O silêncio entre eles era denso, carregado de tudo o que não foi dito. Cecília ainda sentia o gosto do beijo, os lábios formigando, o coração disparado. Seus olhos estavam fixos nos de Fellipo, buscando alguma explicação, alguma palavra que fizesse sentido para o que acabara de acontecer.Mas então, ele se afastou.Rápido, como se tivesse acabado de cometer o pior erro da sua vida.Passou a mão pelos cabelos, respirando fundo, tentando recuperar o controle que claramente já tinha escapado por entre seus dedos.— Isso foi um erro. — Ele disse, a voz grave, rouca, mas firme.Cecília piscou, atordoada.— O quê?— O beijo. — Fellipo continuou, agora sem encará-la. — Não deveria ter acontecido. E não vai se repetir.Ela sentiu o peito apertar.Um calor subiu em seu rosto, mas agora não era mais timidez—era raiva.— Então por que me beijou?Ele fechou os olhos por um instante, como se também se perguntasse o mesmo. Quando os abriu novamente, seu olhar estava frio, distante.— Porque sou ego
Na manhã seguinte, Samara despertou lentamente, sentindo o calor familiar do corpo de Leonardo ao seu lado. Virou-se na cama, e seu olhar pousou nele—deitado de costas, nu da cintura para cima, os lençóis bagunçados cobrindo apenas parte de seu corpo.Os cabelos escuros estavam ligeiramente desalinhados, o peito subia e descia em um ritmo tranquilo, e a luz suave da manhã delineava seus traços fortes e perfeitamente esculpidos.Samara sorriu de canto, mordendo o lábio.Era injusto ele ser tão irresistível até mesmo dormindo.Com um gesto delicado, passou os dedos lentamente pelo peito dele, traçando o contorno dos músculos definidos. Leonardo se mexeu levemente, soltando um suspiro baixo, mas não abriu os olhos.Animada com sua pequena provocação, ela se inclinou, depositando um beijo suave em seu ombro. Depois, deslizou os lábios pela linha de sua clavícula, sentindo o gosto quente e másculo de sua pele.Leonardo soltou um grunhido rouco, e seu braço rapidamente envolveu a cintura de
Samara e Leonardo desceram as escadas lado a lado, a mão dele descansando possessivamente na cintura dela, um gesto que já se tornara natural. Assim que chegaram à sala de jantar, encontraram Fernando e Fellipo já sentados à mesa, ambos imersos no café da manhã, mas atentos à movimentação.Cecília estava de pé, comandando os empregados com eficiência, certificando-se de que tudo fosse servido corretamente. Ao notar a chegada do casal, abriu um sorriso caloroso.— Bom dia, Dom. Bom dia, Samara.— Bom dia, Cecilia. — Samara respondeu animada, aproximando-se da amiga.Os olhos de Fellipo acompanharam cada passo de Cecília, mesmo enquanto fingia desviar o olhar sempre que ela notava. Seu maxilar estava tenso, os dedos tamborilando distraidamente sobre a mesa, e sua postura denunciava um incômodo evidente.Leonardo e Fernando trocaram um olhar rápido e cúmplice. Ambos perceberam o desconforto do amigo e estavam se segurando para não rir.— Parece que alguém acordou de mau humor hoje… — com
O encontro com as mulheres foi surpreendentemente agradável. Aos poucos, Samara percebia que algumas delas já estavam se acostumando com sua presença, enquanto outras apenas toleravam sua posição por obrigação. Mas uma coisa era certa: gostassem ou não, teriam que engoli-la. Passei a mão em meu ventre e olhei altiva para todas. Cecilia do meu lado a apresentei como minha Amiga e Protegida do Dom Leonardo.Leonardo havia deixado isso bem claro desde o primeiro momento. Ela era a Rainha da Trindade. E ninguém ousaria desafiá-la sem sofrer as consequências.Apesar disso, Samara sentiu que algumas das mulheres ali eram verdadeiras. O olhar de bondade que encontrou em algumas delas era genuíno, e isso a fez relaxar um pouco mais. Ela sabia que o mundo da máfia não era feito apenas de lealdades sinceras, mas era reconfortante saber que, mesmo em meio a tantas alianças de conveniência, ainda existiam relações que poderiam ser construídas com honestidade.O tempo passou rapidamente entre conv
