Pietra
Anton tinha me entregado um cartão com um número de telefone e um endereço de e-mail, deixando claro que eu deveria entrar em contato com ele. Afinal, tínhamos feito um negócio. Passei o dia inteiro criando coragem para enviar uma mensagem para Anton, tentando me convencer de que estava realmente fazendo a coisa certa ao aceitar aquela proposta louca.
O pensamento de levantar todo o dinheiro para a cirurgia de Andressa, além de cobrir os custos do pós-operatório e qualquer eventualidade, me fez entender que aquilo era um excelente negócio.
Era melhor estar com Anton do que com homens desconhecidos, que poderiam ser de todos os tipos. No entanto, ao responder a mensagem de Anton, dizendo que estaria livre naquela noite, ele pedi
KimberlyConforme os dias se passavam, comecei a me sentir cada vez mais abatida e cansada. Observando Kathleen, percebi que ela também parecia cansada, o que me fez deduzir que a perda dos nossos pais ainda nos afetava mais do que imaginávamos. Durante o jantar, depois de alguns dias, Kathleen notou minha condição e perguntou o que estava acontecendo.— Na verdade, tenho me sentido estranha ultimamente — confessei, com certo receio. — Estou sempre indisposta.Já fazia mais de um mês desde que voltamos da Grécia e eu estava mais conformada com a perda dos meus pais, determinada a esquecer um certo episódio que aconteceu em Santorini, então não conseguia entender essa indisposição repentina.— Que estranho — comentou Kathleen, visivelmente interessada. — Qual foi a última vez que você foi ao médico?— Não tenho certeza... — Tentei lembrar. — Talvez seja hora de marcar uma consulta.— Concordo — disse minha irmã, com uma expressão séria. — Amanhã tenho uma aula muito importante, mas na
AntonOs dias que seguiram ao nosso encontro foram um verdadeiro teste de paciência. Eu não conseguia tirar Pietra da cabeça, mas também não conseguia aceitar a maneira como ela tentava a todo custo manter uma distância emocional entre nós. A parte física do acordo, eu sabia que ela cumpriria se eu exigisse, mas não era isso que eu queria. Eu queria mais. Eu queria que ela me visse de verdade, que percebesse que eu poderia ser o homem que ela precisava.Para tentar me distrair, passei mais tempo com Anneliese, e até pensei em visitar Axel em Madri. No entanto, a ideia de ir tão longe parecia mais uma fuga do que uma solução. Era como se eu estivesse tentando fugir de mim mesmo, e isso não funcionaria. Na sexta-feira à noite, três dias após nosso último encontro, decidi ligar para Pietra. Precisava vê-la novamente, mas de um jeito que pudesse realmente nos aproximar.— Alô? — a voz dela soou pelo telefone, e eu senti uma pontada de nervosismo.— Pietra, sou eu, Anton. — Minha voz saiu
PietraEu percebi o desconcerto de Anton ao ouvir apenas uma parte do que passei nos últimos anos. Foi como se ele estivesse diante de uma realidade que não sabia lidar. Isso só provava que ele não estava preparado para a dura realidade da maioria das pessoas. Por mais que Anton tentasse demonstrar empatia, eu sabia que ele nunca entenderia completamente.O jantar continuou em um silêncio tenso. E minha irritação com a atitude de Anton apenas crescia. Ele parecia tão fora de lugar, tão alheio à realidade que eu vivia diariamente que decidi que era hora de inverter os papéis. Se ele queria saber sobre a minha vida, eu também tinha o direito de saber mais sobre a dele, mesmo já acompanhando tudo pelas páginas de fofoca na internet.
AntonObservei Pietra caminhar rapidamente até o táxi, suas pernas movendo-se com a agilidade de alguém que queria escapar de uma situação desconfortável. Ela entrou no veículo quase num salto, deixando apenas um aceno rápido antes do carro partir.Suspirei, ainda sentindo o resquício da presença dela no ar, uma mistura de perfume e mistério que me deixava intrigado. Pietra era um enigma que eu queria desesperadamente decifrar, mas ela mantinha uma barreira que parecia intransponível.No entanto, o jantar daquela noite foi um pequeno triunfo para mim. Consegui arrancar algumas informações valiosas sobre a vida dela, peças de um quebra-cabeça que começava a se formar na minha ment
PietraBufei de irritação ao encerrar a ligação com Anton. Ele sempre se acha a pessoa mais importante sobre a face da terra. Só porque não tem responsabilidades, acha que os outros também não têm. Meus pensamentos fervilhavam enquanto tentava continuar meu trabalho na lanchonete, mas a raiva me distraía a cada segundo.— Está tudo bem em casa, Pietra? — A voz suave e preocupada da avó Maria me trouxe de volta à realidade. — Algum problema em casa?Ela sempre conseguia perceber quando algo me incomodava.— Está tudo bem, vó Maria. Os meus irmãos estão bem — respondi, tentando esconder minha frustraç&atild
AntonO jantar na casa dos meus avós foi melhor do que eu poderia ter imaginado. A tensão em Pietra era palpável, mas ela se comportou com uma dignidade que só aumentou minha admiração por ela. Minha família também me surpreendeu. Até mesmo meu avô agiu de maneira cortês, sem a usual pressão que costumava exercer sobre novos conhecidos. Isso era um bom sinal. Leonel Baumann raramente tinha opiniões positivas sobre pessoas que acabou de conhecer.Quando o jantar terminou, já dentro do carro com Pietra ao meu lado.— Posso te levar para casa? — perguntei, tentando soar casual.Pietra balançou a cabeça, sua expressão firme.&nbs
PietraPassei a semana inteira acompanhando Andressa em consultas com especialistas e exames. Não estava conseguindo trabalhar por estar acompanhando Andressa e Vó Maria teve que encontrar alguém para me substituir na lanchonete, pois eu estava completamente ocupada com essa situação. A cirurgia da minha irmã seria na segunda-feira e a tensão pela espera pairava sobre nós como uma nuvem carregada.Anton não entrou mais em contato comigo desde que recusei seu convite para o encontro no domingo. Isso não saía da minha cabeça. Eu não conseguia entender o que se passava pela mente dele. Anton havia pago caro para ter momentos comigo, mas não estava seguindo o que eu esperava dele. Não que eu estivesse reclamando. Não tinha pressa algum
PietraCaminhei aborrecida até Anton, que estava encostado no carro com o celular na mão e um olhar que deixava claro que ele tinha bebido. A situação me irritava profundamente.— Você é maluco? O que está fazendo aqui? — perguntei, tentando manter a voz baixa para não chamar atenção.— Eu precisava te ver, Pietra. Precisava saber como você está — disse ele, dando um passo na minha direção, seus movimentos lentos e um tanto desconexos.Olhei ao redor, preocupada com os olhares curiosos que podiam aparecer a qualquer momento.— Você não pode simplesmente aparecer assim.