ThomasEu preciso pensar em algo que a deixe ainda mais envolvida. Algo que a faça se entregar plenamente para mim. Levá-la ao cansaço para tê-la do meu lado na cama todas as noites não vai funcionar por muito tempo.Meu telefone começa a vibrar e eu sou obrigado a sair da cama. Portanto, visto um short que está largado em cima de uma poltrona e atendo a ligação no corredor.— François, aconteceu alguma coisa?— Preciso que venha a empresa com urgência. Temos um problema com a exportação de alguns produtos.— Agora?Bufo mentalmente, olhando para a minha esposa esparramada em cima do meu colchão.— Sua graça, sei que está adorando dormir ao lado da sua linda e jovem esposa, mas você tem obrigações. — O seu tom humorístico não esconde o seu sarcasmo.— Estarei aí em alguns minutos. — Encerro a ligação e retorno para o cômodo. Contudo, paro para admirá-la mais um pouco e vou direto para o banheiro.Tomo um banho rápido e após me secar, saio do banheiro. Entretanto, não encontro a minha
Judith Mãos hábeis e quentes. Hálito suave e morno. Corpo forte e ardente. Uh! Como vou trabalhar com esses pensamentos preenchendo a minha mente o tempo todo? Resmungo mentalmente, fitando o manuscrito volumoso bem na minha frente. Manuscrito esse que eu já deveria ter lido pelo menos a metade. … Você gosta quando eu faço assim? O delírio me entorpece quando me lembro do seu toque íntimo demais. E o meu coração acelera ao perceber que estou sentindo as mesmas sensações que ele me infligiu durante a madrugada. — Que merda, Judy! Se concentre no seu trabalho! — retruco áspera e abro o manuscrito. “Ele segurou-a firme nos seus braços e tomou-a em um beijo tão envolvente, quase profano, arrancando-lhe alguns gemidos…” Fecho imediatamente o livro e me levanto exasperada da cadeira, para aproximar-me de uma parede de vidro. E ao contemplar a linda cidade, puxo a respiração algumas vezes. — O que você está fazendo comigo, Senhor Duque? — ralho baixinho e levemente ofegante, d
Judith— Somos recém-casados. Um Duque muito visado almoçando sozinho vai dar motivos para falatórios. — Seu rosto se inclina um pouco mais na direção do meu e eu sinto o meu ar faltar outra vez.— Tudo bem — concordo.— Ótimo! — Ele finalmente se afasta. O ar volta a preencher os meus pulmões. Só então vejo alguns funcionários se matando para nos ver.Ah claro, o público!— Eu vou… pegar a minha bolsa.***— Espero que goste de massa italiana. — Thomas fala quando surpreendemente ele abre a porta do carona para mim. E surpresa, me acomodo no banco. Os meus olhos o acompanham enquanto se dirige para a porta do motorista.— O que houve com o Alfred? — inquiro assim que ele liga o motor.— Dei-lhe folga.— Ah! — Ele me olha rapidamente e o veículo ganha movimento.— Na verdade, eu queria ficar sozinho com você.Não é motivo para o meu coração mudar o seu ritmo, certo? Quer dizer, é só um almoço com encenação de um casal feliz para o público.— Eu amo massas! — respondo-o enfim.— La Nost
Judith— Me desculpe se o magoei! — digo de repente no meio da refeição.— Quando você me magoou? — Thomas questiona e logo após ele leva uma porção da sua comida a boca. — O vestido. Thomas, eu não fazia ideia. — Então os seus olhos se erguem para os meus. Seu rosto se endurece e ele larga o talhe com calma. — Sei o quanto ama Rebecca e sei o quanto sente falta dela. Eu jamais…— Você não me magoou, Judith. — Ele me interrompe bruscamente. — Não pense que me atingiu ao vê-la dentro daquele vestido. Ou com o fato de esforçar-se tanto para ficar igual a ela, porque você não me atingiu.— Eu não… — Penso em rebater, porém, respiro fundo e pergunto: — então, por que saiu daquele jeito?— Porque eu fiquei com raiva. — Uno as sobrancelhas.— Com raiva de mim? — Ele passa o guardanapo no canto da boca sem pressa e esvazia a sua taça em seguida.— Entenda uma coisa, e não quero outra Rebecca na minha vida. E não quero que tente copiá-la. Se eu exigisse tal coisa, seria uma grande idiotice mi
