Nick ouviu as gravações e o que o cunhado havia descoberto, não conseguia entender a lógica por trás daquilo.— Espera, está me dizendo que Paolo enviou a própria filha para a Índia para proteger o legado de Cosimo?— Não e sim. A questão é que Olívia não é filha de Paolo, ela é filha da América, um caso antigo e que não vale a pena voltar, só precisa saber que o seu sogro está morto e não merecia conhecer a filha, mas está certo quando diz que a ideia era proteger o legado de Cosimo. Eles eram casados e a Camorra tem um código diferente do nosso. Ela é a herdeira, mesmo que não tenha o sangue dos Di Lauro.— Como?— Para os homens da Camorra o casamento é indissolúvel e a mãe de Olívia a única dona de tudo. Lá tudo fica no nome das mulheres, os homens apenas administram. Então com a morte da sua sogra, tudo passaria para Olívia. Então mesmo que Cosimo tivesse o sangue dos Di Lauro ele apenas cuidaria da herança da irmã, mas nem isso ele tem. Paolo é estéril.Nick ouviu todos os detal
Nick caminhou para a casa da mãe pensando em Clara, será que realmente podiam confiar nela?A menina que nunca agiu como uma Bianchi realmente estaria disposta a se colocar contra a Camorra e começar uma guerra apenas por gratidão?Lembrou da garota, ou melhor, tentou buscar algo que validasse Clara como uma aliada.E se deparou com pensamentos que o deixaram ainda mais preocupado.A irmã adotiva havia sido namorada de Endi e várias vezes presenciou a amargura no rosto de Clara pela óbvia predileção do rapaz por Mel. Endi era capaz de largar qualquer coisa por ela, mesmo que na época tanto Nick quanto Mel fossem apenas crianças, ele ainda se lembrava de como isso incomodou a irmã adotiva.Mais tarde, a aparente obsessão de Clara havia passado, focou em Jin Soh, mas também foi derrotada nessa disputa que só existia na mente da garota. Jin, assim como Endi, demonstrava não ver nada além de Mel na sua frente, tanto que ele foi o primeiro namorado da irmã de Nick, o primeiro namorado e se
Sara deu risada, no fundo ela tinha certeza de que Ivan tinha tido vários casos durante aqueles anos, mas não sabia se poderia chamar de traição, ele sempre voltava mais apaixonado do que saia. Mesmo quando teve certeza de que o perderia, quando o marido nem conseguia olhar para ela. Ainda assim, eles pareciam ser puxados um para outro como imãs.— Não, pelo menos não naquela época, nós não estávamos juntos. E ele não me queria, mas quer saber? Eu acho que se um dia ele esteve com alguém, não foi a mim que ele traiu, foi a si mesmo.— Como? Você é linda. Se um homem tem coragem de trair uma mulher como você, imagine o que vai ser de mim.— Deixa de ser boba! Você é linda como um anjo, Olíe e o meu Nick é doente por você. Além disso, talvez beleza não seja tudo, mas o que Ivan me dizia era que não podia me prender a alguém que jamais voltaria a andar. E eu teria dado as minhas pernas para ele só por um beijo daquele homem.— Uau!— É, mas acho que deu certo, estamos aqui e confesso qu
O motivo pelo qual a expressão de Nick mudou não tinha nada a ver com aquele prato, mas Olíe brigou com o namorado, achou que precisava defender a sogra. — Precisa parar de ser tão mau com o seu pai! Eles se amam, Nick, de verdade. Tinha que ver como a sua mãe estava feliz falando dele. Tão fofo! Nick não quis falar sobre os próprios pensamentos, então fingiu que o problema era realmente o pai. — Meu pai é um imbecil! Mas assim que xingou o pai acabou se lembrando do que Endi havia dito, o cunhado perguntou se ele tinha respondido a Ivan. Emendou uma frase na outra e questionou a namorada. — Ratinha, você ainda está com o meu telefone? — Está em casa. O rapaz apertou os lábios, queria saber o que Ivan tinha mandado, por mais que tivesse usado a raiva que todo mundo acreditava que ele sentia pelo pai, a verdade era que estava com saudade, que queria poder falar com Ivan sobre tudo aquilo. Provavelmente ouviria uma bronca, seria chamado de fraco, mimado, mas até isso fazia falta.
