E apesar da raiva, de tudo o que foi obrigado a sentir calado, do ódio que sentia por alguém ser capaz de usar uma criança como vingança.Ainda assim, Ivan parou. Não era um homem comum e todos ali sabiam disso. Era uma lenda.Fera! O empresário que enfrentou o Deus da morte por amor e venceu. Sua fama não era conhecida apenas no Brasil, onde travou suas batalhas, o primeiro capo da máfia a se aposentar vivo também tinha deixado a sua marca ali e talvez isso fosse o que mais o incomodava. Havia ajudado Paolo a organizar o seu clã, desenhou todo modelo de negócio, fez com que o líder da Camorra fosse um dos primeiros narcotraficantes a ser reconhecido como Empresário do crime. Paolo Di Lauro era só um iniciante no mundo do narcotráfico quando em uma reunião conheceu O Fera. Na época, Ivan liderava com mãos de ferro e tinha ao seu lado um subchefe respeitado ao ponto de abrir todas as portas que Ivan desejasse e as chaves do submundo, apesar de serem feitas de ouro, podem ser fatai
Endi dificilmente deixava pontas soltas, e com Paolo não foi diferente, mandou Ivan como um negociador e não como executor, apesar disso sabia que o pai acabaria seguindo o amigo.— Você vai buscar o menino, ele está num casebre em Delhi com uma senhora. Já falei com ela e não terá problemas. Meu padrinho vai para a Itália, ele e Paolo são aliados e talvez isso ajude a fazê-lo falar.Sombra não soube o que o filho queria até começar a investigar e quando encontrou a ligação, descobriu que Endi sabia de muito mais do que tinha falado para ele. Isso incluía testes de DNA, não apenas de Olívia, mas também dos quatro filhos que Paolo acreditava ter.Agora olhando para o líder do clã Di Lauro ele sentiu uma leve pontada de prazer.— Olívia não é sua filha, você não poderia ser pai da ratinha. Ela é uma boa menina, tão boa que mesmo a um passo de matar o homem que a fez mal, ela escolheu só ir embora assim que descobriu que o namorado estava vivo.Paolo deu risada, acreditava que nenhum hom
Júlia olhou para a situação por alguns instantes, não mais do que um segundo até pedir que Kyara a ajudasse.— Pega gelo pra mim na cozinha.Assim que a garota se afastou Júlia pegou Zuri no colo e a levou para o quarto do filho. Arjun ficou parado ainda assustado, mas segurou a mão de Júlia quando ela estendeu. Trancou a porta do quarto e mandou uma mensagem para Killer, ela era a responsável pela segurança de Zuri e Olívia, seguiu as regras.Não podia colocar as crianças em risco e não confiava em Kyara, tinha observado algumas coisas estranhas, só não quis acreditar. Depois da conversa que teve com Sara, passou a ter certeza de que aquela menina talvez não fosse tão ingênua quanto parecia.— Mãe?Théo não gostava de pessoas em seu quarto, muito menos fazendo todo aquele barulho, estava jogando e preferia continuar assim.— Théo você está bem?— Sim— Consegue cuidar da Zuri e do Arjun para mim?— SimQuando Théo estava nervoso as perguntas precisavam ser objetivas, ele não consegui
Olívia não acordou nem mesmo com o barulho da campainha, não estava apenas dormindo, também estava sonhando, como se a mente tivesse dado a ela o prazer de continuar presa na delícia do que sentiu com Nick.Dormiu pensando no que sentia e sonhou com o que experimentou.Já o namorado descobriu que coisas simples podiam ser particularmente difíceis, fechar a calça, por exemplo.Tentou de todas as formas acomodar o membro dentro da roupa até que desistiu e pegou uma calça de moletom. Abriu a porta certo de que seria um dos homens do condomínio, mas deu de cara com uma soldado.— OiNão conseguiu articular as palavras, ficou surpreso, mas principalmente com vergonha.Killer ficou vermelha e desceu os olhos pelo peito masculino até alcançar o volume aparente na roupa.A mulher temida por muitos, também era uma menina, não tinha experiência nenhuma com os homens, simplesmente não gostava deles.Ao menos não da companhia, mas já tinha pensado sobre sexo algumas vezes e em todas era forte, go
