Paola
Eu observei Aaron subir as escadas lentamente, como se estivesse carregando o peso do mundo em seus ombros. A cada degrau, parecia que sua determinação vacilava. Quando ele finalmente desapareceu de vista, voltei-me para Eric, que estava sentado no sofá, e soltei um suspiro.— Aaron acha que é forte, mas na verdade não passa de um fraco, o netinho do vovô — comentei, deixando minha frustração transparecer.
Eric riu, um som baixo e quase cínico.
— Difícil alguém ser tão frio e calculista quanto você, Paola. Você está esperando demais dele — respondeu, seus olhos brilhando
AaronDirigindo para o apartamento de Rebecca, meu coração estava pesado, pressionado por uma decisão que parecia cada vez mais absurda. A ideia de ter um filho com ela, de fazer parte desse plano insano, parecia mais uma prisão do que uma solução. Eu queria controlar o império da minha família, mas a que custo? Cada vez mais, eu sentia que estava perdendo o controle da minha própria vida.Quando parei o carro em frente ao prédio, pensei seriamente em dar meia-volta. Mas a imagem de Rebecca, com seus olhos verdes que pareciam ver através de mim, me manteve no lugar. Subi as escadas com passos hesitantes, cada degrau aumentando minha incerteza. Toquei a campainha e esperei, minha mente ainda tentando se preparar para o que estava por vir. Quando Rebecca abriu a porta, por um momento, todas as minhas dúvidas desapareceram. — Oi — ela disse, parecendo insegura.— Oi, Rebecca…Rebecca estava ali, seus olhos verdes brilhando intensamente. Eu entrei, sem conseguir tirar os olhos dela, e fe
RebeccaJá faziam seis noites consecutivas que Aaron vinha até meu apartamento, e eu me sentia realizada e plena. Os momentos que passávamos juntos eram preciosos, e eu os aproveitava ao máximo. Mas, no fundo, eu estava tentando manter os dois pés no chão. Sabia que o motivo de Aaron ter vindo repetidamente ao meu encontro era por um único motivo: eu estava no período fértil e ele precisava ter certeza de que um herdeiro seria "produzido" durante os nossos momentos tórridos.Eu era jovem e, até pouco tempo atrás, inexperiente no que dizia respeito ao sexo, mas não era tão boba assim. Com o fácil acesso a informações na internet, entendi perfeitamente o objetivo de Eric ao me levar para fazer alguns exames após os meus encontros com Aaron não terem resultado em uma gravidez. Aaron queria ter certeza de que não estava perdendo seu tempo comigo. Apesar disso, eu decidi aproveitar tudo o que pudesse daquele homem. E, consciente de que tinha me apaixonado por ele, sentia um misto de trist
RebeccaAo terminar a refeição, Aaron levantou-se da cadeira e, com um gesto gentil, puxou-me para fazer o mesmo.— Obrigado pelo jantar, Rebecca — disse ele, com um sorriso sincero.— Não foi nada, apenas uma comida caseira — respondi, tentando novamente minimizar a situação.— Foi a melhor comida caseira que já comi — afirmou, e antes que eu pudesse protestar, ele me beijou suavemente nos lábios.Sem aviso, Aaron me pegou no colo, fazendo-me soltar um gritinho de surpresa. Ele riu da minha reação enquanto caminhava em direção ao quarto.— O que voc
Leonel BaumannConvidei meus netos e Ettore para um jantar na mansão. Já era hora de decidir o futuro das Indústrias Baumann, e eu precisava de todos presentes para essa ocasião. Berenice, minha querida esposa, estava ao meu lado, lançando-me olhares de apoio. A sala de jantar, com seu lustre imponente e móveis antigos, estava preparada para uma noite memorável.Enquanto nos acomodamos à mesa, observei os rostos tensos dos meus netos. Aaron, com sua postura rígida e terno impecável, claramente estava à espera de algo importante. Paola, ao seu lado, tentava disfarçar sua ansiedade, mas o brilho em seus olhos a traía. Axel, sempre desconfiado, mantinha uma expressão cerrada, enquanto Anton, despreocupado, mexia no telefone e Annelise ria de algo que ele disse.Ettore, filho de um antigo funcionário falecido e meu homem de confiança, estava presente também. Para mim, ele é como um filho. Suas ações sempre foram pautadas pela lealdade e integridade, algo raro nos dias de hoje.O jantar tr
