Olivia não estava preocupada em manter a noção, nem parecer serena e muito menos em respeitar a casa de Kyara. Aquela mulher tinha tocado em algo inegociável, o amor que sentia por Zuri. Algumas vezes, na época em que ainda achava que Nick estava morto, ela olhou para Zuri e o pensamento a traiu. Se perguntava como teria sido o destino se nunca tivesse pulado a janela para ir procurar por Zuri, se tivesse ficado naquele quarto de hotel em Zanzibar abraçada ao homem que amava. Pensou, a dor a fez olhar para Zuri e se culpar por ter priorizado a filha ao invés de Nick, mas segundos depois, quando via o olhar curioso de Zuri, ela tinha certeza de que nada poderia ser mais valioso ou mais puro do que o amor que recebia de graça da filha. E foi exatamente nisso que pensou quando invadiu o quarto de Kyara.Alguém incapaz de ver a pureza de uma criança não merecia estar vivo!— Você não tem ideia do quanto eu tô me segurando pra não enfiar a mão na sua cara sua víbora desgraçada. Como vo
Olivia se assustou, parou por alguns segundos e foi o bastante para que Kyara reagisse outra vez. As duas rolavam no chão como dois animais selvagens, para alguém de fora seria difícil saber quem era quem, mas Nick reconheceria a namorada em qualquer lugar do mundo. O rapaz estava segurando o pai de Kyara com mão espalmada no peito do senhor. Quando o homem tentou intervir, Nick o empurrou com o braço como se quisesse tirar algum incômodo da sua frente. Só quis impedir que o homem se aproximasse de Olivia, não usou força, ao menos não sentiu que havia usado. Apesar disso, o senhor começou a esfregar o peito e procurar pelo ar como alguém que tinha acabado de ser salvo de um afogamento.Afrouxou o aperto, mas ainda manteve o corpo do homem preso ao batente, não permitiria que Olivia se ferisse, não mais, não outra vez!Nick olhou para o rosto vermelho de Oliva focou nas coisas que diziam uma a outra.— Não vai encostar nos meus filhos, entendeu? A frase se intercalava com ameaças c
Olívia não perdeu tempo. Ignorou a histeria e o nariz sangrando de Kyara. Falou com o namorado como se desse uma ordem:— Nick, me ajuda! Ele não tá respirando!O rapaz ficou paralisado. Não sabia como ajudar, nem sequer tinha percebido quando o pai de Kyara perdeu os sentidos. Estava hipnotizado pela namorada. Enquanto ela defendia Zuri, ele viveu todos os sentimentos possíveis. Primeiro, um orgulho imenso de ter ao seu lado uma mulher que, mesmo depois de tudo o que viveu, era incansável para proteger os seus. Depois, quando lembrou da gestação, teve medo de que ela perdesse o bebê. Estranhamente, logo em seguida, pensou que isso poderia acontecer — que, se Deus olhasse para eles, Olívia nem precisaria saber. Por último, ele apenas não queria que ela se ferisse.Nick segurou o pai de Kyara apenas porque não permitiria que mais ninguém machucasse Olívia. Nunca quis matar aquele homem. Ao contrário, até gostava dele.Seus olhos estavam presos no rosto pálido e imóvel do homem. Mas não
Nem todas as pessoas lidam com a dor da mesma forma, Olívia enfrentou o sofrimento com o coração, Kyara optou por responder fogo com fogo.Foi rejeitada pela mãe desde o instante em que nasceu, uma criança com deficiência nunca é bem recebida na máfia e para piorar ainda mais, Kyara nasceu menina.Quando fechou a porta do quarto deixando o pai para fora, ela se lembrou de todas às vezes em que aconteceu a mesma coisa com ela. Era só uma criança em uma cadeira de rodas, precisava fazer um esforço enorme para chegar até o quarto dos pais e quando finalmente conseguia, Ana levantava da cama e batia a porta.O homem que agora estava lá fora batendo e pedindo para entrar quase sempre assistia o que a esposa fazia. Muitas vezes os dois estavam juntos na cama.— SAI DAQUI!Gritou com ódio, mesmo que não ele nunca tivesse feito nada, ainda que as mãos dele não fossem culpadas, ele assistiu, não só quando a mãe esfregava o seu rosto no assento da privada, mas também agora enquanto Olívia a hum
