A noite na ilha era mais do que simplesmente calma. Era uma paz que só a natureza poderia proporcionar, onde o som das ondas quebrando na areia e o leve farfalhar das palmeiras se misturavam ao cheiro do mar e à brisa fresca que passava suavemente sobre minha pele. Eu sabia que estávamos em um lugar único, um pedaço isolado de terra onde nada mais importava além de nós dois. Ali, não havia pressa. Não havia mais nada além do que estávamos criando. E naquele momento, eu sabia que qualquer coisa fora daquele espaço não poderia competir com o que eu tinha diante de mim. Olivia estava ao meu lado, e sua presença era como uma força magnética, irresistível. Não estava mais preocupado com a perfeição do mundo à minha volta; tudo o que eu precisava era dela. Ela era o meu alicerce, e tudo o que eu havia construído em minha vida estava agora entrelaçado com ela. Seus olhos, seus gestos, até o modo como ela se movia, pareciam me chamar, me convidar a mergulhar mais fundo nesse vínculo, a me pe
A raiva me consome como uma chama que não se apaga. Cada pensamento que tenho é uma explosão de frustração, uma vontade de destruir, de fazer tudo o que posso para reverter o que aconteceu. O casamento de Damien e Olivia é como um punhal em meu coração, cravado fundo, fazendo com que a dor se torne insuportável. O que ela tem que eu não tenho? Por que ele escolheu ela? Eu sou mais do que suficiente, eu sou tudo o que ele deveria querer. Mas ele a escolheu… Ela, a minha irmã. A inútil que não tem nada além do mesmo rosto que o meu. Eu não vou deixar isso acontecer. Não posso. Sento-me no bar, tentando afogar minha raiva na bebida. O copo está meio vazio, mas é só o que preciso para que as coisas parem de doer por um momento. Tento me perder no líquido, como se isso pudesse fazer as cicatrizes internas desaparecerem. Olho ao redor, mas tudo o que vejo são rostos felizes, conversas descontraídas, enquanto minha dor é um peso que me arrasta para o fundo. Eu mal percebo o momento em que
Acordo com a brisa fresca entrando pela janela, espalhando-se pelo quarto e balançando as cortinas brancas como se estivessem dançando. O som suave do vento combina com o calor confortável do corpo de Damien ao meu lado. Estou aninhada contra ele, minha cabeça repousada em seu peito firme. O lençol desliza de forma preguiçosa sobre nós, expondo um braço dele que me envolve de maneira possessiva, como se tivesse medo de me perder mesmo enquanto dorme. Permaneço imóvel, ouvindo o ritmo constante e reconfortante de sua respiração. Um lado de mim quer permanecer nesse momento para sempre, mas o outro está inquieto, dominado por dúvidas que não consigo silenciar. Tento me concentrar no presente, na realidade de que agora sou sua esposa, algo que até pouco tempo atrás parecia impossível. Não demora muito para Damien se mexer levemente, despertando. Ele respira fundo e seus olhos escuros encontram os meus, trazendo aquele brilho de devoção que sempre me desarma. Um sorriso preguiçoso surge
Quando finalmente me permiti falar sobre os meus próprios sentimentos, foi como um alívio. Admitir que não queria perder Olivia, que o contrato era irrelevante perto do que eu sentia por ela, foi libertador. Ela estava ali, ao meu lado, me ouvindo, e, por mais improvável que parecesse, eu sabia que ela sentia algo por mim também. Quem diria que uma mulher como Olivia — tão diferente de qualquer pessoa com quem eu já havia me envolvido — seria capaz de mudar completamente minha vida? Ela não apenas mudou meu mundo; ela se tornou o meu mundo. Cada segundo ao lado dela fazia crescer a necessidade de tê-la perto de mim. Olivia era viciante. Era como respirar. E não havia nada de errado em desejar desesperadamente uma mulher que tinha o poder de desestabilizar minha vida inteira com um único olhar. Meus pensamentos foram interrompidos quando sua voz suave ecoou pelo quarto. — Estou com fome. Precisamos sair dessa cama. — Ela disse, enquanto se levantava com o lençol parcialmente cobrind
