RebeccaAo terminar a refeição, Aaron levantou-se da cadeira e, com um gesto gentil, puxou-me para fazer o mesmo.— Obrigado pelo jantar, Rebecca — disse ele, com um sorriso sincero.— Não foi nada, apenas uma comida caseira — respondi, tentando novamente minimizar a situação.— Foi a melhor comida caseira que já comi — afirmou, e antes que eu pudesse protestar, ele me beijou suavemente nos lábios.Sem aviso, Aaron me pegou no colo, fazendo-me soltar um gritinho de surpresa. Ele riu da minha reação enquanto caminhava em direção ao quarto.— O que voc
AaronDespertei com uma sensação de relaxamento surpreendentemente boa. Ao abrir os olhos, vi Rebecca dormindo profundamente em meus braços. Sua respiração era tranquila, serena. Temendo acordá-la, permaneci imóvel por alguns minutos, apenas admirando a beleza da minha garota. Era assim que eu me sentia em relação a ela, como se fosse minha garota. Apenas minha.Mas meu lado racional logo me repreendeu. O que eu ainda estou fazendo aqui? Dormi no apartamento de Rebecca, e isso era totalmente contra todo o meu bom senso. Eu tinha um único propósito naquele apartamento, e cumpri esse objetivo com muito empenho. Empenho demais, lembrou-me uma voz traidora dentro da minha cabeça. Novamente, a razão interveio. Aquilo não importava mais. Eu fiz o que tinha que ser feito, e agora era hora de levantar e voltar à minha rotina normal.Com cuidado, tentei retirar os braços que envolviam Rebecca sem acordá-la. Não queria ter que me despedir dela. Não naquela vez, quando dormimos juntos como um ca
PaollaAcordei um pouco desorientada naquela manhã. Procurei pelo meu telefone, que estava debaixo do meu travesseiro, e constatei que já passava do meio-dia. A preocupação sobre o que Aaron estaria fazendo sozinho naquele sábado começou a me incomodar, já que dormi além do previsto. No entanto, ao verificar meu celular, vi uma mensagem de texto de Aaron informando que tinha ido visitar os avós. Suspirei aliviada.Lembrei-me da noite anterior com Eric. Aproveitamos ao máximo as saídas noturnas de Aaron para cumprir com o plano no apartamento de Rebecca, e todas as noites ficávamos juntos e à vontade na minha casa, mais especificamente, na cama que eu dividia com Aaron. Porém, na noite anterior, Eric sugeriu fazermos algo diferente, talvez sair para aproveitar uma noite juntos em algum clube discreto. Uma ideia que apreciei e concordei prontamente sem.Mas Eric e eu nos excedemos na bebida, e logo perdemos totalmente a noção do tempo, aproveitando o momento. Nem mesmo prestei atenção a
RebeccaAcordei e, como já esperava, Aaron não estava mais na cama. Fiquei ali deitada por algum tempo, deixando os eventos da noite anterior passarem pela minha mente. Dormirmos juntos não fazia parte do acordo. Mas, mesmo sabendo disso, não conseguia evitar a sensação de vazio que ficava.Finalmente, resolvi levantar e seguir com o dia. Precisava de algo para ocupar minha mente. Decidi ir para o meu quarto de pintura, um refúgio onde podia me perder em cores e formas. Peguei uma tela em branco e comecei a trabalhar, sem nem perceber o que estava desenhando até que a imagem começou a tomar forma. Era Aaron. Seus traços surgiam com uma facilidade que me assustava, como se minhas mãos soubessem o que meu coração desejava expressar.A pintura avançava rapidamente, e eu me concentrei apenas nisso, tentando esquecer a grande confusão emocional que a minha vida se tornou. A imagem de Aaron começou a surgir, seus olhos penetrantes, o sorriso que raramente mostrava, mas que eu adorava.O tem
