Judith— Me desculpe se o magoei! — digo de repente no meio da refeição.— Quando você me magoou? — Thomas questiona e logo após ele leva uma porção da sua comida a boca. — O vestido. Thomas, eu não fazia ideia. — Então os seus olhos se erguem para os meus. Seu rosto se endurece e ele larga o talhe com calma. — Sei o quanto ama Rebecca e sei o quanto sente falta dela. Eu jamais…— Você não me magoou, Judith. — Ele me interrompe bruscamente. — Não pense que me atingiu ao vê-la dentro daquele vestido. Ou com o fato de esforçar-se tanto para ficar igual a ela, porque você não me atingiu.— Eu não… — Penso em rebater, porém, respiro fundo e pergunto: — então, por que saiu daquele jeito?— Porque eu fiquei com raiva. — Uno as sobrancelhas.— Com raiva de mim? — Ele passa o guardanapo no canto da boca sem pressa e esvazia a sua taça em seguida.— Entenda uma coisa, e não quero outra Rebecca na minha vida. E não quero que tente copiá-la. Se eu exigisse tal coisa, seria uma grande idiotice mi
— Você cabe direitinho na descrição que acabara de fazer. É alta, bonita, esguia e… — Meus olhos percorrem pelo elegante macacão de musseline de alça única e depois pelos saltos agulha de bico fino. — Muito bem-vestida. — Concluo. Ela abre um sorriso presunçoso. — No entanto, foi essa garota simples que está bem na sua frente que ele escolheu para se tornar a nova Duquesa de Birmingham. — Seu sorriso se desfaz.— E ainda é grossa. — Ela ralha com desdém.— É, talvez eu seja mesmo uma grossa. Mas foi você quem entrou nesse terraço sem ser convidada. E foi você quem deu a sua opinião, quando ninguém a pediu. Onde está a minha grosseria nisso tudo? — Sua face se endurece.— Eu… — Ela gagueja.— Saia daqui! — ordeno com frieza, lançando lhe um olhar rude. Ela revira os olhos, porém, faz uma reverência desdenhosa e me dá as costas, saindo em seguida. Cansada desse curto confronto, me sento na cadeira e esvazio a minha taça. Torno a enchê-la e a esvazio outra vez, soltando uma respiração pro
JudithA quietude do prédio me lança dentro de um passado de medo e de dor. As crianças do orfanato podem ser cruéis quando querem. Pensar nisso me faz lembrar da primeira vez que fui propositalmente esquecida dentro de um porão escuro. O medo de ficar sozinha se agigantou roubando o meu ar e o pânico sufocava a minha garganta como se tivesse dedos para apertá-la. As sombras dos galhos das árvores que invadiam a janela davam asas a minha imaginação fértil, dando vida para monstros que pareciam querer me devorar.Sacudo a minha cabeça e dou graças pelas luzes acesas no longo corredor. Entretanto, ao aproximar-me do elevador, olho para o relógio no meu pulso.— Merda, Thomas já deve estar apavorado com a minha ausência — resmungo. As portas se abrem, as luzes se apagam e eu grito no mesmo instante que uma lanterna de um celular se acende. E nervosa, dou um passo para trás.— Judith? — A voz de Thomas me acalma e a minha vontade é de correr para a segurança dos seus braços, porém, não faç
Dentro da sala de visitas, o aroma parece me enfeitiçar e sou imediatamente atraída para dentro de uma cozinha compacta, onde Thomas dá o seu último toque, colocando duas taças vazias entre dois pratos. Contudo, ele para o que está fazendo e os seus olhos mergulham no meu vestido azul-capri.— Você está linda! — Essas palavras escorregam pelos seus lábios, causando-me um frenesi, que me faz prender a respiração. Sem saber o que fazer, mexo nos meus próprios dedos e dou dois passos vacilantes, encurtando ainda mais a distância entre nós.— O que você andou aprontando? — pergunto referindo-me a comida e me pergunto o que estou fazendo?— Quiche de camarão, salada caprese e vinho. Espero que goste. — Ele puxa uma cadeira e eu me acomodo. No entanto, Thomas se inclina rapidamente e aspira o meu cheiro.— O cheiro está maravilhoso — sibilo com um pouco de dificuldade. Ele serve uma porção para mim e depois para ele, servindo as taças em seguida. — Posso perguntar o porquê de tudo isso?— Po
