Axel
Estava me sentindo atormentado com as lembranças da primeira noite em Santorini, mas não conseguia lembrar com clareza de tudo. As informações que eu tinha daquela noite vieram todas de outras pessoas. Voltei ao mesmo clube todos os dias em que estive em Santorini, mas não encontrei mais a mesma mulher com quem tive uma noite de paixão. Não que eu fosse capaz de lembrar dela, mas estava sempre ao lado de Fred, o único que realmente a viu, para que ele me alertasse da presença da garota.
Anton e eu estávamos novamente no clube naquela noite, e ele comentou o fato de eu não estar bebendo.
— Está se segurando hoje, hein? — Anton disse, levantando uma sobrancelha enquanto tomava um gole de sua cerveja.
PietraA manhã começou como qualquer outra. Acordei cedo, segui minha rotina habitual e deixei Isaque na escola antes de ir para a lanchonete onde trabalhava. O movimento estava tranquilo, com alguns clientes regulares aproveitando o fim do horário do café da manhã. Mirella, uma cliente habitual que sempre vinha mais tarde devido ao seu emprego noturno, sentou-se em seu lugar próximo ao balcão.— Bom dia, Pietra! Como você está hoje? — Mirella perguntou com seu sorriso caloroso, enquanto eu preparava seu café.— Bom dia, Mirella! Estou bem, obrigada. E você? Como foi sua noite no trabalho? — Respondi, tentando manter um semblante leve apesar da exaustão que sentia. PietraQuando a campainha tocou, meu coração quase parou. Abri a porta e encontrei Mirella com uma expressão séria, mas determinada.— Vamos conversar — ela disse, entrando.Senti um calafrio percorrer minha espinha enquanto a seguia até a sala, onde nos sentamos.— O que eu vou te propor não é fácil — começou ela, olhando diretamente nos meus olhos. — Mas se você está realmente disposta a fazer qualquer coisa para conseguir dinheiro, talvez isso funcione.Segurei a respiração, pronta para ouvir a proposta que poderia mudar nossas vidas, para o bem ou para o mal.Dilemas Morais
PietraAceitar a proposta de Mirella foi uma das decisões mais difíceis que já tomei. Agora, enquanto me preparava para essa nova realidade, a responsabilidade pesava mais que nunca. Decidi continuar trabalhando na lanchonete durante o dia e fazer apenas alguns trabalhos noturnos como garota de programa. Não apreciava a ideia de deixar Isaque e Andressa sozinhos à noite, mas, tentei me concentrar no fato de que Andressa tinha desmaiado apenas uma vez e que eles poderiam fazer companhia um ao outro. Ainda assim, deixei claro para Mirella que, se Andressa precisasse de mim, eu voltaria imediatamente.Mirella, com sua experiência, repassou todos os detalhes. Explicou como funcionava a agência, o que eu deveria esperar e o que teria que fazer. Disse que eu podia impor limites, e a agência garantiria que os clientes soubessem dessas restrições. A dona da agência, conhecida como Dandara, era uma empresária respeitada e mantinha sua identidade em segredo. Ela escolhia as garotas de acordo
AntonEu não conseguia acreditar no que estava vendo. Era impossível entender como Pietra, a mesma garota que conheci durante anos na escola e que reencontrei trabalhando dignamente como atendente em uma lanchonete simples, poderia se transformar na mulher que estava diante de mim naquele momento. Pietra estava diferente. Ela exalava sensualidade por todos os poros, e era difícil para mim fazer a conexão entre as três versões daquela mesma mulher.— Estou esperando, Pietra. Por que está vendendo-se dessa forma? — Eu mal reconheci minha própria voz, tomada pela incredulidade e raiva.Ela tentou falar algo, mas as palavras não saíram. Seus olhos, aqueles olhos negros e brilhantes que eu conhecia tão bem, estavam arregalados de surpresa e, talvez, medo.— Como pode... como pode se transformar nisso? — Eu insisti, a raiva borbulhando dentro de mim. — Você é um hipócrita, Anton! — Pietra gritou, seus olhos faiscando. — Enquanto me critica por vender-me, você mesmo compra a atenção de mulh
AntonPietra aceitou a proposta, mas eu não me sentia preparado para qualquer outra coisa naquela noite. Não queria que ela ficasse comigo apenas porque estava pagando. Mas situações extremas exigem medidas desesperadas, e eu agia movido pela emoção. Agora, com Pietra me encarando, eu não sabia o que fazer a seguir.— O que você quer que eu faça? — Ela perguntou, sua voz cortando o silêncio pesado entre nós.Respirei fundo, tentando encontrar clareza em meio ao turbilhão de pensamentos.— Precisamos acertar os valores e como farei os pagamentos antes de qualquer outra coisa. — Respondi, tentando ganhar tempo. PietraAnton tinha me entregado um cartão com um número de telefone e um endereço de e-mail, deixando claro que eu deveria entrar em contato com ele. Afinal, tínhamos feito um negócio. Passei o dia inteiro criando coragem para enviar uma mensagem para Anton, tentando me convencer de que estava realmente fazendo a coisa certa ao aceitar aquela proposta louca.O pensamento de levantar todo o dinheiro para a cirurgia de Andressa, além de cobrir os custos do pós-operatório e qualquer eventualidade, me fez entender que aquilo era um excelente negócio.Era melhor estar com Anton do que com homens desconhecidos, que poderiam ser de todos os tipos. No entanto, ao responder a mensagem de Anton, dizendo que estaria livre naquela noite, ele pediPrimeiro Encontro
KimberlyConforme os dias se passavam, comecei a me sentir cada vez mais abatida e cansada. Observando Kathleen, percebi que ela também parecia cansada, o que me fez deduzir que a perda dos nossos pais ainda nos afetava mais do que imaginávamos. Durante o jantar, depois de alguns dias, Kathleen notou minha condição e perguntou o que estava acontecendo.— Na verdade, tenho me sentido estranha ultimamente — confessei, com certo receio. — Estou sempre indisposta.Já fazia mais de um mês desde que voltamos da Grécia e eu estava mais conformada com a perda dos meus pais, determinada a esquecer um certo episódio que aconteceu em Santorini, então não conseguia entender essa indisposição repentina.— Que estranho — comentou Kathleen, visivelmente interessada. — Qual foi a última vez que você foi ao médico?— Não tenho certeza... — Tentei lembrar. — Talvez seja hora de marcar uma consulta.— Concordo — disse minha irmã, com uma expressão séria. — Amanhã tenho uma aula muito importante, mas na
AntonOs dias que seguiram ao nosso encontro foram um verdadeiro teste de paciência. Eu não conseguia tirar Pietra da cabeça, mas também não conseguia aceitar a maneira como ela tentava a todo custo manter uma distância emocional entre nós. A parte física do acordo, eu sabia que ela cumpriria se eu exigisse, mas não era isso que eu queria. Eu queria mais. Eu queria que ela me visse de verdade, que percebesse que eu poderia ser o homem que ela precisava.Para tentar me distrair, passei mais tempo com Anneliese, e até pensei em visitar Axel em Madri. No entanto, a ideia de ir tão longe parecia mais uma fuga do que uma solução. Era como se eu estivesse tentando fugir de mim mesmo, e isso não funcionaria. Na sexta-feira à noite, três dias após nosso último encontro, decidi ligar para Pietra. Precisava vê-la novamente, mas de um jeito que pudesse realmente nos aproximar.— Alô? — a voz dela soou pelo telefone, e eu senti uma pontada de nervosismo.— Pietra, sou eu, Anton. — Minha voz saiu