Mirella A voz dela me atingiu como uma facada sorrateira. "sou a ex que ele nunca esqueceu." Por dentro, meu coração disparou. A garganta secou. A imagem deles dois, tão próximos, tão... íntimos, fez algo dentro de mim estremecer. Mas por fora? Gelo. Dei um passo a frente, mantendo o queixo erguido, o olhar firme como meus pais me ensinaram desde de sempre . Analisei ela da cabeça aos pés , como quem estuda um inimigo. Alta, segura, vestida como quem sabe que é bonita e perigosa.Não seria eu quem abaixaria os olhos primeiro. — Ex, é? perguntei, com um sorriso frio nos lábios. — Deve ter doído perder um homem como o Vicent. Ela arqueou uma sobrancelha, surpresa com a minha calma. — Doeu. Mas não tanto quanto vai doer em você... quando ele fizer com você o que fez comigo , ele me fez promessas assim como faz com você e depois de apaixonada ele me largou e agora a história se repete mas com você. Senti o sangue gelar. Mas respirei fundo e mantive o controle. Eu já tinha passado por
Mirella continuação... Dia 22 Acordei com o gosto do medo preso na garganta . Um peso que agora... também era meu.Fui até o espelho e encarei meu reflexo. Havia algo diferente em mim. Os olhos mais atentos, os lábios menos suaves, a expressão... endurecida.Estava me tornando o tipo de mulher que sobrevive nesse mundo. Não por escolha. Por amor. Vesti minha roupa justa, quase como armadura. E sai de casa para mais um dia . Em frente ao prédio Vincent já me esperava . — Mirella...? Tá tudo bem? Vincent me olhou por um instante .— Você tá diferente. ele murmurou. — E você esperava o quê? Que depois de ontem fingisse que nada aconteceu? Ele se aproximou, mas eu ergui a mão. — Vicent, eu nao quero que me veja como uma mulher fragil porque eu não sou . Eu não vou ser mais uma mulher que espera por proteção. Se eu tiver que ficar nesse mundo, quero lutar também. Quero saber dos seus aliados, dos seus inimigos. Quero saber quem é Giulietta, além da mulher rejeitada. E quero saber até
Vicent A noite caía pesada, carregada de um silêncio que já fazia tudo estremecer. Eu sabia que estava a beira de um precipício. Desde que Mirella descobrira fragmentos do meu passado dos recados enigmáticos, de Giulietta , o ambiente entre nos transformara. Eu via a inquietação em seus olhos, o brilho de dúvida e de dor que se misturava com determinação ela estava fazendo a parte que ela acha que precisa pra entrar no meu mundo . Ver ela me confrontar sem rodeios. tentando esconder que ela estava com medo , pela primeira vez, eu me via vulnerável demais . Seus passos eram firmes, a postura ereta e o olhar... esse olhar apontava tudo exigência, raiva, mas também medo. Algo me incomodou a madrugada inteira e foi quando enviei a mensagem pra ela , e logo ele me confrontou mais uma vez , e na manhã seguinte eu sabia que teríamos uma manhã difícil. Dia 24 — Vincent, eu preciso saber agora o que diabos a Giulietta significa pra você ? Por que você nunca me conta a verdade sobre
Vincent continuação... dia 25 Hoje seria o dia em que eu abriria as portas do meu passado, sem reservas, sem me esconder atrás de promessas vagas ou mentiras confortáveis. Despertei antes do sol e, com o coração pesado.Tomei minha decisão se eu quisesse merecer sua confiança, precisava expor a verdade todas as partes de mim que eu havia enterrado na escuridão e assim que cheguei em sua casa para busca lá, ela já me esperava com olhar meio perdido . — Mirella, Hoje você vai saber absoluto tudo sobre mim , e se mesmo assim você resolver ficar sera pra sempre , nos dois contra o mundo. Minha voz soou baixa, carregada de uma sinceridade que sempre tentei refrear. Ela piscou, surpresa, e sentou-se. O ar estava gelado, e eu senti o peso de cada palavra que estava prestes a dizer. caminhei até a mesinha de café. Atrás daquelas tampas de recordações, havia muitos segredos que precisavam ser revelados. — Você já deve ter se perguntado por que evito falar do passado. Por que alguns n
