Judith
No dia seguinte…
— E então, como o foi o jantar na casa dos Birmingham? — Ellen pergunta assim que me acomodo em uma cadeira da pequena mesa no jardim da sua casa. Em resposta, solto um suspiro baixo, enquanto me sirvo de uma xícara de chá.
— Foi tão perfeito, Ellen! — sibilo meio sonhadora, abrindo um meio sorriso pequeno, porém, feliz nos meus lábios.
— E as irmãs dele, como são? — Meu sorriso parece se ampliar para essa indagação.
— Elas são uns amores — sussurro, mas não ponho emoção nas minhas palavras. — E bem curiosas. E empolgadas também.
— Se foi um jantar tão perfeito e se elas são uns amores, por que esse desânimo então? — Deslizo a ponta da língua pelo meu lábio inferior, dissipando a
Judith— Ah, Senhor Hill, não precisava! — sibilo, segurando uma taça que ele me estende. Contudo, Collin me lança um par de olhos especuladores.— Você está bem?— Ah, eu estou. — Tento pôr um pouco de alegria em minhas palavras.— Você parece um pouco preocupada. Está tudo bem mesmo?— Sim. Ah, deve essa tensão de me tornar a sua vice-presidente, Barão de Luxemburgo. — Forço um sorriso. Contudo, Collin continua me avaliando.— É, deve ser isso. — O alívio percorre o meu corpo. — Então, um brinde a minha mais nova sócia! — Ele sugere, erguendo a sua taça no ar.Respiro fundo.— Eu não entendo por que você está fazendo isso por mim, Senhor Hill — contesto e é verdade. Eu não tenho capital para ser v
Thomas— Que tal essas flores, sua graça?— Eu pensei em tules e copos-de-leite para a decoração da igreja e para o buquê.— Precisamos da lista de convidados para o casamento, sua graça.— A rainha garantiu a sua presença, sua graça. Podemos elaborar um lugar especial para vossa majestade…Judith tinha toda razão. Muitas coisas para decidir em tão pouco tempo. E o pior é ter que olhar para todas essas pessoas me enchendo de perguntas a cada segundo com os detalhes de coisas que eu não consigo dominar. Estou sufocando no meio de tantas mulheres especulativas, falando de tudo o tempo todo, sempre exigindo alguma resposta de mim.— A futura Duquesa não vai participar das escolhas dos detalhes do casamento? — Essa pergunta me faz despertar e encarar os olhares especulativos vidrados em cima de mim. Balbucio sem
Thomas— Você está linda, Judith! — sibilo, sem conseguir desviar os meus olhos do rosto oval perfeitamente maquiado.— Obrigada! — Sua voz está tremular um pouco e me pergunto o porquê. — Me desculpe, é que… uh! Eu não estava preparada para esse momento. Quer dizer, eu tinha dois dias para me preparar, mas…— Só relaxe, Judith — peço docemente. — Você vai perceber que não para tanto quando a conhecer. A rainha é uma pessoa encantadora. E se você não souber o que dizer para ela, apenas sorria. — Ela bufa, parece contrariada com as minhas palavras.— Eu não uma boneca de porcelana para ser exibida, senhor Birmingham! Seria ridículo da minha parte ser recebida pela rainha da Inglaterra e não lhe dizer uma palavra sequer! — Abro a porta do carro para ela se acomodar no banc
Judith… Judith Evans, apesar de nos conhecermos tão pouco seu sei, eu sempre soube que nascemos um para o outro. Querida, você aceita se casar comigo?— Ah!Acordo em um sobressalto, puxando o ar com forço e sentindo a minha garganta seca. Imediatamente salto para fora da cama e saio do quarto em busca de água. Definitivamente estamos cometendo a maior loucura das nossas vidas. Penso quando abro a geladeira e pego uma garrafinha dentro dela. Contudo, ao abri-la, meus olhos param em cima do anel de diamante no meu anelar.… Sim!Esse som preenche os meus ouvidos e me dou conta de que não foi um sonho.— Eu estou noiva!Dizer isso em voz alta me apavora e me esqueço da água imediatamente, para andar de um lado para o outro. A visão de Thomas ajoelhado diante de mim e do seu sorriso se abrindo quando ouviu a afirmação sair da
Judith— Que espécie de pergunta é essa?— Collin, por favor!— Ok! — Ele ergue as mãos em redenção. — Conheço o Thomas desde pequeno. Estudamos juntas e brincamos muitas vezes. A meu ver, ele era um garoto ingênuo e…— Eu gostaria de saber sobre o Thomas adulto.— Eu posso afirmar que Thomas é uma pessoa maravilhosa e que ele jamais machucaria alguém…— Nem mesmo a sua esposa?Novamente ele une as sobrancelhas.— Não vai me dizer o que está acontecendo?— Ah… — balbucio. — Não é nada.— Nada?— Quer dizer… eu disse sim e… ficamos noivos…— Noivos? Meu Deus, quando ia me contar isso? — Seu olhar escrutínio corre para a minha mão direita.— Collin, eu
Thomas— Deixe-me ajeitar a sua gravata, sua graça. — Collin fala com seu habitual tom firme, se aproximando de mim e logo as suas mãos estão manuseando a gravata ao redor do meu pescoço. — Posso te perguntar uma coisa? — inquire enquanto faz o seu trabalho minucioso.— É claro — falo, mexendo na lapela do meu terno de luxo.— Por que tanta pressa?— O que?— Esse casamento apressado, Thomas. Por que quer levar a Judy ao altar do dia para a noite?— É Judith e não Judy! — O repreendo um tanto irritado. — E logo ela se tornará a Duquesa de Birmingham, então cuidado como vai tratá-la de hoje em diante.Collin ignora a minha rabugice e continua ajeitando o nó.— Conversou com ela?— Sobre?— Está falando sério, Thomas?— A Jud
Thomas— Thomas? — A voz baixa de Judith me desperta e eu tenho a real clareza do seu rosto. Portanto, inclino a minha cabeça na sua direção sem desviar os meus olhos dos seus e deixo um beijo casto em sua testa.— Eu vos declaro marido e mulher!Está feito! Penso quando seguro na sua mão para sairmos da catedral, recebendo uma chuva de arroz dos esfuziante e alegrias convidados, recebendo as congratulações de cada um deles.— E agora? — Judith pergunta enquanto dançamos uma valsa sob os olhares curiosos ao redor do grande salão da recepção de casamento.— Vamos para a lua de mel, Duquesa — digo o óbvio.— Lua… de mel? — Ela gagueja.— Relaxe, Judith, eu tenho tudo sobre controle — falo à medida que nos embalamos. — Iremos para o sul da ilha onde mantenho uma
Thomas… Você não vai comer?… Não.… Por quê?… Preciso trabalhar, Judith.A verdade, é que eu estava contando os minutos para me trancafiar em um único lugar dessa casa e de abafar todos os sons que estão me assombrando desde que pus os meus pés aqui nesse lugar. Judith não pode me ver vulnerável. Ela pode sentir a minha fraqueza e se tornar mais forte do que eu. Portanto, o ideal é manter-me distante dela e tudo durante o tempo que ficarmos aqui. Entretanto, ao passar pela porta do meu escritório os meus sentidos parecem fugir do meu controle. A porta se fecha como um eco sombrio atrás de mim, enquanto os meus pulmões são esmagados pelo meu pânico e eu luto para respirar. Um suor gelado começa a encharcar a minha camisa e por mais que eu puxe o ar ele não vem.