PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 81. O descanso eternoEla estava furiosa. Não existia outra palavra para descrever como se sentia naquele momento. Estava furiosa, frustrada, e paciência não era uma das suas melhores qualidades. No entanto, os passos de Dandara se acalmaram o suficiente enquanto se aproximava da propriedade, a ponto de poder escutar a voz do homem que falava lá dentro.Antes já havia notado que as paredes estavam em ruínas e que faltavam noventa por cento das janelas, então o único motivo pelo qual Mueslik parecia acreditar que podia berrar à vontade era justamente pela solidão que o cercava.O terreno era imenso, e talvez ele imaginasse que ninguém procuraria Cameron justamente ali.—É que você tinha que estar fodendo a diretora! —vociferava o arquiteto com raiva—. Não podia ser a idiota da cafeteria, não podia foder a menina das cópias como qualquer outro arquiteto do escritório! Tinha que fazer o favor para a futura diretora da porra do colégio!Dandara ouviu um grunhid
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 82. Interpretação de sinaisNo entanto, por mais que repetisse isso, algo dentro dela sabia que nada estaria bem de novo, porque ver Cameron ali, no chão, lutando por algo tão simples como respirar, sem dúvida alguma trazia à tona a pior versão de si mesma. A única coisa que lamentava era não poder reviver o filho da puta do Mueslik para matá-lo novamente.—Olhe para mim, Cameron, olhe para mim... —pediu, porque era evidente que o haviam espancado demais.Tentou limpar seu rosto, afastando o cabelo, e depois pegou apressadamente o celular que carregava em um dos bolsos.—Pai, você está esperando um convite? —perguntou, justo quando a única porta daquele lugar veio abaixo com um estratégico chute.—Claro que não, princesa. Papai está aqui! O que é preciso...? Aqui não há ninguém para ma...? Porra! —rosnou entre dentes ao ver o rosto ensanguentado de Cameron, e nem sequer precisou chamar Billy.Entre os dois o desamarraram e o levantaram, cada um passando um
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 83. Uma ação trabalhistaInfelizmente, Dandara não podia mostrar a língua nem levantar o punho para ele, porque, para começar, era seu pai e, além disso, ela já não tinha cinco anos. No entanto, nada disso mudava o fato de que ela queria fazer isso.Sabia que não tinha direito de protestar, mas o problema era que isso lhe parecia extremamente difícil.—Será melhor que eu vá vê-lo. Porque uma coisa não tem nada a ver com a outra, pai, e isso não tem nada a ver com o que você está dizendo —reclamou antes de virar as costas e seguir atrás do médico para pedir que a deixasse ver Cameron.—Claro, e o sol não nasce no leste nem se põe no oeste —suspirou John, tentando segurar o riso, e depois se virou para seu melhor amigo—. Billy, vamos ter que fazer uma pequena intervenção especial com relação a...—Sim, sim, já sei! —replicou Billy, soprando uma das mechas brancas de seu cabelo que caíam sobre a testa. Parecia mentira que já fossem dois homens adultos, maduros
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 84. Uma mulher inteligenteNão era mentira, o bom senso havia ido para o inferno e além, mas cada vez que Dandara olhava para ele, não conseguia ver um homem em uma cama de hospital. Não conseguia ver um arquiteto que tinha sido espancado. Não conseguia ver um velho amigo que estava machucado.A única coisa que conseguia ver eram aqueles cinco minutos em que poderia ter chegado tarde. A única coisa em que podia pensar era que poderia ter virado aquele corpo e sentir que ele não estava respirando, que já estava morto, que não tinha chegado a tempo.Cada vez que Dandara o olhava, com os olhos fechados e aquela expressão momentânea de dor, só conseguia reviver todo o medo que tinha passado naquela noite; só podia imaginar o que teria sentido sabendo que Cameron não voltaria a acordar.Então, por um lado, era incapaz de aceitar que o amava apesar de ele ter partido seu coração, mas, infelizmente, isso não significava que pudesse evitar senti-lo.—Vou atropelar
