Olívia ficou ao lado de Nick por um tempo, não era só cansaço, estava com dor e de novo a mesma sensação de culpa quase o enlouquecia.— Eu tirei ele da escola e mesmo assim ele confiava em mim.— Não tem certeza de nada, você disse que a senhora que estava com ele é de confiança. Talvez ela tenha levado o Arjun para casa dela.Foi como acender uma centelha de esperança, tinha todo sentido, ele ficou sem falar com ela por dois meses, pensou que seria natural, qualquer pessoa se apaixonaria por Arjun, ninguém deixaria aquele garotinho sozinho em um quarto por tanto tempo.E ela era casada, tinha netos, seria mais confortável para os dois se pudessem morar juntos, pensou que talvez por isso ela tenha deixado de atender ao telefone, não queria se separar do garotinho.— Vamos na casa dela!— Nick, está de noite, vamos dormir, quando amanhecer pensamos com calma.Ela fingiu racionalidade, mas o que realmente queria era que Nick pudesse descansar, estava aflita com aquela mancha aquosa e v
Ela olhou para o namorado, depois para a porta atrás dela, Zuri ainda estava dormindo. Se sentou na beirada da cama de Nick e colocou a mão sobre o tórax do rapaz, o calor fez com que um arrepio forte se espalhasse. — Você está bem? — Agora estou. Respondeu assim que colocou a mão sobre a dela. Olívia deu risada e repetiu a mesma frase que costumava dizer quando se conheceram. — Por isso as meninas se matam por você, não é só bonito, também é romântico como um Deus. — Deita aqui Abriu o braço oferecendo um cantinho da pequena cama de solteiro, mas foi rejeitado. — Eu já vou, precisamos acordar daqui a pouco. Deu um selinho no namorado e se despediu do africano ainda com o coração aos pulos no peito, não entendia como alguém podia ter aquele poder sobre ela, mas o fato era que sempre foi assim. Fechou a porta do próprio quarto, soltou o corpo contra a madeira, suspirou com um sorriso tão grande que fez os músculos do rosto doerem, ainda assim, não se desfez. Que
Saiu do quarto apressado, não se vestiu, bateu na porta.— Hei, ratinha. Sou eu, abre aqui.Olívia ainda estava olhando pela janela, tentou prestar atenção, por um instante pensou que fosse um sonho, aquela voz sempre a visitava quando estavam longe. Acordava sentindo a mão de Nick em seu rosto, a voz chamando por ela, às vezes um abraço, mas sempre, sem exceção eram apenas sonhos.— Olie?Nick ficou ansioso e usou o cartão de acesso, ficou com medo, estava sempre com medo, apesar de fingir força, a sensação de que algo aconteceria ainda estava lá, como uma fera a espreita como se estivesse se divertindo daquela felicidade exagerada que estava sentindo.Se chocaram no meio do quarto, mas antes que ela caísse, o rapaz a segurou.Olívia ficou com o rosto quase colado ao peito de Nick, suspirou, engoliu a saliva tentou falar.— Nick o que foi qu (...)Não terminou a frase, não conseguiu, a boca masculina a calou, e ela se perdeu entre a força daquele beijo e as mãos de Nick que escorrega
Ele não respondeu, mas subiu a mão por baixo da camiseta dela, estava viciado na textura daquela pele, no jeito que ela o olhava quase como se pedisse para ele continuar. Abaixou devagar e sussurrou em seu ouvido. — Eu te amo, ratinha. Beijou o pescoço de Olivia em um ritual lento e cheio de desejo, subiu um pouco mais a mão pela lateral do corpo da garota, estava descobrindo, explorando, amando. — Nick, eu... — Um beijo, Olíe, é só um beijo Talvez fosse, mas a voz rouca pelo desejo gritava que queria muito mais do que isso, e ela também queria. Sentiu a umidade se construir na calcinha e não reconheceu aquela sensação. Ficou tensa, quase em pânico, se debateu embaixo de Nick como se precisasse fugir dali de qualquer maneira. Ele se afastou e Olívia se levantou com o rosto molhado, passou as costas da mão no nariz, secou os olhos. A respiração ofegante e o peito apertado com uma tristeza que parecia maior do que ela. — O que foi? O que eu fiz? — Nada! Eu não quero.
