AntonEu não conseguia acreditar no que estava vendo. Era impossível entender como Pietra, a mesma garota que conheci durante anos na escola e que reencontrei trabalhando dignamente como atendente em uma lanchonete simples, poderia se transformar na mulher que estava diante de mim naquele momento. Pietra estava diferente. Ela exalava sensualidade por todos os poros, e era difícil para mim fazer a conexão entre as três versões daquela mesma mulher.— Estou esperando, Pietra. Por que está vendendo-se dessa forma? — Eu mal reconheci minha própria voz, tomada pela incredulidade e raiva.Ela tentou falar algo, mas as palavras não saíram. Seus olhos, aqueles olhos negros e brilhantes que eu conhecia tão bem, estavam arregalados de surpresa e, talvez, medo.— Como pode... como pode se transformar nisso? — Eu insisti, a raiva borbulhando dentro de mim. — Você é um hipócrita, Anton! — Pietra gritou, seus olhos faiscando. — Enquanto me critica por vender-me, você mesmo compra a atenção de mulh
AntonPietra aceitou a proposta, mas eu não me sentia preparado para qualquer outra coisa naquela noite. Não queria que ela ficasse comigo apenas porque estava pagando. Mas situações extremas exigem medidas desesperadas, e eu agia movido pela emoção. Agora, com Pietra me encarando, eu não sabia o que fazer a seguir.— O que você quer que eu faça? — Ela perguntou, sua voz cortando o silêncio pesado entre nós.Respirei fundo, tentando encontrar clareza em meio ao turbilhão de pensamentos.— Precisamos acertar os valores e como farei os pagamentos antes de qualquer outra coisa. — Respondi, tentando ganhar tempo. PietraAnton tinha me entregado um cartão com um número de telefone e um endereço de e-mail, deixando claro que eu deveria entrar em contato com ele. Afinal, tínhamos feito um negócio. Passei o dia inteiro criando coragem para enviar uma mensagem para Anton, tentando me convencer de que estava realmente fazendo a coisa certa ao aceitar aquela proposta louca.O pensamento de levantar todo o dinheiro para a cirurgia de Andressa, além de cobrir os custos do pós-operatório e qualquer eventualidade, me fez entender que aquilo era um excelente negócio.Era melhor estar com Anton do que com homens desconhecidos, que poderiam ser de todos os tipos. No entanto, ao responder a mensagem de Anton, dizendo que estaria livre naquela noite, ele pediPrimeiro Encontro
KimberlyConforme os dias se passavam, comecei a me sentir cada vez mais abatida e cansada. Observando Kathleen, percebi que ela também parecia cansada, o que me fez deduzir que a perda dos nossos pais ainda nos afetava mais do que imaginávamos. Durante o jantar, depois de alguns dias, Kathleen notou minha condição e perguntou o que estava acontecendo.— Na verdade, tenho me sentido estranha ultimamente — confessei, com certo receio. — Estou sempre indisposta.Já fazia mais de um mês desde que voltamos da Grécia e eu estava mais conformada com a perda dos meus pais, determinada a esquecer um certo episódio que aconteceu em Santorini, então não conseguia entender essa indisposição repentina.— Que estranho — comentou Kathleen, visivelmente interessada. — Qual foi a última vez que você foi ao médico?— Não tenho certeza... — Tentei lembrar. — Talvez seja hora de marcar uma consulta.— Concordo — disse minha irmã, com uma expressão séria. — Amanhã tenho uma aula muito importante, mas na
AntonOs dias que seguiram ao nosso encontro foram um verdadeiro teste de paciência. Eu não conseguia tirar Pietra da cabeça, mas também não conseguia aceitar a maneira como ela tentava a todo custo manter uma distância emocional entre nós. A parte física do acordo, eu sabia que ela cumpriria se eu exigisse, mas não era isso que eu queria. Eu queria mais. Eu queria que ela me visse de verdade, que percebesse que eu poderia ser o homem que ela precisava.Para tentar me distrair, passei mais tempo com Anneliese, e até pensei em visitar Axel em Madri. No entanto, a ideia de ir tão longe parecia mais uma fuga do que uma solução. Era como se eu estivesse tentando fugir de mim mesmo, e isso não funcionaria. Na sexta-feira à noite, três dias após nosso último encontro, decidi ligar para Pietra. Precisava vê-la novamente, mas de um jeito que pudesse realmente nos aproximar.— Alô? — a voz dela soou pelo telefone, e eu senti uma pontada de nervosismo.— Pietra, sou eu, Anton. — Minha voz saiu
PietraEu percebi o desconcerto de Anton ao ouvir apenas uma parte do que passei nos últimos anos. Foi como se ele estivesse diante de uma realidade que não sabia lidar. Isso só provava que ele não estava preparado para a dura realidade da maioria das pessoas. Por mais que Anton tentasse demonstrar empatia, eu sabia que ele nunca entenderia completamente.O jantar continuou em um silêncio tenso. E minha irritação com a atitude de Anton apenas crescia. Ele parecia tão fora de lugar, tão alheio à realidade que eu vivia diariamente que decidi que era hora de inverter os papéis. Se ele queria saber sobre a minha vida, eu também tinha o direito de saber mais sobre a dele, mesmo já acompanhando tudo pelas páginas de fofoca na internet.
AntonObservei Pietra caminhar rapidamente até o táxi, suas pernas movendo-se com a agilidade de alguém que queria escapar de uma situação desconfortável. Ela entrou no veículo quase num salto, deixando apenas um aceno rápido antes do carro partir.Suspirei, ainda sentindo o resquício da presença dela no ar, uma mistura de perfume e mistério que me deixava intrigado. Pietra era um enigma que eu queria desesperadamente decifrar, mas ela mantinha uma barreira que parecia intransponível.No entanto, o jantar daquela noite foi um pequeno triunfo para mim. Consegui arrancar algumas informações valiosas sobre a vida dela, peças de um quebra-cabeça que começava a se formar na minha ment
PietraBufei de irritação ao encerrar a ligação com Anton. Ele sempre se acha a pessoa mais importante sobre a face da terra. Só porque não tem responsabilidades, acha que os outros também não têm. Meus pensamentos fervilhavam enquanto tentava continuar meu trabalho na lanchonete, mas a raiva me distraía a cada segundo.— Está tudo bem em casa, Pietra? — A voz suave e preocupada da avó Maria me trouxe de volta à realidade. — Algum problema em casa?Ela sempre conseguia perceber quando algo me incomodava.— Está tudo bem, vó Maria. Os meus irmãos estão bem — respondi, tentando esconder minha frustraç&atild