Desço o primeiro degrau das escadas do jatinho enquanto Damien segura minha mão com firmeza, seus dedos entrelaçados aos meus como se nunca quisesse me deixar ir. Fazem seis meses desde que nos casamos e decidimos nos isolar na ilha para aproveitar nossa lua de mel. Inicialmente, seria uma estadia de três meses, mas Damien, sendo quem é, decidiu estender esse período. Ele dizia que precisávamos de mais tempo, que merecíamos aproveitar nossa nova vida juntos. Se eu tivesse deixado, talvez nunca tivéssemos voltado. A verdade é que eu não teria reclamado. Muita coisa mudou nos últimos meses. Nossa relação evoluiu de uma forma que eu jamais poderia imaginar. Damien não é apenas meu marido; ele se tornou uma extensão de mim, uma parte essencial da minha existência. É como se ele fosse a outra metade da minha alma. Palavras não são suficientes para expressar o quanto ele me faz bem, o quanto sua presença me tranquiliza e ao mesmo tempo me provoca uma inquietação deliciosa. Penso, às vez
Embora não fosse uma memória completamente clara, em algum lugar perdido na minha infância, lembrava-me de um período em que meu pai assumiu a liderança da Orion. Lembro-me de como a vida em casa mudou drasticamente. Meu pai, outrora presente e caloroso, tornou-se um fantasma. Passava tanto tempo mergulhado no trabalho que raramente compartilhava uma refeição conosco. O vazio que ele deixou em casa era quase palpável. Minha mãe, sempre tão forte e resiliente, não conseguia esconder a tristeza nos olhos, mesmo tentando. As noites eram particularmente difíceis: ela ficava acordada até tarde, sentada na poltrona da sala de estar, esperando por ele, na esperança de que naquela noite ele entrasse pela porta antes do amanhecer. Eu era apenas uma criança, mas podia sentir o peso do silêncio e a dor dela. Aquele período me marcou profundamente. Agora, quando vi a Olívia parada ali, no escritório, algo em seu olhar me transportou de volta àquele tempo. Ela estava hesitante, quase cautelosa,
Damien levou suas mãos ao meu rosto com uma ternura áspera, tentando, de forma quase desesperada, limpar as lágrimas que escorriam sem cessar. A sensação de suas mãos tocando minha pele estava tão presente que quase me senti ancorada por aquele toque. Seus dedos, firmes e rápidos, pareciam querer apagar não apenas as lágrimas, mas também o sofrimento que as causava. Eu o olhava, mas havia algo em seu olhar que me deixava sem palavras — uma mistura de desespero e um amor tão profundo que chegava a me sufocar. Como alguém pode amar tanto outra pessoa e, ainda assim, estar disposto a sacrificar tudo, até mesmo a sua própria felicidade, por ela? Eu sabia que Alex, meu pai e Ana fariam qualquer coisa para garantir meu bem-estar. Eles eram minha família, meus pilares. Mas Damien… Damien era diferente. Nosso casamento, que começou de forma tão incomum, com tantas dúvidas e receios, era agora um pacto muito mais forte do que qualquer um dos dois poderia ter imaginado. O que me chocava, no e
Olivia dormia profundamente em meus braços na cama. O quarto estava totalmente escuro, exceto pela iluminação suave do luar que entrava pela janela. Sua respiração era calma e serena. Ela dormia tão tranquila que aquela era a imagem que eu mais desejava ver todos os dias. De algum modo, ainda não conseguia dormir. Estava irritado. A ideia de que Victoria, sendo mãe de Olivia, fosse tão maldosa com a filha, só porque ela tinha uma preferência clara pela Ofélia, me deixava intrigado. Como uma mãe poderia ser tão cruel a ponto de negar o amor ao próprio filho? Elas não mereciam nem metade do respeito e do zelo que Olivia tinha por elas. Ela havia decidido se sacrificar, lidar com seus próprios traumas, apenas para proteger quem mais a desprezava. Fiquei tão perdido em meus pensamentos que só fui despertado pela voz suave de Olivia. — Damien… ainda está acordado? — Shhh, você deveria estar dormindo, esposa. — Repreendi-a, olhando para ela, embora tudo estivesse ainda escuro. Mesmo ass