Luzes! Há quem diga que as luzes mostram o caminho, no último ano Nick tinha visto muitas, coloridas, brilhantes, desfocadas. A vida noturna esconde beleza e dor, para Nickolas Bianchi nenhuma daquelas luzes o levou para onde queria estar.O abraço doce e delicado da menina que ele carinhosamente chamava de Ratinha.Estava mais uma vez em uma casa noturna, olhou em volta e em seguida para o copo de whisky a sua frente.— Almas perdidas, todas almas sem rumo, assim como eu.Pensou enquanto retirava o último cigarro do maço, acionou o isqueiro, olhou por alguns instantes para a chama e acendeu a brasa dando um trago forte.A dor que trazia no peito o dilacerava a cada dia, uma dor com nome de mulher, rosto de menina e a voz mais doce que já tinha ouvido.Na antiga capital indiana de Deli, há em média cem bordeis de vários andares destinados à diversão masculina. Alguns como a casa 64 eram visitados inclusive por turistas. Nick conhecia cada um deles como a palma da própria mão.Desde qu
Ele a enxergava como uma menina que estava se entregando a um homem e estava decidido a agir como um. Esperaria até que ela estivesse pronta para se tornar mulher em seus braços.— Vai ser uma honra para mimUma honra que Nick não alcançou, mas ainda sonhava com o dia em que a teria de volta e pudessem simplesmente recomeçar como se o tempo não tivesse passado, porque para ele, nada, absolutamente nada tinha mudado desde o último beijo.— Quero conhecer sua mãe, dizer a ela que quero namorar a filha dela e prometer que vou cuidar de vocês duas para sempre.Decisões certas surtem efeitos contrários com pessoas erradas e foi exatamente assim que Nick viu sua paz ser roubada.Quando chegaram à casa de Helena, a mulher os observou com um interesse nada inocente para uma sogra.— Olívia! Que saudade!A mulher de pouco mais de trinta e cinco anos exclamou, fingindo entusiasmo e abraçando a filha.Viu pela janela a forma como Nick tratava Olívia. Ele abriu a porta do carro esportivo escandal
O dono da casa 64 havia comprado a garota depois de uma noite intensa, se apaixonou pelo que ela tinha a oferecer, mas em especial pela personalidade.— Como é seu nome, menina?— JaneA loira mascarada respondeu ajoelhando em frente a Omar e oferecendo o que foi apenas o início de uma noite sensacional, no entanto assim que ele tentou tirar do pescoço delicado a coleira que ela usava, Jane segurou a mão masculina e o encarou com ódio.— Não, milorde. Está aí para te lembrar, que para você sou um brinquedo emprestado. Tenho um dono.Omar não estava ali buscando conversas, então apenas aproveitou cada parte do corpo feminino, no entanto, quando já não tinha mais forças, se encontrou com um outro lado da mulher que o serviu.— Qual o seu luto, milorde?O dono do melhor núcleo de diversão masculina da Índia achava não possuir lutos, estava acostumado ao poder e a pegar absolutamente tudo o que queria, quando queria.— Gosta de conversar, Jane?— Um dia, um homem sem coração disse que a v
Já nem se lembrava quantas vezes precisou tomar antibióticos para as mais diversas doenças que adquiriu servindo aqueles homens. Nada importava, nada mesmo.— Está aqui o seu dinheiro, agora some volta para o salão e escolhe outra menina.O homem saiu satisfeito, tinha provado a joia da casa e teria dinheiro para usufruir de pelo menos outras quatro garotas, se quisesse.— Com ciúme, Visão?Jane perguntou sorrindo para Omar, não imaginava o que estava por trás daquela reação exagerada do seu benfeitor.Ela era a única que tinha um quarto no último andar, a cama de casal enfeitada, banho quente e comida fresca. O dono da atual casa em que estava trabalhando representava proteção e ela fazia questão de pagar por isso.Beijou o pescoço de Omar e colocou uma das pernas na cintura masculina.— Quer brincar com a sua Priya?Era assim que ele a chamava quando estava tomado pela lascívia.— Tem um cliente novo, vai gostar dele.— Não quero atender seus amigos, Omar. Temos um acordo.Jane se r