Judith— Você ficou maluca?! — berro, caminhando para mais perto dela. — O que você fez, sua louca?!— Só mostrei o que você não quer ver, sua graça. — Ela rebate debochada. No entanto, lanço lhe um olhar interrogativo. — Thomas só está com você por causa da semelhança entre vocês duas. Não é amor, Judith. Não há sentimento algum. É pura pena... — Desfiro uma tapa no seu rosto com tanta força que a minha mão chega a reclamar e no ato, ela engole as suas palavras.— Você é doente, sabia?! — rosno entre dentes, porém, os seus olhos ganham uma irritação ímpar e ela parece soltar fumaça pelas narinas.— Eu vou matar você! — A governanta grita enfurecida, mas antes que ela chegue a milímetros de mim os seguranças a seguram no seu lugar. Atrevidamente chego mais perto dela e olho dentro dos seus olhos.— Eu te avisei, Flora. Disse que não ia aturar mais uma das suas.Ela sorrir.— Arrume as suas coisas e saia dessa casa...— Você não pode me demitir. — Ela me interrompe furiosa. — Não sou s
Thomas— O que está fazendo, sua graça? — Ela pergunta perto demais da minha boca.É inevitável perceber o quanto Judith está trêmula, ansiosa e… com medo. Isso me intriga, e me instiga também. Essa perigosa mistura de inocência e sensualidade aumenta ainda mais o meu desejo. Contudo, a sua visão dentro daquele vestido me faz sufocar um pouco e eu me lembro do porquê estou nesse estado deplorável agora.No que ela estava pensando quando o vestiu?O que ela queria provar com isso?De alguma forma não me sinto atingido por ela trazer de volta uma lembrança que deveria fazer o meu coração sangrar outra vez. Na verdade, eu fiquei com raiva por ela desejar ser igual a Rebecca, quando eu amo essa sua simplicidade e meiguice. Eu não quero outra Rebecca na minha vida. Eu quero essa Judith que está bem aqui diante de mim com esse seu ar inocente, fitando-me cheia de receios e nervosa só por estar me despindo, e querendo me levar para debaixo do chuveiro. Eu quero essa mulher determinada a ter
ThomasEu preciso pensar em algo que a deixe ainda mais envolvida. Algo que a faça se entregar plenamente para mim. Levá-la ao cansaço para tê-la do meu lado na cama todas as noites não vai funcionar por muito tempo.Meu telefone começa a vibrar e eu sou obrigado a sair da cama. Portanto, visto um short que está largado em cima de uma poltrona e atendo a ligação no corredor.— François, aconteceu alguma coisa?— Preciso que venha a empresa com urgência. Temos um problema com a exportação de alguns produtos.— Agora?Bufo mentalmente, olhando para a minha esposa esparramada em cima do meu colchão.— Sua graça, sei que está adorando dormir ao lado da sua linda e jovem esposa, mas você tem obrigações. — O seu tom humorístico não esconde o seu sarcasmo.— Estarei aí em alguns minutos. — Encerro a ligação e retorno para o cômodo. Contudo, paro para admirá-la mais um pouco e vou direto para o banheiro.Tomo um banho rápido e após me secar, saio do banheiro. Entretanto, não encontro a minha
Judith Mãos hábeis e quentes. Hálito suave e morno. Corpo forte e ardente. Uh! Como vou trabalhar com esses pensamentos preenchendo a minha mente o tempo todo? Resmungo mentalmente, fitando o manuscrito volumoso bem na minha frente. Manuscrito esse que eu já deveria ter lido pelo menos a metade. … Você gosta quando eu faço assim? O delírio me entorpece quando me lembro do seu toque íntimo demais. E o meu coração acelera ao perceber que estou sentindo as mesmas sensações que ele me infligiu durante a madrugada. — Que merda, Judy! Se concentre no seu trabalho! — retruco áspera e abro o manuscrito. “Ele segurou-a firme nos seus braços e tomou-a em um beijo tão envolvente, quase profano, arrancando-lhe alguns gemidos…” Fecho imediatamente o livro e me levanto exasperada da cadeira, para aproximar-me de uma parede de vidro. E ao contemplar a linda cidade, puxo a respiração algumas vezes. — O que você está fazendo comigo, Senhor Duque? — ralho baixinho e levemente ofegante, d
