Oliver
Eu não deveria estar fazendo isso.
Enquanto a luz fria da tela iluminava o escuro do meu escritório, observei Emily Carter mais uma vez pelas câmeras de segurança. Ela estava em seu cubículo, a essa hora em que a maioria dos funcionários já havia ido embora. Todos os outros andares estavam vazios, exceto pelo fraco brilho da luz sobre seu local de trabalho. As mãos dela se moviam ágeis, organizando papéis e pastas, e eu estava ali, observando, como um maldito stalker.
Senti a familiar onda de frustração tomar conta de mim. O que estou fazendo? Eu, Oliver Blake, CEO da Blake Industries, assistindo uma funcionária pela tela das câmeras de segurança. Isso era insano. Eu sabia que era. Mas, ao mesmo tempo, algo em mim me mantinha grudado à tela, incapaz de desviar o olhar.
Tentei justificar isso para mim mesmo inúmeras vezes. Fiquei convencido de que o que me prendia a Emily era sua dedicação, sua capacidade de mergulhar tão profundamente no trabalho que se esquecia de tudo ao redor. Mas era uma mentira. Eu sabia exatamente o que me prendia a ela. Era o modo como seus cabelos caíam sobre os ombros quando ela se inclinava sobre a mesa, o jeito que ela mordia levemente os lábios quando estava concentrada, e a maneira como ela movia as mãos com tanta delicadeza ao arrumar seus materiais.
Eu não conseguia parar de observá-la.
Mesmo agora, no silêncio da noite, enquanto o prédio estava praticamente vazio, eu sabia que deveria desligar as câmeras, parar com essa loucura. Mas, em vez disso, me inclinei para frente, ampliando a imagem na tela, observando-a de perto enquanto ela começava a pegar suas coisas, se preparando para ir embora.
Ela não fazia ideia de que estava sendo observada. Emily Carter era completamente inocente, alheia ao fato de que o próprio CEO da empresa a admirava de uma maneira que nunca deveria acontecer.
Idiota.
Meu punho se fechou em frustração enquanto assistia ao momento em que ela guardava o celular no bolso do casaco e pegava a bolsa. Não era como se ela estivesse tentando impressionar alguém ao ficar até tarde, isso era claro. Ela simplesmente se importava com o que fazia. E talvez, apenas talvez, isso fosse parte do que me fazia querer observá-la mais de perto.
O som do interfone me trouxe de volta à realidade. Apertei o botão antes mesmo de pensar.
— Alice, você pode ir para casa — disse, tentando manter a voz neutra. — Não precisarei de mais nada esta noite.
— Sim, senhor Blake — a resposta veio rapidamente, e logo em seguida ouvi os passos suaves dela enquanto saía.
Agora, eu estava completamente sozinho. Eu e Emily.
Olhei para o relógio no canto da tela. Ela estava prestes a sair. Um impulso irracional me dominou antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo. Minhas pernas se moveram sozinhas enquanto eu saía do escritório.
O que você está fazendo? — minha mente gritava enquanto eu apertava o botão do elevador, esperando.
Eu sabia exatamente o que estava fazendo. Eu queria vê-la. Não através das câmeras, não escondido atrás de uma tela, mas ali, de perto, com a possibilidade de sentir o impacto da presença dela. Isso é loucura, pensei, mas já era tarde demais.
O elevador chegou ao andar dela e eu ouvi os passos dela ecoando no corredor. Meu coração acelerou, algo que não acontecia com frequência. O som dos saltos baixos reverberava pelo chão de mármore, e então eu a vi. Ela estava com o olhar focado no celular, distraída, como sempre. Ela entrou no elevador sem nem olhar para mim.
— Boa noite — murmurou ela, sem levantar os olhos, ainda concentrada na tela do celular.
Meu coração batia mais rápido, e o perfume dela invadiu o pequeno espaço do elevador. Era um aroma suave, algo que combinava perfeitamente com a aura calma que ela exalava, mas que ao mesmo tempo mexia comigo de uma forma inexplicável.
Assim que as portas se fecharam, o ar ao nosso redor pareceu ficar mais denso, e o pequeno espaço do elevador começou a se tornar sufocante. O que estou fazendo? A resposta veio de forma automática e irracional. Sem pensar, acessei o sistema de segurança pelo celular e travei o elevador.
