PEQUENA AMADA MINHA. CAPÍTULO 5. Uma ordem nem tão ruim—Ai, meu Deus! —exclamou Gigi soltando trêmula a manga da camisa e Niko apertou os olhos com curiosidade.—Duvido que você teria cheirado a túnica sagrada com tanta emoção, senhorita Gigi —replicou entre dentes—. Agora, pode me explicar que diabos está fazendo no meu banheiro?—Bem, é que... é que... —A moça pegou o creme para queimaduras que tinha ficado sobre a pia e mostrou para ele—. Desculpe, passei para ver se podia pegar um pouco disso e depois... bem, é que pensei que tenho que devolver sua camisa mas não sabia do que você gosta que ela cheire porque ontem... bem... tudo cheirava a café e...Niko virou-se sem deixá-la terminar sequer e a moça saiu apressada atrás dele.—Não me devolva, por favor, tenho mais —resmungou ele, porque perder uma camisa de setecentos francos não o incomodava—. Agora, se já está se sentindo melhor, pode me dizer como vai o andamento do trabalho que te mandei.—Claro, senhor Keller, com certeza, i
PEQUENA AMADA MINHA. CAPÍTULO 6. Um chefe sem tatoEra como uma arma de destruição acidental, como essas bombas que ficam enterradas por muito tempo e de repente começam a explodir em cadeia. Era exatamente isso que Gigi era, Niko soube disso quando passou à noite pela sua escrivaninha e a viu sorrir gentilmente, e mesmo assim os cabelos de sua nuca se arrepiaram.Claro que ele não tinha ideia de que por trás daquele sorriso a garota estava tentando não arrancar os próprios cabelos, porque havia conseguido reservar a suíte presidencial para seu chefe, mas já não havia quartos executivos disponíveis para ela. Então o hotel mais próximo que encontrou ficava a oito quarteirões daquele.—Droga, vou ter que correr como se a Interpol estivesse me perseguindo... —suspirou com cansaço, mas mesmo assim criou coragem e se levantou para passar pela sala do banco americano, porque afinal, precisava comer se quisesse ter forças para correr.Os rapazes a receberam com alegria e desta vez deram-lhe o
PEQUENA AMADA MINHA. CAPÍTULO 7. Um Christian Grey desobedecidoHavia uma razão para Nikko parar de repente e era que, por algo que nem mesmo entendia, estava mais que certo de que Gigi jamais lhe diria se houvesse algum problema.Então pigarreou devagar, abotoou o paletó e se aproximou dela, inclinando-se sobre seu ouvido e sentindo a forma como ela se encolhia sobre si mesma enquanto aquelas palavras saíam baixas e ameaçadoras de sua boca.—Gigi, eu te fiz uma pergunta. Qual é o número do seu quarto? —sibilou e ouviu o modo tenso como ela continha a respiração antes de responder.—Bem... senhor Keller, é que não havia... bem... não havia quartos executivos para mim, quer dizer... não havia nenhum simples...—E onde exatamente você pensava em dormir? —interpelou Niko.—Reservei em outro! —disse a moça apressada tirando o papel de sua própria reserva—. Está muito perto, posso ir e vir sempre que o senhor precisar de mim, não tem problema!Niko tirou-o de suas mãos e estendeu para o mor
PEQUENA AMADA MINHA. CAPÍTULO 8: O vulcão da má sorteQueria pular sobre os móveis, sobre a cama, sobre o tapete ou aquela coisa fofa que havia aos pés da cama... Como é que se chamava?Não fazia ideia! Não importava!Só queria pular! E gritar! E rir!—Gigi!Aquele grito fatídico do seu chefe a desequilibrou, porque para ser clara, quando Niko Keller se irritava sua voz podia desequilibrar até um mamute sem joelhos, e Gigi acabou quase engolindo a língua e caindo de bunda naquela cama em que estava pulando até quase chegar ao teto.—Senhor Keller!Niko ficou mudo olhando para ela. A única coisa que vestia era aquela camisa dele que lhe chegava quase aos joelhos, e provavelmente alguma daquelas calcinhas da Hello Kitty porque ele podia jurar que era capaz de ver os contornos rosados sob o tecido branco. O cabelo não podia estar mais desarrumado nem o sorriso mais luminoso... pelo menos até que ele tinha entrado.—Você tem ideia do volume em que está a televi...?! —tentou repreendê-la po