Ainda estavam abraçados quando o telefone do quarto de Nick tocou, olharam juntos, não tinha muito sentido, então ignoraram, mas o toque não parou e o rapaz pensou que pudesse ter acontecido alguma coisa com Kwami.— Não fecha a porta, Olie. Precisamos conversar. Por favor.Nick queria dizer a namorada que procurou por ela pensando apenas em achá-la, no começo acreditava em recomeçar, depois de um tempo, tudo o que importava era trazer a garota de volta, reparar um erro que ele acreditava ser dele.Jamais cobraria que ela tivesse mantido o sentimento do começo, apesar do que sentia por ela, não era ingênuo e sabia que tudo tinha mudado, inclusive a própria aparência.No entanto, queria dizer isso de uma forma que mostrasse que apesar de não exigir nada, ainda queria, desesperadamente, uma chance de recomeçar.Queria tê-la por perto, a chance de oferecer uma flor, de convidar para dançar, encomendar um bolo enorme e mandar entregar na porta da casa dela. Queria todos os clichês que os
Olívia entrou no chuveiro. Passou tanto sabonete entre as pernas que começou a arder. Se sentou nua no chão do banheiro. A água que caia quente e deixava a pele marcada não conseguia lavar as lembranças que voltavam com força.Pensou em Nisha, uma das meninas que cuidou enquanto trabalhava em uma das primeiras casas em que ficou, tentou oferecer o que não tinha, juntar os cacos de outra pessoa, mesmo estando quebrada e em um lugar onde se vendia amor envolvido em embalagens douradas e vermelhas.Carne temperada com lágrimas e para consumo imediato.Nisha devia ter pouco mais de doze anos, os seios estavam começando a se formar.Nos primeiros dias, a tosse e a febre vinham leves, intercaladas com sorrisos tímidos que a menina ainda conseguia dar. Depois, a tosse ficou mais forte, a febre mais alta.Olívia fazia chás, roubava remédios da gaveta do gerente e usava os poucos legumes e verduras que conseguia juntar para fazer sopas.Atendia os clientes de Nisha para que ela pudesse descans
Olívia olhou para o namorado, para Zuri, para a mesa. Algo dentro dela pareceu se desmanchar.Correu para o abraço dele e se agarrou com tanta força que parecia estar se segurando a vida.E foi envolvida em um abraço que parecia ser capaz de protegê-la do mundo.Zuri, olhou para os pais e pensou que gostava bem mais de Nick do que de Jordan, agora Olívia parecia estar sempre sendo cuidada e o pai nunca gritava com ela.Mas já estava com seis sementinhas de maçã guardadas em seu bolso para fazerem o remédio dele como faziam com Jordan.Subiu na cadeira e começou a comer os docinhos de coco que estavam na mesa. Quando o casal finalmente se sentou com ela, perceberam que a maioria dos ratinhos já estava mordida, assim com os queijos tinham vários pedacinhos faltando— Estava com fome.Zuri tentou se justificar, a boca cheia.Nick riu e bagunçou os cabelos dela.— Parece que tenho duas ratinhas agora.Os três riram ao mesmo tempo, mas Nick ficou sério de repente, estava hipnotizado pelo s
No carro o silêncio só era quebrado pelas perguntas de Zuri, e eram muitas. O que tem lá? Quanto tempo falta” É de criança?E Nick respondeu a cada uma das perguntas da filha, Olívia estava ao seu lado, os olhos na janela ao seu lado como se quisesse desviar o olhar dele, mas quando o carro parou em um congestionamento, a voz forte a tirou da onda de pensamentos em que estava.— Posso?Quando ela se virou quase foi ela que o beijou e não ao contrário, Nick estava com o rosto quase colado ao dela e assim que ela virou o rosto, quase bateu nele.O rapaz colocou a mão no rosto da namorada.— Nick, eu— Eu só quero olhar para você, ratinha.As buzinas os tiraram do transe, mas antes de volta a dirigir Nick roubou um selinho. E Olíe acabou dando risada com o jeito divertido que ela não sabia que existia nele.Lembrava dele sendo forte, às vezes impulsivo, romântico, mas não brincalhão. Gostou disso também.— Kwami sabe que saímos?— Deixei um recado na recepção.Assim que chegaram ao lugar