PRINCESA... DE DIA.Capítulo 22. Algo que queira me dizer?Cameron cerrou os dentes, porque por segundos às vezes sentia que não conseguia respirar. Terem soltado suas mãos das costas era um grande avanço, mas isso não mudava o fato de que um tiro a menos de quatro metros com uma nove milímetros, acertado contra um colete à prova de balas doía como o diabo.Por azar ele já conhecia o protocolo. Algemaram suas mãos a uma pequena barra de metal sobre a mesa da sala de interrogatório, e ele só fechou os olhos e inclinou o corpo para frente, na posição que menos doía porque sabia que ali teria que esperar bastante.—Senhor Lake, tenho entendido que o senhor acabou de se envolver em um tiroteio —declarou Hover, um dos policiais encarregados de interrogá-lo.—E você acha que eu sou culpado —suspirou Cameron.—O que te faz pensar isso? Só queremos que nos conte o que aconteceu, só como mais uma testemunha —tentou convencê-lo o policial e Cameron o olhou quase com irritação.—Policial, se você
PRINCESA... DE DIA.Capítulo 23. Um homem teimoso e uma mulher inocenteE Billy tinha gravado, mas claro que tinha gravado! porque era uma das coisas mais engraçadas que tinha visto na vida. Os homens teimosos não costumavam ser muito simpáticos, mas atrás daquele vidro de onde podiam ver a sala de interrogatório e ouvir o que acontecia dentro, tanto John quanto ele estavam lutando para não cair na gargalhada, porque não importava o assédio, a histeria ou até mesmo a ajuda que pudessem oferecer, as únicas palavras que continuavam saindo como um disco arranhado da boca de Cameron Lake era o nome de Dandara.—Esse aí é doido, gostei! —sorriu John se virando para seu amigo—. Deixa o advogado fazer a parte dele, tem um monte de testemunhas reconhecendo agora mesmo os caras que assaltaram o museu, então é óbvio que o tiro foi em legítima defesa.—A melhor parte é que toda a documentação dele está em ordem, vai sair dessa sem uma única anotação na ficha —avisou Billy.—A pergunta é por que e
PRINCESA... DE DIA.Capítulo 24. Uma comitiva de ajudantesClaro que era uma afronta gigantesca, a maior que podia ser feita a um detetive que estava pressionando alguém que acreditava ser culpado numa sala de interrogatório, e claro que Hover queria fazer qualquer coisa no mundo menos se desculpar!, mas por um lado tinha o olhar severo de seu capitão, na frente tinha a expressão furiosa do assessor do governo e pra completar tinha a cara completamente dramática de uma professora primária.—Olha, eu só estava fazendo meu trabalho! E meu trabalho é interrogar suspeitos e fazer eles caírem com todo o peso da lei!—Bom, então tendo três suspeitos previamente identificados, não acha que perdeu muito tempo interrogando o único que defendeu essas crianças? —retrucou Dandara sem se cortar nem um pouco e o detetive Hover arregalou os olhos desmesuradamente.—E pode me dizer quem é você, senhorita?—Claro que sim, Dandara Hopkins! —respondeu ela e o detetive levou uma mão ao peito como se estiv
PRINCESA... DE DIA.Capítulo 25. Um bônus por risco de trabalhoE claro que naquele momento John Hopkins poderia ter se investido de pai superprotetor e dizer que não, mas a realidade era que depois de tudo que tinha acontecido o corpo estava pedindo uma bebida forte e ele não era ninguém pra contestar a natureza.Então subiram todos numa van, e os gemidos de incômodo de Cameron foram abafados com alguns goles de algo que Billy carregava por precaução.Só alguns poucos minutos depois estavam voltando para a mansão onde vivia a família Keller - Hopkins. Claro que a senhora Keller saiu pra dar o costumeiro agradecimento e depois os deixou sozinhos para que se acomodassem no escritório.O senhor Hopkins claro que fez as honras tirando uma garrafa de rótulo exclusivo e serviu para quatro, porque se tinha algo que tinha ensinado sua filha era a beber.Cameron não disse nem uma palavra enquanto a via virar o primeiro gole, e seus olhos foram cautelosos da moça até seu pai.—Não se preocupe,
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —
O rosto de Trembley ficou visivelmente vermelho e a dureza em seus olhos permaneceu.— Esperando Andrea? — rosnou. — Você está brincando ou acabou de chegar e não sabe que relacionamentos interpessoais são proibidos nesta empresa?— Bom, sou de aprendizado lento, mas tendo a imitar — replicou Zack com sarcasmo. — Talvez eu tenha me confundido quando vi o senhor se agarrando a ela como uma iguana com falta de sol.O velho cerrou os dentes e soltou Andrea bruscamente antes de caminhar até ele.— Não se meta no meu caminho, moleque. Você é só um recém-chegado e eu posso...— O quê? Me demitir? — interrompeu Zack com voz gélida. — Bem... pode tentar, mas verá que meu trabalho aqui não depende do senhor. Faço parte da equipe dos sonhos desta companhia e só ele pode me demitir. Tenho certeza de que não veria com bons olhos o gerente de plantão tentando me demitir sem justa causa.Trembley cerrou os punhos e o encarou com uma expressão maldosa e desafiadora.— Talvez seu emprego esteja