Judith— Somos recém-casados. Um Duque muito visado almoçando sozinho vai dar motivos para falatórios. — Seu rosto se inclina um pouco mais na direção do meu e eu sinto o meu ar faltar outra vez.— Tudo bem — concordo.— Ótimo! — Ele finalmente se afasta. O ar volta a preencher os meus pulmões. Só então vejo alguns funcionários se matando para nos ver.Ah claro, o público!— Eu vou… pegar a minha bolsa.***— Espero que goste de massa italiana. — Thomas fala quando surpreendemente ele abre a porta do carona para mim. E surpresa, me acomodo no banco. Os meus olhos o acompanham enquanto se dirige para a porta do motorista.— O que houve com o Alfred? — inquiro assim que ele liga o motor.— Dei-lhe folga.— Ah! — Ele me olha rapidamente e o veículo ganha movimento.— Na verdade, eu queria ficar sozinho com você.Não é motivo para o meu coração mudar o seu ritmo, certo? Quer dizer, é só um almoço com encenação de um casal feliz para o público.— Eu amo massas! — respondo-o enfim.— La Nost
Judith— Me desculpe se o magoei! — digo de repente no meio da refeição.— Quando você me magoou? — Thomas questiona e logo após ele leva uma porção da sua comida a boca. — O vestido. Thomas, eu não fazia ideia. — Então os seus olhos se erguem para os meus. Seu rosto se endurece e ele larga o talhe com calma. — Sei o quanto ama Rebecca e sei o quanto sente falta dela. Eu jamais…— Você não me magoou, Judith. — Ele me interrompe bruscamente. — Não pense que me atingiu ao vê-la dentro daquele vestido. Ou com o fato de esforçar-se tanto para ficar igual a ela, porque você não me atingiu.— Eu não… — Penso em rebater, porém, respiro fundo e pergunto: — então, por que saiu daquele jeito?— Porque eu fiquei com raiva. — Uno as sobrancelhas.— Com raiva de mim? — Ele passa o guardanapo no canto da boca sem pressa e esvazia a sua taça em seguida.— Entenda uma coisa, e não quero outra Rebecca na minha vida. E não quero que tente copiá-la. Se eu exigisse tal coisa, seria uma grande idiotice mi
— Você cabe direitinho na descrição que acabara de fazer. É alta, bonita, esguia e… — Meus olhos percorrem pelo elegante macacão de musseline de alça única e depois pelos saltos agulha de bico fino. — Muito bem-vestida. — Concluo. Ela abre um sorriso presunçoso. — No entanto, foi essa garota simples que está bem na sua frente que ele escolheu para se tornar a nova Duquesa de Birmingham. — Seu sorriso se desfaz.— E ainda é grossa. — Ela ralha com desdém.— É, talvez eu seja mesmo uma grossa. Mas foi você quem entrou nesse terraço sem ser convidada. E foi você quem deu a sua opinião, quando ninguém a pediu. Onde está a minha grosseria nisso tudo? — Sua face se endurece.— Eu… — Ela gagueja.— Saia daqui! — ordeno com frieza, lançando lhe um olhar rude. Ela revira os olhos, porém, faz uma reverência desdenhosa e me dá as costas, saindo em seguida. Cansada desse curto confronto, me sento na cadeira e esvazio a minha taça. Torno a enchê-la e a esvazio outra vez, soltando uma respiração pro
JudithA quietude do prédio me lança dentro de um passado de medo e de dor. As crianças do orfanato podem ser cruéis quando querem. Pensar nisso me faz lembrar da primeira vez que fui propositalmente esquecida dentro de um porão escuro. O medo de ficar sozinha se agigantou roubando o meu ar e o pânico sufocava a minha garganta como se tivesse dedos para apertá-la. As sombras dos galhos das árvores que invadiam a janela davam asas a minha imaginação fértil, dando vida para monstros que pareciam querer me devorar.Sacudo a minha cabeça e dou graças pelas luzes acesas no longo corredor. Entretanto, ao aproximar-me do elevador, olho para o relógio no meu pulso.— Merda, Thomas já deve estar apavorado com a minha ausência — resmungo. As portas se abrem, as luzes se apagam e eu grito no mesmo instante que uma lanterna de um celular se acende. E nervosa, dou um passo para trás.— Judith? — A voz de Thomas me acalma e a minha vontade é de correr para a segurança dos seus braços, porém, não faç