Embarcaram para a Índia, ninguém nem mesmo pensou em malas, ou em qualquer outra coisa, com aquela sensação, Olívia diria sim para qualquer proposta, não se lembrou da sogra até estarem no helicóptero.Nick ajudou a colocar o cinto na namorada e na filha, mas Zuri se assustou quando ele se abaixou e o chapéu caiu revelando a parte mais funda na lateral da cabeça.Nick percebeu o olhar assustado da menina, gostava daquela característica de Zuri, ela era tão transparente quanto a mãe. Ele conhecia a própria aparência, foi por isso que pediu o chapéu ao amigo, apesar disso, estava vivo.E isso significava muito!Estar vivo garantiu que ele pudesse estar naquele helicóptero indo buscar Arjun, conhecer Zuri e realizar seu maior desejo.Ter a sua ratinha de volta, poder olhar para ela, saborear seus beijos, tocar o rosto mais perfeito que ele imaginava existir e principalmente ouvir aquela voz suave que ficava decidida quando começava a explicar os filmes que ela tanto gostava.Estava ansio
Foram para o quarto em que Arjun morava assim que chegaram a Índia.Zuri estava cansada, dormiu no avião e não conseguia ficar mais do que alguns minutos com os olhinhos abertos, Olíe tentou carregar a filha, mas pareceu que os vinte quilos da filha se tornaram o dobro com ela dormindo.Não conseguiu andar mais do que alguns metros e Nick segurou a filha.— Não! Você já está sangrando.A viagem fez com que os pontos começassem a vazar, Nick também estava enjoado e com dor, mas sabia que ficaria melhor assim que encontrasse Arjun.— Estou ótimo, ratinha. E não pode negar a um pai atrasado o direito de segurar sua filha. Está sendo cruel.Pegou a garotinha que pareceu agradecer ter mais espaço, o colo de Nick era bem maior, se ajeitou escondendo o rosto no peito do pai, sorriu sem abrir os olhinhos e voltou a dormir.— Viu, ela concorda.Nick poderia ter deixado que Kwami carregasse a menina, mas se lembrou da reação da filha no helicóptero, sentiu que seria como trair a confiança de Zu
Olívia ficou ao lado de Nick por um tempo, não era só cansaço, estava com dor e de novo a mesma sensação de culpa quase o enlouquecia.— Eu tirei ele da escola e mesmo assim ele confiava em mim.— Não tem certeza de nada, você disse que a senhora que estava com ele é de confiança. Talvez ela tenha levado o Arjun para casa dela.Foi como acender uma centelha de esperança, tinha todo sentido, ele ficou sem falar com ela por dois meses, pensou que seria natural, qualquer pessoa se apaixonaria por Arjun, ninguém deixaria aquele garotinho sozinho em um quarto por tanto tempo.E ela era casada, tinha netos, seria mais confortável para os dois se pudessem morar juntos, pensou que talvez por isso ela tenha deixado de atender ao telefone, não queria se separar do garotinho.— Vamos na casa dela!— Nick, está de noite, vamos dormir, quando amanhecer pensamos com calma.Ela fingiu racionalidade, mas o que realmente queria era que Nick pudesse descansar, estava aflita com aquela mancha aquosa e v
Ela olhou para o namorado, depois para a porta atrás dela, Zuri ainda estava dormindo. Se sentou na beirada da cama de Nick e colocou a mão sobre o tórax do rapaz, o calor fez com que um arrepio forte se espalhasse. — Você está bem? — Agora estou. Respondeu assim que colocou a mão sobre a dela. Olívia deu risada e repetiu a mesma frase que costumava dizer quando se conheceram. — Por isso as meninas se matam por você, não é só bonito, também é romântico como um Deus. — Deita aqui Abriu o braço oferecendo um cantinho da pequena cama de solteiro, mas foi rejeitado. — Eu já vou, precisamos acordar daqui a pouco. Deu um selinho no namorado e se despediu do africano ainda com o coração aos pulos no peito, não entendia como alguém podia ter aquele poder sobre ela, mas o fato era que sempre foi assim. Fechou a porta do próprio quarto, soltou o corpo contra a madeira, suspirou com um sorriso tão grande que fez os músculos do rosto doerem, ainda assim, não se desfez. Que
