Ainda estavam abraçados quando o telefone do quarto de Nick tocou, olharam juntos, não tinha muito sentido, então ignoraram, mas o toque não parou e o rapaz pensou que pudesse ter acontecido alguma coisa com Kwami.— Não fecha a porta, Olie. Precisamos conversar. Por favor.Nick queria dizer a namorada que procurou por ela pensando apenas em achá-la, no começo acreditava em recomeçar, depois de um tempo, tudo o que importava era trazer a garota de volta, reparar um erro que ele acreditava ser dele.Jamais cobraria que ela tivesse mantido o sentimento do começo, apesar do que sentia por ela, não era ingênuo e sabia que tudo tinha mudado, inclusive a própria aparência.No entanto, queria dizer isso de uma forma que mostrasse que apesar de não exigir nada, ainda queria, desesperadamente, uma chance de recomeçar.Queria tê-la por perto, a chance de oferecer uma flor, de convidar para dançar, encomendar um bolo enorme e mandar entregar na porta da casa dela. Queria todos os clichês que os
Olívia entrou no chuveiro. Passou tanto sabonete entre as pernas que começou a arder. Se sentou nua no chão do banheiro. A água que caia quente e deixava a pele marcada não conseguia lavar as lembranças que voltavam com força.Pensou em Nisha, uma das meninas que cuidou enquanto trabalhava em uma das primeiras casas em que ficou, tentou oferecer o que não tinha, juntar os cacos de outra pessoa, mesmo estando quebrada e em um lugar onde se vendia amor envolvido em embalagens douradas e vermelhas.Carne temperada com lágrimas e para consumo imediato.Nisha devia ter pouco mais de doze anos, os seios estavam começando a se formar.Nos primeiros dias, a tosse e a febre vinham leves, intercaladas com sorrisos tímidos que a menina ainda conseguia dar. Depois, a tosse ficou mais forte, a febre mais alta.Olívia fazia chás, roubava remédios da gaveta do gerente e usava os poucos legumes e verduras que conseguia juntar para fazer sopas.Atendia os clientes de Nisha para que ela pudesse descans
Olívia olhou para o namorado, para Zuri, para a mesa. Algo dentro dela pareceu se desmanchar.Correu para o abraço dele e se agarrou com tanta força que parecia estar se segurando a vida.E foi envolvida em um abraço que parecia ser capaz de protegê-la do mundo.Zuri, olhou para os pais e pensou que gostava bem mais de Nick do que de Jordan, agora Olívia parecia estar sempre sendo cuidada e o pai nunca gritava com ela.Mas já estava com seis sementinhas de maçã guardadas em seu bolso para fazerem o remédio dele como faziam com Jordan.Subiu na cadeira e começou a comer os docinhos de coco que estavam na mesa. Quando o casal finalmente se sentou com ela, perceberam que a maioria dos ratinhos já estava mordida, assim com os queijos tinham vários pedacinhos faltando— Estava com fome.Zuri tentou se justificar, a boca cheia.Nick riu e bagunçou os cabelos dela.— Parece que tenho duas ratinhas agora.Os três riram ao mesmo tempo, mas Nick ficou sério de repente, estava hipnotizado pelo s
No carro o silêncio só era quebrado pelas perguntas de Zuri, e eram muitas. O que tem lá? Quanto tempo falta” É de criança?E Nick respondeu a cada uma das perguntas da filha, Olívia estava ao seu lado, os olhos na janela ao seu lado como se quisesse desviar o olhar dele, mas quando o carro parou em um congestionamento, a voz forte a tirou da onda de pensamentos em que estava.— Posso?Quando ela se virou quase foi ela que o beijou e não ao contrário, Nick estava com o rosto quase colado ao dela e assim que ela virou o rosto, quase bateu nele.O rapaz colocou a mão no rosto da namorada.— Nick, eu— Eu só quero olhar para você, ratinha.As buzinas os tiraram do transe, mas antes de volta a dirigir Nick roubou um selinho. E Olíe acabou dando risada com o jeito divertido que ela não sabia que existia nele.Lembrava dele sendo forte, às vezes impulsivo, romântico, mas não brincalhão. Gostou disso também.— Kwami sabe que saímos?— Deixei um recado na recepção.Assim que chegaram ao lugar