AaronA noite em que dormi no apartamento de Rebecca parece ter mudado minha vida drasticamente. Paolla se tornou uma mulher completamente diferente daquela com quem eu estava acostumado, e isso me deixava incomodado. Ela estava mais amorosa e tentando agradar-me de uma forma que nunca fez antes. Cada gesto carinhoso, cada tentativa de se aproximar, parecia apenas aumentar a distância entre nós. Rebecca não saía dos meus pensamentos. Fingir que estava tudo bem com Paolla estava se tornando cada vez mais difícil. Eu passei a ficar ainda mais tempo no escritório, não por disposição para trabalhar, mas como uma forma de fugir de minha esposa e da culpa que sentia.Comecei a visitar meus avós com frequência, algo que nunca fiz antes. Antes, eu só jantava com eles uma vez por semana. Apenas naquela semana, já havia ido à mansão Baumann três vezes. Na sexta-feira, quando o jantar com a família terminou, Ettore, que também esteve presente, aproveitou o momento em que estávamos saindo da ma
AaronA manhã no escritório seguia seu curso usual, enquanto eu tentava me concentrar em um relatório importante, mas minha mente vagava por pensamentos incômodos. O peso das mentiras e das expectativas começava a se tornar insuportável. De repente, ouvi um murmúrio crescente e, em seguida, passos firmes se aproximando. Levantei a cabeça e vi Leonel, meu avô, parado na porta. Uma sensação de tensão tomou conta de mim. Ele nunca vinha pessoalmente ao escritório de ninguém; sempre eram as pessoas que iam à sua sala, conhecida pelos corredores como a sala do imperador. — Aaron, precisamos conversar — disse ele, entrando e fechando a porta atrás de si. Sua voz, embora firme, carregava um tom de seriedade que me deixou ainda mais alerta.— Claro, vovô. Sente-se, por favor — respondi, tentando esconder minha apreensão.Leonel puxou uma cadeira e se sentou de frente para mim, seus olhos penetrantes examinando cada movimento meu. Ele não tentou iniciar uma conversa casual. Eu sabia que hav
AaronEu estava exausto quando voltei para casa.Finalmente havia alcançado o objetivo que tanto persegui e em breve, daria a Leonel Baumann o tão esperado bisneto. Porém, eu não me sentia tão feliz quanto deveria estar.As circunstâncias eram amargas. Durante todo o dia, evitei pensar no retorno para casa e no encontro inevitável com Paolla. Eu sabia que ela estaria me esperando, como todas as noites, com um sorriso no rosto que se tornou quase um ritual.Ao abrir a porta, lá estava ela, sentada na sala mexendo em seu smartphone de última geração e com aquele sorriso ensaiado. — Como foi seu dia de trabalho, querido? — perguntou, tentando soar casual. Respondi mecanicamente que tinha sido um dia cheio e que por isso não pude chegar mais cedo. A verdade era que não tinha pressa nenhuma em voltar para aquela casa. Decidi contar a ela sobre a gravidez de Rebecca de uma vez, sem rodeios. Seu rosto iluminou-se de alegria genuína ao ouvir a notícia.— Precisamos ir à mansão Baumann contar
RebeccaQuando a campainha tocou de manhã cedo, senti uma pontada de nervosismo percorrer meu corpo. Aaron. Por alguma razão, eu sabia que era ele. Era uma sensação quase instintiva, que me fez repreender a mim mesma por ser tão tola. Quem poderia prever uma visita assim, logo de manhã? Mas ao abrir a porta e me deparar com Aaron, surpresa me envolveu. Mesmo que meus pensamentos estivessem constantemente com ele, vê-lo ali, em carne e osso, me abalou.Aaron estava ali, parado na minha frente, com uma expressão que misturava ansiedade e determinação. Ele vestia uma camisa azul clara que realçava seus olhos, e seus cabelos estavam um pouco desalinhados, como se ele tivesse passado as mãos muitas vezes por ele.— Aaron? O que você está fazendo aqui tão cedo? — perguntei, incerta sobre como reagir diante da sua presença. Meu coração batia descompassado, e senti um nó se formar na garganta.— Precisava te ver, Rebecca — ele respondeu, me surpreendendo com a intensidade de suas palavras.