuntos que ela jamais entenderia e que nem quero que ela entenda. Não agora. Mas mesmo com o caos me cercando, era nela que eu pensava. Às 19h mandei uma mensagem:

“Vista algo leve. Te pego em 20 minutos.”

Ela demorou a responder, mas veio. Quando entrou no carro, seu olhar curioso e cauteloso estava ali como sempre, mas havia também uma certa... entrega. Como se ela tivesse decidido parar de lutar com os próprios sentimentos, nem que fosse só por hoje.

— Hoje é especial . falei, guiando o carro para fora da cidade.

— Por quê? ela perguntou, tentando não parecer interessada.

— Porque hoje eu vou te mostrar onde eu me escondo quando o mundo pesa demais.

Ela arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada. Chegamos em uma casa afastada, no meio de um terreno enorme com árvores ao redor e um lago nos fundos. Simples, silenciosa… quase inacreditável para alguém da minha posição.

— Isso aqui é meu. Só meu. Nem minha família sabe que esse lugar existe. falo, entregando a chave na mão dela.

— Por que está me mostrando isso?

— Porque você é a primeira pessoa em quem confiei o suficiente pra saber disso.

Ela respira fundo. Caminha até o lago e fica olhando o reflexo da lua na água. Eu me aproximo devagar.

— Às vezes eu queria ter nascido em outro lugar, com outro nome. Poder escolher a vida que vivo. Mas... paro por um instante e olho nos olhos dela. —Se eu não tivesse vindo por esse caminho, talvez nunca tivesse te encontrado.

Ela não responde. Mas seus olhos brilham com algo que me atravessa. A emoção que ela tenta esconder, a vontade de dizer algo e o medo de dizer demais.

— Vincent... ela começa, a voz baixa. — Eu ainda tenho medo. De tudo. De você. Do que eu posso sentir. Do que posso perder...

— Eu também tenho. Mas eu não vou deixar você se machucar. Nem pelo mundo, nem por mim. digo, e dessa vez é ela quem se aproxima.

Nossos corpos se encostam levemente, como se o universo conspirasse por aquele toque. Ela segura minha camisa com uma das mãos e encosta a testa na minha.

— Eu ainda não sei o que tudo isso significa... mas quero descobrir. Com você. ela sussurra.

E ali, naquele silêncio cheio de significados, eu a beijo. Um beijo lento, profundo, cheio de tudo o que ainda não conseguimos dizer.

O mundo lá fora podia esperar. Porque naquele instante, só existia ela. E eu.

Dia 4... e eu sabia estava cada vez mais perto de conquistá-la.

Dia 5

Depois da noite no lago, algo nela mudou. Eu senti. O olhar já não carregava só desconfiança, mas também desejo... e o tipo de curiosidade que pode viciar. Ela está abrindo espaço pra mim, mesmo sem admitir. E isso... é tudo o que eu preciso.

Hoje decidi não pressionar. Dei a ela um dia inteiro sem flores, sem mensagens, sem buquês ou surpresas. Só o silêncio. Porque às vezes, é no silêncio que o coração começa a sentir falta. E se ela sentiu minha ausência hoje, então já estou morando em algum lugar dentro dela. Mas eu... eu não aguentei.

Esperei até o fim da noite e fui até onde ela mora. Estacionei o carro um pouco afastado e fiquei ali, só observando a janela do quarto. A luz estava acesa. Vi sua sombra se movendo de um lado pro outro. Ela parecia inquieta. Talvez lendo. Talvez pensando. Talvez... em mim.

Peguei meu caderno. Sim, eu tenho um. Coisa rara pra alguém como eu, mas é nele que escrevo meus pensamentos mais profundos. Coisas que não posso contar pra ninguém.

5º dia

Ela está na minha mente. No meu corpo. No meu sangue. Mirella mexe com partes de mim que eu nem sabia que existiam. Me faz querer ser homem, não só o herdeiro de um império sujo. Me faz sonhar com paz. Com amor.

Hoje não encostei nela, não falei com ela, mas estive o tempo todo com ela.

E amanhã... amanhã quero que ela sinta isso.”

Guardei o caderno, dei partida no carro e fui embora. Porque por mais que eu quisesse bater naquela porta, puxá-la pra mim e fazer com que ela sentisse tudo o que estou sentindo, eu sabia... Mirella não é uma mulher qualquer. Ela é o tipo de mulher que você conquista com alma, não com poder.

E eu estou disposto a entregar a minha, se for preciso. Dia 5. Faltam 25. E eu juro por Deus, ela vai ser minha.

continua .....

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