Após um almoço repleto de confidências, Cecília se levantou primeiro.— Vou aproveitar esse tempo e ver meu pai. Ele tem tido bons dias ultimamente, quero aproveitar enquanto posso.Samara assentiu, compreendendo a necessidade da amiga.— Vá, Cecília. Você sabe que ele está recebendo os melhores cuidados agora.Cecília sorriu, emocionada.— E tudo graças a você e ao Dom Leonardo… Não sei como agradecer.Samara segurou a mão dela com carinho.— Não precisa agradecer. e pare de chama ele de Dom quando estamos em família ele já falou com você, Seu pai é sua família, e você é minha amiga.Cecília apertou a mão dela em resposta, antes de sair apressada para o quarto onde seu pai estava sendo cuidado.Assim que ficou sozinha, Samara sentiu o peso da manhã se abater sobre seu corpo. O encontro com as mulheres, a conversa com Cecília, a ansiedade pelo baile… tudo a deixara exausta. e a gravidez agora estava a exigindo um pouco mais.Decidiu que um pequeno descanso seria bem-vindo.Subiu para
Leonardo, Fellipo e Fernando vestiam trajes impecáveis, cada um carregando o peso da posição que ocupavam na máfia. Leonardo, como sempre, usava um terno preto sob medida, exalando poder e autoridade. Fellipo, com um olhar mais sério do que o habitual, ajeitava o relógio de pulso enquanto Fernando verificava os abotoados da camisa, ambos se preparando para o impacto que aquela noite teria.No andar de cima, Samara e Cecília desceram as escadas com elegância.Ao chegarem à sala, o ambiente pareceu silenciar por um instante.Os homens já as aguardavam, e assim que Leonardo ergueu os olhos para sua esposa, seu olhar escureceu de imediato.— Santo Deus… — Fernando murmurou, encarando as duas mulheres que tinha como irmãs seus amigos estavam ferrados no bom sentido logico.Fellipo ficou mudo. Apenas apertou os punhos ao ver Cecília daquela forma, tão deslumbrante e inalcançável.Leonardo, por sua vez, levou alguns segundos antes de se aproximar de Samara. Quando o fez, deslizou os olhos po
Assim que chegaram ao luxuoso salão onde o baile da máfia acontecia, todos os olhares se voltaram para eles. Leonardo e Samara eram os homenageados da noite, e isso significava que estariam cercados por pessoas o tempo todo. No entanto, na máfia, não existiam amigos—apenas aliados ou inimigos.Leonardo sabia disso melhor do que ninguém.Por isso, Fellipo, seu subchefe, e Fernando, seu comandante, estavam sempre próximos, atentos a qualquer movimento suspeito. Eles não estavam ali apenas como os de sua total confiança e seus braços direito e esquerdo, mas como sombras inseparáveis do Dom, garantindo que nada saísse do controle.Samara, por sua vez, sustentava a postura de rainha, elegante e confiante ao lado do marido. Seu vestido deslumbrante cintilava sob as luzes do salão, atraindo olhares admirados. Mas ela só se importava com um olhar em especial—o de Leonardo.E ele não a decepcionava.Durante toda a noite, enquanto conversavam com aliados e recebiam cumprimentos, Leonardo mantin
Assim que a dança terminou, Leonardo e Samara convidaram o Don americano e sua esposa para se juntarem à sua mesa. Como era esperado, o subchefe americano também acompanhou o casal, e Cecília, ainda levemente corada pela dança, sentou-se ao lado de Samara.A noite prosseguia animada. Cecília já havia dançado com Fernando, Leonardo e até mesmo com o Ministro da Itália, o que só reforçava sua elegância e presença marcante naquela noite.Foi quando os garçons começaram a servir o jantar que Fellipo finalmente apareceu.Seu semblante estava fechado, e ele parecia conter uma raiva silenciosa. Ele não disfarçava o incômodo de ver Cecília tão confortável e cheia de atenção.Aproveitando-se da posição discreta ao lado de Samara, ele se inclinou e sussurrou com a voz carregada de ressentimento:— Eu pensei que você gostasse de mim… sou tio do bebê seu amigo primeiro que ela Samara não se intimidou. Pelo contrário, virou o rosto na direção dele e respondeu, igualmente em tom baixo, mas sem per