Vincent continuação... dia 25 Hoje seria o dia em que eu abriria as portas do meu passado, sem reservas, sem me esconder atrás de promessas vagas ou mentiras confortáveis. Despertei antes do sol e, com o coração pesado.Tomei minha decisão se eu quisesse merecer sua confiança, precisava expor a verdade todas as partes de mim que eu havia enterrado na escuridão e assim que cheguei em sua casa para busca lá, ela já me esperava com olhar meio perdido . — Mirella, Hoje você vai saber absoluto tudo sobre mim , e se mesmo assim você resolver ficar sera pra sempre , nos dois contra o mundo. Minha voz soou baixa, carregada de uma sinceridade que sempre tentei refrear. Ela piscou, surpresa, e sentou-se. O ar estava gelado, e eu senti o peso de cada palavra que estava prestes a dizer. caminhei até a mesinha de café. Atrás daquelas tampas de recordações, havia muitos segredos que precisavam ser revelados. — Você já deve ter se perguntado por que evito falar do passado. Por que alguns n
Vincent O salão principal da mansão da família Mangano nunca pareceu tão frio. A luz dourada dos lustres pendia sobre nossas cabeças como uma sentença silenciosa. Cada parede cobria histórias sujas demais para serem contadas em voz alta — e hoje, eu acrescentaria mais uma.Marco estava encostado na lareira, girando um copo de uísque com aquela maldita arrogância estampada no rosto.— A que devo a honra da visita, primo? ele perguntou, sem sequer olhar pra mim. — Veio me agradecer por manter a Mirella tão... entretida na sua ausência?Trinquei o maxilar. A provocação não me atingiu. Ele queria isso: tirar minha calma, me tornar impulsivo. Mas hoje eu estava preparado.— Vim encerrar esse joguinho. — respondi firme. — Chega de ameaças veladas, de insinuar que tem controle sobre o que é meu.Ele riu, curto. Um som vazio.— Controle? Eu, Vincent? Achei que esse era o seu dom... controlar tudo e todos. Até ela. Mas sabe... as mulheres sempre enxergam a verdade, cedo ou tarde. Especialment
MirellaO silêncio do quarto gritava mais alto que qualquer palavra. Eu estava parada, de frente para a cidade, observando as luzes como se elas fossem responder as perguntas que vinham me sufocando.Quando ouvi a porta se abrir, meu corpo inteiro enrijeceu. Eu já seu que é ele , não é a primeira vez que entra sem precisar de chaves . — A gente precisa conversar. — ele diz, com a voz baixa, carregada de culpa.— Agora? — minha voz saiu baixa também, mas dura. Fria. Eu queria manter a calma, mas por dentro, eu já estava em pedaços. — Depois de tudo?Ele veio se aproximando, e eu senti o cheiro do uísque no ar, o peso da presença dele me pressionando.— Eu devia ter te contado. Desde o começo. Mas eu...Me virei. E quando olhei nos olhos dele, todo o amor que eu sentia se misturou com raiva e decepção. Era um nó impossível de desfazer.— Você teve MIL oportunidades, Vincent! — minha voz subiu, minha dor transbordou. — Mas escolheu o silêncio. Escolheu me deixar descobrir pelas sombra
GiuliettaAs luzes do galpão abandonado piscavam, criando sombras nas paredes sujas. Eu gostava daquele lugar. Velho, esquecido… exatamente como me senti quando Vincent me jogou fora como se eu fosse descartável. Mas ele se esqueceu de uma coisa: Mulheres como eu não somem.Elas retornam.Marco estava atrasado, como sempre. Entrou com aquele ar arrogante, mexendo nos punhos da camisa como se estivesse prestes a assinar um contrato milionário, e não tramar um golpe contra o próprio primo.— Você está sorrindo demais pra alguém que ainda não venceu Marco. — disse, cruzando as pernas.Ele me lançou um olhar de quem queria me matar ou me foder. Talvez os dois.— Eu tô sorrindo porque você finalmente decidiu se mover, Giulietta. Por quanto tempo você achou que poderia espioná-lo sem fazer nada?— Eu espionei por você, querido. Mirella já se sente ameaçada. Vincent está instável. E agora... agora é o momento perfeito pra separar os dois.— E o que você sugere?— Vamos mostrar quem é Mirella