JudithNa manhã seguinte…— Eu não vou fazer isso?! — protesto.— É claro que você vai! Você está na Inglaterra, Senhora Birmingham. E isso é um lago petrificado de gelo. Precisa apender a patinar…— Eu não preciso não! — Volto a protestar.— Eu preciso lhe informar que você não tem outra saída, esposa. — Thomas avisa de um jeito envolvente e galanteador, porém, imperativo. E apenas suspiro, entregando-me ao seu desejo porque eu sei que ele não vai desistir de me convencer a fazer essa loucura. — Agora deixe-me ajudá-la com os sapatos.Sem alternativas, me sento em uma rocha gelada e Thomas me ajuda a me livrar dos meus sapatos, para colocar os patins de gelo. E enquanto ele faz isso, fito o imenso lago congelado na nossa frente. Meu estômago chega a revirar só de pensar que logo pisarei nessa grossa camada de gelo.— Pronto. — Thomas fala, endireitando-se e logo ele segura nas minhas mãos para me pôr de pé.— Não me deixe cair, Thomas! Não me deixe cair! — resmungo em um misto de nerv
JudithA minha respiração acelera e as chamas da ansiedade desse prazer me consome.Entretanto, Thomas desacelera e isso me angustia. Seus beijos se tornam preguiçosos e se arrastam lentamente pelos meus ombros, enquanto os seus dedos abrem o feche do sutiã, largando-o em qualquer lugar. Logo a sua trilha quente e úmida começa a descer pelas minhas costas, fazendo-me arder, fervilhar por esse desejo cada vez mais insano.— Ah! — Um gemido escapa da minha boca quando os seus dedos penetram o elástico da minha calcinha e ele a puxa para baixo. A sua boca faminta deixa beijos e lambidas na minha bunda e um misto de ansiosa e agitada me preenche. — Thomas! — Praticamente suplico por mais. Seus dedos apertam as minhas carnes, enquanto a sua boca e língua fazem um estrago dentro de mim.Tão faminto, tão ávido e tão feroz.Sei que tivemos momentos completamente envolventes, mas nada tão ardente como agora.— Abre as pernas, querida! — Uma ordem sensual faz o meu coração bater enlouquecido den
ThomasTrês dias depois…— E então, como foi o final de semana? — Josephine pergunta enquanto aguardamos Lydia e Judith descer a escadaria.A verdade, é que desde que voltamos para a nossa vida real, tenho protelado ficar sozinho com a minha irmã e falar-lhe sobre os meus sentimentos. Apesar de ainda ser muito jovem, Josephine tem uma visão clara e adulta de como fazer as coisas. Sem falar nessa mania de que ela tem de perceber as minhas angústias e frustrações, mesmo eu tentando escondê-las a todo custo. Como na noite que levei a minha esposa para jantar com o intuito de agradá-la. Contudo, o meu comportamento rude pôs tudo a perder. Não importava o que eu fizesse, Judith sempre extraia o pior de mim.— Foi… apaixonante — confesso tentando não me aprofundar nessa conversa. Ela sorrir.— O que mais?Rol
Thomas— Eu disse que ela gosta de você, Duque. Só não sabe disso ainda. Se você se declarar, ela vai fugir dos seus sentimentos.— Então, o que sugere, Baronesa?— Sugiro que espere no tempo dela. Deixe que ela se declare primeiro, Thomas. Deixe que ela perceba o que sente por você. Com certeza ela vai ficar apavorada no começo, mas já será tarde demais para renunciá-lo.Respiro fundo.— E se ela nunca se declarar? E se ela estiver esperando que eu dê o primeiro passo?— Mas você já deu o primeiro passo quando a levou para um final de semana incrível no chalé.— Incrível?— São as palavras que ela usou para descrever os momentos que viveu no chalé.Não seguro um sorriso esperançoso e no ato, olho para ela no exato momento da sua entrada ao lado d