As luzes se apagaram e Emily levantou os olhos, surpresa, franzindo o cenho. Observei suas feições pelo brilho leve de seu celular.
— O que aconteceu? — perguntou ela, olhando ao redor.
— Parece uma parada inesperada — murmurei, tentando manter a compostura. Mas a verdade era que minha mente estava em um turbilhão. Eu sabia exatamente o que havia acontecido. Fui eu quem causou a parada, e agora... agora eu estava preso ali com ela.
Por um momento, o silêncio se instalou. Eu podia ouvir sua respiração, o leve som do tecido do casaco enquanto ela ajeitava a bolsa no ombro. Eu precisava sair dali, precisava retomar o controle da situação. Mas, ao mesmo tempo, cada fibra do meu ser me impulsionava para mais perto dela.
O aroma do perfume dela era entorpecente, como uma droga que nublava meus pensamentos e me afastava da racionalidade. Emily estava tão perto. Ela era real, e não apenas uma imagem na tela de uma câmera. Meu corpo se moveu antes que eu pudesse impedir.
— Você está bem? — perguntei, dando um passo à frente, tentando parecer preocupado, embora soubesse que não era por isso que eu estava me aproximando.
Ela me olhou, seus olhos confusos, sem entender o que estava acontecendo.
— Sim, só não esperava que o elevador parasse assim — disse ela, tentando sorrir, embora fosse claro que estava começando a sentir a tensão no ar.
Eu deveria ter me afastado. Deveria ter dito algo, pressionado o botão e continuado como se nada estivesse acontecendo. Mas, em vez disso, meus olhos desceram para seus lábios, e antes que pudesse me conter, minha mão tocou seu rosto.
Ela piscou, surpresa com o toque, mas não recuou. Seus olhos encontraram os meus, e por um momento, tudo ao redor desapareceu. O tempo pareceu desacelerar, e a única coisa que existia era o silêncio entre nós, quebrado apenas pelo som de nossas respirações.
Minhas mãos se moveram por vontade própria, deslizando pela linha de seu maxilar, até seus ombros, como se cada toque fosse algo que eu já estivesse esperando há muito tempo. Emily estava imóvel, mas seus lábios entreabertos e a respiração irregular mostravam que ela sentia a mesma coisa.
Eu me inclinei, minha boca encontrando a dela em um beijo suave, mas carregado de uma intensidade que me pegou de surpresa. Eu deveria ter parado ali, mas quando senti que ela não se afastou, mas sim correspondeu, algo dentro de mim se quebrou.
O beijo rapidamente se tornou mais intenso, meus dedos desceram para sua cintura, puxando-a para mais perto, enquanto suas mãos encontraram meu peito. Ela não estava resistindo. Pelo contrário, estava se entregando. E isso apenas alimentou o desejo que crescia em mim.
A pressionei contra a parede do elevador, meus lábios explorando os dela, minha respiração pesada contra sua pele. Ela deixou escapar um suspiro suave, e suas mãos, que antes estavam hesitantes, agora se moviam com mais confiança, deslizando por meus braços e pelo meu peito. Ela me queria tanto quanto eu a queria. Mesmo que não soubesse quem eu sou.
Minhas mãos começaram a explorar seu corpo, descendo pela curva de sua cintura, sentindo o calor de sua pele através do tecido fino de sua blusa. Cada movimento, cada toque, era como um fogo que crescia entre nós, queimando tudo o que eu conhecia como controle.
Eu deveria parar. Isso não deveria estar acontecendo. Mas agora que ela estava ali, entregue ao momento tanto quanto eu, parar parecia impossível.
Ela arqueou o corpo levemente, seus lábios entreabertos, e eu me afastei apenas o suficiente para encará-la por um breve momento. Seus olhos estavam semicerrados, e seus lábios, inchados pelo beijo, tremiam levemente. Ela não disse nada. Eu também não disse. As palavras não eram necessárias.
Minhas mãos voltaram a correr por suas costas, e mais uma vez, eu a beijei, mais ferozmente agora, como se cada segundo fosse o último que poderíamos ter juntos. O tempo parecia não existir mais. Era apenas ela, eu, e o desejo que pulsava no espaço entre nós.
