Judith
…
— Sinta o aroma, filha.
Uma voz tenra preenche os meus ouvidos e logo a minha imagem surge, fechando os meus olhos quando uma delicada borda de vidro transparente se encosta próximo das minhas narinas e aspiro o cheiro adocicado da bebida. Logo o meu cérebro define os seus ingredientes, separando-os em suas devidas quantidades.
…
— Senhorita Evans? — Desperto do meu sonho acordado e me dou conta de que parei no tempo.
— Ah, o que?
— O vinho? — Thomas aponta para a carta nas minhas mãos.
— Ah, é… eu escolho um… White Foot Spur.
— Certo, Senhori… — Magdalena para de falar quando o Duque faz um gesto de mão e o seu olhar perspicaz me acara duramente.
— Por quê?
— Ah, ele é… fresco e frutado, apropriado para acomp
Thomas— Bom dia, sua graça! — Flora diz assim que desço o último degrau da escadaria, alcançando a ampla sala de estar.— Bom dia, Flora! E as minhas irmãs?— Elas estão aguardando para o dejejum em sua companhia, sua graça.— Ótimo! — ralho, me dirigido imediatamente para a sala onde fazemos as refeições, encontrando as cinco garotas amontoadas sobre uma página de um jornal. Pigarreio um tanto para chamar a atenção delas para mim. — O que estão fazendo? — inquiro, me acomodando a mesa. Contudo, recebo sorrisos estravagantes e olhares especuladores como resposta.— Qual é o nome dela? — Josephine indaga, lançando-me um par de olhos brilhantes-radiantes.— O nome de quem? — Sirvo-me uma xícara de café com fingido descaso. Contudo, ela erg
ThomasPortanto, com meu jeito prepotente de ser abro a porta e fito rigidamente a linda mulher usando um vestido simples, porém, elegante e com um cumprimento um pouco acima dos seus joelhos. Os saltos altos lhe dão alguns centímetros a mais e devo admitir que Judith Evans tem uma elegância ímpar também. Nossos olhos se encontram e é como se eles me desafiassem, exigindo de mim algo que não posso lhe dar. No entanto, me mexo do meu lugar e faço o meu teatro valer a pena.— Senhorita Evans! — A cumprimento, deixando um beijo cálido nas costas de sua mão.— Sua graça!Eu sei que exigi isso, mas não essa noite, Senhorita Evans.— Me chame apenas de Thomas — peço diretamente, mas Judith me lança um olhar confuso. — Em breve você se tornará a minha noiva e essa noite estaremos na companhia das
JudithNo dia seguinte…— E então, como o foi o jantar na casa dos Birmingham? — Ellen pergunta assim que me acomodo em uma cadeira da pequena mesa no jardim da sua casa. Em resposta, solto um suspiro baixo, enquanto me sirvo de uma xícara de chá.— Foi tão perfeito, Ellen! — sibilo meio sonhadora, abrindo um meio sorriso pequeno, porém, feliz nos meus lábios.— E as irmãs dele, como são? — Meu sorriso parece se ampliar para essa indagação.— Elas são uns amores — sussurro, mas não ponho emoção nas minhas palavras. — E bem curiosas. E empolgadas também.— Se foi um jantar tão perfeito e se elas são uns amores, por que esse desânimo então? — Deslizo a ponta da língua pelo meu lábio inferior, dissipando a
Judith— Ah, Senhor Hill, não precisava! — sibilo, segurando uma taça que ele me estende. Contudo, Collin me lança um par de olhos especuladores.— Você está bem?— Ah, eu estou. — Tento pôr um pouco de alegria em minhas palavras.— Você parece um pouco preocupada. Está tudo bem mesmo?— Sim. Ah, deve essa tensão de me tornar a sua vice-presidente, Barão de Luxemburgo. — Forço um sorriso. Contudo, Collin continua me avaliando.— É, deve ser isso. — O alívio percorre o meu corpo. — Então, um brinde a minha mais nova sócia! — Ele sugere, erguendo a sua taça no ar.Respiro fundo.— Eu não entendo por que você está fazendo isso por mim, Senhor Hill — contesto e é verdade. Eu não tenho capital para ser v
Thomas— Que tal essas flores, sua graça?— Eu pensei em tules e copos-de-leite para a decoração da igreja e para o buquê.— Precisamos da lista de convidados para o casamento, sua graça.— A rainha garantiu a sua presença, sua graça. Podemos elaborar um lugar especial para vossa majestade…Judith tinha toda razão. Muitas coisas para decidir em tão pouco tempo. E o pior é ter que olhar para todas essas pessoas me enchendo de perguntas a cada segundo com os detalhes de coisas que eu não consigo dominar. Estou sufocando no meio de tantas mulheres especulativas, falando de tudo o tempo todo, sempre exigindo alguma resposta de mim.— A futura Duquesa não vai participar das escolhas dos detalhes do casamento? — Essa pergunta me faz despertar e encarar os olhares especulativos vidrados em cima de mim. Balbucio sem
Thomas— Você está linda, Judith! — sibilo, sem conseguir desviar os meus olhos do rosto oval perfeitamente maquiado.— Obrigada! — Sua voz está tremular um pouco e me pergunto o porquê. — Me desculpe, é que… uh! Eu não estava preparada para esse momento. Quer dizer, eu tinha dois dias para me preparar, mas…— Só relaxe, Judith — peço docemente. — Você vai perceber que não para tanto quando a conhecer. A rainha é uma pessoa encantadora. E se você não souber o que dizer para ela, apenas sorria. — Ela bufa, parece contrariada com as minhas palavras.— Eu não uma boneca de porcelana para ser exibida, senhor Birmingham! Seria ridículo da minha parte ser recebida pela rainha da Inglaterra e não lhe dizer uma palavra sequer! — Abro a porta do carro para ela se acomodar no banc
Judith… Judith Evans, apesar de nos conhecermos tão pouco seu sei, eu sempre soube que nascemos um para o outro. Querida, você aceita se casar comigo?— Ah!Acordo em um sobressalto, puxando o ar com forço e sentindo a minha garganta seca. Imediatamente salto para fora da cama e saio do quarto em busca de água. Definitivamente estamos cometendo a maior loucura das nossas vidas. Penso quando abro a geladeira e pego uma garrafinha dentro dela. Contudo, ao abri-la, meus olhos param em cima do anel de diamante no meu anelar.… Sim!Esse som preenche os meus ouvidos e me dou conta de que não foi um sonho.— Eu estou noiva!Dizer isso em voz alta me apavora e me esqueço da água imediatamente, para andar de um lado para o outro. A visão de Thomas ajoelhado diante de mim e do seu sorriso se abrindo quando ouviu a afirmação sair da
Judith— Que espécie de pergunta é essa?— Collin, por favor!— Ok! — Ele ergue as mãos em redenção. — Conheço o Thomas desde pequeno. Estudamos juntas e brincamos muitas vezes. A meu ver, ele era um garoto ingênuo e…— Eu gostaria de saber sobre o Thomas adulto.— Eu posso afirmar que Thomas é uma pessoa maravilhosa e que ele jamais machucaria alguém…— Nem mesmo a sua esposa?Novamente ele une as sobrancelhas.— Não vai me dizer o que está acontecendo?— Ah… — balbucio. — Não é nada.— Nada?— Quer dizer… eu disse sim e… ficamos noivos…— Noivos? Meu Deus, quando ia me contar isso? — Seu olhar escrutínio corre para a minha mão direita.— Collin, eu