Saiu do quarto apressado, não se vestiu, bateu na porta.— Hei, ratinha. Sou eu, abre aqui.Olívia ainda estava olhando pela janela, tentou prestar atenção, por um instante pensou que fosse um sonho, aquela voz sempre a visitava quando estavam longe. Acordava sentindo a mão de Nick em seu rosto, a voz chamando por ela, às vezes um abraço, mas sempre, sem exceção eram apenas sonhos.— Olie?Nick ficou ansioso e usou o cartão de acesso, ficou com medo, estava sempre com medo, apesar de fingir força, a sensação de que algo aconteceria ainda estava lá, como uma fera a espreita como se estivesse se divertindo daquela felicidade exagerada que estava sentindo.Se chocaram no meio do quarto, mas antes que ela caísse, o rapaz a segurou.Olívia ficou com o rosto quase colado ao peito de Nick, suspirou, engoliu a saliva tentou falar.— Nick o que foi qu (...)Não terminou a frase, não conseguiu, a boca masculina a calou, e ela se perdeu entre a força daquele beijo e as mãos de Nick que escorrega
Ele não respondeu, mas subiu a mão por baixo da camiseta dela, estava viciado na textura daquela pele, no jeito que ela o olhava quase como se pedisse para ele continuar. Abaixou devagar e sussurrou em seu ouvido. — Eu te amo, ratinha. Beijou o pescoço de Olivia em um ritual lento e cheio de desejo, subiu um pouco mais a mão pela lateral do corpo da garota, estava descobrindo, explorando, amando. — Nick, eu... — Um beijo, Olíe, é só um beijo Talvez fosse, mas a voz rouca pelo desejo gritava que queria muito mais do que isso, e ela também queria. Sentiu a umidade se construir na calcinha e não reconheceu aquela sensação. Ficou tensa, quase em pânico, se debateu embaixo de Nick como se precisasse fugir dali de qualquer maneira. Ele se afastou e Olívia se levantou com o rosto molhado, passou as costas da mão no nariz, secou os olhos. A respiração ofegante e o peito apertado com uma tristeza que parecia maior do que ela. — O que foi? O que eu fiz? — Nada! Eu não quero.
Ainda estavam abraçados quando o telefone do quarto de Nick tocou, olharam juntos, não tinha muito sentido, então ignoraram, mas o toque não parou e o rapaz pensou que pudesse ter acontecido alguma coisa com Kwami.— Não fecha a porta, Olie. Precisamos conversar. Por favor.Nick queria dizer a namorada que procurou por ela pensando apenas em achá-la, no começo acreditava em recomeçar, depois de um tempo, tudo o que importava era trazer a garota de volta, reparar um erro que ele acreditava ser dele.Jamais cobraria que ela tivesse mantido o sentimento do começo, apesar do que sentia por ela, não era ingênuo e sabia que tudo tinha mudado, inclusive a própria aparência.No entanto, queria dizer isso de uma forma que mostrasse que apesar de não exigir nada, ainda queria, desesperadamente, uma chance de recomeçar.Queria tê-la por perto, a chance de oferecer uma flor, de convidar para dançar, encomendar um bolo enorme e mandar entregar na porta da casa dela. Queria todos os clichês que os
Olívia entrou no chuveiro. Passou tanto sabonete entre as pernas que começou a arder. Se sentou nua no chão do banheiro. A água que caia quente e deixava a pele marcada não conseguia lavar as lembranças que voltavam com força.Pensou em Nisha, uma das meninas que cuidou enquanto trabalhava em uma das primeiras casas em que ficou, tentou oferecer o que não tinha, juntar os cacos de outra pessoa, mesmo estando quebrada e em um lugar onde se vendia amor envolvido em embalagens douradas e vermelhas.Carne temperada com lágrimas e para consumo imediato.Nisha devia ter pouco mais de doze anos, os seios estavam começando a se formar.Nos primeiros dias, a tosse e a febre vinham leves, intercaladas com sorrisos tímidos que a menina ainda conseguia dar. Depois, a tosse ficou mais forte, a febre mais alta.Olívia fazia chás, roubava remédios da gaveta do gerente e usava os poucos legumes e verduras que conseguia juntar para fazer sopas.Atendia os clientes de Nisha para que ela pudesse descans