CecíliaPara ser sincera, eu não estava esperando mais nada. E quando Steffano me deixou em casa, perguntei-me se teria que lidar com outro surto do meu pai, mas ele tinha saído, como de costume, e tudo que eu vi foi minha mãe me esperando na sala, com o rosto choroso e uma expressão preocupada. — Cecília… — ela me chamou, ainda chorosa, estendendo uma mão para mim. — Filha… Suspirei. — O que foi, mãe? O que aconteceu? Eu perguntei, mesmo que, no fundo, eu não quisesse saber. Deus. Como aquele homem podia? Eu estava tão cansada de tudo aquilo, mas eu não estava sozinha, e seria cruel abandonar minha mãe pelos erros que ele cometeu. — E-eu… me perdoe, Cecília, eu queria evitar, queria impedi-lo de continuar exigindo dinheiro de você, mas… Você não consegue. Você nunca diz não para ele. Você… Suspirei profundamente e me sentei ao lado dela, negando com a cabeça. — Mãe… está tudo bem — sussurrei. — Ele saiu outra vez, não foi? Ele está… jogando, não está? Ela grunhiu, d
SteffanoEu fiquei confuso por conta da noite anterior, porque aquele sentimento em meu peito não havia sumido e todos aqueles pensamentos referentes a Cecília continuavam em minha cabeça, ecoando, deixando-me desconcertado. Tive que beber e tentei relaxar para adormecer, com a esperança de que tudo aquilo ia passar após uma boa noite de sono, mas imagine como eu me senti quando isso — claramente — não funcionou como eu havia esperado. Bom, era óbvio que não iria, o que me fez tentar tirar o dia inteiro — e ignorar todas as mensagens que Cecília havia me mandado — para pensar no que estava errado comigo. Cecília era bonita, mas se fosse esse o critério, não deveria ter ocorrido mais incidentes em minha vida? Ela não era a primeira mulher bonita a surgir para mim, mas, de alguma forma, ela era especial. Talvez fosse pelo fato de que eu não a tinha desejado apenas para aquecer minha cama, ou quem sabe, pela forma como ela sorria para mim todas as vezes que parecia confusa. Fosse
SteffanoQuando Cecília me chamou eu fiquei preocupado, mas só depois de a ouvir me contando o que tinha acontecido, que entendi. Os idiotas dos meus subordinados tinham deixado tudo claro e, se não fosse pela quantidade de bebida que o pai da Cecília tomou, antes de começar a jogar, ele provavelmente se lembraria do que ocorreu. Por sorte, eu menti descaradamente e, com a ajuda de Thomas — com quem tive que falar em alemão ao celular, para que ela não desconfiasse de nada — eu me certifiquei de criar uma boa história para que ela me visse como um benfeitor. Claro. Eu tive que arrumar uma desculpa para elas não irem até ele, mas quando enfim tudo parecia certo, eu os levei para o apartamento que antes era de Thomas. Ele ficava exatamente no mesmo andar que o meu e, como eu não pretendia mais fazer uso daquele lugar — e duvidava que Donna fosse lá tão cedo — achei uma boa ideia deixar Cecília e sua mãe nele. Thomas obviamente concordou e, como fiquei devendo uma a ele, parecia um b
Steffano— Querido, você precisa acordar. — Minha mãe me balançou por um dos ombros para me despertar. — Sei que está cansado, mas assim que chegar ao seu quarto poderá dormir de novo — ela me falou a mesma coisa que sempre me dizia quando eu era criança, e assim como antes, eu sabia que esse, com toda a certeza, não seria o caso.Levantei-me do meu assento resmungando, com os meus olhos ainda pesando e ardendo pelas poucas horas dormidas, porém, eu sabia que aquilo era o melhor que eu iria conseguir naquele momento. — Você parece pior do que antes — Donna comentou, mas eu apenas a ignorei, porque eu sabia que até me desculpar de forma descente com ela, aquele demônio não ia me deixar em paz. Então o meu corpo apenas reagiu, indo até o de Cecília, praticamente no automático. — Steffano, conseguiu dormir bem? — Cecília parecia preocupada ao perguntar, uma de suas mãos acariciando o meu ombro. — Um pouco — sorri ao dizer, por algum motivo, me sentindo mais leve. — Diria que feito um