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 85. Dois na névoaEra absurdamente insuportável; o frio acariciava-lhes a pele, mas o verdadeiro calor que explodia entre eles era mais intenso, uma mistura de nervosismo e emoção que fazia vibrar o ar. Dandara odiava aqueles olhos fixos nos seus, como se tentasse ler as palavras que sabia muito bem que ela não pronunciaria.—Você é um idiota convencido! —murmurou, enquanto sentia como aquele abraço se tornava mais apertado, provocando-lhe essa sensação de que o tempo parava.Os braços de Cameron envolveram Dandara com uma familiaridade que despertou nela um turbilhão de sensações. A proximidade de seu corpo, o calor de sua pele, eram como um maldito campo magnético que fazia com que Dandara mal pudesse controlar as faíscas que pareciam saltar entre eles. Cada respiração estava carregada da essência de Cameron, e em certo ponto ela só pôde fechar os olhos e se deixar levar.—Você não pode ter esquecido isso —disse ele em um sussurro, enquanto seu hálito aca
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 85. ...e eu te amoSonho, pesadelo, aquela mulher podia fazer o que quisesse com ele e Cameron não iria protestar. Deus sabia que não iria protestar!A única coisa que teria desejado era estar em melhor forma, ou pelo menos com um pouquinho menos de dor, mas cada beijo de Dandara fazia com que a adrenalina chegasse até as pontas dos seus cabelos; e se precisasse chorar choraria depois, mas naquele momento a única coisa em que podia pensar era em desfrutar daquele momento... ou no inverso!Era difícil até baixar os olhos, mas quando Cameron o fez, sentiu que estava a ponto de ter um colapso. Dandara o olhou de baixo, com os olhos brilhando em uma mistura de desejo e curiosidade, enquanto ele lutava contra o ritmo acelerado da antecipação. Viu-a inclinar-se lentamente, sem romper o contato visual, desfrutando do poder que tinha sobre ele nesse momento. Suas mãos percorreram o interior das coxas de Cameron, subindo com uma delicadeza calculada, até que baixara
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 86. Você fez muito mal!Cameron sorria como uma criança feliz. De verdade não podia evitar. Ter Dandara ao seu lado novamente era como se tivessem lhe dado permissão para respirar outra vez.A semana que se seguiu foi uma espécie de bolha para ele, uma em que nenhum dos dois falava absolutamente nada sobre o mundo exterior, sobre a família dela, ou sobre aquele compromisso; mas embora nenhum dos dois mencionasse, era óbvio que o tema pesava no ambiente.Da única coisa que Cameron estava absolutamente certo era de que, acontecesse o que acontecesse, iria lutar por ela; e o que sem dúvida nenhum dos dois esperava era que aquela batida na porta, que normalmente significava a chegada de uma pizza ou algum outro pedido de comida, se transformasse em algo muito diferente no momento em que Cameron a abriu."Maldição, eu devia ter usado o olho mágico", foi seu primeiro pensamento no mesmo instante em que viu Leon Rothschild de pé na soleira de sua porta.Não tinha
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 87. Eu me oponho!Cameron queria que a terra se abrisse sob seus pés. Não conseguia ligar uma ideia com outra e, definitivamente, não conseguia articular duas palavras seguidas.—Isso não pode ser verdade! —exclamou, abrindo o envelope e tirando aquele convite em que, efetivamente, apareciam o nome de Dandara e o de Leon Rothschild, junto com a data e a hora do casamento.—Ela só entregou dez desses para a família, só para a família. Então imagino que não ia mandar nenhum para você.—Mas ela jamais me disse... Leon Rothschild veio buscá-la há algumas horas —explicou Cameron, desesperado—. Dandara foi embora e me disse que ia resolver isso. Mas jamais pensei que...!—Não acreditou que a "solução" dela seria casar com o noivo? —replicou John com frustração.—Na verdade, não acreditei que o noivo dela tivesse complexo de corno manso! —sentenciou Cameron—. Quando apareceu na minha porta, ele sabia que ela estava comigo. Sabia que Dandara estava aqui, traindo-o!