Isso tinha ido longe demais, mas eu não podia parar.
O que Emily Carter estava fazendo com a minha sanidade?
EmilyMeus olhos permaneciam fechados, como se, ao mantê-los assim, eu pudesse segurar aquele momento por mais alguns segundos. Minha respiração ainda estava acelerada, o coração martelando no peito, e os lábios formigavam.O beijo. Aquele beijo.Ainda podia sentir a pressão suave, mas ao mesmo tempo intensa, de seus lábios nos meus. A forma como o calor do seu corpo tinha me envolvido, o toque de suas mãos deslizando por minha pele. Era como se eu tivesse sido arrancada da realidade por alguns instantes. O elevador voltou a descer, e eu sentia o mundo ao meu redor girar.E então, as portas se abriram, e o som foi o suficiente para me puxar de volta ao presente.Ele se foi. Sem dizer uma palavra, o homem que me beijou – o homem misterioso que eu sequer consegui ver – desapareceu para fora do elevador. Minhas mãos ainda tremiam, como se meu corpo não tivesse compreendido que o momento havia acabado, que eu estava ali, sozinha.Meus olhos, que ainda estavam se acostumando com a luz, foc
EmilyOs dias seguintes passaram como um borrão. Eu mergulhei no trabalho, tentando a todo custo me afastar das lembranças do elevador. Mas era como tentar escapar da própria sombra; por mais que eu tentasse me focar nos projetos, nas reuniões, nos relatórios, os pensamentos sobre aquele momento me seguiam.Eu ainda não sabia quem ele era, o homem que me beijou e desapareceu sem dizer nada. Mas, de alguma forma, ele continuava presente. Cada vez que o elevador se fechava, cada vez que eu passava pelos corredores vazios da empresa, uma tensão invisível me envolvia, como se ele pudesse aparecer a qualquer instante. Uma sensação que, embora eu tentasse ignorar, era ao mesmo tempo instigante e... inquietante.A lembrança daquele momento assombrou meus sonhos, e eu me vi tentando repassar cada detalhe, cada sensação, como se pudesse descobrir uma resposta escondida. O toque das mãos dele em meu rosto, o perfume amadeirado que parecia entorpecer meus sentidos, a forma como o mundo inteiro d
EmilyA segunda-feira chegou mais rápido do que eu imaginava. A madrugada de domingo me encontrou finalizando cada detalhe da nova versão da campanha de marketing, adaptada exatamente como Oliver Blake havia pedido. Cada cor e imagem, agora refletia o tom sóbrio e elegante que ele solicitou. Mas, como prometi a mim mesma, mantive a essência da minha proposta original. Eu tinha que encontrar uma forma de equilibrar o que ele desejava sem sacrificar completamente a visão que eu tinha para o projeto.Quando entrei no escritório naquela manhã, uma mistura de ansiedade e cansaço pesava em meus ombros. Hoje é o dia. Deixar Oliver Blake satisfeito com o resultado do meu trabalho se tornou mais do que um objetivo; era uma questão de orgulho.Cheguei à minha mesa e, antes que pudesse sequer abrir o notebook, Alice, a assistente pessoal do CEO, apareceu à porta do departamento.— Srta. Carter, bom dia — sua voz era sempre controlada, sem pressa, como se o mundo girasse em um ritmo só dela. — O
OliverA reunião com Emily havia terminado, e eu me encontrava novamente sozinho em meu escritório, observando a vista da cidade pela janela. A tensão que pairava no ar ainda era quase palpável, e as palavras dela ecoavam em minha mente. “Discordo, senhor Blake.”Quantas vezes alguém já havia dito isso para mim? Talvez nenhuma.A verdade é que poucos ousavam discordar de mim abertamente, e os que tentavam eram rapidamente lembrados de onde ficavam os limites. Eu nunca dei espaço para desentendimentos. Sou direto, exigente e... frio. Sempre me orgulhei disso. Essa era a imagem que construí ao longo dos anos, e que trazia resultados inquestionáveis. Eu não era o tipo de líder que inspirava pelas emoções ou simpatia. Minhas decisões eram respeitadas, e ponto.Mas Emily Carter estava me testando.Ela não fazia ideia de quem eu realmente era, ou de como eu observava cada movimento seu. O perfume dela ainda estava no ar, uma lembrança de seu olhar intenso, de seu tom de voz firme ao defende