CecíliaEu estava dentro de um quarto de casal, junto com Steffano. Eu teria que dormir com Steffano, na mesma cama, por três dias. Deus, você estava me testando? Eu não tinha ideia alguma de como iria sobreviver a isso, porque apenas o pensamento de me deitar no mesmo lugar que ele já fazia o meu rosto inteiro queimar. E os meus batimentos cardíacos? Se aceleraram de tal forma, que eu me questionei se o meu coração não iria explodir. “Cecília, você precisa se acalmar… isso é algo natural…” — falei para mim mesma, tentando respirar fundo naquele momento — “para todos, vocês são um casal, então… apenas supere isso, e não aja de modo estranho! Vocês logo se casarão! Não espera dormir em quartos separados, espera?”.Tentei colocar aquilo na minha cabeça, mas quem disse que eu consegui? Assim que Steffano se sentou na cama, com aquele ar cheio de seriedade olhando pro horizonte, a minha cabeça pareceu queimar de vez, com direito à fumaça e som de chaminé. — Tem certeza de que está
SteffanoAdmito. Eu a provoquei de propósito, mas a forma como seu rosto se tornou cada vez mais vermelho à medida que eu falava, foi impagável. Cecília estava obviamente perdida e quando a provoquei, descobri um novo sentimento. Uma enorme vontade de atormentá-la. De ver cada uma de suas reações quando eu estivesse junto a ela. Eu sabia que isso era maldade, mas… era inevitável. Confesso, eu comecei a ser cínico e a procurar qualquer motivo que fosse para me aproximar e tocá-la. Afinal, Cecília era minha noiva e era divertido ver como suas reações aos poucos se tornavam mais intensas. Quando terminei o meu banho, dei a ela um pouco de privacidade, saindo pela outra porta que dava direto no closet; eu me vesti e deixei sobre a mesinha de cabeceira um recado a avisando que estaria esperando por ela lá embaixo. Para o meu completo azar, Thomas estava me aguardando no fim da escada. — Cunhadinho… você parece feliz, o que aconteceu? Será que no lugar de dormir, andou se divertind
SteffanoEu não tinha problemas com as provocações da Donna. Primeiro, porque eu não dava a mínima, e segundo, porque ela nunca tinha me afetado em nenhuma de suas tentativas, mas vê-la atormentando Cecília daquele jeito me deixou um pouco incomodado. Claro, eu me aproveitei da situação, mas isso não vinha ao caso. — Vamos, não briguem… — nossa mãe apareceu dizendo, antes que eu pudesse mandar Donna pastar, e puxando todos nós para a sala, continuou a falar: — Henry e eu combinamos com o Thomas um passeio de barco. Achamos que seria perfeito para a estação e, claro, para aproveitarmos melhor esse fim de semana. Ela parecia empolgada e Bella adorou a ideia. — Deus! Beni e Belle vão amar! — ela disse encarando Thomas com surpresa. — Por que não me contou? Ele sorriu. — Porque eu queria te fazer uma surpresa. Revirei meus olhos, ainda com Cecília ao meu lado, enquanto via aqueles dois se abraçando, com aquele olhar meloso em seus rostos. — O que acha, Steffano? — Donna perguntou,
CecíliaSteffano era o herdeiro dos McNight e uma parte minha parecia não querer entender que agora estava nesse mundo, mas esse não era um mundo ao qual eu pertencesse desde o início. — Cecília? Você está bem? — ouvi Steffano me chamar quando nós dois éramos os últimos restantes naquela gigantesca sala. O lugar era todo decorado com móveis clássicos e através das janelas eu podia ver o jardim, que estava cheio de luzes, exaltando a decoração ainda que durante a noite. Deus. Aquilo era quase como um conto de fadas. — Desculpe, eu estava distraída — murmurei. — Não precisa se desculpar — ele repetiu, estendendo a mão para mim. — Vamos? Pigarreei. — Certo… melhor dormimos cedo — falei, tentando parecer natural, mas não era. Eu ainda não tinha me recuperado totalmente daquele “cochilo” que Steffano teve comigo em seus braços, então que dirá agora, com aqueles olhos profundamente fixos em mim. Eu caminhei ao lado dele até o quarto, mas enquanto Steffano se trocava no closet