~BERNARDO~Os dias em casa se arrastavam, e a sensação de inutilidade começava a me corroer por dentro. Eu, que sempre fui uma pessoa ativa, com um plano para cada situação, agora me via preso em um ciclo interminável de tédio e frustração. Cada manhã parecia uma cópia da anterior, e a ausência do meu cargo na Orsini Tech deixava um vazio que eu não sabia como preencher. Não tinha passado por uma situação como essa. Até as minhas férias costumavam ser bem planejadas e limitadas. Para falar a verdade, eu nem me lembrava de quando tinha tirado férias pela última vez.Lembrei-me de como Alice se sentiu durante o tempo em que esteve afastada do hospital. Ela ficava inquieta, tentando preencher seu tempo com atividades que não a satisfaziam. Agora, eu estava experimentando exatamente o mesmo sentimento. O que me incomodava era a falta de um caminho claro para retornar ao que considerava meu lugar. Eu não queria admitir, mas sentia que estava perdendo o controle da minha própria vida.Renat
Acordei com a melodia suave de Here Comes the Sun envolvendo o quarto, as notas da música pareciam dançar no ar enquanto as cortinas se abriam automaticamente, permitindo que os primeiros raios de sol invadissem o ambiente com uma luminosidade acolhedora. Um calor reconfortante se espalhou pelo meu corpo, e não pude evitar soltar uma gargalhada, o som alegre reverberando nas paredes. Ao meu lado, Bernardo se mexeu, seu riso suave acompanhando o meu. Ele estava deitado, os cabelos ligeiramente bagunçados e um sorriso preguiçoso estampado no rosto, como se o simples fato de estarmos ali juntos tornasse a manhã perfeita.— Bom dia, amor — murmurou ele, os olhos ainda semicerrados, mas brilhando com uma alegria tranquila.— Oi, meu amor — respondi, sentindo meu coração aquecer ainda mais ao vê-lo tão relaxado e em paz.O ambiente estava tão sereno que parecia impossível que qualquer preocupação pudesse nos alcançar ali.— Entrando no clima da Inglaterra? — perguntei, ainda rindo, enquanto
Acordei com a sensação familiar dos lábios de Bernardo roçando meu pescoço, enviando um arrepio agradável por todo o meu corpo. O calor do seu toque me fez sorrir, ainda meio adormecida, e instintivamente inclinei meu corpo para mais perto do dele, pressionando-me contra seu peito e provocando-o de forma deliberada. Seus braços fortes me envolveram, e senti suas mãos deslizarem suavemente pelas minhas costas, explorando cada curva com uma familiaridade que só fazia aumentar o desejo entre nós. Bernardo soltou um suspiro entrecortado, que soou como um misto de desejo e resignação.— Eu adoraria fazer isso agora — ele murmurou, a voz baixa e rouca, enquanto seus lábios se aproximavam perigosamente dos meus —, mas precisamos nos apressar se não quisermos perder o voo.Abri os olhos, ainda confusa, e virei o rosto para olhá-lo. O brilho malicioso em seus olhos contrastava com a seriedade de suas palavras.— O voo não era só à noite? — perguntei, ainda tentando entender por que ele estava
Imediatamente, meu instinto falou mais alto. Sem pensar duas vezes, levantei-me da cadeira e corri na direção da confusão que se formava na outra extremidade da sala de espera. Bernardo, que estava ao meu lado, soltou uma risada suave e comentou:— Igualzinho nos filmes.Eu sorri de volta para ele, uma mistura de nervosismo e adrenalina pulsando em minhas veias, antes de me dirigir à situação. Ao me aproximar, vi um senhor de idade deitado no chão, inconsciente. Ao redor, as pessoas observavam, algumas ansiosas, outras em pânico, mas todas sem saber como agir.— Sou médica — anunciei, com a voz mais firme do que me sentia por dentro, enquanto as pessoas ao redor rapidamente se afastavam para me dar espaço.Ajoelhei-me ao lado do homem e comecei uma avaliação rápida. Sua pele estava pálida e fria ao toque, e ele não respondia a estímulos. Seus sinais vitais estavam quase inexistentes, a respiração era superficial e entrecortada, e eu não consegui detectar nenhum pulso palpável. Meu cor