Vincent O salão principal da mansão da família Mangano nunca pareceu tão frio. A luz dourada dos lustres pendia sobre nossas cabeças como uma sentença silenciosa. Cada parede cobria histórias sujas demais para serem contadas em voz alta — e hoje, eu acrescentaria mais uma.Marco estava encostado na lareira, girando um copo de uísque com aquela maldita arrogância estampada no rosto.— A que devo a honra da visita, primo? ele perguntou, sem sequer olhar pra mim. — Veio me agradecer por manter a Mirella tão... entretida na sua ausência?Trinquei o maxilar. A provocação não me atingiu. Ele queria isso: tirar minha calma, me tornar impulsivo. Mas hoje eu estava preparado.— Vim encerrar esse joguinho. — respondi firme. — Chega de ameaças veladas, de insinuar que tem controle sobre o que é meu.Ele riu, curto. Um som vazio.— Controle? Eu, Vincent? Achei que esse era o seu dom... controlar tudo e todos. Até ela. Mas sabe... as mulheres sempre enxergam a verdade, cedo ou tarde. Especialment
MirellaO silêncio do quarto gritava mais alto que qualquer palavra. Eu estava parada, de frente para a cidade, observando as luzes como se elas fossem responder as perguntas que vinham me sufocando.Quando ouvi a porta se abrir, meu corpo inteiro enrijeceu. Eu já seu que é ele , não é a primeira vez que entra sem precisar de chaves . — A gente precisa conversar. — ele diz, com a voz baixa, carregada de culpa.— Agora? — minha voz saiu baixa também, mas dura. Fria. Eu queria manter a calma, mas por dentro, eu já estava em pedaços. — Depois de tudo?Ele veio se aproximando, e eu senti o cheiro do uísque no ar, o peso da presença dele me pressionando.— Eu devia ter te contado. Desde o começo. Mas eu...Me virei. E quando olhei nos olhos dele, todo o amor que eu sentia se misturou com raiva e decepção. Era um nó impossível de desfazer.— Você teve MIL oportunidades, Vincent! — minha voz subiu, minha dor transbordou. — Mas escolheu o silêncio. Escolheu me deixar descobrir pelas sombra
GiuliettaAs luzes do galpão abandonado piscavam, criando sombras nas paredes sujas. Eu gostava daquele lugar. Velho, esquecido… exatamente como me senti quando Vincent me jogou fora como se eu fosse descartável. Mas ele se esqueceu de uma coisa: Mulheres como eu não somem.Elas retornam.Marco estava atrasado, como sempre. Entrou com aquele ar arrogante, mexendo nos punhos da camisa como se estivesse prestes a assinar um contrato milionário, e não tramar um golpe contra o próprio primo.— Você está sorrindo demais pra alguém que ainda não venceu Marco. — disse, cruzando as pernas.Ele me lançou um olhar de quem queria me matar ou me foder. Talvez os dois.— Eu tô sorrindo porque você finalmente decidiu se mover, Giulietta. Por quanto tempo você achou que poderia espioná-lo sem fazer nada?— Eu espionei por você, querido. Mirella já se sente ameaçada. Vincent está instável. E agora... agora é o momento perfeito pra separar os dois.— E o que você sugere?— Vamos mostrar quem é Mirella
VincentNo mundo em que cresci, não é o grito que anuncia o perigo. É o silêncio. A mudança no ritmo. Os passos mais leves. O sorriso que demora meio segundo a mais pra surgir.E essa semana… tudo estava mais silencioso.Marco tem agido estranho. Respostas curtas, olhos que evitam os meus, horários que não batem com as ordens que dou. E Giulietta... ela voltou como uma sombra. Está sempre nos lugares errados, falando com quem não deveria. Sorrindo demais. Observando demais.Hoje, sentei no terraço da casa acendi um charuto, olhando a cidade se dobrar sob a noite. Mirella estava quieta. Tenho tentado manter distância, respeitar o espaço dela, mas cada minuto longe me pesa como chumbo.Meu telefone vibrou.Era Julian.— Temos algo. Câmeras da casa de apostas. Giulietta e Marco entraram juntos, ontem à noite. Sem autorização.Fechei os olhos, tragando fundo o sabor da confirmação.— E?— Saíram trinta minutos depois. Marco tinha um pen drive no bolso que ele não carregava antes.— Merda. S