Nick deixou bolo sobre a mesa de centro da mãe, mas quando foi subir para pegar alguns travesseiros em seu antigo quarto acabou parando nas escadas, não entendeu o porquê tinha pequenos adesivos com números em cada um dos degraus.Deu de ombros e terminou de subir, passou pelo quarto onde as crianças estavam, achou a cena bonita, a mãe estava deitada no meio do colchão, mas Lucca tinha dado um jeito de ir dormir perto de Ive e Arjun se aconchegou perto da avó.Ficou com dó de Zuri que estava sozinha, Lucca estava abraçado com Ive formando um bolinho muito fofo de ver, Arjun com o corpo colado em Sara e Zuri encolhida em um canto do colchão. Quis pegar a filha e levar com ele para a sala, mas precisava se despedir de OIíe e nem sabia como namorada lidaria com a notícia da viagem.Foi para o seu antigo quarto, ainda estava exatamente como se lembrava, Sara parecia fazer do quarto dele e de Mel uma espécie de máquina do tempo, ela parecia se recusar a deixar os filhos saírem definitivame
Olívia colou ainda mais o corpo no dele, parecia que de alguma forma, mesmo sem saber, ela sentia pela despedida, assim como ele que durante toda aquela noite deixou que o medo de ficar longe dela outra vez manchasse aquele momento que deveria ter sido perfeito.Não foi uma noite silenciosa, conversaram sobre várias coisas, inclusive sobre o fato de que ele tinha se escondido para ouvir a conversa entre a mãe e Olívia.— Que feio, Nick! Era assunto de mulheres.— Não era não! Eu era o assunto, tenho o direito de saber o que o que a minha mãe está falando de mim para minha namorada. Imagine se ela estivesse te mostrando fotos de infância? Você fugiria de mim.— Não fugiria não.— Pode acreditar que fugiria, eu tinha a cabeça pequena e os ossos grandes demais, apesar disso era tão magro que dava para ver as articulações. Não é para menos que as meninas fugiam de mim. Só teve uma garota que não fugiu de mim nessa época.Olívia não gostou do que ouviu, achou que o namorado falaria de Kyar
Olívia não entendeu, Jordan não iria atrás dela, a menos que fosse por orgulho, com certeza não seria por amor, monstros não são capazes de amar. Apesar dessa certeza sentiu a pele arrepiar, havia algo que a unia a ele e odiava pensar nisso.— Do que você tá falando? Estamos bem, Nick.Afastou o pensamento e de repente se lembrou das reações de Nick quando ele voltou para casa parecendo ter saído de uma guerra na selva, começou a achar que talvez o namorado estivesse imaginando um perigo que não existia.Já Nick pensou em explicar, mas o alarme soou. Todos conheciam aquele som, era uma espécie de chamado. Significava que todos deveriam se reunir, às vezes para uma contagem, outras por uma emergência, mas sem exceção, todos tinham que estar juntos.Olhou para a namorada e se arrependeu da própria ideia, aquela camiseta a deixava linda, mas não podia permitir que Olie saísse usando só ela.— O que é isso, Nick?— Nada, coloca a roupa e não sai daqui.Falou, mas antes de colocar o pé no
No centro da área comum do condomínio havia uma espécie de palco, Sombra mandou construir para que as reuniões gerais fossem mais fáceis.Com aquela quantidade de pessoas, podia ficar difícil de ouvir, então organizou o lugar com um microfone e aparelhagem de som. Ficou esquecido e passou a ser usado para as brincadeiras das crianças.O capo não gostava de palcos, e nunca repetia o que tinha falado, apesar disso, sua voz soava única e poderosa entre aquelas pessoas, jamais foi desobedecido e suas decisões não eram questionadas por ninguém, nem mesmo pelo conselho.Endi nunca quis aquele lugar, mas ascendeu de uma forma sangrenta e brutal.Ninguém jamais esqueceria!O rapaz que cresceu franzino e sem se interessar por disputas havia voltado diferente de tudo o que acreditavam. Quase um aristocrata, o menino que saiu do país para estudar, voltou como um homem que não pegava em armas e lutava com leis e palavras.Ninguém queria alguém assim como líder, foi desafiado até mesmo por criança