VincentNo mundo em que cresci, não é o grito que anuncia o perigo. É o silêncio. A mudança no ritmo. Os passos mais leves. O sorriso que demora meio segundo a mais pra surgir.E essa semana… tudo estava mais silencioso.Marco tem agido estranho. Respostas curtas, olhos que evitam os meus, horários que não batem com as ordens que dou. E Giulietta... ela voltou como uma sombra. Está sempre nos lugares errados, falando com quem não deveria. Sorrindo demais. Observando demais.Hoje, sentei no terraço da casa acendi um charuto, olhando a cidade se dobrar sob a noite. Mirella estava quieta. Tenho tentado manter distância, respeitar o espaço dela, mas cada minuto longe me pesa como chumbo.Meu telefone vibrou.Era Julian.— Temos algo. Câmeras da casa de apostas. Giulietta e Marco entraram juntos, ontem à noite. Sem autorização.Fechei os olhos, tragando fundo o sabor da confirmação.— E?— Saíram trinta minutos depois. Marco tinha um pen drive no bolso que ele não carregava antes.— Merda. S
MirellaFazia semanas que eu relutava. O número dele estava ali na minha agenda, silencioso, como um lembrete constante da minha ausência. Mas hoje... hoje meu coração pediu abrigo. E o único lugar seguro que conheci a vida inteira foi a voz do meu pai.Toquei em ligar antes que minha coragem evaporasse.— Alô? a voz dele soou do outro lado, rouca, familiar, carregada de saudade.Engoli o choro que já ameaçava.— Pai...Houve um silêncio terno, daqueles que abraçam antes mesmo das palavras.— Minha menina... ele sussurrou, com o tom emocionado. — Até que enfim.— Eu sei... demorei demais.— Não importa. O importante é que você ligou. Tá bem? Sorri. Só ele conseguia me fazer sentir como uma criança outra vez.— Tô. Ou... tentando. Muita coisa aconteceu, pai.— Eu imagino. disse, com a calma que sempre teve quando queria me ouvir. — Você tá com aquele olhar de quando guarda o mundo nas costas, né?— Quase isso.— Sabe o que eu dizia quando você ficava assim?Sorri de leve, lembrando da i
Vincent finalmente o dia 30 .... Ela estava linda. Não era novidade, mas naquela noite, com o vestido preto simples que deixava os ombros à mostra e os cabelos presos num coque bagunçado, Mirella parecia feita sob medida pra desmontar a minha razão.Estávamos em um jantar a dois, longe da tensão dos últimos dias, num restaurante discreto, com música baixa e vinho encorpado. Pela primeira vez em semanas, ela relaxava. Ria das minhas piadas idiotas, mordia o lábio entre uma taça e outra. Mas mesmo sorrindo, eu conhecia bem aquela mulher.Ela estava dividida. Entre o amor e o medo. Entre o que sente e o que ainda não sabe como lidar. E foi nesse instante, observando-a em silêncio, que a ideia me atingiu como um raio.— Vem comigo pro Brasil . falei, deixando as palavras escaparem antes mesmo de pensar.Ela piscou devagar, surpresa. — O quê?— Você falou tanto da sua família, das raízes... E eu percebi que tô cansado de viver metade das coisas com você. Eu quero inteiro. Quero saber de
Mirella Eu ainda sentia a mão dele na minha, o peso da caixinha, o brilho do anel e o calor da presença dele ali, de joelhos na sala da minha infância. Quando Vincent pediu minha mão, o mundo parou. Mas meu coração correu uma maratona.Disse sim com a voz embargada, o peito em chamas e as pernas tremendo. Não só pelo pedido... mas por tudo o que significava. Ele estava ali. Com minha família. Na minha casa. E agora... no meu mundo.Depois do jantar, depois dos abraços, depois da benção do meu pai que eu ainda achava que estava sonhando puxei a mão do Vicent.— Vem. Quero te mostrar uma coisa.— Agora? ele perguntou, olhando o céu já escuro lá fora.— Agora. Antes que você volte praquele mundo gelado e cravejado de luxo. Aqui... é onde tudo começou pra mim.Descemos as escadas da minha casa . O som de um samba vinha de longe, misturado com risadas, panela batendo e moto subindo o morro. Era vida. Crua, barulhenta, linda.Vincent andava ao meu lado, atento. Observando tudo. As vielas e