Nick deixou Killer para trás os passos largos do rapaz a obrigaram a correr para alcançar o pai de Zuri, percebeu que ele continuava sendo a mesma pessoa de sempre, quieto e arrogante demais para que qualquer mulher conseguisse se interessar por ele.A única pessoa que Nick parecia enxergar era Olívia, os olhos dele brilharam no instante em que a menina surgiu, como se algo nele se completasse, como se a presença da namorada o fizesse vestir uma máscara extremamente atraente. Odiou ainda mais os homens, internamente o xingou.- falso, hipócrita!O alcançou alguns metros a frente, ofegante, ainda assim tentou alertar o filho de Ivan, ali as regras eram para todos. O capo não separava as pessoas por postos como no passado, nem protegia os seus, ao contrário, até mesmo o pai do capo, apesar de ser um senhor era direcionado para missões e punido quando algo fugia as regras.Todos sabiam disso e todos concordavam, se sentiam finalmente em uma organização onde a justiça ditava as regras.—
Olivia não estava preocupada em manter a noção, nem parecer serena e muito menos em respeitar a casa de Kyara. Aquela mulher tinha tocado em algo inegociável, o amor que sentia por Zuri. Algumas vezes, na época em que ainda achava que Nick estava morto, ela olhou para Zuri e o pensamento a traiu. Se perguntava como teria sido o destino se nunca tivesse pulado a janela para ir procurar por Zuri, se tivesse ficado naquele quarto de hotel em Zanzibar abraçada ao homem que amava. Pensou, a dor a fez olhar para Zuri e se culpar por ter priorizado a filha ao invés de Nick, mas segundos depois, quando via o olhar curioso de Zuri, ela tinha certeza de que nada poderia ser mais valioso ou mais puro do que o amor que recebia de graça da filha. E foi exatamente nisso que pensou quando invadiu o quarto de Kyara.Alguém incapaz de ver a pureza de uma criança não merecia estar vivo!— Você não tem ideia do quanto eu tô me segurando pra não enfiar a mão na sua cara sua víbora desgraçada. Como vo
Olivia se assustou, parou por alguns segundos e foi o bastante para que Kyara reagisse outra vez. As duas rolavam no chão como dois animais selvagens, para alguém de fora seria difícil saber quem era quem, mas Nick reconheceria a namorada em qualquer lugar do mundo. O rapaz estava segurando o pai de Kyara com mão espalmada no peito do senhor. Quando o homem tentou intervir, Nick o empurrou com o braço como se quisesse tirar algum incômodo da sua frente. Só quis impedir que o homem se aproximasse de Olivia, não usou força, ao menos não sentiu que havia usado. Apesar disso, o senhor começou a esfregar o peito e procurar pelo ar como alguém que tinha acabado de ser salvo de um afogamento.Afrouxou o aperto, mas ainda manteve o corpo do homem preso ao batente, não permitiria que Olivia se ferisse, não mais, não outra vez!Nick olhou para o rosto vermelho de Oliva focou nas coisas que diziam uma a outra.— Não vai encostar nos meus filhos, entendeu? A frase se intercalava com ameaças c
Olívia não perdeu tempo. Ignorou a histeria e o nariz sangrando de Kyara. Falou com o namorado como se desse uma ordem:— Nick, me ajuda! Ele não tá respirando!O rapaz ficou paralisado. Não sabia como ajudar, nem sequer tinha percebido quando o pai de Kyara perdeu os sentidos. Estava hipnotizado pela namorada. Enquanto ela defendia Zuri, ele viveu todos os sentimentos possíveis. Primeiro, um orgulho imenso de ter ao seu lado uma mulher que, mesmo depois de tudo o que viveu, era incansável para proteger os seus. Depois, quando lembrou da gestação, teve medo de que ela perdesse o bebê. Estranhamente, logo em seguida, pensou que isso poderia acontecer — que, se Deus olhasse para eles, Olívia nem precisaria saber. Por último, ele apenas não queria que ela se ferisse.Nick segurou o pai de Kyara apenas porque não permitiria que mais ninguém machucasse Olívia. Nunca quis matar aquele homem. Ao contrário, até gostava dele.Seus olhos estavam presos no rosto pálido e imóvel do homem. Mas não