PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 76. Uma boa pessoaCameron desejava que a terra o engolisse. Queria que alguém, por favor, colocasse uma maldita máquina do tempo na sua frente para voltar atrás e se bater com alguma coisa durante todo o caminho de volta.Não tinha mentido: sempre tinha acreditado que Dandara era capaz de superar qualquer coisa. E Deus sabia que aqueles cinco anos tinham lhe custado muita saudade e nostalgia, mas era óbvio que tinha subestimado terrivelmente os sentimentos que Dandara tinha por ele. Cameron não pôde evitar pensar que talvez isso fosse o que Leon Rothschild significava afinal: uma pessoa que não podia machucá-la.Nenhum dos dois disse uma única palavra enquanto voltavam ao escritório. Ela recolheu suas coisas em absoluto silêncio antes de ir pra casa, porque, encharcada de chuva como estava, o mais provável era que ficasse doente.Então se afastou. Fez o mais saudável que podia e se afastou, enquanto atrás dela Cameron tentava que todo o remorso que sentia
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 77. Uma ligaçãoDandara sentia que podia tirar um dia para si, um dia de folga. Estava sempre disponível para todo mundo, o tempo todo, então qual era o problema em reservar um dia para assuntos pessoais, como todo mundo fazia? Mesmo que esses assuntos pessoais consistissem em se trancar no apartamento, não falar com ninguém, não ver ninguém e ficar remoendo sem parar que Cameron era água passada para ela. Embora, obviamente, o maior esforço fosse, sem dúvida, convencer a si mesma disso.Então passou o dia todo trancada, emburrada, revisando um por um aqueles orçamentos que tinham concordado em pagar ao escritório de arquitetura, porque qualquer suspeita que Cameron pudesse ter, por menor que fosse, ela levava muito a sério.Gostasse ou não, o conhecia bem demais para saber que ele não era alarmista nem mentiroso.Todos os seus defeitos no amor e nos relacionamentos não tinham absolutamente nada a ver com sua capacidade ou inteligência; então, é claro, não
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 78. O espaço necessárioTalvez o mais estranho de tudo fosse que ninguém precisava dar uma ordem, nem mesmo John, porque cada pessoa ao seu redor, incluindo sua filha, sabia perfeitamente o que tinha que fazer.Cinco minutos depois, duas vans saíam da mansão, e pouco a pouco outras iam se juntando a elas, até que se transformaram numa longa e perigosa caravana. Dandara sentia o coração bater forte demais, como se de repente todo seu corpo estivesse se preparando para lutar, para reagir. Estava completamente focada na estrada e, é claro, não tinha permitido que ninguém entrasse com ela em seu carro.Quando chegaram ao hotel, John abriu caminho entre todos com uma identificação governamental que ninguém ousou questionar, e foi direto para a sala de segurança, exigindo que mostrassem as câmeras do lado de fora do quarto que Cameron Lake ocupava.Depois disso, Billy precisou de apenas alguns minutos para fazer sua jogada, mas Dandara sentia que o ar estava pesa
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 79. Você escolheAlgo nela se sentia extremamente tranquilo, e não era por causa da equipe de homens altamente treinados que tinha atrás, mas porque, acontecesse o que acontecesse, já não precisava esconder de ninguém quem era ou do que era capaz de fazer.Quatro vans pararam em frente àquela casa, uma que, aparentemente, aqueles pequenos aspirantes a mafiosos achavam que ninguém conseguiria descobrir. E no mesmo instante em que dois deles tentaram barrar o caminho da garota vestida de couro, com botas de sola baixa e olhar desafiador, a primeira coisa com que se depararam foi uma pistola Desert Eagle apontada para a barriga de um deles.— Se você tem meio neurônio, sabe perfeitamente que não vai sobreviver a um tiro disso — rosnou Dandara. — Que tal abrir a porta com toda a educação de um cavalheiro e mandar chamar seu chefe? Preciso falar com ele.Viu o cara boquiaberto de medo, porque ninguém precisava avisá-lo duas vezes que aquela mulher era capaz, mui