Quando desembarcamos em Londres, eu sentia um friozinho na barriga de pura empolgação. Minha primeira viagem internacional e logo para um lugar tão icônico como esse! A mistura de culturas, a arquitetura histórica e o movimento da cidade estavam ali, prontos para serem descobertos por mim. Assim que pisamos fora do avião, o ar parecia diferente, com uma brisa suave que tocava meu rosto e me encheu de uma excitação renovada.Bernardo parecia completamente à vontade, guiando-me pelo aeroporto com aquela sua confiança natural, como se fosse a coisa mais normal do mundo estarmos em Londres para investigar e desmascarar alguém. Enquanto isso, minha mente estava dividida entre o trabalho e o turismo. Eu olhava ao redor, absorvendo cada detalhe, as vozes com sotaque britânico por todo lado e os letreiros que davam um charme clássico ao lugar.Quando finalmente chegamos ao hotel, o Milani, fui pega de surpresa pela grandiosidade do lugar. Por mais que tivesse um acolhimento de “casa”, já que
~BERNARDO~Acordei cedo, os primeiros raios de sol tímidos atravessando as cortinas do quarto luxuoso na cobertura do Hotel Milani. Virei-me lentamente, sentindo os lençóis macios contra a pele, e meus olhos pousaram em Alice. Ela dormia tranquilamente ao meu lado, os cabelos espalhados pelo travesseiro e uma expressão serena no rosto. Por um momento, fiquei apenas observando-a, admirando cada detalhe. A vontade de ficar ali, desfrutando daquele instante, era enorme. A noite anterior havia sido intensa, e eu daria tudo por um pouco mais de diversão essa manhã.Mas eu tinha um compromisso importante. Precisava encontrar Matt Lennox para o café da manhã. Matt era um antigo amigo empresário do Rio, que havia se mudado para Londres há alguns anos. Ele tinha contatos valiosos na cidade, incluindo George Thompson, diretor de operações internacionais de um dos maiores bancos da Inglaterra. George possuía informações que poderiam ser cruciais para desmascarar Valentina.Levantei-me com cuidad
Acordei devagar, meus olhos ainda pesados do sono. Estiquei a mão para o lado, mas não senti o calor de Bernardo ao meu lado. Resmunguei de leve. Isso estava se tornando uma constante, e eu não gostava nem um pouco. Mas, quando me virei para o outro lado da cama, um pequeno bilhete me esperava no travesseiro. Sorri, já adivinhando o que vinha pela frente.O bilhete, dobrado com cuidado, tinha a caligrafia de Bernardo, sempre um pouco inclinada para o lado, quase elegante demais para combinar com a sua personalidade despreocupada. Desdobrei o papel e comecei a ler:"Minha médica favorita,Eu adoraria mais uma consulta particular hoje pela manhã, mas marquei um compromisso que não posso desmarcar. Ah, não precisa sair correndo atrás de mim, pedi café da manhã no quarto para você. Aproveite!Beijos,Seu paciente dedicado e carente."Ri sozinha, imaginando o sorriso malicioso de Bernardo enquanto escrevia aquilo. O trocadilho bobo sobre nossa "consulta" da noite anterior fez meu coração b
Quando voltei ao nosso quarto de hotel, depois de um primeiro dia de congresso que foi tão educativo quanto exaustivo, tudo o que meu corpo clamava era por um pouco de conforto. A sensação de aprendizado, de estar imersa em algo tão grandioso, era recompensadora, mas a fadiga parecia pesar em cada músculo. Só conseguia pensar em uma coisa: comer algo delicioso, tomar um banho quente e relaxante, e depois me entregar ao sono.Bernardo estava sentado na escrivaninha, completamente absorto em uma pilha de papéis. O som da porta se fechando nem sequer o fez levantar os olhos. Ele estava concentrado demais, com uma expressão sombria, que só indicava que algo não estava certo.Fui até ele, tentando suavizar a tensão que percebia no ar. Coloquei minhas mãos sobre seus ombros e deslizei os dedos pelas suas costas, massageando suavemente. Inclinei-me, deixando beijos suaves em sua nuca, esperando trazê-lo de volta ao presente.— O que está fazendo? — perguntei baixinho, enquanto continuava a a