Não queria e nem precisava de desculpas, mas agarrou no ar a caneta que o capo jogou. Talvez nem fosse o que Endi pensava, de alguma forma cuidar dele podia ter sido só uma forma da médica pedir desculpas, não importava! Ela estava lá e isso bastava.Bateu na porta da médica segurando a caneta dela como quem se agarra a esperança.Ficou impaciente, ansioso, preocupado. Por que ela não abria logo aquela porta? Estava no banho? Ou com alguém? Teria visto por alguma câmera e não queria falar com ele?Se fez várias perguntas e nenhuma delas fazia o coração bater mais devagar.Enquanto isso, nos fundos da casa, a médica conversava com um réptil que trouxe de Zanzibar e que por alguma razão teria a resposta que o nganga achava que ela queria.Segurou a serpente com carinho, pela primeira vez não a viu como um objeto de estudo e sim como um ser vivo. Precisava desabafar com alguém.— Você sabe? Sabe por que nunca consegui ser feliz?Uma pergunta carregada de sentimento, de culpa, se arrepend
Kwami não esperou pela resposta de Jocellyn, apenas a beijou como se ela o pertencesse desde o primeiro minuto.Um beijo forte, bruto, exigente, como se Kwami quisesse provar cada pedaço dela, como se a fome que carregava nos olhos estivesse finalmente sendo saciada. Jocellyn se sentiu sendo devorada o ventre queimou.As mãos dele subiram da cintura para as costas, puxou a médica ainda com mais força contra ele.O jeito de Kwami fez a médica perder o fôlego, e ainda assim se entregar a ele.Ela deveria empurrá-lo!A razão gritava. Mas seu corpo gritava mais alto.Sentiu as pernas fraquejarem, não caiu, era impossível. Kwami a segurava tão junto a ele que Jocellyn podia sentir a pele quente do homem que a beijava.Abriu ainda mais a boca para receber o que ele estava oferendo, ou tomando, ela já não sabia mais.— UhumKwami deixou um som escapar enquanto aproveitava ainda mais a entrega de Jocellyn, aprofundando o beijo, afundando os dedos na carne macia da cintura feminina, escorregan
Kwami percebeu que o problema que estava causando aquela aflição em Jocellyn não eram seus beijos e isso, quase o fez sorrir apesar da situação que ainda nem tinha entendido completamente. Podia não conhecer todas as expressões daquela língua, mas com certeza a médica não se referiria a ele daquela maneira.— Eu te ajudo, o que sumiu?— A felicidade! Coloquei ela aqui e... eu não tenho ideia de onde ela foi. Kwami eu não tenho o antídoto, se ela picar alguém.O homem franziu a testa, puxou o ar e soltou devagar enquanto tentava traduzir o que a médica estava falando. Ela parecia feliz enquanto o arranhava e se agarrava a ele, e nem fazia muito tempo. Nick estava fazendo falta, normalmente perguntaria ao amigo sobre aqueles termos. Tentou refletir e concluiu que as falas mais difíceis sempre vinham das mulheres. Ainda estava tentando decifrar o que significava desencalhar e truques, agora precisava saber o que era uma picada da felicidade.— EuKwami coçou o pescoço, não tinha ideia
Kwami voltou em seguida segurando um pote cheio de vinagre e vários alhos amassados ainda com as cascas. A médica o olhou com a expressão confusa, mas com certeza não beberia aquela mistura estranha. — O que está fazendo? — Deixando essa cobra longe do que é importante para mim. Despejou a mistura em volta da banqueta em que Jocellyn estava sentada. — Kwami é uma cobra não um vampiro, elas não têm medo de alho! Ele se aproximou da médica passando por cima do líquido que despejou no chão, segurou o queixo de Jocellyn e quando ela fechou os olhos certa de que seria beijada, ele sussurrou no ouvido dela. — Sei lidar com espécies selvagens, fica quietinha. Jocellyn abriu os olhos querendo esganar o africano, mas ele já estava longe. Kwami virou um vaso de planta que ficava no lugar e sem tirar totalmente a terra ele colocou dois ovos lá dentro, um com a casca rachada e o outro inteiro. Cobriu a bagunça com a própria camiseta como se fosse uma criança tentando esconder a arte. — Kw
