Sarah“Eu estava cansada, muito cansada. Existe um perigo real em mentes cansadas. Meu pai dormia tranquilamente no sofá, uma garrafa quase vazia de gim em seu colo, enquanto eu me encolhia no canto, as partes doloridas em meu corpo ardendo como um lembrete.Desviei o olhar e vi minha mãe fitar o ponto onde meu pai dormia, o mesmo olhar vazio em seu rosto machucado. Era sempre a mesma expressão.“Não deveria ser assim...” eu pensava.Ela veio para onde eu estava, seus passos já conhecendo o ponto exato onde eu me escondia, depois que ele finalmente se cansava de mim.“Não deveria ser assim.”Eu senti seus dedos finos pegarem em meus braços e me levantarem, só para depois me firmarem.Eu estava destruída. Cada poro meu, pedia por descanso. “Não deveria ser assim.”Quando chegamos ao quarto dela, eu a vi fechar a porta com um cuidado extremo para não fazer barulho, o rosto se voltando para o meu, me olhando de verdade.Ela só me olhava desse jeito quando estávamos sós, nunca com ele.
DylanMeus olhos passeiam pelos registros a minha frente, a sensação de ter algo errado na história contada por Laura Leggings ainda se fixando em minha mente.Segundo o que eu leio, Sarah estava abalada demais para dar qualquer depoimento e respeitando sua idade muito tenra, os policiais responsáveis pelo caso não a pressionaram por mais informações.Não precisaram muito também, afinal, Laura deixou muito clara sua confissão.O mais estranho nisso, entretanto, é que quanto mais eu procuro do passado de Carlos Rigns, mais difícil fica, achar algo que faça sentido.Ele veio de uma longa linhagem de filhos homens de uma grande empresa no Texas, mas de um ano para outro, o cara simplesmente se distanciou de tudo e ficou uns bons dez anos sem nenhum rastro ou notícia a família, muito tradicional dele.O que ele fez nesses dez anos? Quando voltou, ele já estava casado com Laura. Ninguém sabe de um familiar dessa mulher que seja ou o que ela fazia, antes do casamento.Laura nunca denunciou
NinaMeus saltos fazem um clique persistente no estacionamento subterrâneo e sinto falta das minhas botas confortáveis. Tive anos odiosos com essas pecinhas infernais em minha época de modelo e sempre que posso agora, prefiro algo bem mais baixo ou algum salto mais confortável.Eu me produzi toda, só para ser despachada daquela forma?Dylan é lindo como só ele consegue, mas tem uma língua afiadíssima.Foi por muito pouco que não perdi a compostura com aquele homem. Muito pouco, mas eu aprendi a lidar com homens arrogantes e Dylan é um belo espécime do tipo.Belo demais.Sua negativa ainda me incomoda terrivelmente, mas ao menos eu tentei.Desde o casamento de Sarah, eu fiquei com a perspectiva de que eu praticamente babei no homem, mas não tomei nenhuma atitude.Eu não sou assim.Cada problema ou conquista que tive até hoje foi por seguir meus instintos e quero chegar na velhice, sabendo que o saldo foi positivo.Eu fui atrás do homem que estava dominando cada sonho pervertido meu e l
NinaOs espasmos demoram a me abandonar e eu apoio minha cabeça na parede as minhas costas, sentindo-me ainda muito desconexa com a realidade, para fazer qualquer outra coisa que não seja arfar.Dylan se levanta, a língua lambendo os últimos resquícios do meu gozo em sua boca e se eu achava que meu orgasmo serviria para aplacar o desejo por ele, eu estava muito enganada, pois só olhá-lo agora, já recheia minha mente com as mais devassas imagens.Puxo-o pela camisa, sorrindo languidamente e acredito que se eu tivesse um espelho agora, seria o retrato perfeito da satisfação. — Acho que eu cometeria um crime, só pra ter você entre minhas pernas de novo. — Comento, vendo um sorriso puramente presunçoso se espalhar por seu rosto.— Posso repetir quantas vezes você quiser. — Ele me responde, os lábios raspando em meu pescoço, sua mão massageando meu seio novamente.Me arqueio em sua direção, sentindo seus dedos resvalarem no bico sensível de sua exploração mais cedo.Começo a retirar sua c