— Você cabe direitinho na descrição que acabara de fazer. É alta, bonita, esguia e… — Meus olhos percorrem pelo elegante macacão de musseline de alça única e depois pelos saltos agulha de bico fino. — Muito bem-vestida. — Concluo. Ela abre um sorriso presunçoso. — No entanto, foi essa garota simples que está bem na sua frente que ele escolheu para se tornar a nova Duquesa de Birmingham. — Seu sorriso se desfaz.— E ainda é grossa. — Ela ralha com desdém.— É, talvez eu seja mesmo uma grossa. Mas foi você quem entrou nesse terraço sem ser convidada. E foi você quem deu a sua opinião, quando ninguém a pediu. Onde está a minha grosseria nisso tudo? — Sua face se endurece.— Eu… — Ela gagueja.— Saia daqui! — ordeno com frieza, lançando lhe um olhar rude. Ela revira os olhos, porém, faz uma reverência desdenhosa e me dá as costas, saindo em seguida. Cansada desse curto confronto, me sento na cadeira e esvazio a minha taça. Torno a enchê-la e a esvazio outra vez, soltando uma respiração pro
JudithA quietude do prédio me lança dentro de um passado de medo e de dor. As crianças do orfanato podem ser cruéis quando querem. Pensar nisso me faz lembrar da primeira vez que fui propositalmente esquecida dentro de um porão escuro. O medo de ficar sozinha se agigantou roubando o meu ar e o pânico sufocava a minha garganta como se tivesse dedos para apertá-la. As sombras dos galhos das árvores que invadiam a janela davam asas a minha imaginação fértil, dando vida para monstros que pareciam querer me devorar.Sacudo a minha cabeça e dou graças pelas luzes acesas no longo corredor. Entretanto, ao aproximar-me do elevador, olho para o relógio no meu pulso.— Merda, Thomas já deve estar apavorado com a minha ausência — resmungo. As portas se abrem, as luzes se apagam e eu grito no mesmo instante que uma lanterna de um celular se acende. E nervosa, dou um passo para trás.— Judith? — A voz de Thomas me acalma e a minha vontade é de correr para a segurança dos seus braços, porém, não faç
Dentro da sala de visitas, o aroma parece me enfeitiçar e sou imediatamente atraída para dentro de uma cozinha compacta, onde Thomas dá o seu último toque, colocando duas taças vazias entre dois pratos. Contudo, ele para o que está fazendo e os seus olhos mergulham no meu vestido azul-capri.— Você está linda! — Essas palavras escorregam pelos seus lábios, causando-me um frenesi, que me faz prender a respiração. Sem saber o que fazer, mexo nos meus próprios dedos e dou dois passos vacilantes, encurtando ainda mais a distância entre nós.— O que você andou aprontando? — pergunto referindo-me a comida e me pergunto o que estou fazendo?— Quiche de camarão, salada caprese e vinho. Espero que goste. — Ele puxa uma cadeira e eu me acomodo. No entanto, Thomas se inclina rapidamente e aspira o meu cheiro.— O cheiro está maravilhoso — sibilo com um pouco de dificuldade. Ele serve uma porção para mim e depois para ele, servindo as taças em seguida. — Posso perguntar o porquê de tudo isso?— Po
JudithNa manhã seguinte…— Eu não vou fazer isso?! — protesto.— É claro que você vai! Você está na Inglaterra, Senhora Birmingham. E isso é um lago petrificado de gelo. Precisa apender a patinar…— Eu não preciso não! — Volto a protestar.— Eu preciso lhe informar que você não tem outra saída, esposa. — Thomas avisa de um jeito envolvente e galanteador, porém, imperativo. E apenas suspiro, entregando-me ao seu desejo porque eu sei que ele não vai desistir de me convencer a fazer essa loucura. — Agora deixe-me ajudá-la com os sapatos.Sem alternativas, me sento em uma rocha gelada e Thomas me ajuda a me livrar dos meus sapatos, para colocar os patins de gelo. E enquanto ele faz isso, fito o imenso lago congelado na nossa frente. Meu estômago chega a revirar só de pensar que logo pisarei nessa grossa camada de gelo.— Pronto. — Thomas fala, endireitando-se e logo ele segura nas minhas mãos para me pôr de pé.— Não me deixe cair, Thomas! Não me deixe cair! — resmungo em um misto de nerv