PEQUENA AMADA MINHA. CAPÍTULO 9. Um casteloNiko Keller não era um homem impressionável. Depois de tantas mulheres que tinham passado por sua vida sem causar impacto, desde modelos até atrizes, não havia muito que o emudecesse... mas o que tinham diante era outra coisa.Gigi tinha razão, não era bonita. Tinha as curvas certas para uma garota de dezoito anos, zero maquiagem e traços finos. Era a primeira vez que a via com uma roupa que não fosse três vezes seu tamanho ou ao menos com as panturrilhas de fora, e aquela roupa executiva e sapatos altos gritava por todos os lados que Gigi não pertencia a ela.Gigi pertencia a vestidos de flores com mangas bufantes, a macacões jeans com tênis baixos, a saia colegial, a tranças e a risos. Não era uma mulher bonita, sofisticada e elegante. Gigi era inocência pura, da bonita, da verdadeira. Daquela que dava vontade de sair correndo para conseguir uma redoma de cristal onde colocá-la com todas as suas borboletas, sua música de fundo e seu brilho
PEQUENA AMADA MINHA. CAPÍTULO 10. Uma arma de destruição involuntáriaGigi estava com cara de espanto, mas por alguma razão Niko já estava se acostumando com ela e suas reações.—Por que você nunca me disse seu sobrenome? —perguntou ele de repente, estendendo a mão para ajudá-la a descer do carro quando chegaram ao hotel—. Cuidado com...E aquela mão se transformou em duas, e em um "agarro tudo o que posso" para que não saíssem voando as quinhentas folhas do contrato. Dois segundos depois, Gigi recuperava o equilíbrio contra o lado dele, meio desajeitada e se desculpando sem parar.E Niko a olhou novamente com condescendência porque definitivamente aquela criatura não poderia ser dona de casa ou incendiaria a casa no primeiro dia.—Seu sobrenome? —pigarreou tentando mudar de assunto.—Ah, é que o senhor não me perguntou, senhor Keller! —sorriu ela enquanto se segurava bem no corrimão da escada.E Niko disse a si mesmo que sim, ele havia perguntado. Ele também tinha dito: "Senhorita..."
PEQUENA AMADA MINHA. CAPÍTULO 11. A resposta para tudoVan Beek era um homem inteligente, capaz de captar a indireta e muito mais, embora junto a Niko a moça parecesse absurdamente alheia ao que seu chefe acabava de insinuar, a ponto de nem sequer ter corado. Isso era muita inocência ou uma atuação excelente, e em qualquer dos dois casos, ele gostava.—Bem... espero que a senhorita Favre possa ter pelo menos um dia nesta viagem, seria muito descortês da parte do seu chefe não permitir que conhecesse Amsterdã —disse o homem e Niko forçou o sorriso.—Não se preocupe, na verdade, como começa o fim de semana, não é bom falarmos de trabalho. Vamos aproveitar esses dias para revisar o novo contrato e na segunda podemos assiná-lo. O que acha?Aquele tom não estava muito aberto a discussões, então Van Beek não teve escolha a não ser aceitar de má vontade enquanto Niko fazia com que Gigi se despedisse.Estava de mau humor, estava um pouco frustrado e outro pouco desconfortável, e é claro que, q
PEQUENA AMADA MINHA. CAPÍTULO 12. Um pouquinho de tudo sem querer—Dormir, Gigi, vai dormir! —suspirou Niko com o mesmo tom em que qualquer pai mandaria sua filha se deitar, mas a verdade foi que ele mesmo mal conseguiu dormir durante toda a noite.A cena da boate com Van Beek o atormentava. Gigi dizendo que era de Aquário quase lhe partiu o coração, então acabou virando na cama com um grunhido antes do amanhecer.Como era possível que Gigi pudesse ser tão... inocente? Não, mais que inocente, estranha, perdida, como se a tivessem tirado de repente de uma tulipa do jardim. Nem sequer tinha percebido as investidas de um homem com a experiência de Van Beek, então não havia conseguido confundi-la.Mas infelizmente isso não fazia com que sua própria atração por ela diminuísse. Ao contrário, sua ternura e ingenuidade o deixavam à beira do desespero.Levantou-se com dificuldade depois de dez voltas, deu uma olhada no relógio e decidiu que era hora de tomar um café. Tinha sido duro demais na n