Sarah Procuro o corpo de Samuel na cama, percebendo que ele se levantou antes de mim. Fico uns bons minutos na cama, pensando na noite de ontem e em minha conversa para lá de estranha com Rui. O senhor de idade avançada e fala tranquila, me ajudou em níveis que ele nunca vai entender. Mesmo não tendo a menor ideia de como ele soube as palavras exatas para me ajudar, eu vou ser completamente grata a ele. Levanto-me da cama, sentindo um renovo na minha determinação, que a muito eu não sentia. Posso não ser a pessoa mais corajosa, tranquila e santa que existe, mas vou lutar com unhas e dentes por aqueles que amo. Vou em direção ao banheiro, tomo um banho e lavo bem minha cabeça, percebendo que Samuel comprou produtos caros de cuidados pessoais. Tem alguns que conheço e outras, que sei valer mais do que meu guarda roupa inteiro. Acho um pouco exagerado, mas não me passa despercebido que o gesto foi atencioso. Eu nem me preocupei com isso antes de vir morar aqui... Olho-me no espel
Sarah— O que você me deu? — Becka pergunta, a voz quase inexistente.— Ué... — Digo, a cara da inocência — Eu só preparei as amoras que havia pedido... por Deus... será que eu coloquei pimenta no lugar da calda de morango? — pergunto, vendo como os olhos dela me miram com um ódio puro neles.— Sarah. — Samuel diz e leva a mão ao rosto, mas eu posso ver o sorriso que ele tenta esconder.— Me desculpe de verdade, só quis ajudar, pois achei que as amoras não estavam tão doces quanto deveriam. — Digo, mas percebo como minha fachada inocente começa a ruir, a vontade de rir aumentando.Becka se aproxima um passo e eu ajeito minha postura, tão pronta para ela, que provavelmente ela só vai saber o que a atingiu quando já estiver caída.Samuel percebe e se coloca a minha frente. Não vejo seu rosto, mas seja lá qual for o olhar que meu marido dá a ela, a faz recuar, a expressão pálida.— Acho que minha esposa se enganou. Peço desculpas, mas acho que nossa reunião termina por aqui. — Samuel dis
Sarah A tarde já começa a escurecer quando saio do quarto, meu estômago vazio me obrigando a isso. Na primeira hora que me decidi deixar isso que rola entre Samuel e eu simplesmente acontecer, a vergonha veio com força, depois de refletir como fui irracional e até cruel. Não me arrependo de ter provocado Becka, pois ela devia ter um pouco de noção ao ficar dando em cima de homens casados. Ela sabia e ficou feliz em vir aqui me provocar... bem, agora ela não deve estar mais tão disposta a isso. O que me envergonhou, foi a minha atitude com Samuel. Eu poderia ter sido mais fria, ter segurado a barra, mas ao invés disso agi por impulso, lhe mostrando tudo. Agora ele deve estar me achando o ser mais louco dessa terra. Caminho pelos corredores, vendo como a casa já denota aquele silêncio característico de quando os empregados se recolhem. O padrão já parece ter se estabelecido entre eles, sendo na manhã a maior parte do movimento, que vai diminuindo com o passar das horas. Hoje nós
SarahSinto as mãos de Samuel girarem a banqueta em que estou e ele se coloca bem entre minhas pernas, sua mão levantando meu queixo com suavidade, seus olhos me dizendo muito mais do que estou preparada para ver.— Depois de uma longa conversa com Rui e olha que aquele senhor gosta de conversar... — Samuel sorri, sem conseguir esconder o afeto pelo idoso — Eu percebi que se eu estivesse em seu lugar, provavelmente nem teria usado pimenta ou manteria a calma como tentou fazer. Se fosse comigo, provavelmente já estaríamos tendo que contatar Dylan. Eu ficaria furioso, então me desculpe não ter percebido a tempo. Encaminhei Becka para outro executivo na empresa, claro, depois de indenizar todos os gastos com o médico.Travo meu olhar em seu queixo, uma emoção boa me fazendo ficar sem palavras, os pensamentos correndo soltos por cada palavra que saiu da sua boca.Ele pode não me amar, mas está tentando e isso poderia bastar, não é?Por enquanto, sim. Levo minhas mãos ao seu peitoral, sen