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 80. Uma mulher com quem não se pode negociarE era só uma ilusão, porque de jeito nenhum Dandara Hopkins ia aceitar qualquer outra resposta que não fosse a que esperava. O homem à sua frente olhou as fotos novamente e soltou um grunhido que era metade irritação e metade consentimento.— Estão no porão, junto com outros dois, fazendo inventário de armas.— Perfeito. Chama eles — exigiu Dandara e o cara caminhou devagar até uma das portas do térreo, abrindo-a e se debruçando.— Frede, Timeo, venham aqui! — gritou e aqueles dois homens saíram porque era evidente que o porão estava isolado o suficiente para que não tivessem percebido o que acontecia na parte de cima da casa.No entanto, mal colocaram a cabeça pra fora quando foram jogados no chão e em questão de segundos tinham um par de canos de armas longas contra a nuca.— Agora. Prefere que eu faça aqui ou posso levar eles? — perguntou Dandara ao chefe e este deu de ombros.— Leva eles, esses dois já não tr
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 81. O descanso eternoEla estava furiosa. Não existia outra palavra para descrever como se sentia naquele momento. Estava furiosa, frustrada, e paciência não era uma das suas melhores qualidades. No entanto, os passos de Dandara se acalmaram o suficiente enquanto se aproximava da propriedade, a ponto de poder escutar a voz do homem que falava lá dentro.Antes já havia notado que as paredes estavam em ruínas e que faltavam noventa por cento das janelas, então o único motivo pelo qual Mueslik parecia acreditar que podia berrar à vontade era justamente pela solidão que o cercava.O terreno era imenso, e talvez ele imaginasse que ninguém procuraria Cameron justamente ali.—É que você tinha que estar fodendo a diretora! —vociferava o arquiteto com raiva—. Não podia ser a idiota da cafeteria, não podia foder a menina das cópias como qualquer outro arquiteto do escritório! Tinha que fazer o favor para a futura diretora da porra do colégio!Dandara ouviu um grunhid
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 82. Interpretação de sinaisNo entanto, por mais que repetisse isso, algo dentro dela sabia que nada estaria bem de novo, porque ver Cameron ali, no chão, lutando por algo tão simples como respirar, sem dúvida alguma trazia à tona a pior versão de si mesma. A única coisa que lamentava era não poder reviver o filho da puta do Mueslik para matá-lo novamente.—Olhe para mim, Cameron, olhe para mim... —pediu, porque era evidente que o haviam espancado demais.Tentou limpar seu rosto, afastando o cabelo, e depois pegou apressadamente o celular que carregava em um dos bolsos.—Pai, você está esperando um convite? —perguntou, justo quando a única porta daquele lugar veio abaixo com um estratégico chute.—Claro que não, princesa. Papai está aqui! O que é preciso...? Aqui não há ninguém para ma...? Porra! —rosnou entre dentes ao ver o rosto ensanguentado de Cameron, e nem sequer precisou chamar Billy.Entre os dois o desamarraram e o levantaram, cada um passando um
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 83. Uma ação trabalhistaInfelizmente, Dandara não podia mostrar a língua nem levantar o punho para ele, porque, para começar, era seu pai e, além disso, ela já não tinha cinco anos. No entanto, nada disso mudava o fato de que ela queria fazer isso.Sabia que não tinha direito de protestar, mas o problema era que isso lhe parecia extremamente difícil.—Será melhor que eu vá vê-lo. Porque uma coisa não tem nada a ver com a outra, pai, e isso não tem nada a ver com o que você está dizendo —reclamou antes de virar as costas e seguir atrás do médico para pedir que a deixasse ver Cameron.—Claro, e o sol não nasce no leste nem se põe no oeste —suspirou John, tentando segurar o riso, e depois se virou para seu melhor amigo—. Billy, vamos ter que fazer uma pequena intervenção especial com relação a...—Sim, sim, já sei! —replicou Billy, soprando uma das mechas brancas de seu cabelo que caíam sobre a testa. Parecia mentira que já fossem dois homens adultos, maduros