O mundo é cheio de sentimentos, alguns extremamente dolorosos, outros bonitos e aconchegantes, Nick podia se prender ao ciúme que sentiu naquela noite, ou da dor de ouvir a sua ratinha falando aquelas coisas, mas preferiu ver o que, ao menos para ele, era óbvio.— Não era você, ratinha. E agradeço todos os dias por você não ter tentado fugir. Comecei a rezar no dia em que assisti um vídeo seu tentando escapar do inferno que eu te coloquei. E eu não rezei para você continuar, eu imporei para você parar. Você não estaria aqui se continuasse. E eu também teria morrido se te perdesse. Um dia, há muito tempo, uma menina me contou que o próprio Thor falhou, ele tentou, lutou e falhou na luta contra Thanos, mas quando se deu conta de que apesar das suas fraquezas e dores ele ainda era o Deus do Trovão ele disse, ainda sou digno. Olívia se lembrava daquela conversa, ele estava preso, as roupas sujas, fraco, com fome e quando justamente o homem a quem tinha atacado foi quem o ajudou, Nick se
Olívia foi quem se desesperou primeiro, se soltou da mão de Nick e correu entre as pessoas, um dos seguranças tentou se aproximar do rapaz com um cacete de aço na mão, mas apenas um olhar o fez desistir. Nick quase rosnou o que pesava em seu peito. — Não gosto de indianos. Não foi apenas o tamanho do rapaz que fez com que o segurança desistisse. Nick era muito maior do que ele, aliás o homem mais alto que já tinha estado naquele lugar, mas o olhar dele parecia carregar o peso do mundo. Algo que não se achou capaz de parar. — Não recebo para isso! Falou antes de virar as costas e continuar indicando a saída para os visitantes, a polícia chegaria em breve. Eles que resolvessem. Nick olhou ao redor, não tinha tirado os olhos de Olivia, a queria segura, ainda assim passeou os olhos no lugar. Zuri tinha prometido não se afastar, sabia que ela cumpriria. Estaria em pânico se fosse Arjun, mas a sua menina era esperta como uma pequena raposa. Não demorou até encontrar
Quando o momento do embarque chegou, Kwami, apesar da dor de cabeça, percebeu que alguma coisa tinha mudado entre aqueles três. Na ida, Olíe e Nick estavam colados, como se o mundo fosse acabar se a boca de um se separasse da do outro. Agora, era Zuri que estava agarrada ao pai.A menininha estava abraçada ao braço de Nick e dormia encolhida no banco só para não precisar se separar dele.Kwami pensou que talvez fosse ciúmes do irmãozinho que, querendo ou não, estava a caminho. Embaixo do outro braço de Nick, estava Olívia, com a cabeça no peito do namorado, dormindo com uma expressão tranquila.Mas o que mais chamou a atenção de Kwami foi que Nick se revezava entre olhar para uma e depois para a outra e, a cada troca de olhar, sempre sorria.Sentiu uma pontinha de inveja. Realmente, não existe homem completo sem uma família. Lamentou porque, apesar de ter vivido um grande amor, a única filha tinha se perdido para um destino que o entristecia e, com isso, levado sua única neta.Às veze
Olívia olhou para baixo, para si, segurou o cabelo que estava amarrado porque o xampu do hotel era horrível e os fios ficaram ressecados. Nos pés o tênis não combinava com o vestido perfeito e elegante que estava vestindo, mas que também estava sujo e amassado. Olhou outra vez para a menina que se aproximou com um andar delicado e uma expressão angelical, não a conhecia, mas achou que não havia espaço para competição, então deu um passo para trás. Nick ainda estava com a filha no colo, aliás era difícil querer soltá-la depois de Zuri ter demonstrado tanta confiança. Aquele literalmente era um tipo de presente que não se despreza. — Oi, Nick, que bom que você voltou. Eu estava preocupada. O rapaz olhou para a menina, lembrou de onde se conheciam, Kyara costumava conversar com ele por mensagens no celular, não se viam, na época a menina havia nascido com uma malformação congênita que levou a atrofia dos membros inferiores, tinha vergonha de sair de casa por ter as pernas muito tort