AaronVi meu avô sair da sala com passos firmes, deixando para trás um misto de incredulidade e choque em nossos rostos. Não era possível que ele realmente estivesse impondo tal condição para passar o controle das Indústrias Baumann. Um bisneto? Era isso que ele queria em troca do poder?Olhei para Paola, minha esposa, sentada ao meu lado. Ela estava linda como sempre, sua postura perfeita e seu rosto inexpressivo. Paola sempre foi a esposa troféu ideal, vinda de uma família tradicional paulistana. Elegante, educada, exatamente o que eu precisava para manter as aparências. Mas filhos? Esse era um assunto que nunca tínhamos discutido seriamente.Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Axel se dirigiu ao luxuoso bar no canto da sala. Pegou uma garrafa de uísque e serviu-se de uma dose generosa.— Alguém mais quer? — ele perguntou, sua voz carregada de sarcasmo e desdém. Ele nos olhou, sabendo que as chances de aceitar sua oferta eram poucas.Annelise foi a primeira a se levantar, ain
RebeccaDeixar minha cidade natal não foi uma decisão fácil, mas foi necessário. Minha paixão pela pintura sempre foi uma constante em minha vida. Meus pais, devotos fervorosos de uma vida simples e religiosa, nunca compreenderam essa paixão. Para eles, minha arte era uma distração tola."Você precisa se concentrar nas coisas importantes, Rebecca. Deus tem planos para você, mas a pintura não é um deles," meu pai dizia sempre, seu tom severo e inflexível. Minha mãe, embora mais compreensiva, também não conseguia enxergar além do horizonte limitado da nossa pequena cidade no interior de São Paulo.Quando finalmente tomei a decisão de ir embora, estava assustada, mas determinada. Juntei todas as minhas economias, coloquei minhas poucas roupas e meus materiais de pintura em uma mochila e deixei uma carta para meus pais, explicando minha partida. Peguei o primeiro ônibus para São Paulo, minha cabeça cheia de planos e expectativas. Quando finalmente desci na estação de metrô mais moviment
AaronNão consigo acreditar no que estou prestes a fazer. Meu coração bate descompassado dentro do peito, uma mistura de excitação e nervosismo. Mas não vou recuar. Tenho um objetivo em mente e farei qualquer coisa para alcançá-lo.Chego ao apartamento indicado por Eric e paro em frente ao número na porta. Demoro um momento antes de tocar a campainha, meu dedo hesitante sobre o botão. Mas logo decidi seguir em frente. Não há espaço para dúvidas agora. Preciso concluir isso o mais rápido possível.A porta se abre lentamente e Eric está lá, com um sorriso de satisfação no rosto, totalmente impróprio para o momento. Ele me dá um aceno de cabeça e me deixa entrar, fechando a porta atrás de mim.— Que bom que chegou. Pensei que tinha desistido. Eu permaneço no mesmo lugar e deixo-lhe saber os meus pensamentos.— Confesso que essa ideia passou pela minha cabeça — Digo, sentindo a tensão aumentar sobre os meus ombros.— Mentalize aquela velha e importante frase de Maquiavel: Os fins justifi
RebeccaO choque da revelação de Aaron me atinge como uma onda gelada, paralisando-me no lugar. Eric já havia passado aquelas informações para mim, mas era como se eu estivesse ouvindo pela primeira vez. A forma como Aaron falou, sua frieza ao tratar do assunto, assustou-me profundamente.Levantei-me abruptamente, incapaz de permanecer tão perto dele. Aaron era um homem cuja determinação era tão intensa que me deixava arrepiada. Percebo que minha respiração está acelerada, meu coração batendo descontroladamente dentro do peito. Encaro Aaron com uma mistura de medo e desconfiança. Ele era a chave para minha liberdade. A decisão que tomei ao aceitar essa proposta parecia cada vez mais insensata, mas não aceitar não era uma opção sábia naquele momento. Aos vinte anos, ainda era virgem, apesar de alguns encontros inocentes com rapazes da igreja que frequentava com meus pais. Não havia compartilhado esse detalhe com Eric. Além da vergonha em falar sobre algo tão íntimo com alguém que hav