PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 52. Cego por escolhaNão era uma ameaça, era apenas uma garrafa de algo forte e dois copos, e mesmo assim Cameron sentia como se John Hopkins tivesse apontando uma arma direto para seu peito. No entanto, não havia nada a fazer além de enfrentar a situação, então acabou se sentando e respirando fundo enquanto seu chefe servia os copos.—Acho que me enganei ao escolher você como segurança da minha filha —disse sem rodeios e Cameron prendeu a respiração porque aquelas palavras queimavam mais que o bourbon—. Pelo menos os anteriores desistiam logo, mas tinham certa noção de qual era seu lugar, e não posso evitar sentir que você perdeu isso completamente.Cameron apertou os lábios porque isso ninguém precisava dizer, ele sabia perfeitamente, mas por mais que tivesse tentado manter distância de Dandara, isso simplesmente tinha sido impossível. Então se naquele mesmo momento o senhor Hopkins o demitisse, simplesmente não teria argumentos para contestar nada.—Acho
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 53. Três mesesNão havia muito mais a dizer. Essa era a verdade mais absoluta, e enquanto John Hopkins se retirava o mais educadamente que podia, ele ficou ali, sentado em frente ao balcão, com aquela garrafa e aquele copo, sabendo que o homem que acabara de sair tinha toda a razão.Ele entendia. O pior de tudo era que Cameron entendia. Que pai em sã consciência ia gostar que sua filha se envolvesse de qualquer maneira com um ex-presidiário? Tê-lo como funcionário era uma coisa, tê-lo como parceiro da filha era algo muito diferente.Cameron se levantou dali com um grunhido de dor porque o analgésico que tinham lhe dado já estava passando, e aquela maldita costela quebrada estava começando a doer como nunca. Então tomou um banho o melhor que pôde, e quando limpou o espelho do vapor do chuveiro, soube que aquele pensamento jamais tinha se afastado dele.—Sempre soubemos que não somos para ela —disse para seu reflexo. Por isso mesmo tinha resistido tanto—. Não
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 54. Uma verdade que vale a penaNão havia outra resposta possível, então Janick apenas concordou com um suspiro cheio de determinação.—Farei o que for preciso, não me importo que me examinem, ou que me entreviste ou... Farei o que for preciso —sentenciou e Cameron colocou uma mão em seu ombro.—E em três meses, quando você sair do hospital, vamos procurar um lugar onde possamos morar juntos —disse ele—. Não importa como você saia, vai voltar a estudar, vai fazer muitos amigos, e...—E você vai voltar a estudar? —perguntou Janick de repente e Dandara viu a forma como seu segurança apertava os lábios com um gesto que já sabia reconhecer como falso.—Já pensaremos em tudo isso com calma em outro momento —disse ele—. Agora você só precisa se concentrar em você, e saber que está tudo bem. Isso é suficiente.Janick assentiu devagar, mas assim que o advogado pediu a Cameron um minuto para conversar com ele sobre a programação das reuniões ou das consultas, o rapa
PRINCESA... DE DIA. CAPÍTULO 55. Você poderia me ajudar?—Você pode parar um momento? —pediu Dandara.Cameron franziu a testa sem entender, mas finalmente levou o carro para o acostamento da estrada e estacionou onde ninguém pudesse incomodá-los.—O que foi? Está tudo bem? —perguntou, virando-se para ela, e Dandara mordeu o lábio inferior porque de alguma forma tinha que evitar que aquele nó na garganta aparecesse.—Olha, sei que já me meto demais na sua vida —murmurou—, mas eu realmente queria que você pensasse no que seu irmão disse. Nunca é tarde demais para começar a viver a vida como queremos, e você merece isso mais que ninguém, Cameron. Você sabe disso, não sabe?Ele fechou os olhos por um momento e respirou fundo, porque sabia muito bem de onde vinha tudo aquilo.—Imagino que era pedir demais que o moleque não abrisse o bico, né? —disse como se falasse consigo mesmo.—Também era pedir demais que eu, seja lá o que eu sou seu —riu com um biquinho—, não fosse curiosa demais sobre
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —
O rosto de Trembley ficou visivelmente vermelho e a dureza em seus olhos permaneceu.— Esperando Andrea? — rosnou. — Você está brincando ou acabou de chegar e não sabe que relacionamentos interpessoais são proibidos nesta empresa?— Bom, sou de aprendizado lento, mas tendo a imitar — replicou Zack com sarcasmo. — Talvez eu tenha me confundido quando vi o senhor se agarrando a ela como uma iguana com falta de sol.O velho cerrou os dentes e soltou Andrea bruscamente antes de caminhar até ele.— Não se meta no meu caminho, moleque. Você é só um recém-chegado e eu posso...— O quê? Me demitir? — interrompeu Zack com voz gélida. — Bem... pode tentar, mas verá que meu trabalho aqui não depende do senhor. Faço parte da equipe dos sonhos desta companhia e só ele pode me demitir. Tenho certeza de que não veria com bons olhos o gerente de plantão tentando me demitir sem justa causa.Trembley cerrou os punhos e o encarou com uma expressão maldosa e desafiadora.— Talvez seu emprego esteja