OliverEla sempre soube como me tirar do controle, manipular as situações a seu favor. Sofia Harrington era especialista em fazer as pessoas dançarem conforme a sua música. Rica, mimada, acostumada a ter tudo o que queria. Eu sabia disso desde o início do nosso relacionamento, mas, de alguma forma, aquela intensidade dela me prendeu.Nos primeiros meses, foi fascinante. Eu, que sempre controlei tudo ao meu redor, encontrei em Sofia uma força oposta, alguém que não se dobrava facilmente. Alguém que queria não apenas estar ao meu lado, mas me ter por completo.Ela sempre teve tudo o que queria. E quando percebeu que eu não era uma de suas posses, foi aí que os problemas começaram.Quando entramos no relacionamento, Sofia fez questão de deixar claro que esperava mais. Casamento, filhos, uma vida que eu não estava preparado para oferecer. Enquanto ela sonhava com festas luxuosas, uma aliança de diamantes e o status de “Sra. Blake”, eu a via como alguém com quem podia me divertir, alguém q
EmilyA semana havia sido longa, mas produtiva. Eu estava ajustando os últimos detalhes da campanha e preparando a apresentação que faria diretamente para Oliver no fim do dia. A pressão era intensa, mas eu estava confiante no trabalho que havia feito. Cada detalhe da campanha estava minuciosamente planejado, e meu foco era apenas apresentar o projeto da forma mais clara e convincente possível.Peguei minha pasta com os materiais impressos e o tablet e segui para o elevador. A sala de Oliver ficava no andar mais alto, e as poucas vezes em que precisei ir até lá, um nervosismo quase automático tomava conta de mim. Eu ainda me lembrava das reuniões intensas com ele, do olhar atento e dos comentários incisivos. Mesmo quando ele concordava, sua aprovação parecia mais um teste do que um elogio.Assim que entrei no elevador, respirei fundo, ajustando a postura para parecer segura e confiante. Precisava me concentrar apenas no que estava prestes a apresentar, mas, antes que as portas se fech
OliverSofia estava sentada à minha frente na sala de reuniões, sem sequer ter avisado, os olhos me avaliando enquanto fazia comentários despretensiosos sobre o mercado, como se tivesse vindo para uma visita casual. Mas eu sabia que ela raramente fazia algo sem um propósito oculto. Desde que reapareceu na Blake Industries, minha ex-namorada, como sempre, tentava retomar alguma forma de controle sobre mim. Ela ainda carregava aquele ar de superioridade, uma segurança inabalável de que tudo e todos deveriam girar ao seu redor.Ela ajeitou o cabelo loiro sobre o ombro e lançou um sorriso enigmático, como se esperasse uma reação. Quando se tratava de Sofia, eu sabia que paciência era a melhor estratégia, embora cada segundo de sua presença me lembrasse do porquê de nosso relacionamento não ter funcionado. Seu desejo de controle era tão insaciável quanto o meu, e, em algum momento, eu sabia que não poderíamos dividir o mesmo espaço.— Oliver, não acha que a fusão que comentei é uma ideia i
EmilyRespirei fundo antes de entrar na sala de reuniões, sentindo a tensão no ar mesmo antes de abrir a porta. Estava pronta para minha apresentação, confiante no projeto que preparei, mas um pouco ansiosa. Trabalhar diretamente com o CEO sempre era uma experiência intensa, e sabia que Oliver seria crítico e observador.Mas não era apenas a pressão de apresentar para ele que fazia meu coração bater um pouco mais rápido. Havia algo a mais ali, uma tensão que crescia a cada interação entre nós. E, com o tempo, essa sensação parecia se intensificar.Alice me fez um sinal para aguardar, o que me deixou levemente surpresa. Normalmente, eu entraria de imediato, mas, ao olhar pela janela da sala de reuniões, vi Sofia saindo de lá. Alta, loira e impecável, ela cruzou a porta com um passo determinado, segurando a bolsa com uma elegância ensaiada. Não pude deixar de notar o jeito que ela me olhou ao passar, um olhar calculado que me fez sentir como se estivesse sendo analisada.Ela era uma figu