A paixão secreta do CEO
A paixão secreta do CEO
Por: Selene Clark
O coração de gelo

Oliver

O silêncio. Ele sempre foi meu aliado mais confiável. Aqui, no meu escritório no 42º andar, o som abafado da cidade nunca chega a penetrar. Apenas o som suave das teclas do meu computador, enquanto reviso o relatório financeiro mais recente da Blake Industries, me acompanha. É assim que prefiro. Sem distrações.

A Blake Industries, minha criação, meu império. Líder em tecnologia de inteligência artificial, fornecendo soluções para as maiores empresas globais. Milhares de funcionários, bilhões em contratos. E no centro de tudo isso, eu. Aqui, nada escapa ao meu controle.

Meus olhos percorrem os números na tela, em busca de qualquer desvio. Encontrar um erro aqui é inaceitável. Tudo deve estar exato. Sem margens para falhas. Um deslize e a confiança de investidores e clientes pode evaporar como fumaça. Isso é algo que jamais permitirei.

Um número incorreto aparece no relatório. Um pequeno erro, quase imperceptível para qualquer outra pessoa, mas não para mim. Aperto o interfone.

— Traga o chefe do setor financeiro. Agora.

Minha voz, como sempre, é firme e fria. Minha assistente pessoal, que trabalha comigo há anos, já está acostumada com meu tom. Ela não faz perguntas desnecessárias, apenas executa o que é preciso, e é por isso que ainda está aqui. Confiança e eficiência. São as únicas qualidades que valorizo.

— Sim, senhor Blake — ela responde rapidamente, como esperado.

Fecho o relatório e olho pela janela por alguns segundos. A vista sobre a cidade é impressionante, mas irrelevante. São apenas prédios, como os milhares que já vi. Nenhum deles significa mais do que os números na minha tela. O que realmente importa está aqui, na Blake Industries.

Perto da minha mesa, algo fora do comum chama minha atenção. Um buquê de flores. Elas foram deixadas discretamente, sem eu perceber. Meu olhar endurece. É irritante vê-las ali. É uma lembrança de algo que ainda não posso controlar. Não aqui, não no ambiente de trabalho.

Desde que a nova designer de marketing começou a trabalhar aqui, há três meses, senti algo diferente. Ridículo, eu sei. Eu, que sempre tive tudo sob controle, envolvido em um jogo infantil de enviar flores anonimamente. Eu deveria parar. Deveria, mas não o faço. Há algo nela que me atrai de uma maneira que não consigo explicar.

A forma como ela se move, a dedicação no que faz, a criatividade que coloca em cada detalhe. Eu me lembro de vê-la pela primeira vez em uma apresentação para um novo projeto de marketing. Ela não tem ideia de quem sou, e isso me dá uma vantagem. Mas o fato de que flores estão aqui, agora, no meu escritório, serve apenas para lembrar o quão irracional isso é.

Eu estava prestes a empurrar o buquê para o lado quando Alice entra na sala, trazendo o chefe do setor financeiro, Richard Matthews, a reboque.

— Senhor Blake, o senhor solicitou uma reunião? — ele começa, tentando manter a calma. A expressão no rosto dele revela uma ansiedade contida. Ele já esteve em reuniões comigo o suficiente para saber o que vem a seguir.

— Sim, Matthews. Sente-se — respondo sem tirar os olhos do buquê de flores por mais um segundo. Então, volto-me para ele. — Recebi o relatório financeiro da última semana e encontrei um erro. Uma discrepância mínima, mas suficiente para comprometer a apresentação final para os investidores.

— Um erro? — Ele tenta esconder a surpresa. — Onde exatamente?

Alice, sempre eficiente, já entregou uma cópia do relatório para ele. Aponto para a linha específica sem rodeios.

— Aqui. A alocação de capital do projeto de inovação foi incorretamente calculada. O percentual de investimento privado não b**e com as margens de lucro projetadas.

Ele folheia o documento, tentando acompanhar meu raciocínio. Eu sei que ele entende o problema, mas quero que ele sinta o peso do erro.

— Eu... peço desculpas, senhor Blake. Isso não vai se repetir.

— Não deveria nem ter acontecido, Matthews. Esse tipo de erro afeta diretamente a nossa credibilidade. Quero esse relatório corrigido e em minha mesa até o final do dia. Sem mais falhas.

Matthews assente rapidamente, com o rosto pálido.

— Sim, senhor Blake. Irei corrigir imediatamente.

— Ótimo. Pode ir.

Ele se levanta com pressa, levando o relatório consigo. Alice, que estava em silêncio durante a reunião, me olha, aguardando instruções. Nossos diálogos são sempre breves, objetivos. Ela sabe o que espero.

— Mande uma mensagem para o setor de marketing. Quero um briefing do projeto de design de novos produtos até amanhã de manhã — digo, já me voltando para o computador.

— Claro, senhor. Algo mais? — ela pergunta, sempre formal.

Eu hesito por um segundo. Há algo mais, mas não que eu possa pedir diretamente. Olho novamente para o buquê, então rapidamente desvio o olhar. O bilhete anônimo que escrevi para ela já deve ter sido entregue junto com as flores. A última coisa que quero é demonstrar qualquer coisa.

— Não, é só isso.

Alice faz uma breve reverência com a cabeça e sai da sala.

Sozinho de novo, finalmente permito que meus pensamentos vaguem por um momento. Emily Carter. O nome dela soa em minha mente com uma familiaridade irritante. É estranho que, mesmo sem conhecê-la pessoalmente, ela tenha causado tanto impacto. Não deveria ser assim. Não para mim.

Mas desde que ela começou a trabalhar aqui, algo mudou. Eu a vigio. Pequenos detalhes que eu noto mesmo quando não deveria. Um sorriso para seus colegas no corredor. O jeito que ela se concentra em uma tela, completamente absorvida pelo que faz. Ela é talentosa, isso eu reconheço. O projeto mais recente de marketing foi bem recebido pela diretoria, e ela teve uma participação crucial nisso. Foi essa apresentação que me levou a enviar as primeiras flores, um gesto incomum para alguém como eu. Estúpido, talvez. Mas eu queria ver sua reação, mesmo sabendo que jamais me revelaria.

Eu sei que estou agindo de uma maneira irracional. Tenho uma reputação a zelar. Homens como eu não perdem tempo com... distrações. E, no entanto, aqui estou, enviando flores como um adolescente impressionado. Não posso continuar assim. Preciso parar com esse absurdo antes que perca o controle de algo que deveria estar completamente sob meu domínio.

Verifico meu celular, um e-mail recém-chegado aparece na tela. Abro-o, já esperando alguma notificação importante.

"Obrigada pelas flores. Foram um belo gesto, e me ajudaram a começar o dia com mais leveza."

Simples, direto. Sem assinatura, mas eu sei de quem é, era da caixa de entrada do email que fiz apenas para me comunicar com Emily. Ela não faz ideia de quem está por trás dos presentes, e é assim que deve continuar.

Coloco o celular de volta na mesa e me permito relaxar por um breve segundo. Isso não significa nada. Apenas um gesto insignificante. Está decidido, amanhã, tudo volta ao normal, e minha mente estará focada no que importa: números, contratos, expansão. Tudo o que sempre esteve sob meu controle.

Mas hoje... o buquê no canto da mesa permanece no meu campo de visão.

O que aconteceria se Emily descobrisse quem sou?

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