Jocellyn não queria se afastar, mas depois de um tempo, Kwami a fez ficar totalmente sentada outra vez, beijou o rosto da médica e falou com o tom quase brincalhão.— Agora pode tomar um banho e ficar linda para mim. Vou limpar tudo aqui. Vamos sair doutora.— Não, você precisa me escutar!E antes que ela terminasse de argumentar a luz acendeu e Kwami estava com a serpente na mão.— Eu disse para tomar um banho, nyota.Jocellyn arregalou os olhos, aquele tipo de réptil costumava ser extremamente ágil, não entendeu como Kwami havia capturado o animal ainda com as luzes acesas, mas obedeceu, ou quase.Porque quando chegou no quarto degrau ela mudou de ideia.— Vem comigoPediu com a voz mais doce que Kwami já tinha ouvido sair daquela boca, antes de responder ele prendeu a serpente no aquário.Só então ele olhou para Jocellyn, ela estava linda, havia fechado o botão da calça, mas os cabelos estavam bagunçados, os lábios inchados, os seios a mostra.Sentiu a boca salivar, mas sabia exata
Todas as pessoas têm uma missão, algo que desejam mais do que qualquer outra coisa. E para Kwami encontrar a neta era essa missão. Sentia muito pelas escolhas da filha, mas doía quando pensava que a netinha talvez não tivesse nem mesmo o direito de escolher.Ficava enojado sempre que algum cliente da sua barraca falava sobre as facilidades que Zanzibar oferecia para as diversos sujas. Certa vez passou três dias desacordado.— Um desrespeito! Quando cheguei eles não tinham feito a reserva do meu quarto.Pareciam apenas dois turistas conversando, era uma época do ano em que os hotéis ficavam cheios, grandes empresas costumavam reservar tudo para que as diretorias fizessem suas festas de confraternização.— Nossa e como resolveu?— O gerente me colocou em outro quarto, mas muito menor do que o que eu paguei. Só não reclamo porque ele deixou uma cortesia e tanto.— Mais vinhos baratos? Eu estou cansado de ganhar esses brindes.— Não! Você nunca adivinharia. O velho apareceu na minha porta
Uma noite! Parecia tão pouco, tão ínfimo perto de tudo o que Jocellyn queria e apesar disso, teve medo de falar, pânico de admitir que se fosse um pouquinho mais corajosa diria que tudo o que sempre quis estava se tornando real e ainda assim ela não sabia o que fazer com o presente que o destino estava lhe entregando.Brincou fingindo que não estava interessada, que para ela Kwami só significava isso, a promessa de uma noite incrível.— Acho que isso eu posso te oferecer. E pelo que eu vi, podíamos aproveitar essa noite aqui mesmo.A médica tentou, mas foi rejeitada apesar do volume na roupa do africano deixar claro que ele também a queria.— Te chamei para um encontro, doutora. Pode aceitar ou recusar, mas não vou ficar se me disser não. A primeira coisa que precisa aprender sobre mim é que gosto das coisas certas.— Está sendo quadrado, Kwami o que não significa ser certo. Olha a nossa idade, não somos mais adolescentes, não precisa me tratar como uma menina. Também sei o que quero.
O que para Jocellyn parecia pouco, para Kwami parecia perfeito, estar com ela. Isso bastava, apesar de desejá-la só a teria em sua cama quando pudesse ficar. Odiava a ideia de se tornar como alguns homens que encaravam qualquer entrega como uma oportunidade para satisfazer o corpo.Voltou para a casa em que estava ocupando, tomou um banho, preparou mandazi, uma espécie de bolinho frito que ele amava comer, arriscou apesar de não saber se a médica apreciava aquele tipo de comida. Separou algumas frutas e acendeu uma fogueira no quintal de casa.No horário marcado não precisou bater na porta, a encontrou esperando por ele.A cada passo que Kwami deu em direção a ela ficava mais óbvio que o conceito de encontro que eles possuíam também era bem diferente.Jocellyn parecia vestida para o Oscar, estava impecavelmente elegante. O vestido longo de seda azul marinho deixava as curvas do corpo da médica tão evidentes que beirava a perfeição.O tecido deslizava sobre a pele como se tivesse sido