PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 57. Uma despedidaCameron olhou para o arquivo na sua frente e depois para o homem que estava entregando.Podia fazer as coisas direito, e isso significava que, no momento em que se completassem aqueles três meses que John Hopkins tinha lhe dado, precisava entregar sua carta de demissão. Então lá estava ele, colocando aquele envelope em cima da mesa, e em troca, John estava lhe entregando algo de volta.—Isso é...? —Cameron olhou para aqueles papéis sem entender, porque evidentemente faltavam páginas.No entanto, John lhe respondeu com a maior naturalidade do mundo.—É seu arquivo criminal, sim. Ou talvez devêssemos dizer seu arquivo legal, porque qualquer registro criminal, qualquer registro da sua passagem pela prisão, qualquer registro de tudo o que aconteceu há dez anos... Nada disso existe mais.Cameron franziu a testa sem entender, mas o homem na sua frente parecia absolutamente convencido.—Você tem direito a começar uma vida nova, rapaz, e entendo q
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 58. Corações partidosDandara fechou os olhos por um segundo. Aquilo tinha que ser uma brincadeira. Tinha que ser uma maldita brincadeira ou ela tinha acordado naquele dia numa realidade alternativa, porque as palavras de Cameron não faziam sentido nenhum para ela.—Não pode ficar comigo...? Cameron, que diabos você está falando? Se você quer outro trabalho eu entendo!, mas o que isso tem a ver com você e comigo, o que tem a ver com a gente como casal? —questionou ela, enquanto ele fechava os olhos só por um instante antes de responder.—Tem tudo a ver. Tem tudo a ver porque, às vezes, por mais que a gente possa amar alguém, nossos caminhos não estão destinados a ficarem juntos. E o seu e o meu não estão, Dandara, pelo menos não neste momento.—É que não existe outro momento, Cameron! —exclamou ela, recuando enquanto as lágrimas apareciam em seus olhos, porque não importava o quanto fosse forte, não importava o quanto fosse durona, era estúpido negar que ti
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 59. A metade do coraçãoCinco anos depoisCameron olhou para o relógio e se apressou até a porta, só para sentir uma almofada batendo em sua nuca.—E o meu beijo? —soou uma voz doce e terna; e ele se virou morrendo de rir para levantar sua sobrinha nos braços.—Te dou dois beijos! Dois beijos, princesa! O titio vai trazer um presente hoje —disse ele, abraçando-a, e a menina de três anos encheu seu rosto de beijos.—Um pônei?—Eh... um pônei peludinho! O tio vai trazer um pônei peludinho —garantiu colocando-a no chão, e a menina correu para seu pai com a maior alegria.Janick a sentou em suas pernas apenas um segundo antes de dar-lhe também um beijo e mandá-la para sua mãe.—Ei, ei, se você vai tomar meu café, pelo menos me cumprimente —protestou Janick, e seu irmão se aproximou para dar-lhe um abraço.—Desculpa, pensei que ainda estivesse dormindo —disse Cameron—. Ontem à noite te ouvi digitando até de madrugada.—É o problema de morar parede com parede. Pr
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 60. Um projeto importantePodia parecer que sim era capaz de escolher, mas a realidade se mostrava muito diferente. Ninguém com tão pouco tempo naquele escritório de arquitetura conseguia um projeto grande em tão pouco tempo, mesmo que fosse uma simples consultoria. Então Cameron sorriu de orelha a orelha e estendeu a mão para apertar a de seu chefe com um gesto de confiança.—É claro que pode contar comigo —respondeu com segurança, e um segundo depois começou a receber todos os detalhes sobre sua nova viagem à Suíça.Devia durar cerca de dois meses, e claro, o escritório cobria absolutamente tudo. Então seis horas depois, quando Cameron voltou ao seu apartamento, a primeira coisa que fez foi sentar na frente de seu irmão e sua cunhada, que tentavam entender por que ele estava tão nervoso.—Estou voltando para a Suíça —soltou de repente, e as duas pessoas à sua frente o olharam surpresos.—Como? —murmurou Janick.—Isso mesmo, estou voltando para a Suíça, ma
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —
O rosto de Trembley ficou visivelmente vermelho e a dureza em seus olhos permaneceu.— Esperando Andrea? — rosnou. — Você está brincando ou acabou de chegar e não sabe que relacionamentos interpessoais são proibidos nesta empresa?— Bom, sou de aprendizado lento, mas tendo a imitar — replicou Zack com sarcasmo. — Talvez eu tenha me confundido quando vi o senhor se agarrando a ela como uma iguana com falta de sol.O velho cerrou os dentes e soltou Andrea bruscamente antes de caminhar até ele.— Não se meta no meu caminho, moleque. Você é só um recém-chegado e eu posso...— O quê? Me demitir? — interrompeu Zack com voz gélida. — Bem... pode tentar, mas verá que meu trabalho aqui não depende do senhor. Faço parte da equipe dos sonhos desta companhia e só ele pode me demitir. Tenho certeza de que não veria com bons olhos o gerente de plantão tentando me demitir sem justa causa.Trembley cerrou os punhos e o encarou com uma expressão maldosa e desafiadora.— Talvez seu emprego esteja